Português: 05/01/2012 - 06/01/2012

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Portangens nas ex-SCUT não beneficiam o Estado


     De acordo com a Rádio Renascença, citando um relatório do Tribunal de Contas (TC) sobre a Gestão, Financiamento e Regulação do Setor Rodoviário, a introdução de portagens nas antigas SCUT não trouxe um benefício efetivo para o Estado português, pois o processo de renegociação colocou-no numa posição mais fragilizada que foi aproveitada pelas concessionárias e pelas entidades bancárias, o que resultou num agravamento da despesa pública em cerca de 705 milhões de euros.

     Por outro lado, o TC salienta que a introdução dessas portagens não foi antecedida de uma avaliação e quantificação dos custos associados à renegociação dos contratos com as concessionárias e que «afetam diretamente os utentes», como os encargos relativos ao aumento da sinistralidade e aos impactos económicos e sociais nas regiões afetadas.

     Assim, conclui que o Estado, mais uma vez, não salvaguardou os interesses dos contribuintes, dado que continuarão a ser estes a pagar a maior fatia dos encargos por duas vias: a contribuição do serviço rodoviário, paga quando se atesta o depósito, e através da dívida das Estradas de Portugal.Além disso, as receitas de tráfego que entram nos cofres das EP não são suficientes para os pagamentos de disponibilidade às concessionárias, as grandes beneficiárias de todo o processo, pois «reduziram o risco do negócio», já que recebem o mesmo, passem ou não veículos naquelas vias.

domingo, 27 de maio de 2012

Amélia Pinto Pais

     Faleceu ontem, 26 de maio, Amélia Pinto Pais, professora de Português já aposentada e escritora.
     Natural de Fornos de Algodres, onde nasceu em 1943, licenciou-se em Filologia Românica, pela Universidade de Coimbra, e exerceu a sua atividade docente sobretudo na cidade de Leiria, onde vivia e faleceu.
     Foi autora de diversos manuais e de um apreciável conjunto de obras de caráter ensaístico sobre Camões, que considerava o maior escritor português, Fernando Pessoa, Gil Vicente e Padre António Vieira. É, igualmente, de sua autoria uma História da Literatura em Portugal.
     Requiescat in pace!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Morrer de fome

          Na frase, O passarinho morreu de fome, qual é a função sintática desempenhada pela expressão «de fome»?

          Numa primeira análise, a expressão destacada desempenharia a função sintática de modificador, dado que o verbo «morrer» é intransitivo.
          No entanto, se lhe aplicarmos um dos testes para identificar o modificador - o teste pergunta / resposta -, verificaremos que tal identificação não é possível:
                    P . *O que aconteceu ao passarinho de fome?
                    R . Morreu.

          Se alterarmos a pergunta, porém, o resultado será diferente:
                    P . O que aconteceu ao passarinho?
                    R . Morreu de fome.
          Este (segundo) teste permite concluir que a expressão «morrer de fome» deve ser analisada como um todo (à semelhança do que sucede com a forma verbal inglesa to starve), logo «de fome», considerada isoladamente, não desempenha qualquer função sintática.

