Português: 01/01/2011 - 02/01/2011

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Texto expositivo-argumentativo (I) - Plano da SS

Texto expositivo-argumentativo

Título: "Alberto Caeiro, o Pastor Metáfora"


Introdução:
  • Alberto Caeiro apresenta-se como um simples "guardador de rebanhos";
  • Caeiro é o poeta da Natureza, está de acordo com ela e vê a sua constante renovação;
  • Mestre de Pessoa e dos outros heterónimos.
  • É um sensacionalista a quem só interessa o que capta pelas sensações.

Desenvolvimento:
  • Para Caeiro, "pensar" é estar doente dos olhos, assim elimina a dor de pensar que afecta Pessoa.
  • Dá especial importância ao acto de ver, passeando ao observar o mundo;
  • Só olhe interessa o que capta pelas sensações, uma vez que reduz o sentido das coisas à percepção da cor, da forma e da existência.

Conclusão:
  • Para Caeiro, fazer poesia é uma atitude involuntária e espontânea;
  • Vê o mundo sem necessidade de explicações, aproveitando cada sensação na sua originalidade e simplicidade;
  • Caeiro canta o viver sem dor, o envelhecer sem angústia, o morrer sem desespero...
  • Em suma, é um poeta que vive do sensacionalismo, negando mesmo a utilidade do pensamento.

Papa Bento XVI

domingo, 30 de janeiro de 2011

A privatização dos tempos...

          Nos últimos dias, as escolas privadas / com contrato de associação têm-se desdobrado em iniciativas que procuram impedir o corte (valente!) que o ME se propõe fazer no seu financiamento.

          Aqui ficam dois gráficos que «informam» que, desde que Maria de Lurdes Rodrigues ocupou a cadeira principal no ministério, o número de turmas diminuiu e o seu financiamento aumentou.

           Paradoxos....


sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Janeiras

          Os alunos do 1.º ciclo do agrupamento cantam as janeiras na escola sede.

Ficha de leitura de «Lisbon Revisited (1923)» - Correcção

1. O poema constrói-se, essencialmente, com base num discurso que o «eu» poético dirige a uma segunda pessoa do plural.

      1.1. Demonstre a veracidade da afirmação, considerando o modo verbal e a função da
             linguagem predominante.

          De facto, o sujeito poético parece dirigir-se a um tu, o que é visível através do recurso ao modo imperativo («Tirem daqui...», «Não me apregoem...») e à função apelativa da linguagem («Não me venham com conclusões!» - v. 3; «Não me tragam estéticas!» - v. 5).


2. A acumulação de construções negativas, nas três primeiras estrofes, remete para uma
     recusa.

     2.1. Explique, por palavras suas, aquilo que o sujeito poético recusa.

          O sujeito poético recusa a "verdade" (verso 12) que a sociedade tem para lhe oferecer, nomeadamente as "conclusões",  as "estéticas", a "moral", a "metafísica", "as ciências" e "a civilização moderna". No fundo, estamos perante um Campos em tudo oposto ao do delírio sensacionista da "Ode Triunfal".


3. Comente a interrogação retórica presente no verso 11.

          A interrogação retórica do verso 11 traduz o espanto do sujeito poético, que se interroga acerca da razão pela qual estará a ser castigado.


4. A par da recusa referida em 2., o sujeito poético afirma os seus «direitos».

     4.1. Refira-os, justificando a sua resposta com passagens do poema.

          O sujeito poético defende o seu direito de ser diferente dos «outros» ("Fora disso, sou doido, com todo o direito a sê-lo. / Com todo o direito a sê-lo, ouviram?" - vv. 14-15; "Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? / Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?" -vv. 17-18) e o de ser / estar sozinho ("Vão para o diabo sem mim" - v. 21; "Ah, que maçada quererem que seu seja de companhia!" - v. 27; "Deixem-me em paz!" - v. 36; "(...) quero estar sozinho!" - v. 35).


5. A décima estrofe constitui uma espécie de parêntesis no discurso do sujeito poético.

     5.1. Identifique o sentimento que aí se revela.

          A estrofe referida revela um misto de nostalgia e tristeza, visíveis, por exemplo, nas apóstrofes e personificações "céu azul", "macio Tejo" (sinestesia) e "mágoa revisitada", identificada com a cidade de Lisboa.

     5.2. Indique a que época da vida do sujeito poético se reporta esta estrofe e a respectiva
            simbologia no contexto do poema.

          O sujeito poético refere-se à sua infância, símbolo da alegria e da felicidade perdidas.


     5.3. Interprete a expressividade dos adjectivos presentes nos versos 28 a 31.


          A infância é recordada como um tempo conhecido, imutável, sem surpresas, logo um tempo tranquilizador e de paz. Os adjectivos "eterna", "perfeita", "macio" e "ancestral" enfatizam essas ideias de imutabilidade e de segurança.

     5.4. Demonstre, remetendo para passagens do texto, que o sentimento que liga o sujeito
            poético à cidade de «Lisboa» se prende com os direitos por ele apregoados em estrofes
            anteriores.

          A cidade de Lisboa, presentemente, em nada altera o «eu», o seu estado de espírito, nem procuram convencê-lo a ser aquilo que ele não deseja, limitando-se a permanecer "mudos", "vazios" e "imutáveis". Daí que a cidade se afigure, para o sujeito poético, como perfeita, pois respeita o seu direito à diferença e o seu desejo de solidão.


6. Esclareça o sentido da última estrofe, demonstrando que ela se relaciona intimamente com
    o verso 4: "A única conclusão é morrer."

          Na última estrofe, depois de novo apelo a que o deixem sozinho, em sossego, o sujeito poético faz uso, duas vezes, do verbo "tardar" na forma negativa, remetendo para a ideia de proximidade da morte, ideia essa confirmada pelos nomes maiusculadas "Abismo" e "Silêncio", símbolos da morte, cuja inexorabilidade é a única certeza, já anunciada no verso 4 ("A única conclusão é morrer.").


7. Relacione o título do poema - "Lisbon Revisited" - e o conteúdo da décima estrofe (vv.
    28-33) com o quadro de Miguel Yeco.

