Após a saída de Pero Marques, Inês
Pereira considera-o um covarde (note-se a comparação depreciativa com um
judeu: “mais covarde que um judeu”; de facto, na época e nas peças de
Gil Vicente, os judeus são muito mal considerados), dado que, encontrando-se
sozinho com ela, preferiu ir-se embora em vez de a cortejar e seduzir.
Qualquer outro homem teria agido de
forma bem diferente, a coberto da «solidão» do encontro e da escuridão: “Se
fora outro homem agora, / e me topara a tal hora / estando comigo às escuras, /
dixera-me mil doçuras, [hipérbole] / ainda que mais nam fora.”