. A difusão geral da
identidade nacional pela totalidade da população portuguesa dependeu da difusão da escrita e da imprensa, da implantação de um sistema eleitoral, da generalização de práticas administrativas uniformes e da participação ativa da população na vida
pública. Note-se, contudo, que a noção de povo soberano, na realidade, se
refere ao conjunto dos que se apresentavam como seus representantes.
. A noção de espírito do povo (Volksgeist) implica coerência interna, através de comportamentos
comuns a todos os membros de uma comunidade.
. A noção de identidade nacional abarca as noções de
«reino», «fronteiras», «naturalidade» e «território». Inicialmente, para as
classes populares, porém, o reino implicava apenas uma noção territorial, sem
trazer consigo a ideia de uma comunidade constituída por todos os seus
habitantes. Quando adquiriu um sentido territorial, a noção de reino passou a
implicar também a de «fronteiras». De facto, enquanto significou o poder sobre
os vassalos, mais do que o poder sobre o espaço que eles habitavam, a noção de
fronteira era uma realidade humana, mutável, imprecisa; normalmente uma zona de
combate ou uma área deserta. Afetada pela noção de «naturalidade», passou a
considerar-se antes a linha que separava os vassalos de um rei dos do rei
vizinho. Tornou-se então complementar na noção de território, e este, por sua
vez, interpretou-se como suporte físico da diferença para com aqueles que
habitavam para além das respetivas fronteiras. A fronteira sempre separou os
«nossos» dos «outros», ou seja, os nacionais dos estrangeiros.
. O processo de
consciencialização da identidade
nacional foi gradual, pois influenciou primeiro os representantes régios,
depois o clero e, em seguida, as restantes classes, influenciadas nesse
processo de consciencialização nacional pelos símbolos nacionais: o escudo de
armas do rei, a bandeira nacional e a moeda.