Génese do Modernismo português

          Diversos textos assinalam a génese do Modernismo em Portugal:
  • Artigos publicados por Fernando Pessoa na revista "A Águia": "A Nova Poesia Portuguesa sociologicamente considerada» e «A Nova Poesia Portuguesa no seu aspecto psicológico»;
  • Textos de Mário de Sá-Carneiro:
                    . o livro de contos Princípio, publicado em Outubro de 1912;
                    . a composição do poema "Dispersão", entre Fevereiro e Maio de 1913;
                    . a composição da novela O Homem dos Sonhos, em Março de 1913;
                    . a composição da novela O Fixador de Instantes, em Julho de 1913;
                    . a composição da novela Mistério, em Agosto de 1913;
                    . A Confissão de Lúcio, em Setembro de 1913.
  • Outros textos de Fernando Pessoa:
                    . Na Floresta do Alheamento (1913);
                    . O Marinheiro (1913);
                    . o poema «Pauis» (Fevereiro de 1914), que assinala a estreia poética de Pessoa e a
                      ruptura com o saudosismo e que dá origem à primeira corrente cosmopolita e
                      modernista chamada «Paulismo», ainda que efémera.
  • Lançamento da revista Orpheu (dois números) em 1915, concretizando-se assim um projecto inicialmente pensado por Luís de Montalvor ao regressar do Brasil.

Modernismo: delimitação

          De acordo com o Prof. Carlos Reis, é possível  balizar o Modernismo português de acordo com duas perspectivas:
  • 1.ª perspectiva: desde finais do século XIX (cerca de 1890) até depois da II Guerra Mundial, mesmo até finais dos anos 50 (Pós-Modernismo).
  • 2.ª perspectiva: das vésperas da Primeira Guerra Mundial até à Segunda Guerra Mundial.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

«O dos Castelos»

          "O dos Castelos" é o primeiro poema de Mensagem, estando por isso inserido na primeira parte da obra, intitulada "Brasão" e, dentro desta, numa subparte designada "Os Campos". O campo é a parte inferior do escudo nacional e tem duas partes: a dos Castelos e a das Quinas. Daqui surge o nome do poema: O (Campo) dos Castelos. Recordar que o outro poema que integra este primeiro «andamento» de Mensagem se intitula O (Campo) das Quinas.

          Neste poema, Fernando Pessoa descreve a Europa e descreve-a como um ser feminino deitado sobre os cotovelos, fitando (ter presente a diferença semântica entre «olhar» e «fitar») «De Oriente a Ocidente», com «românticos cabelos» (que representam a herança cultural do Norte da Europa) e «olhos gregos» (que simbolizam a herança cultural do Sul europeu, a herança cultural grega). Por esta descrição, é fácil detectar a personificação da Europa, que se estende por toda a composição poética. Por outro lado, convém atentar na expressividade do verbo «jazer», que significa «estar deitado», mas também «estar morto ou como morto». Ora tal pode significar uma alusão à necessidade de despertar de uma certa letargia o continente europeu e conduzi-lo na senda da construção de um novo império. Seria interessante reflectir sobre o chamado projecto europeu (Comunidade Europeia) e num certo adormecimento da sua construção, bem como sobre as esperanças depositadas no Tratado de Lisboa.

          A segunda estrofe começa por reflectir a disposição dos cotovelos: o esquerdo é representado pela Itália, enquanto o direito pela Inglaterra. Tal disposição reitera o que foi dito acerca dos cabelos e dos olhos, isto é, remete para as raízes culturais europeias: o Norte e o Sol, a cultura romântica e a cultura greco-latina.

          Os versos 9 e 10 retomam a forma verbal «fita» e caracterizam o olhar da Europa: «esfíngico e fatal». Esta dupla adjectivação associa, à atitude expectante e contemplativa, as noções de enigma e de mistério (convém rememorar a lenda associada à Esfinge egípcia) com que a figura feminina «fita» o «Ocidente», que representa a sua vocação (da Europa, leia-se) histórica, isto é, o «futuro» que já desvendou no passado e que promete voltar a repetir-se futuramente. Ora, no último verso, Portugal é apresentado como o «rosto» da Europa, onde se situa o «tal» olhar que «fita» o «Ocidente». Associando os dois últimos versos do texto, podemos concluir, neste contexto, que o Ocidente constitui, efectivamente o «futuro do passado» (paradoxo), isto é, o trajecto que conduzirá Portugal a dar cumprimento à missão histórica que «repete» o passado (dos Descobrimentos). Em suma, o país de Camões e do próprio Pessoa será, metaforicamente, a locomotiva que guiará a Europa na senda desse futuro esperançoso.

          Simbolicamente, este primeiro poema da Mensagem apresenta a imagem de uma Europa decadente («A Europa jaz», isto é, está prostrada, está morta), que vive das glórias do passado (as origens gregas, a expansão romana e o império colonial inglês). Neste contexto, Portugal surge como o único país, com o papel messiânico que Pessoa lhe atribui, capaz de fazer ressurgir e renascer o continente europeu. Portugal deverá recuperar o seu estatuto de potência civilizadora de que já usufruiu no passado e fazer retornar a Europa à glória do passado. É curioso observar como, no actual (2011) contexto de crise e de impasse da União Europeia , Fernando Pessoa está cheio de razão quando apresenta esta imagem de um continente morto à espera de alguém com valor suficiente para a ressuscitar.

Texto expositivo-argumentativo (I)

          Tal como em Álvaro de Campos, também em Alberto Caeiro as sensações são um elemento relevante.

          Fazendo apelo à sua experiência de leitura, exponha, num texto de sessenta a cento e vinte palavras, a sua opinião sobre a importância das sensações na poesia de Caeiro.

Alta Noite na Sé Velha


          Já passou um «século» sobre este tema musical. Na época, éramos umas crianças de cabelos pelos ombros e ideias tolas na cabecinha...