Fonte: Ciberdúvidas

domingo, 20 de maio de 2012

A justiça portuguesa


Coimbra

Barroco

O Barroco na Literatura

                        1. Antecedentes

            A passagem do Renascimento para o Barroco fez-se através de um movimento designado por Maneirismo, que é um estilo italiano do século XVI caracterizado por um certo culto da forma, por conceitos subtis, por um sentido negativo da vida, pelo desejo de obter efeitos emocionais, recorrendo a movimentos e jogos de contrastes.
            O vocábulo maneirismo teve origem no vocábulo italiano maniera, donde procede manierismo, que foi usado com frequência pelos tratadistas e críticos de arte italianos da segunda metade do século XVI, com o significado de estilo de um artista – a maniera de Rafael ou de Miguel Ângelo – ou de estilo de uma época ou de uma nação (maniera greca, maniera bizantina). Portanto, os artistas que se preocupavam acima de tudo com a maneira ou que se esforçavam por imitar a maniera di Michelangelo foram naturalmente chamados maneiristas.
            Cronologicamente, os maneiristas são a gente que nasceu entre 1525 e 1580 e que, por volta de 1620, já morreu toda. Os barroquizantes nasceram nos oitenta anos seguintes.
            Este estilo veio da transformação dos valores formais do Renascimento. Em pleno século XVI, muitos escritores, saturados da imitação dos modelos clássicos, sem romperem definitivamente com eles, enveredaram por um caminho mais individual, com maior liberdade de imaginação. Foi, então, a este modo de escrever que se chamou Maneirismo. Os escritores maneiristas, segundo António José Barreiros (História da Literatura Portuguesa, I) «mostram predilecção por temas que acentuam as naturais limitações do homem na terra, a dor e o desengano da vida, a fugacidade do tempo. E no seu estilo sobressai o gosto pelas metáforas ousadas, pelas antíteses, pelas agudezas verbais».
            A evolução para o exagero avoluma-se no século XVII, dando origem a uma literatura (e a uma arte) bem identificada e afastada do Classicismo primitivo. Para esta situação contribuíram vários factores apontados pelo mesmo autor:
1. «A partir de Copérnico, o homem soube pela astronomia como estava longe de ter abrangido o espaço geográfico do cosmos. O tempo (milhões de anos-luz) surgiu-lhe concomitantemente com o infinito. Sentiu-se então pequeno de mais para dominar a Natureza.
2. Depois da revolta de Lutero, as lutas religiosas e políticas semearam por toda a parte os horrores da dor e da morte. Em terra, anos consecutivos de crise económica trouxeram a fome e multiplicaram os maltrapilhos. No mar, piratas cruéis assaltavam navios, roubavam fazendas e vidas.
3. Morto Filipe II, a Espanha começou a mirrar até se converter no esqueleto  de um gigante, numa sombra do que fora nos séculos XV e XVI. Portugal, unido a ela, não teve melhor sorte. Uma onda de pessimismo apossou-se então de todos os ânimos, aumentando a angústia provocada pelo desfazer de outros valores atrás mencionados.
4. Acresce ainda o papel repressor da Inquisição. Sendo-lhes vedada a análise crítica da sociedade, os escritores refugiaram-se nos malabarismos dos jogos verbais.

            Neste contexto, de crise de valores, nasceu uma literatura de evasão, tendencialmente pessimista, exageradamente formalista ou conceptualista.
            Um dos autores influenciado pelo Maneirismo é Camões, quer pela subtileza conceitual que patenteia no soneto “Amor é um fogo que arde sem se ver”, quer por certo preciosismo da linguagem, quer, ainda, pelo conteúdo da sua mensagem poética, nomeadamente os traços de desalento e desilusão. É o que se pode observar no episódio do Adamastor e na elegia aos mortos pelo escorbuto. Como aqueles, o poeta é um vencido face ao destino.

            Neste quadro, podemos confrontar Maneirismo e Barroco:



Maneirismo


Barroco

Semelhanças

. Adopção do petrarquismo.
. Gosto pela exuberância de recursos estilísticos.
. Desconcerto do mundo.
. Visão da vida como transitória ou efémera.
. Gosto pela agudeza de conceitos.

Diferenças

. Alheado da realidade física do mundo.


. Período sensível e natural.


. Refugia-se em problemáticas filosófico-morais.


. Apela para as sensações fluidas na variedade do mundo físico.


. Arte de elites, anti-realista, impregnada de preciosismo cortês, baseada no petrarquismo.


. Arte acentuadamente realista e popular, que altera a tradição poética petrarquista.



. Sóbrio, frio, introspectivo e cerebral.


. Ostentatório, esplendoroso; preferência pela proliferação de elementos decorativos.


. Deixa-se perturbar por um sofrimento e melancolia de raízes profundas.


. Tende para o lúdico e para o divertimento.




2. Origem do termo Barroco

            Muitos autores tentaram explicar a origem etimológica da palavra barroco. Segundo uns, proviria do nome do pintor italiano Barocci; segundo outros, proviria de barocco ou barocchio, duas palavras italianas que designam fraude. Há outros que entendem que barrocoderiva da palavra baroco, pertencente à terminologia da lógica escolástica, que designava um tipo de silogismo, ganhando certa carga pejorativa. No entanto, a explicação mais comummente aceite é aquela que diz que provém de barroco, palavra portuguesa do século XVI que designava uma pérola de forma irregular. Esta, por sua vez, provirá da palavra latina verruca, que significa uma pequena elevação de terreno; ou do nome da cidade de Barokia, na Índia, onde havia um florescente mercado de pérolas.
            Em suma, etimologicamente, a palavra «barroco» parece derivar do latim verruca, que significava, a princípio, pequena elevação de terreno e até qualquer excrescência ou mancha numa superfície lisa. Será, por isso, que nós temos com esse sentido, o vocábulo verruga. Do sentido lato, passou-se a um sentido mais restrito: determinadas imperfeições das pedras preciosas. No século XVI, chamavam-se barruecas, baroques ou barrocas as pérolas não redondas ou manchadas. No século XVII começou a utilizar-se a palavra baroque para significar qualquer coisa de forma irregular, desigual, bizarra; e, neste sentido, passou a qualificar determinada música e determinadas artes plásticas.
            Foi Carducci quem, em 1860, empregou o adjectivo barroco para qualificar a literatura do século XVII. Desde então barroco passou a designar o estilo dos artistas e escritores de Seiscentos.


