Português: Análise do poema "As mães", de Cláudia Dias Chéu

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Análise do poema "As mães", de Cláudia Dias Chéu

 
As mães dormem
de olhos abertos
caçam à dentada
os medos dos filhos
e iluminam a noite
com fogo do coração.

 
Cláudia Dias Chéu é uma escritora portuguesa nascida em Lisboa, em 1978. Neste poema, exalta a figura materna e o seu papel em relação aos filhos, consequentemente o amor materno.
O verso inicial coloca logo a mãe no centro da composição poética, neste caso dormindo, um momento eminentemente de paz, sossego e tranquilidade. No entanto, o segundo entra, aparentemente, em contradição com o anterior, pois a mãe – qualquer mãe – dorme “de olhos abertos”. O que significa essa aparente contradição? Significa que, mesmo em repouso, permanece vigilante relativamente aos filhos, atitude que revela a constante atenção e preocupação com o seu bem-estar e a sua segurança.
Além disso, elas “caçam à dentada”, o que configura uma imagem que remete para uma certa agressividade e ferocidade. De facto, as mães são apresentadas como caçadores que buscam e destroem ativa e determinadamente os medos dos filhos. O recurso ao nome “dentada” implica uma ação direta e poderosa que tem como finalidade remover as ameaças que rondam os filhos. Deste modo, relacionando os versos 3 e , o papel materno visa enfrentar e afastar as inseguranças e ansiedades daqueles que elas deram à luz.
No penúltimo verso, as mães são retratadas como fontes de luz e esperança, dispersando a escuridão e trazendo proteção e conforto. A noite, associada à escuridão, logo ao desconhecido e ao medo, é derrotada pela presença e pela ação maternais. E tudo isso tem uma razão, uma motivação, um fundamento: o amor. Assim, através de uma metáfora reconhecida – a do fogo –, atribui ao amor maternal a razão da atitude protetora e do cuidado das mães, uma chama fortíssima que nunca se extingue.

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