          Local: Coimbra, Sé Velha

          Evento: Serenata Monumental da Queima das Fitas

          Data: 1989

          Tema: «Alta Noite na Sé Velha»

          Grupo: Toada Coimbrã

          Elementos:
                    » Rui Pedro Lucas (cantor)
                    » Alcides Sá Esteves (cantor)
                    » António Vicente (guitarra portuguesa)
                    » João Paulo Sousa (guitarra portuguesa)
                    » João Carlos Oliveira (viola)
                    » Jorge Mira Marques (viola)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Plano (Álvaro de Campos e Pablo Picasso)

Planificação


Titulo: a arte como critica social

Introdução:

     • O poema compara o binómio de newton à Vénus de Mile, ou seja, Álvaro de Campos
        tem de demonstrar que uma teoria cientifica é tão bela como uma obra de arte.

     • O quadro retrata uma mulher em sofrimento

     • Tanto o poema como o quadro possuem características de corrente modernista

     • Ambas as formas de arte apresentam características modernas em contraste com o conceito
        de modernismo

.
Desenvolvimento:

     • O quadro representa a companheira de Picasso, por quem o autor nutre sentimentos
        fortes.
        Ao retratá-la usa uma técnica inovadora para a época, mas que revela uma força de
        sentimentos e evoca dor provocada pela guerra, tema característico do futurismo.

     • A imagem evoca, em quem a observa, sentimentos de pena e repudio, pelo motivo que
        levam a mulher a chorar a guerra.

     • O verso Binómio de Newton tenta provocar o leitor ao comparar, uma teoria da física com
        uma obra  de arte, mas ao mesmo tempo pretende ser uma critica social pois afirma que
        ninguém dá por isso. Ou seja, a sociedade não dá valor à ciência nem possivelmente à arte

     • Tanto o poema como o quadro são algo inédito e raro, comparado com a arte tradicional.
        Ambos abordam temas diferentes dos hábitos não só ao conteúdo com na forma


Conclusão:

     • Tanto o poema como o quadro pretendem ser uma forma de critica social

     • O primeiro critica os que não olham nem entendem a Ciência como algo de belo e tão
        importante como uma obra de arte

     • O segundo é uma critica à guerra, motivo de choro da mulher

     • A poesia e a pintura para além da arte são uma forma de propaganda e uma chamada de
       atenção para a realidade que os cerca.

PC

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Modernismo


Álvaro de Campos - Linguagem e estilo

· Aspectos fónicos:
          -» Verso livre, em geral muito longo;
          -» Irregularidade formal (estrófica, métrica e rítmica);
          -» Assonâncias, onomatopeias, aliterações;
          -» Rima interior;
          -» Ritmo amplo, com alternâncias.

· Aspectos morfossintácticos e semânticos:
          -» Excesso de expressão: exclamações, interjeições, apóstrofes, pontuação emotiva
              (exclamações, interrogações, reticências);
          -» Mistura de níveis de língua;
          -» Desvios sintácticos;
          -» Estrangeirismos e neologismos;
          -» Substantivação de fonemas;
          -» Metáforas ousadas, personificações, hipérboles, paradoxos, enumerações, gradações;
          -» Estilo torrencial (2.ª fase);
          -» Repetições, simetria de construção, anáforas;
          -» Construções nominais, infinitivas e gerundivas;
          -» Grafismos inovadores e expressivos;
          -» Estética não aristotélica (fase futurista), assente nas ideias de força, dinamismo,
              energia, etc.

Álvaro de Campos - TEMAS

·  Poeta plural (como Fernando Pessoa) - três fases:
          -» Decandentismo («Opiário»);
          -» Triunfalismo futurista e sensacionista (Odes);
          -» Cansaço e abulia («Tabacaria».

·  Decadentismo literário (1.ª fase):
          -» Abulia, tédio de viver;
          -» Procura de sensações novas;
          -» Busca da evasão.

·  Futurismo (2.ª fase):
          -» Apologia / elogio da civilização mecânica e industrial e da técnica;
          -» Ruptura com o subjectivismo da lírica tradicional;
          -» Atitude escandalosa e chocante: transgressão da moral estabelecida.
    Sensacionismo:
          -» Vivência em excesso de sensações («Sentir tudo de todas as maneiras» - afastamento
              de Caeiro;
          -» Atitudes sadistas e masoquistas;
          -» Cantor apaixonado do mundo moderno, contemporâneo.

·  Pessimismo (3.ª fase) - reencontro com o Pessoa ortónimo:
          -» Dissolução do eu;
          -» Dor de pesnar, de ser lúcido, racional;
          -» Conflito entre a realidade e o poeta;
          -» Inadaptação ao real, que é «opaco» e gera estranheza e perplexidade;
          -» Cansaço, tédio, abulia;
          -» Angústia existencial;
          -» Solidão;
          -» Nostalgia da infância irremediavelmente perdida.
    Busca de soluções (ilusões) para o mal que o afecta:
          -» Sonho;
          -» Retorno à infância;
          -» Viagem («Ode Marítima»);
          -» Ópio («Opiário»;
          -» Sensacionismo futurista.

·  Romantismo:
          -» Hipertrofia do «eu»;
          -» Excesso;
          -» Desejo de evasão e dispersão.

·  Ser dividido entre o sonho e a realidade.

The Man

Ficha de leitura de "Lisbon Revisited (1923)"

1. O poema constrói-se, essencialmente, com base num discurso que o «eu» poético dirige a uma segunda pessoa do plural.

     1.1. Demonstre a veracidade da afirmação, considerando o modo verbal e a função da
             linguagem predominante.

2. A acumulação de construções negativas, nas três primeiras estrofes, remete para uma
     recusa.

     2.1. Explique, por palavras suas, aquilo que o sujeito poético recusa.

3. Comente a interrogação retórica presente no verso 11.

4. A par da recusa referida em 2., o sujeito poético afirma os seus «direitos».

     4.1. Refira-os, justificando a sua resposta com passagens do poema.

5. A décima estrofe constitui uma espécie de parêntesis no discurso do sujeito poético.

     5.1. Identifique o sentimento que aí se revela.

     5.2. Indique a que época da vida do sujeito poético se reporta esta estrofe e a respectiva
             simbologia no contexto do poema.

