Português: 02/10/20

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Contexto histórico da poesia trovadoresca

 
▪ No território encostado à fronteira líquida do Oeste Atlântico, existiu, em tempos e espaços diferentes, uma unidade administrativa e política. A mais duradoura e a que mais influenciou o etnos, a língua, lo desenho das estradas, a estrutura das cidades, a articulação da via marítima da costa foi a Lusitânia romana. Durante muitos séculos, marcou a realidade política e social; uniu o território desde a margem esquerda do Douro ao mar do Algarve e engordou um pouco na fronteira leste. Mérida era a cabeça regional e política.
 
▪ A ocidente, o reino suevo constituiu uma segunda construção política. A sua capital era a Braga romana, envolveu a Galiza e, durante um século, o território português até ao Mondego.
 
▪ A terceira construção política, efémera, ocorreu com o estabelecimento do Reino e Condado da Galiza. Surgiu pela primeira vez com Ordonho de Leão no início do século X e tinha Viseu como uma das capitais. Anos mais tarde, o conde Raimundo de Borgonha, casado com D. Urraca, filha de Afonso VI e futura rainha de Leão e Castela, manteria esta unidade, sob a forma de condado, entre 1093 e 1096. O reino da Galiza assentava numa realidade sociológica e cultural muito própria, ainda hoje visível no terreno situado a norte do rio Douro, e bem expressa na língua galaico-portuguesa.
 
▪ A última construção é a que se refere ao Condado Portucalense, que reunia os territórios entre os rios Minho e Mondego e que remonta a 1096 e ao conde Henrique de Borgonha. Iniciada em 718, a reconquista cristã só viria a terminar em 1492 com a conquista do reino de Granada. Para auxiliar os povos peninsulares nesta empresa, chegaram à Península Ibérica, a partir do século XI, muitos cruzados vindos da Europa. Numa dessas vagas veio D. Henrique, a quem o rei Afonso VI de Leão e Castela concedeu, como gratidão pelos favores prestados, a mão da sua filha ilegítima, D. Teresa, e o Condado Portucalense (1096). Com este casamento, Henrique reuniu dois condados: o Portucalense propriamente dito, que remontava a Vímara Peres, no século IX, e o condado de Coimbra, organizado por Sisnando Davides de Tentúgal, após a conquista da cidade de 1604. De fora ficava a Galiza. Com a morte do marido, D. Teresa assumiu o governo do condado, mas seu filho, Afonso Henriques, vendo o perigo de o território portucalense se aliar à Galiza, combateu-a e, em 1143, foi aceite como rei de Portugal na Conferência de Zamora pelo rei de Leão, Afonso VII, mas o reconhecimento do papa só chegou em 1179, com a bula “Manifestis Probatum”, de Alexandre III.
 

Idade Média: designação e definição

 
▪ A Idade Média foi um período que se estendeu por mil anos, do século V ao século XV.
 
▪ Foi assim batizada pelos humanistas do Renascimento por ocupar o grande “vazio” situado entre a Antiguidade greco-romana e os tempos modernos, daí a designação Idade Média, isto é, época / idade no meio.
 
 
2. Definição
 
▪ Designa-se por Idade Média um largo período de dez séculos / mil anos, subsequente à queda do Império Romano do Ocidente às mãos dos invasores “bárbaros”, com a conquista de Roma em 476, e que se prolongou, segundo alguns historiadores, até 1453 – data da queda do Império Romano do Oriente, após a conquista de Constantinopla pelos Turcos – e, segundo outros, até 1492, data da descoberta da América por Cristóvão Colombo e da conquista de Granada, que representou a expulsão definitiva dos mouros da Europa.
 
▪ Considerada posteriormente como uma “longa noite de dez séculos” pelos intelectuais do Renascimento, foi reabilitada pelos românticos, que viam na Idade Média, sobretudo, uma época de afirmação das pátrias, línguas, literaturas, culturas e “identidades” dos diversos povos europeus.
 
▪ As datas apontadas são meramente representativas, para fins de “arrumação” de factos de diversa ordem, pelos historiadores. É evidente que não podemos considerar que até ao dia 31 de dezembro de 476 se pensava e vivia de uma maneira e que, no dia 1 de janeiro de 477, subitamente se passou a viver e pensar de outra forma.
 
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