                        3. Cronologia do Barroco

            O fenómeno histórico do Barroco não atingiu, ao mesmo tempo, todos os países da Europa. Assim:
– na Itália, desenvolveu-se no século XVI;
– na Espanha, desenvolveu-se a partir de 1570;
– em França, desenvolveu-se na primeira metade do século XVII;
– em Portugal, situa-se entre 1580 e 1756.


                        4. A génese do Barroco

            Entende-se por Barroco a "degenerescência" do Renascimento no sentido do exagero da forma e do pensamento, a qual vai atingir, principalmente no século XVII, as várias expressões artísticas, como a pintura, a arquitectura, a escultura, a música e a literatura. Ou seja: o termo barroco designa, genericamente, todas as manifestações artísticas que ocorreram entre o Classicismo do século XVI e o Neoclassicismo do século XVIII. Inicia-se em 1580 com a unificação da Península Ibérica e estender-se-á até 1756, data da fundação da Arcádia Lusitana. André Soares, no século XVIII, por influência de Nicolau Nasoni, é ainda exemplo desta degenerescência na arquitectura, como Nasoni o é na pintura, tendo em vista a Sé Catedral de Lamego. Vários países aderiram ao movimento na Europa. Referimos as designações que o classificaram a partir de obras literárias: na Inglaterra foi designado eufuísmo (da obra Euphues de John Lyly, incluindo-se Milton na literatura e Haendel na música); na Itália surgiu a designação de marinismo (de Giambattista Marino, a que se juntaram Tassoni e Palavicini); Hoffmann e Lohenstein da segunda escola da Silésia e, principalmente, Angelus Silesius divulgam o movimento da escola na Alemanha com o nome de silesianismo; na França, Molière desvia-se dos grandes clássicos, como Corneille, Racine, Boileau, Bossuet, e ridiculariza a vida de salão, as «preciosas ridículas», em Sabichonas, e o movimento surge com o nome de preciosismo; na Espanha, apesar da excelência dramática de Tirso de Molina, Lope de Vega e Calderón de La Barca, o movimento desponta com Luís de Gôngora em Saudades, a Fábula de Polifemo y Galateia, surgindo a designação de Gongorismo. Portugal adere, também, como podemos ver em Lampadário de Cristal de Jerónimo Baía, superlativando o real quotidiano, e aceita o nome que a Espanha dera ao movimento.
            Segundo Paulo Durão, à pureza de linhas do Classicismo, à sua sobriedade, fizeram corresponder os renascentistas no Barroco a visão esplendorosa, ornamental, que a sua prodigiosa imaginação criadora lhes permitia. Por isso, foi fácil cair em breve no exagero desse culto ainda no século XVI. A poética, principalmente, torna-se um produto do engenho destinado a recrear, não passando de um exercício de retórica transmitido em verso. Acentua-se o emprego dos recursos estilísticos, nomeadamente metáforas, paronímias, hipérbatos, comparações, anáforas, hipérboles, antíteses, assíndetos, catacreses, pleonasmos, perífrases, trocadilhos, a assimetria, o geometrismo, o predomínio da ordem imaginativa sobre a lógica, os conceitos com o seu engenho e agudeza com vista à novidade e ao inusitado. Entre outros, refira-se o soneto de Jerónimo Baía, no qual cada verso é composto de duas metades que formam um todo, afirmando o geometrismo formal.
            Este movimento que, no século XVII, entre nós, floresceu em pleno nas várias artes, na poesia em vários poetas, com especial relevo em Rodrigues Lobo e D. Francisco Manuel de Melo, entra em declínio no século XVIII, dando origem ao estilo rococó, o mesmo acontecendo na literatura brasileira, que desperta no século XVII com marcas do Barroco de escritores portugueses e espanhóis. Entre nós, A Arte Poética de José Freire, em 1739, é o primeiro grande golpe dado no seiscentismo; depois, é a publicação do Verdadeiro Método de Estudar de Verney em 1746 e, por último, a fundação da Arcádia Ulissiponense em 1756.
            O Barroco não é, assim, um século de inovação, pois mantém as características do Classicismo, sem a parcimónia deste, antes levadas ao exagero. A nível de conteúdo é notória a insistência na caducidade que leva à frustração, ao desequilíbrio, ao desengano, mas, por outro lado, desenvolve-se, por vezes, um desabrochar de coragem, de estoicismo. Barroca, também, a forma como é transmitida a doutrina espiritual, cultivando o medo do inferno, como se pode ver na prosa de Manuel Bernardes e Frei António das Chagas. De cariz barroco é a obra moralista como a vemos representada por D. Francisco Manuel de Melo (Feira de Anexins, Apólogos Dialogais, Carta de Guia de Casados), em Diogo Bernardes na Nova Floresta, nos Sermões de António Vieira, na Corte na Aldeia de Rodrigues Lobo.