     5.3. Interprete a expressividade dos adjectivos presentes nos versos 28 a 31.

     5.4. Demonstre, remetendo para passagens do texto, que o sentimento que liga o sujeito
             poético à cidade de «Lisboa» se prende com os direitos por ele apregoados em estrofes
             anteriores.

6. Esclareça o sentido da última estrofe, demonstrando que ela se relaciona intimamente com o verso 4: "A única conclusão é morrer."

7. Relacione o título do poema - "Lisbon Revisited" - e o conteúdo da décima estrofe (vv. 28-33) com o quadro de Miguel Yeco.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Plano (Álvaro de Campos e Pablo Picasso)

Planificação


Título: A Arte como Crítica Social


Introdução:

          • Breve alusão ao verso de Campos e ao quadro de Picasso;
          • Inserção de ambas as obras de arte na corrente futurista;
          • Ruptura com o conceito tradicional de arte.


Desenvolvimento:

          • Breve descrição e reflexão crítica sobre o quadro de Pablo Picasso «Mulher que Chora»;
          • Sentimentos que a imagem evoca em quem a observa;
          • Breve reflexão sobre o sentido do verso de Campos «O Binómio de Newton…»;
          • Conceito de arte que ambas as obras traduzem pela sua estranheza e raridade.


Conclusão:

          • Conceito de arte como forma de crítica social;
          • A arte é utilizada para atrair a atenção do público.

ART

Orações - completivas e relativas (GC9)

1.
     a)
          - «A Rute declarou» - oração subordinante
          - «que o professor de Português está louco.» - oração subordinada substantiva completiva

     b)
          - «Quem foi ao Porto» - oração subordinada substantiva relativa
          - «dormiu nas aulas do dia seguinte.» - oração subordinante

     c)
          - «As pessoas são mais cultas» - oração subordinante
          - «que lêem livros» - oração subordinada adjectiva relativa restritiva

     d)
          - «Logo que a Carol chegou» - oração subordinada adverbial temporal
          - «a Sophie gritou bem alto o seu amor a Saramago» - oração subordinante

1.1.1.
     1) «A Ana Rute fez essa declaração

     2) «A Joana dormiu nas aulas do dia seguinte.»

     3) «As pessoas leitoras são mais cultas.»

     4) «A Sophie saiu da sala imediatamente

1.1.2. Nas frases 1 e 2, a classe é a dos nomes («declaração» e «Joana»); na frase 3, é a dos adjectivos («leitoras»); por último, na frase 4, é a classe dos advérbios.

1.3. As orações subordinadas classificam-se como substantivas, adjectivas e adverbiais porque há um paralelismo entre estes três tipos de orações e as funções desempenhadas por substantivos (nomes), adjectivos e advérbios.

2.1.
     Grupo 1: frases a), c) e f).

     Grupo 2: frases b), d), e) e g).

2.2.1. As orações subordinadas do grupo 1 («Quem foi ao ar», «de quem a trata bem» e «onde a mandarem») são substantivas relativas. Já as orações subordinadas do grupo 2 («que ia aos cucos», «se ia aos cucos», «que gosta de margaridas» e «que não votarei no próximo domingo») são substantivas completivas.

2.2. As orações que são seleccionadas por um verbo ou por um nome são as do grupo 2, que são orações subordinadas substantivas completivas.

3.
     Elementos subordinantes:
          a) «sabia» (verbo);
          b) «verdade» (nome);
          c) «surpreendente» (adjectivo).

     Orações subordinadas:
          a) «se o seu coelho regressaria à toca.»;
          b) «que o Pedro gosta da época da vareja.»;
          c) «que o Sporting jogue tão bem.».

     Classificação das orações subordinadas: são todas orações subordinadas substantivas completivas.

4. As orações subordinadas substantivas são de dois tipos: completivas e relativas.
    As orações subordinadas substantivas completivas são, geralmente, introduzidas por uma conjunção subordinativa completiva e têm um elemento subordinante. As orações subordinadas substantivas relativas são, geralmente, introduzidas por um pronome relativo e não têm nenhum elemento subordinante.

5.1.
     a) «Os professores que bebem cerveja têm barriguinha de grávida.»
     b) «A Carol e a Vera, que estudaram pouco, passaram no exame de código.»
     c) «Margarida, as bolas de berlim que me fanaste estavam envenenadas.»
     d) «Vi uma fotografia assustadora que mostrava o cão da Rute
     e) «A Sara e a Joana, que são amigas dos animais, atropelaram uma osga.»

5.2. Estas orações são introduzidas por pronomes relativos.

5.3. As orações a), c) d) são subordinadas adjectivas relativas restritivas, enquanto as b) e e) são subordinadas adjectivas relativas explicativas.

5.4.
     a) «Os professores que bebem cerveja têm barriguinha de grávida.»
     b) «A Carol e a Vera, que estudaram pouco, passaram no exame de código.»
     c) «Margarida, as bolas de berlim que me fanaste estavam envenenadas.»
     d) «Vi uma fotografia assustadora que mostrava o cão da Rute.»
     e) «A Sara e a Joana, que são amigas dos animais, atropelaram uma osga.»

6. As orações subordinadas adjectivas relativas são de dois tipos: restritivas e explicativas. Ambas são, geralmente, introduzidas por um pronome relativo e têm como elemento subordinante um grupo nominal. As orações subordinadas adjectivas restritivas contribuem para a construção do valor referencial da entidade representada pelo antecedente. As orações subordinadas adjectivas explicativas contêm uma informação adicional sobre uma entidade representada pelo grupo nominal. Por isso, não contribuem para a definição da referência do seu antecedente. Na oralidade, caracterizam-se por pausas e, na escrita, por vírgulas.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Plano (Álvaro de Campos e Pablo Picasso)

Planificação


Título: “Uma forma de expressão”


Introdução:

 A ciência mostra, a arte demonstra;

 O estatuto da ciência permite-lhe um conhecimento objectivo, verdadeiro, imparcial e capaz de descrever ou explicar o mundo tal como ele é, ao passo que a arte põe em causa o indivíduo inteiro, com os seus sentimentos e as suas emoções, com as suas ideias e convicções, sendo por isso de natureza subjectiva.

 A ciência define por meio de símbolos conceptuais, a arte sugere por meio de símbolos imagéticos.


