Português: 06/03/13

quarta-feira, 6 de março de 2013

'A Capoeira'


            O quadro “A capoeira” foi pintado pela artista Maria Paula Figueiroa Rego, tendo como nome artístico Paula Rego, que nasceu a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa. O nome de “capoeira” foi atribuído pela autora por significar, segundo esta, o espaço da espera, da prisão e da ausência de perspetiva.
            O mundo interno e secreto da mulher é muitas vezes retratado. Neste quadro, esse ambiente é ricamente representado numa espécie de homenagem à gravidez que sendo uma das fases da vida exclusivamente femininas. Paula Rego recria emoções, sentimentos e receios evidenciados nesta etapa, aproveitando para igualmente retratar os pensamentos e medos que pairavam na cabeça da senhora representada no quadro.
            Neste quadro, vemos quatro personagens femininas, três das quais têm as mesmas características faciais, enquanto a restante é, pela expressão facial, mais velha. Estas três figuras representam a Amélia em três momentos diferentes da gravidez. No centro do quadro e em grande plano, vemos duas dessas personagens: a primeira encontra-se sentada e ligeiramente inclinada para a frente, o que nos indica, devido a esta posição, que a gravidez ainda está no princípio, o que é reafirmado pelo ar sonhador e calmo da personagem, parecendo que sonha com o Amaro que a virá salvar daquela “jaula” e com o filho, que será o seu libertador; a segunda figura encontra-se também sentada, mas agora num cadeirão mais confortável, com apoio para os braços e sobre a qual está recostada, deixando bem visível a barriga saliente de uma gravidez já avançada, isto, conjugado com o facto de ter uma boneca excessivamente pequena no colo, indica que o nascimento do bebé está próximo. O seu rosto já apresenta sinais de preocupação, como também simboliza o receio natural de todas as futuras mães.
            Num plano mais afastado, vemos Amélia, já de cabelo solto, a ser ajudada a levantar-se da cama depois do parto por uma mulher mais velha, a parteira. A grande referência à obra está no significado dos restantes elementos que compõem o quadro e sabendo que na obra literária original Amaro mata o seu próprio filho e Amélia acaba por morrer também, podemos ver no chão do quarto, num plano próximo do observador, um livro vermelho. À sua frente podemos ver um pombo moribundo e, sabendo que este animal é usado como correio para o transporte de notícias, entende-se que a notícia esperada ou já comunicada não é boa, será antes o aviso de morte, informação confirmada pela conjugação com a galinha morta que se encontra pendurada no canto superior esquerdo, simbolizando a morte do bebé, e da própria Amélia, como no texto original. Do ventre redondo à boneca minúscula, a tela sugere a espera e a morte do filho.
            Apesar de o nascimento de uma criança ser, supostamente, um momento de alegria, neste quadro está representado exatamente o contrário, pois, apenas vemos expressões e símbolos que nos traduzem morte, dor e tristeza.

Bibliografia:
     - http://texere.blogspot.pt/2005/01/capoeira.html
     - http://www.infopedia.pt/$paula-rego
     - http://members.shaw.ca/eduardobpinto/lilian_pagina_catorze.html
     - http://pt.scribd.com/doc/74135255/Analise-Das-Imagens
     - http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/4768.pdf
     - http://opatio.com.sapo.pt/arqmpsite/tx/educacaofamiliar_naobradepaularego.pdf
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