                        5. Conceito de Barroco

            O Barroco é o fruto de uma atitude espiritual complexa, carregada de elementos renascentistas, evoluídos ou alterados, atitude que leva o Homem a exprimir-se na pintura, na arquitectura, na poesia, na oratória e na vida segundo um modo sui generis. Este concretiza-se na literatura por uma rebusca da perfeição formal, uma aventura da arte pela arte. Na prosa de Seiscentos, os períodos articulam-se em paralelismos e simetrias, em fracções sabiamente bimembres ou trimembres, em antíteses e, requintadamente, em disposições segundo os chamados processos disseminativos e recolectivos, tão típicos da prosa dita barroca. É o que acontece com Vieira, com Bernardes, com Frei António das Chagas, etc.
            Os limites do Barroco português podem fixar-se, sem rigidez, entre os anos 1580 e 1756. Não deve isolar-se o caso português do caso peninsular; é numa perspectiva ibérica que deve situar-se e avaliar-se a literatura de Seiscentos, que é nessa altura, mais do que nunca, bilingue. A prosa atinge nesta época a sua maturidade. De facto, a prosa barroca é uma prosa artística que possui a maturidade que não alcançara ainda a prosa de Quinhentos.

            O sentimento de arte que se aviva no Renascimento é tanto estímulo ao progresso, como ao gradual encaminhamento para o gosto do artificioso, de que se resvala no capricho delirante. Os brincos retóricos que uma ou outra vez topamos em Camões, crescem em número e requinte em Rodrigues Lobo ou D. Francisco Manuel de Melo e multiplicam-se em Fr. Jerónimo Baía, na busca ansiosa de lumes e formosuras, que fazem do seu Lampadário de Cristal a mais vistosa girândola nessa competição pirotécnica que é a Fénix Renascida. Assim, ao lado de uma evolução no sentido de apreender a vida mais profunda, há outra na rebusca das formas que mais dela distraiam. Parece, pois, evidente que o rebuscado da forma, concebido como a expressão adequada às dramáticas vivências e complexidade do homem barroco, está antes na razão inversa do interesse pela realidade física ou moral, e anseio de a comunicar.
            O Barroco, na literatura, caracteriza-se por tentar mostrar a plena inspiração dos autores, quer nas formas, quer nos conteúdos engenhosos de pensamento. O napolitano Giambattista Marini (1568-1625), em Itália, considera que a poesia possui o «desiderio di stupire», ou seja, o «desejo de produzir o espanto», pelo achado da maraviglia.
            Por um lado, o pensamento peninsular foi subordinado a directrizes que o acautelavam contra todas as curiosidades e todos os problemas que pudessem obstar à unanimidade da ortodoxia com dura intransigência e aterradores processos defendidos pela Inquisição. Por outro lado, no ambiente espiritual de tal modo fechado a infiltrações estrangeiras, compreende-se não devesse tal situação constituir grande estímulo para a vida intelectual da Pátria e da Corte, sobretudo preocupada com os problemas militares e económicos, tanto mais urgentes quanto era a própria existência delas que os impunha. Estes problemas não podiam ultrapassar a literatura política, não penetraram na zona mais profunda da consciência. Daí resultou que a literatura de ficção, e sobretudo a poesia, se mantiveram distantes e alheias. Pode dizer-se que regressou à sua categoria de actividade lúdica, de mero entretenimento, como o fora para os poetas dos Cancioneiros medievais e a maior parte dos do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. A poesia é um jogo, um entretenimento, um prazer da imaginação sensual ou da inteligência engenhosa. Exclui-se dela não só a gravidade da preocupação social, da comoção religiosa, mas até as efusões da emoção pessoal. Ela deve ser dirigida à inteligência como objecto de subtil exercício, e à memória, para fidalgo ornamento dos mais desocupados. Quase nada tem a ver com o coração, de cujas dores mais profundas faz encantadoras charadas, artificiosas filigranas verbais. Em tudo existe a preocupação do arranjo, do enfeite, do jogo, do artifício.