Desenvolvimento:

 Pablo Picasso é um dos mais importantes artistas do séc. XX, retratando nas suas obras as emoções por que passou no decurso da sua vida. No quadro “Mulher chorando” de 1937, Picasso mostra-nos uma mulher a chorar, com um lenço na boca, envolta em dor e sofrimento.

 Isaac Newton foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, que criou uma expressão que se denomina Binómio de Newton.

 A Vénus de Milo é uma estátua grega, representa a deusa grega Afrodite, deusa do amor e da beleza física, considerada na Grécia Antiga um protótipo da arte clássica.

 Álvaro de Campos é um poeta sensacionista, torna a sensação a realidade da vida e a base da arte.


Conclusão:

 Hoje em dia, arte e ciência já não são processos distintos. Assim, Álvaro de Campos, ao afirmar que o Binómio de Newton é tão belo com a Vénus de Milo, pretende mostrar-nos que ciência é um tipo de arte que, apesar de diferente apresenta alguns pontos em comum, uma vez que também as teorias científicas podem ser orientadas por critérios estéticos.

 Actualmente as obras são cada vez mais relativas, tanto para os criadores, como para os seus críticos.

 Ser criador ou espectador exige esforço e aprendizagem, pois é a partir da visão que damos às coisas, que torna-mos objectos arte, uma vez que em milhares de pessoas que presenciam uma obra de arte, não haverá, certamente, duas que a sintam da mesma forma.

 Assim, tanto a Vénus de Milo como o quadro de Picasso são obras de arte, e por isso belos, embora o conceito de belo seja subjectivo, temos de estar prontos a admitir e a reconhecer uma verdadeira obra de arte, de forma a distinguir o genuíno do falso em todos os períodos.

S. S.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Orações - completivas e relativas (G9)

1. Divida e classifique as orações presentes nas frases dadas.

          a) A Rute declarou que o professor de Português está louco.
          b) Quem foi ao Porto dormiu nas aulas do dia seguinte.
          c) As pessoas que lêem livros são mais cultas.
          d) Logo que a Carol chegou, a Sophie gritou bem alto o seu amor a Saramago.

     1.1. Compare as frases do grupo A com as do grupo B.

          Grupo A
               a) A Rute declarou que o professor de Português está louco.
               b) Quem foi ao Porto dormiu nas aulas do dia seguinte.
               c) As pessoas que lêem livros são mais cultas.
               d) Logo que a Carol chegou, a Sophie saiu da sala.

          Grupo B
               1) A Ana Rute fez essa declaração.
               2) A Joana dormiu nas aulas do dia seguinte.
               3) As pessoas leitoras são mais cultas.
               4) A Sophie saiu da sala imediatamente.

          1.1.1. Sublinhe os grupos sintácticos em B que substituíram as orações em A.

          1.1.2. Identifique a classe a que pertencem os núcleos desses grupos sintácticos.

      1.3. Justifique a classificação das orações subordinadas em substantivas, adjectivas e
             adverbiais.


2. Observe as frases seguintes.

          a) Quem foi ao ar perdeu o lugar.
          b) A Sara afirmou que ia aos cucos.
          c) A Irene gosta de quem a trata bem.
          d) O Pedro perguntou à Sara se ia aos cucos.
          e) A Margarida jura que gosta de margaridas.
          f) A Vera vai onde a mandarem.
          g) É um facto que não votarei no próximo domingo.

     2.1. Agrupe as frases tendo em conta a classe da palavra que introduz as orações
            subordinadas.

          2.1.1. Classifique as orações subordinadas de cada grupo.

     2.2. Distinga as orações que são seleccionadas por um verbo ou por um nome.


3. Identifique nas frases apresentadas os elementos subordinantes e as orações subordinadas, classificando-as.

          a) A Ana não sabia se o seu coelho regressaria à toca.
          b) É verdade que o Pedro gosta da época da vareja.
          c) É surpreendente que o Sporting jogue tão «bem».


4. Complete as seguintes definições.

          As orações subordinadas substantivas são de dois tipos: _______________ e _______________.
          As orações subordinadas substantivas _______________ são, geralmente, introduzidas por uma _______________ _______________ _______________ e têm um elemento subordinante. As orações subordinadas substantivas _______________ são, geralmente, introduzidas por um _______________ _______________ e não têm nenhum elemento subordinante.


5. Observe as frases complexas fornecidas.

          a) Os professores que bebem cerveja têm barriguinha de grávida.
          b) A Carol e a Vera, que estudaram pouco, passaram no exame de código.
          c) Margarida, as bolas de berlim que me fanaste estavam envenenadas.
          d) Vi uma fotografia assustadora que mostrava o cão da Rute.
          e) A Sara e a Joana, que são amigas dos animais, atropelaram uma osga.

     5.1. Sublinhe as orações subordinadas.

     5.2. Identifique a classe das palavras que as introduzem.

     5.3. Classifique as orações.

     5.4. Sublinhe os antecedentes das orações subordinadas.


6. Complete o seguinte enunciado.

          As orações subordinadas adjectivas relativas são de dois tipos: _______________ e _______________. Ambas são, geralmente, introduzidas por um _________________ e têm como elemento subordinante um _______________ _______________. As orações subordinadas adjectivas _______________ contribuem para a construção do valor referencial da entidade representada pelo _______________. As orações subordinadas adjectivas _______________ contêm uma _______________ _______________ sobre uma entidade representada pelo grupo nominal. Por isso, não contribuem para a definição da referência do seu _______________. Na oralidade, caracterizam-se por pausas e, na escrita, por _______________.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Plano (Álvaro de Campos e Pablo Picasso)

Planificação

Titulo: “A ciência como arte”


Introdução:

• A ciência é exacta, incontestável e universal;
• A arte é sentida e avaliada por juízos de valor. A arte tem presente a ideia do belo e depende de culturas, vivencias e gostos.


