Os sonhos não podem ser
experimentados em conjunto.
Vamos sozinhos durante o sono.
Dormir é a prova irrevogável
de que somos individuais.
A viagem que fazemos de noite
ausculta bem o batimento
da solidão.
Os sonhos são “fenómenos”
individuais e intransferíveis. Trata-se, pois, de uma experiência claramente
solitário e não compartilhável com as outras pessoas no que respeita à sua
experimentação. O sono é um estado fundamental para qualquer pessoa, pois
possibilita a restauração do corpo e da mente. Por outro lado, é um momento em
que o indivíduo se volta para o seu mundo interior, constituindo, portanto, um
símbolo da individualidade humana.
O sono é também apresentado como
uma evidência incontestável da individualidade de cada ser humano. O adjetivo “irrevogável”
sugere a ideia de que essa espécie de verdade é imutável, constituindo um traço
característico da condição humana.
Os três últimos versos do poema
descrevem, metaforicamente, o sonho como uma viagem noturna que revela a
solidão e que sugere a viagem que é a vida, que cada pessoa percorre, trilhando
caminhos pessoais e inexplorados. Claramente, o “eu” poético recorre à
linguagem da área da Medicina (“ausculta”, “batimento”), para nos sugerir a
ideia de uma introspeção profunda que o ser humano faz sempre que se entrega ao
sono, como se este permitisse um encontro íntimo com a nossa solidão quando dormimos
e quando sonhamos.