            O Barroco é o contrapolo da maneira clássica. O simples e claro dos processos clássicos insinua-se discreta e lentamente, encantando a inteligência e a alma inteira pela graça inabalável de uma beleza nua: o que o Barroco visa, pelo contrário, é a explosão do espanto; é o dom de surpreender e de aturdir o espírito à força de ornamentar e de rebuscar.


                        6. Características formais do estilo barroco

            O Cultismo

            O Cultismo é um artifício de forma. Consiste no burilado excessivo da forma; sob roupagens exageradas, esconde-se uma temática estéril e banal. Valoriza o “como dizer”.
            O Cultismo serve-se de três artifícios:
– jogo de palavras: paronímia, sinonímia, antonímia, trocadilhos e equívocos; acumulação de epítetos, verbalismo rebuscado;
– jogo de imagens: metáforas, imagens, hipérboles, contrastes, adjectivação;
– jogo de construções: alternâncias, construção frásica, simetrias, paralelismos, cruzamentos, antíteses, enumerações e repetições.
            Também se denomina este estilo de Gongorismo, designação proveniente do escritor espanhol Luís de Gôngora.


            O Conceptismo

            O Conceptismo é um artifício de conteúdo; é uma atitude intelectual, pois o poeta faz um trabalho rebuscado dirigido à inteligência e não aos sentidos. Servindo-se do desdobramento de um conceito, até se chegar, através de raciocínios engenhosos, a imprevistos paradoxos, o Conceptismo consiste no jogo de ideias ou conceitos sob a forma de comparações ousadas, metáforas, imagens, sinédoques, hipérboles, etc., conducentes a uma densidade conceptual que obscurece o conteúdo. Valoriza “o que dizer”.

            Cultismo e Conceptismo são duas expressões de um conceito de poesia que reduz o texto a uma actividade puramente lúdica, própria, como afirmou D. Francisco Manuel de Melo, para mancebos, damas e ociosos.


                        7. Colectâneas da poesia barroca

            Quase todos os poetas barrocos deixaram dispersa a sua poesia, não a tendo publicado em edição própria por diversas razões, algumas das quais estarão ligadas às difíceis condições em que a imprensa vivia.
            Todavia, as suas poesias foram reunidas em duas grandes colectâneas: Fénix Renascida e Postilhão de Apolo.
            O compilador da primeira foi Matias Pereira da Silva, que lhe deu o seguinte título: A Fénix Renascida ou Obras Poéticas dos Melhores Engenhos Portugueses. Dela saíram cinco volumes, entre 1716 e 1728. A segunda impressão ocorreu em 1746.
            O compilador da segunda foi José Meregelo de Osan, criptónimo de D. José Ângelo de Morais, sendo publicada com o título pomposo de Ecos que o Clarim da Fama dá: Postilhão de Apolo montado no Pégaso, girando no Universo para divulgar ao Orbe Literário as Peregrinas Flores da Poesia Portuguesa com que vistosamente se esmaltam os Jardins das Musas do Parnaso. Dela saíram dois volumes; o 1.º Eco em 1716 e o 2.º Eco em 1762.
            Ambas as antologias contêm misturadamente poesias líricas, heróicas, satíricas, burlescas, religiosas (textos sobre a Virgem e o Menino Jesus, misericórdia de Deus, abismo da maldade humana, caducidade das coisas do mundo) e ainda outras puramente narrativas.



 Características do Barroco

1. O Barroco é uma época de ostentação e riqueza

            A exuberância decorativa nas artes plásticas, o excesso de artifício na literatura é um dado claro. Todavia, a temática do excesso mascara uma profunda inquietação e uma angustiante insatisfação interiores. É necessário encontrar o que está por detrás da máscara.