Desenvolvimento:

• Pablo Picasso foi um pintor espanhol que, em 1937, pintou “Mulher que chora”. Esta obra representa Dora, a única mulher psicologicamente à altura do pintor;
• Newton foi um cientista inglês, criador do Binómio de Newton;
• A Vénus de Milo é uma estátua grega que representa Afrodite, a Deusa do amor e da beleza;
• Para Campos, a Vénus de Milo é tão bela como o Binómio de Newton.


Conclusão:

• Há várias maneiras de ver e sentir a arte;
• O Binómio de Newton, tal como a matemática, é arte;
• Tudo o que é arte é belo, nomeadamente a Vénus de Milo, o Binómio de Newton e o quadro de Picasso. Independentemente de interpretações.

M.M.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Poema XXXVI ("O Guardador de Rebanhos")

          Neste poema, Caeiro contrapõe duas concepções de poesia: a primeira é a dos poetas que designa, ironicamente, artistas, que valorizam o lado artificial ou mecânico do acto de criação: "trabalham nos seus versos / Como um carpinteiro nas tábuas" (comparação), "pôr verso sobre verso, como quem constrói um muro / E ver se está bem, e tirar se não está!" (comparação e exclamação); a segunda afirma-se quando o sujeito se declara um fruidor incondicional da Natureza, que "está sempre bem e é sempre a mesma". Aparentemente, não há absolutamente nada a mudar nela. Deste modo, a criação artística deve resultar espontaneamente da identificação do sujeito com a Natureza.
          Deste modo, Caeiro retoma a noção de poeta ao compará-lo com um carpinteiro, procurando sugerir a ideia de precisão na construção dos versos, pensando muito a experiência. De seguida, surge o lamento do sujeito poético relativamente a esses poetas: "Que triste não saber florir!", ou seja, que triste não comungar da naturalidade e espontaneidade da Natureza.
          Por outro lado, há, de facto, uma relação íntima do sujeito poético com a Natureza: "a única casa artística é a Terra toda". Caeiro é o poeta da Natureza que privilegia o olhar, daí que tenha apenas que estar atento e ver o que ela «diz». E mesmo reconhecendo a impossibilidade de compreensão entre ele e as flores, o sujeito poético sabe que em ambos mora a verdade e que há uma «comum divindade» que lhes permite usufruir do encanto dos encantos da Terra, das «Estações contentes» e dos cânticos do vento (personificação). Para que isto suceda, deve evitar-se a abstracção do pensamento e privilegiar uma relação natural, espontânea («como quem respira» com a «única casa artística» que é a «Terra toda»).
          A verdade reside, precisamente, nele e nas flores, que não procuram compreender-se mutuamente.

          Por outro lado, são visíveis alguns dos traços que aproximam Caeiro dos outros heterónimos e do ortónimo:

. Caeiro e Pessoa:
  • a linguagem simples;
  • a musicalidade espontânea e natural do discurso, que leva por vezes a quebrar a regularidade métrica;
  • a tendência de Caeiro para o refúgio na Natureza, uma tentativa de evasão, uma certa recusa do pensamento ("Penso nisto, não como quem pensa, mas como quem respira"), que denunciam a inquietação constante e a intelectualização do sentir (marcas de Pessoa);
  • divergem pelo facto de Pessoa fazer uso da regularidade estrófica e rimática, ao contrário de Caeiro.
. Caeiro e Reis:
  • a aceitação natural das coisas ("... a única casa artística é a Terra toda / Que varia e está sempre bem e é sempre a mesma");
  • o elogio da vida campestre, a fazer lembrar a áurea mediania clássica: "nos deixarmos ir e viver pela Terra / E levar ao colo pelas Estações contentes / E deixar que o vento cante para adormecermos / E não termos sonhos no nosso sono".
. Caeiro e Campos:
  • são espontâneos;
  • voltam-se para o exterior;
  • cultivam o verso livre;
  • são sensacionistas: privilegiam as sensações em detrimento do pensar (a segunda fase de Campos).

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A Crise da Educação, uma crise planetária

          Martha Nussbaum (06/05/1947 - Nova Iorque) é uma filósofa e professora norte-americana da Universidade de Chicago, tendo leccionado também nas universidades de Harvard e de Brown.
          Os extractos que, seguidamente, se apresentam pertencem a um texto de reflexão crítica que a autora publicou, originariamente, no TLS (Times Literary Supplement) e que surgiu em Portugal através da edição lusa do Courrier Internacional de Setembro de 2010, n.º 175.
          No texto em questão, a filósofa reflecte sobre a crise que o sector da Educação vive em todo o mundo, especialmente sobre o «ataque» a que as Artes e as Humanidades estão a ser sujeitas, tendo como ideia subjacente a formatação de um sistema educativo orientado para o crescimento económico.

