As mães dormem
de olhos abertos
caçam à dentada
os medos dos filhos
e iluminam a noite
com fogo do coração.
Cláudia Dias Chéu é uma escritora
portuguesa nascida em Lisboa, em 1978. Neste poema, exalta a figura materna e o
seu papel em relação aos filhos, consequentemente o amor materno.
O verso inicial coloca logo a mãe
no centro da composição poética, neste caso dormindo, um momento eminentemente
de paz, sossego e tranquilidade. No entanto, o segundo entra, aparentemente, em
contradição com o anterior, pois a mãe – qualquer mãe – dorme “de olhos abertos”.
O que significa essa aparente contradição? Significa que, mesmo em repouso,
permanece vigilante relativamente aos filhos, atitude que revela a constante
atenção e preocupação com o seu bem-estar e a sua segurança.
Além disso, elas “caçam à dentada”,
o que configura uma imagem que remete para uma certa agressividade e
ferocidade. De facto, as mães são apresentadas como caçadores que buscam e destroem
ativa e determinadamente os medos dos filhos. O recurso ao nome “dentada”
implica uma ação direta e poderosa que tem como finalidade remover as ameaças
que rondam os filhos. Deste modo, relacionando os versos 3 e , o papel materno
visa enfrentar e afastar as inseguranças e ansiedades daqueles que elas deram à
luz.
No penúltimo verso, as mães são
retratadas como fontes de luz e esperança, dispersando a escuridão e trazendo
proteção e conforto. A noite, associada à escuridão, logo ao desconhecido e ao
medo, é derrotada pela presença e pela ação maternais. E tudo isso tem uma
razão, uma motivação, um fundamento: o amor. Assim, através de uma metáfora
reconhecida – a do fogo –, atribui ao amor maternal a razão da atitude protetora
e do cuidado das mães, uma chama fortíssima que nunca se extingue.