- A peça não possui unidade de tempo nem unidade de lugar, embora o grande espaço continue a ser o mesmo: Almada.
- O nacionalismo / patriotismo:
- de Maria, visível na sua resistência aos governadores castelhanos, o que traduz outro traço romântico: a ânsia de liberdade;
- o assunto é nacional, eivado de messianismo, que constituía uma força de reação contra o domínio dos espanhóis; uma reação do povo português ao domínio filipino.
- A linguagem, plena de exclamações, interrogações, reticências, frases curtas, procurando adequá-la ao íntimo, ao estado de espírito das personagens.
- Caracterização de Maria:
- a mulher-anjo;
- os ideais de liberdade;
- a exaltação de valores de feição popular;
- a atração pelo mistério;
- a intuição;
- a tuberculose, a doença dos românticos.
- As crenças: os agouros, as superstições, os sonhos, as visões de D. Madalena, Telmo e Maria (cenas II a IV do ato I).
- O mito do escritor romântico: martirizado, sofredor, solitário, marcado pelo Destino, refugia-se no convento, que lhe proporciona o isolamento indispensável à escrita.
- A crença no sebastianismo: logo no início (I, 2), D. Madalena afirma a Telmo: "... mas as tuas palavras misteriosas, as tuas alusões frequentes a esse desgraçado rei D. Sebastião, que o seu mais desgraçado povo ainda não quis acreditar que morresse, por quem ainda espera em sua leal incredulidade!". O sebastianismo, representado por Telmo e Maria, reside na crença no regresso do rei D. Sebastião, que conduzirá a uma época de brilho para Portugal e ao início de uma nova era mundial do direito e da grandeza, que será a última no plano da salvação dos homens.
- A religiosidade: além das constantes referências ao cristianismo e ao culto, a religião surge como refúgio e consolação para o sofrimento trágico, para as almas atormentadas pelo pecado (tomada de hábito de D. Madalena e de Manuel de Sousa). O próprio conflito tem origem, em grande parte, na ética cristã.
- A obra não possui cinco atos, como era de regra na tragédia clássica, mas somente três.
- O tema da morte: a morte é um tema típico do Romantismo por ser a melhor solução para os conflitos (Maria morre fisicamente e os pais morrem espiritualmente, para o mundo). Por outro lado, a morte de uma personagem em cena (Maria) admite-se no Romantismo, mas não no Classicismo.
- A apresentação formal da obra em prosa, porque "repugnava-lhe pôr na boca de Frei Luís de Sousa outro ritmo que não fosse o da elegante prosa portuguesa que ele, mais do que ninguém, deduziu com tanta harmonia e suavidade" (Memória ao Conservatório Real).
- Algumas personagens, sobretudo Madalena e Maria, embora aristocráticas, são verdadeiras heroínas românticas pelo seu comportamento emocional (por exemplo, Maria é uma personagem romântica pela sua sensibilidade doentia e de imaginação aguçada pela tuberculose - sonhos, visões).
- As crenças: agouros, superstições, visões e sonhos, bem evidentes em D. Madalena, Telmo e Maria.
- O individualismo: acentuado pelo confronto entre o indivíduo e a sociedade, entre o código moral estabelecido e o desejo de ser feliz à margem desse mesmo código, entre a fidelidade a um passado que esmaga e o abandono a um presente que abre um sentido para a vida.
- A linguagem e o estilo: a linguagem é adequada às circunstâncias e às personagens:
- linguagem carregada de remorso e amor, inquietação e angústia (reticências) em D. Madalena;
- digna, respeitosa, sem deixar de ser familiar, em Telmo, e ainda paternalista, confessional, agoirenta;
- carinhosa, familiar e respeitosa entre D. Madalena e Telmo;
- nobre e elegante, por vezes de tom didático, em Manuel de Sousa;
- agoirenta, fantasista e amorosa em Maria;
- confidencial, de tom religioso e moralizador, em Frei Jorge;
- fria e espectral, cheia de arrependimento, em D. João;
- digna e culta, na generalidade, como convém a uma obra com caraterísticas de tragédia.