          «Atravessamos actualmente uma crise de grande amplitude e de grande envergadura internacional. Não falo da crise económica mundial iniciada em 2008; falo da que, apesar de passar despercebida, se arrisca a ser muito mais pre­judicial para o futuro da democracia: a crise planetária da educação.
          Estão a produzir-se profundas alterações naquilo que as sociedades democráticas ensinam aos jovens e ainda não lhe afe­rimos o alcance. Ávidos de sucesso económico, os países e os seus sistemas educati­vos renunciam imprudentemente a competências que são indispensáveis à sobrevivência das democracias. Se esta tendência persistir, em breve vão produzir-se pelo mundo inteiro gerações de máquinas úteis, dóceis e tecnicamente qualificadas, em vez de cidadãos realizados, capazes de pensar por si próprios, de pôr em causa a tradição e de compreender o sentido do sofrimento e das realizações dos outros.
          De que alterações estamos a falar? As Humanidades e as Artes perdem terreno sem cessar, tanto no ensino primário e secundário como na universidade, em quase todos os países do mundo. Considera­das pelos políticos acessórios inúteis, nu­ma época em que os países têm de desfazer – se do supérfluo para continuarem a ser competitivos no mercado mundial, estas disciplinas desaparecem em grande ve­locidade dos programas lectivos, mas também do espírito e do coração dos pais e das crianças. Aquilo a que poderíamos chamar os aspectos humanistas da ciência e das ciências sociais está igualmente em retrocesso, preferindo os países o lucro de curto prazo, através de competências úteis e altamente aplicadas, adaptadas a esse objectivo.
          Procuramos bens que nos protegem, satisfazem e consolam — aquilo a que [o escritor e pensador indiano] Rabindranath Tagore chamava o nosso «invólucro» material. Mas parecemos esquecer as faculdades de pensamento e imaginação que fazem de nós humanos e das nossas interacções relações empáticas e não simplesmente utilitárias. Quando estabelecemos contactos sociais, se não aprendermos a ver no outro um outro nós, imagi­nando-lhe faculdades internas de pensa­mento e emoção, então a democracia é vo­tada ao malogro, porque assenta precisamente no respeito e na atenção dedicados ao outro, sentimentos que pressupõem que os encaremos como seres humanos e não como simples objectos.
          (...)
          Se o saber não é a uma garantia de boa conduta, a ignorância é quase infalivelmente uma garantia de maus procedimentos. A cidadania mundial implica realmente o conhecimento das humanidades? 0 indivíduo necessita certamente de muitos co­nhecimentos factuais que os estudantes podem adquirir sem formação humanista – memorizando, nomeadamente, os factos em manuais padronizados (supondo que não contêm erros). Contudo, para ser um cidadão responsável necessita de algo mais: de ser capaz de avaliar os dados históricos, de manipular os princípios económicos e exercer o seu espírito crítico, de comparar diferentes concepções de justiça social, de falar pelo menos uma língua estrangeira, de avaliar os mistérios das grandes religiões do mundo. Dispor de uma série de factos sem ser capaz de os avaliar, pouco mais é que ignorância. Ser capaz de se referenciar em relação a um vasto leque de culturas, de grupos e de nações e à história das suas interacções, isso é que permite às democracias abordar de forma responsável os problemas com os quais se vêem actualmente confrontadas. A capacidade – que quase todos os seres humanos têm, em maior ou menor grau – de imaginar as vivências e as necessidades dos outros deve ser amplamente desenvolvida e estimulada, se queremos ter alguma esperança de conservar instituições satisfatórias, ultrapassando as múltiplas clivagens que existem em todas as sociedades modernas.
          «Uma vida que não se questiona não vale a pena ser vivida», afirmava Sócrates. Céptico em relação à argumentação sofista e aos discursos inflamados, pagou com a vida a sua fixação neste ideal de questionamento crítico.
          (...)
          O ideal socrático está hoje submetido a uma rude prova, porque queremos promover a qualquer custo o crescimento económico. A capacidade de pensar e ar­gumentar por si não parece indispensável para os que visam resultados quantificáveis.
          (...)
          Esta cultura da imaginação está estrei­tamente ligada à capacidade socrática de criticar as tradições mortas ou inadaptadas, e fornece-lhe um apoio essencial. Não se pode tratar a posição intelectual do outro com respeito sem ter pelo menos tentado compreender a concepção de vida e as experiências que lhe estão subjacentes. Mas as artes contribuem também para outra coisa. Gerando o prazer associado a actos de compreensão, subversão e reflexão, as Artes produzem um diálogo suportável e até atraente com os preconceitos do passado, e não um diálogo caracte­rizado pelo medo e pela desconfiança. Era o que Ellison queria dizer quando qualifi­cava o seu Homem invisível como «janga­da de sensibilidade, de esperança e de di­vertimento».
          (...)
          As Artes, diz-se, custam demasiado di­nheiro. Não temos meios, em período de dificuldades económicas. E, no entanto, as Artes não são necessariamente tão caras como se diz. A literatura, a música e a dança, o desenho e o teatro são poderosos vectores de prazer e de expressão para todos, e não requerem muito dinheiro para os fa­vorecer. Diria mesmo que um tipo de educação que solicita a reflexão e a imaginação dos estudantes e dos professores reduz efectivamente os custos, reduzindo a delinquência e a perda de tempo induzidas pela ausência de investimento pessoal.
          (...)
          A crise económica levou numero­sas universidades a cortar nas Humanida­des e nas Artes. Não são, certamente as únicas disciplinas abrangidas pelos cortes. Mas sendo as Humanidades consideradas supérfluas por muitos, não se vê inconve­nientes em amputá-las ou em suprimir to­talmente certos departamentos. Na Euro­pa, a situação é ainda mais grave. A pressão do crescimento económico levou mui­tos dirigentes políticos a reorientarem todo o sistema universitário – o ensino e a investigação, em simultâneo — numa óptica de crescimento.
          (...)
          Numa época em que as pessoas começaram a reclamar democracia, a educação foi repensada no mundo inteiro, para produzir o tipo de estudante que corresponde a essa forma de governação exigente: não se pretendia um gentleman culto, impregnado da sabedoria dos tempos, mas um membro activo, critico, ponderado e empático numa comunidade de iguais, ca­paz de trocar ideias, respeitando e compreendendo as pessoas procedentes dos mais diversos azimutes. Hoje continuamos a afirmar que queremos a democracia e também a liberdade de expressão, o respeito pela diferença e a compreensão dos outros. Pronunciamo-nos a favor destes valores, mas não nos detemos a reflectir no que temos de fazer para os transmitir à geração seguinte e assegurar a sua sobrevivência.»

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Orações subordinadas substantivas COMPLETIVAS

          As orações subordinadas substantivas desempenham funções sintácticas características de grupos nominais, daí a designação de substantivas (na tradição gramatical, o nome designava-se substantivo).

          As orações subordinadas substantivas dividem-se em
  • completivas: O Pedro disse que o Eusébio fugiu de Moçambique.
  • relativas sem antecedente: Tu precisas de quem te dê um par de lambadas.
          As orações subordinadas substantivas são seleccionadas por:
  • um verbo: A Maria afirmou que amanhã não há feira.
  • um nome: Foi uma alegria que o Benfica tivesse derrotado o Marítimo.
  • um adjectivo: Os alunos estão conscientes de que sou um péssimo professor.

