Oscar Fingal
O’Flahertie Wills Wilde, um ícone literário irlandês dono de uma vida intensa,
rica em experiências e caracterizada pelo talento, nasceu a 16 de outubro de
1854, em Dublin, Irlanda. O seu pai, Sir William Wilde, foi um médico
aclamado(cirurgião de ouvidos e oftalmologista), nomeado cavaleiro pelo seu
trabalho como consultor médico nos censos irlandeses. Mais tarde, fundou o
Hospital Oftalmológico St. Mark, inteiramente às suas custas, para atender os
pobres da cidade. Além disso, publicou obras sobre arqueologis, folclore e o escritor
Jonathan Swift. Por seu turno, a mãe de Wilde, Jane Francesca Elgee, que
escreveu sob o pseudónimo de Speranza, foi uma poeta revolucionária (este
intimamente ligada à Rebelião dos Jovens Irlandeses de 1848) e uma autoridade
em mitologia e folclore celta, aclamada pela tradução para inglês de Sidonia,
a Feiticeira, uma obra da autoria de Wilhelm Meinhold que influenciou
posteriormente o filho.
Desde
cedo, Oscar Wilde revelou-se uma criança curiosa, inteligente e estudiosa.
Depois de ter frequentado a Portora Royal School, em Enniskillen, entre 1864 e
1871, onde se apaixonou pelos estudos clássicos e alcançou o prémio de melhor
aluno nos dois últimos anos de frequência, bem como o segundo prémio em desenho
no último, recebeu a bolsa Royal School para estudar no Trinity College, Em
Dublin, onde permaneceu entre 1871 e 1874. No final do primeiro ano, portanto
em 1872, obteve o primeiro posto no exame da escola sobre clássicos e foi
premiado com uma bolsa de estudos, a maior homenagem concedida a alunos de
graduação. Após a sua formatura em 1874, Wilde recebeu a Medalha de Ouro de
Berkeley para o melhor aluno do Trinity College na disciplina de grego.
Seguiu-se, entre 1874 e 1878, a Magdalen College, em Oxford, onde foi
contemplado com a bolsa Demyship para estudos adicionais. Em Oxford, Wilde
continuou a destacar-se pelo seu brilhantismo enquanto aluno, mas também como
poeta, ao encetar as suas primeiras tentativas de escrita criativa. Em 1878,
ano da sua formatura, um seu poema, intitulado “Ravenna”, granjeou-lhe o Prémio
Newdigate de melhor composição de versos em inglês por um estudante de Oxford.
Depois
de se formar em Oxford, Oscar Wilde mudou-se para Londres, indo morar com o seu
amigo Frank Miles, um retratista popular entre a alta sociedade londrina. Na
capital inglesa, continuou a escrever poesia e começou a estabelecer-se nos
círculos sociais e artísticos graças à sua inteligência e à sua extravagância.
Rapidamente, o periódico ilustrado Punch, famoso pelo seu humor satírico
e pelas caricaturas e desenhos animados, fez de Wilde o objeto satírico do seu
antagonismo aos estetas por causa da sua alegada escassa devoção masculina à
arte. Na sua ópera cómica, intitulada Patience, Gilbert e Sullivan
basearam parcialmente a personagem Bunthorne, um “poeta carnal”, em Oscar
Wilde. Em 1881, este publicou, a expensas próprias, o livro Poemas, uma
coletânea que recebeu elogios moderados por parte da crítica, mas que o
estabeleceu como um escritor promissor. No ano seguinte, em 1882, viajou para
Nova Iorque, para participar numa turnê de palestras pelos Estados Unidos, que
o levou também ao Canadá. No total, em cerca de nove meses, terá proferido 140
palestras. Quando aportou em Nova Iorque, terá declarado, nos serviços da
alfândega, nada mais ter a declarar além da sua genialidade. Durante a sua
estada no continente americano, Wilde foi hostilizado pela imprensa local, por
causa das suas poses lânguidas e dos seus trajes, entre os quais se destacavam
a jaqueta de veludo, as calças até aos joelhos e as meias de seda preta. Em
simultâneo, contactou com algumas das principais figuras norte-americanas
ligadas à literatura, como, por exemplo, Henry Longfellow e Walt Whitman.
Concluída
a viagem por terras do tio Sam, Wilde regressou a Inglaterra e, de imediato,
deu início a novo ciclo de conferências pelo país e pela Irlanda, o qual se
estendeu até 1884. Este conjunto de palestras, bem como a poesia que ia
produzindo, permitiu-lhe estabelecer-se como um dos principais defensores do
“aesthetic mmovement”, uma teoria de arte e literatura que enfatizava a busca
da beleza por si mesma, em vez de promover qualquer ponto de vista político ou
social.
