. Fernão Lopes, na sua obra,
apresenta uma conceção original de História, tanto em relação à tradição
historiográfica como aos autores contemporâneos.
. Antes dele, todos os textos
que se reportassem a acontecimentos do passado, independentemente de serem lendas,
contos tradicionais, romances de cavalaria e narrativas de crónicas e de livros
de linhagens, eram aceites como relatos históricos sem que a sua veracidade fosse averiguada.
. A experiência profissional de Fernão Lopes como notário e arquivista
não só lhe incutiu a consciência da necessidade de fundar a verdade histórica num documento escrito, como também lhe
proporcionou o acesso a documentos
escritos e a testemunhos orais,
que, caso contrário, lhe estariam vedados.
. No prólogo da Crónica de D. João I, o cronista expõe o
seu ponto de vista sobre o trabalho do historiador, descrevendo o método utilizado para tentar manter a imparcialidade:
1. Recolher informação de numerosos testemunhos escritos, de modo
a assegurar o rigor dos factos
históricos avançados;
2. Apesar de seguir a
historiografia anterior no processo de elaboração do texto, procedendo ao corte
e montagem de textos de outros autores, sujeito as fontes a uma análise
criteriosa, procurando verificar qual seria a mais verosímil ou a mais adequada
à lógica interna dos factos; verificou também a verdade desses testemunhos escritos através do seu confronto com
documentos oficiais.