1. Oração subordinada substantiva completiva

     1.1. Finita
  • As orações subordinadas substantivas completivas finitas são introduzidas pelas conjunções completivas "que" e "se":
Declaro que tu és um bom rapaz.
A Joana perguntou se eu ia faltar.
  • Estas orações podem desempenhar diferentes funções sintácticas:
Sujeito:
. Espanta-me que a Miquelina tenha casado com o Ernesto. (a oração sublinhada desempenha a função sintáctica de sujeito da oração que a precede, que é a subordinante)
. É preciso que tu estudes mais.
Complemento directo:
. O Sócrates deseja que os portugueses se calem. (a oração sublinhada desempenha a função de complemento directo do verbo da oração subordinante)
. A tua esposa perguntou-me se lhe eras fiel.
. O Luís afirmou que o Torres mentiu ao juiz.
. As orações subordinadas completivas exigidas por verbos que marcam uma interrogação / inquirição (perguntar, pedir, inquirir, etc.) podem ser introduzidas por pronomes, determinantes, quantificadores e advérbios (precedidos ou não de preposição) e desempenham igualmente a função sintáctica de complemento directo:
                                   -» Perguntei-lhe    que óculos comprou.
                                                                 quando assassinou a formiga.
                                                                 como fugiu da cadeia.
                                                                 quem estragou o comando.
                                                                 quanto custou o I-Pad.
                                                                 quantos dentes lhe partiu a Josefina.
                                                                 qual era a sua música preferida.
                                                                 onde perdeu a dentadura.
                                                                 por quem foi assaltado.
Complemento oblíquo do verbo - orações introduzidas por "que" precedido de verbo com preposição fixa:
. O professor insistiu em que os alunos lessem Os Maias.
. O Benfica luta para que haja verdade desportiva.
. Estas orações completivas podem ser substituídas pelo pronome "isso" ou pelo grupo nominal "esse facto", precedidos de preposição:
O professor insistiu nisso / nesse facto.
O Benfica luta para isso.
Complemento do nome:
. Lamento o facto de que os árbitros auxiliem certos clubes.
. O professor suscitou a possibilidade de que o Josué tivesse copiado.
Complemento do adjectivo:
. Estou certo de que o Benfica será campeão.
. O Hulk é o responsável por que o F. C. Porto esteja em primeiro lugar.
. Estou convicto de que 2011 será um ano muito difícil.

     1.2. Não finita infinitiva
  • As orações subordinadas substantivas completivas não finitas são infinitivas dado que têm o verbo no infinitivo pessoal ou impessoal.
  • Geralmente, estas orações não são introduzidas por preposições.
  • No entanto, aquelas que são seleccionadas por verbos que indicam um pedido ou uma ordem (dizer, insistir, pedir, solicitar...) podem exigir a presença da preposição "para".
  • À semelhança das orações finitas, as não finitas infinitivas podem desempenhar diferentes funções sintácticas:
          -» Sujeito:
                    . Provocou-me espanto o Nacional ter derrotado aquele clube do Norte.

          -» Complemento directo:
                    . O Miguel disse para o Pedro se calar.

          -» Complemento oblíquo do verbo:
                    . Eu esforço-me por vos motivar.
                    . A indisciplina contribui para diminuir o sucesso escolar.
                    . A Maria pensou em namorar com o Tiago.

          -» Complemento do nome:
                    . A possibilidade de tu passares de ano é remota.
                    . Tenho pressa de voltar a casa.

          -» Complemento do adjectivo:
                    . Esta máquina de calcular é difícil de compreender.
                    . As inverdades dos políticos são desagradáveis de ouvir.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Orações subordinadas relativas

1. Oração subordinada substantiva relativa sem antecedente - Finita
  • É introduzida por:
-» advérbios relativos: «onde», «como»:
. O Ernesto poisou a mochila onde havia espaço.
-» pronome relativo "quem":
. Quem desdenha quer comprar.
-» quantificador relativo "quanto" (precedido ou não de preposição):
. Só comes quanto ganhas.
  • Não possui antecedente.
  • Completa / modifica o grupo verbal da oração subordinante.
  • Pode desempenhar diversas funções sintácticas:
-» Sujeito: Quem estuda passa de ano.
-» Predicativo do sujeito: O Carlos Cruz não é quem parece.
-» Complemento directo: Adoro quem estuda.
                                                  Só pagas quanto gastares.
-» Complemento indirecto: Ofereci um rebuçado a quem estudou.
-» Complemento oblíquo: Gosto de quem me trata bem.
-» Complemento agente da passiva: O jogo foi ganho por quem marcou mais golos.
-» Modificador do grupo verbal da subordinante:
- O meu avô vivia como podia.
- Adormeço onde calha.

1.1. Oração subordinada substantiva relativa sem antecedente - Não finita infinitiva
  • É introduzida por advérbios relativos e pronomes relativos "que" e "quem" (precedidos ou não de preposição).
  • Tem o verbo no infinitivo:
Não tenho que dar no Natal.
Jorge Jesus não sabe como mudar a situação.
No Verão, não tenho a quem deixar o piriquito.
Hulk, tens com que escrever?
Não sei onde estacionar o carro.


2. Oração subordinada adjectiva relativa

     2.1. Relativa restritiva
  • Limita, restringe a referência do antecedente.
  • Contém informação relevante para a definição do antecedente.
  • Não pode ser eliminada da frase, pois alteraria o sentido da oração subordinante.
  • Desempenha a função sintáctica de modificador restritivo do nome:
Quem ama verdadeiramente (oração substantiva relativa sem antecedente) não diz palavras que ofendam (oração relativa restritiva).
Os alunos que estudaram obtiveram boas classificações. Os alunos obtiveram boas notas. (neste caso, são todos os alunos; no primeiro exemplo, eram só alguns)
A mulher que eu amo está presa.

     2.2. Relativa explicativa
  • Apresenta informação adicional / facultativa sobre o antecedente (na oração subordinante).
  • Assim, pode ser eliminada, pois a sua omissão não altera o sentido da oração subordinante.
  • Na oralidade, é marcada por uma pausa; na escrita, por vírgulas, travessões ou dois pontos.
  • Desempenha a função sintáctica de modificador apositivo do nome (1) ou modificador da frase (2):
-» (1) Os benfiquistas, que se mostravam entusiasmados, saíram frustrados do estádio.
-» (2) O Benfica perdeu, o que deixou a D. Lídia furiosa.
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