Três
irmãos esfomeados Rui, Guanes e Rostabal
– , que viviam em Paços de Medranhos, no
reino das Astúrias, encontram na mata um grande cofre de ferro, repleto de
dobrões de ouro.
Desconfiados
uns dos outros e para não despertar as atenções, decidem transportar o tesouro
para Medranhos de noite e que Guanes, por ser o mais magro, iria à povoação
mais próxima comprar comida para eles e para as éguas e uns sacos de couro.
Cada vez mais desconfiados, cada um fica com uma chave e fecha a sua fechadura
do cofre.
Acicatado
por Rui, Rostabal aceita a ideia de assassinar o irmão e, quando Guanes
regressa, assim procedem.
De
regresso ao local do tesouro, enquanto Rostabal lava os braços, a cara e as
barbas salpicadas de sangue do irmão, Rui, serenamente, enterra uma navalha nas
suas costas. De imediato, tira-lhe também a chave e deixa-o escorregar na borda
do riacho.
Cheio
de fome e sede, bebe uma garrafa de vinho. Descansa, de seguida, um pouco e
prepara-se para regressar a Medranhos, quando sente uma espécie de lume que o
devora por dentro e que nenhuma água consegue apagar. Compreende então que
Guanes tinha envenenado o vinho que os irmãos iriam beber. Horas depois jaz
também junto aos outros com a face negra.