Em 29
de maio de 1884, Oscar Wilde desposou Constance Llloyd, uma mulher de famílias
ricas filha de um proeminente advogado irlandês. Desse matrimónio resultaram
dois frutos, Ciryl, nascido em 1885, e Vyvyan, em 1886. Um ano após o enlace,
foi convidado para dirigir Lady’s World, uma revista inglesa, entre 1887
e 1889, depois de ter sido revisor da Pall Mall Gazette. Durante esses dois
anos, revitalizou a revista, expandindo os assuntos que abordava e,
consequentemente, o público alvo, nomeadamente focando não só o que as mulheres
vestiam, como também as suas ideias e sentimentos, sobre diversas matérias,
como a literatura, a arte e a vida moderna. Não obstante, deveria ser uma
publicação que também os homens pudessem ler com prazer.
A
partir de 1888, enquanto ainda dirigia a Lady’s World, Oscar Wilde
iniciou um período de fervilhante criatividade e escrita, durante o qual deu à
luz grande parte das suas obras literárias. Assim, nesse mesmo ano, publicou O
Príncipe Feliz e Outros Contos, uma coletânea de histórias infantis. Em
1891, publicou Intentions, uma coletânea de ensaios em que defendia os
princípios do esteticismo, e, de seguida, O Retrato de Dorian Gray, tida
como a sua obra-prima (publicada na Lippincott’s Magazine, em 1890, e em
forma de livro, revisto e acrescentado de seis capítulos, em 1899), na qual o
protagonista, Doriam Gray,um jovem belo, deseja (e consegue) que o seu retrato
envelheça enquanto ele permanece jovem e leva uma vida de pecado e prazer, e o
escritor mistura elementos sobrenaturais típicos do romance gótico com o
decadentismo francês. A obra foi recebida com violentas críticas, que a
acusavam de imoralidade, apesar do seu desfecho de acordo com a moral
coincidente com o castigo do Mal.
Em
1891, foram ainda publicadas outras duas obras: Crime e Outras Histórias de
Lord Arthur Savile e Uma Casa de Romãs. Em fevereiro de 1892,
estreou a sua peça O Leque de Lady Windermere, um texto que obteve
enorme sucesso e popularidade, bem como a aclamação da crítica. Em 1893, saíram
Salomé e Uma Mulher sem Importância e, sucessivamente, O Marido
Ideal (1895) e A Importância de se chamar Ernesto (1895), a sua peça
mais famosa.
Neste
período em que desfrutava de enorme popularidade e sucesso literário, Oscar
Wilde iniciou uma relação amorosa com um jovem chamado Alfred Douglas. Em 18 de
janeiro de 1895, o pai do rapaz, o marquês de Queensberry, ao tomar
conhecimento do caso, acusou o escritor de ser um sodomita. Apesar de a
homossexualidade de Wilde ser um segredo aberto, instado por Alfred, processou
o marquês por difamação, uma decisão que arruinou a sua vida. De facto, o caso
fracassou, pois as evidências foram contra si e o escritor desistiu do
processo. Incentivado pelos seus amigos a fugir para França, Wilde recusou, o
que levou à sua prisão e julgamento, durante o qual testemunhou de forma
brilhante, porém o júri ficou num impasse e não chegou a qualquer conclusão. O
julgamento teve início em março de 1895 e neste o marquês de Queensberry e os
seus advogados apresentaram provas da homossexualidade de Oscar Wilde,
concretamente passagens das suas obras literárias e cartas de amor endereçadas
a Alfred Douglas. Foram estes dados que levaram à rejeição do caso de difamação
e à sua condenação e prisão sob a acusação de “indecência grosseira”. Assim, em
25 de maio de 1895, Oscar Wilde foi sentenciado a dois anos de prisão e
trabalhos forçados. A maior parte do seu encarceramento foi cumprida na prisão
de Reading, a partir da qual escreveu uma longa carta a Alfred repleta de
recriminações contra o jovem por o ter incentivado a levar uma vida de
dissipação e a distraí-lo da criação literária.
Oscar
Wilde foi libertado da prisão em maio de 1987, fisicamente frágil e de saúde debilitada
e emocionalmente exausto e falido. Partiu rapidamente para Paris, na tentativa
de se regenerar como escritor, e aí viveu em hotéis baratos e apartamentos de amigos,
tendo mantido um breve encontro com Alfred. Durante esse período, escreveu
muito pouco, tendo-se destacado unicamente um poema completado em 1898 sobre o
tempo passado na prisão – The Ballad of Reading Gaol –, no qual
denunciava as condições precárias e desumanas da prisão. Não obstante os seus
problemas financeiros, Wilde manteve-se alegre e foi visitado por amigos leais
como Max Beerbohm e Robert Ross.
Oscar
Wilde morreu, vítima de meningite aguda causada por uma infeção no ouvido, em
30 de novembro de 1900, aos 46 anos. Nos momentos que antecederam a sua morte,
foi acolhido no seio da Igreja Católica Romana, que há muito admirava.
Uma
vida em síntese:
. Nome: Oscar Wilde.
. Data de nascimento:
16 de outubro de 1854.
. Cidade natal:
Dublin.
. País natal:
Irlanda.
. Género:
masculino.
. Obras
principais: O Retrato de Dorian Gray, A Importância de se chamar
Ernesto.
. Géneros
literários: poesia, ficção e teatro.
. Data
de falecimento: 30 de novembro de 1900.
. Local
de morte: Paris.
. País:
França.