2. O Barroco é uma estética do deleite

            A fórmula de Horácio “ensinar é deleitar” perdurou e ainda perdura como finalidade da obra de arte. Mas, nesta época, o deleite, o lúdico, destaca-se em relação à catarse (purificação) defendida por Aristóteles como prioritária.
            A actividade puramente lúdica «não exprime a vida; distrai da vida. (...) É um jogo que tem no gozo estético toda a sua finalidade» (Hernâni Cidade, A Poesia Cultista e Conceptista).
            Esta poesia é uma actividade lúdica, de mero entretenimento, à semelhança do que sucede com a maior parte dos poetas do Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende. De facto, na poesia barroca portuguesa há um contraste entre a sua ênfase de estilo e as ninharias que servem de pretexto à maior parte dela. Muitas dessas composições tiveram origem em concursos e outros passatempos das academias, em outeiros ou torneios poéticos realizados junto de conventos femininos, e consequentes amores freiráticos, que, aliás, constituem um dos predilectos objectos de sátira desbocada. Há numerosa versejação em torno de simples incidentes, como o desmaio de uma senhora provocado por uma sangria, o caso de um pintassilgo comido por um gato, e a desinteria originada por um bolo podre.

3. O Barroco é o predomínio da arte sobre o talento

            Na época clássica, repetiu-se sem cessar ser necessário o equilíbrio entre o talento do poeta e o seu trabalho, a sua técnica. Recordemos o que escreveu Camões na Proposição de Os Lusíadas:
                                               “Cantando espalharei por toda a parte
                                                Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.”
            Agora, dá-se uma ruptura no equilíbrio clássico, destaca-se o predomínio da arte na produção literária. Assiste-se a discursos engenhosos, a jogos com as palavras, a processos artificiosos, a puzzles construídos com paciente labor.

4. O Barroco é uma estética da ilusão

            Não importa reproduzir ou imitar a realidade, mas fingir essa mesma realidade, enganar o observador, produzir ilusão, até porque tudo é ilusão. O recurso de estilo mais adequado a esta finalidade é a metáfora, meio por excelência da transfiguração. Por isso, a metáfora é preferida nas obras teóricas e na prática do discurso. A metáfora impõe-se como “principal forma de expressão de um ideal poético de metamorfose das coisas, de visão transfigurada do mundo; e de deslumbramento do leitor, do convite ao exercício do entendimento para, mergulhado na ilusão, a entreter como tal e se deleitar com os seus jogos” (Maria Lucília Gonçalves Pires, Xadrez de Palavras).

5. O Barroco é uma arte profundamente sensorial

            O Barroco apela às sensações fruídas na variedade admirável do mundo físico. A intenção é provocar a captura do destinatário, aberto ao deslumbramento, à ostentação e ao deleite. Neste sentido, é uma arte pragmática, pois centra-se na relação entre a obra e o leitor. Este não pode ficar indiferente à maravilha do discurso engenhoso ou à profusão dos elementos decorativos.
            Por outro lado, o Barroco realiza-se sobretudo como a arte da Contra-Reforma. Sendo a arte da persuasão, pôde ser eficaz para a conversão das almas, enlevadas na exaltação da sensibilidade. Em sentido oposto, o Protestantismo, avesso à convivência da fé com o luxo, é hostil e vê no barroco um desvio da Igreja de Deus. É por isso que, sobretudo na arquitectura, se tornou para o catolicismo a principal forma de arte religiosa, pois atrairá mais facilmente os fiéis. Para isso, o luxo revela-se mais eficaz do que a austeridade. As matérias mais preciosas ou mais deslumbrantes, a generosidade com que são distribuídas, vão impressionar o povo; ele terá também os seus palácios; as igrejas. A fachada voltada para a rua, onde a multidão passa, torna-se tão importante como o interior. Pouco importa que a distribuição sumptuosa dos seus elementos não corresponda à estrutura do edifício, a arte visa menos a verdade do que a eficácia.

6. O Barroco é a expressão de profunda crise

            O Barroco é a expressão da angústia do fugaz e a tentativa para fixar a realidade em permanente fluir.

7. A sátira barroca

            A sátira barroca retrata os vícios da sociedade da época de forma muito pormenorizada. Os alvos são o baixo comportamento de alguns membros do clero regular, já retratados por Gil Vicente, a mania do francesismo, os amores freiráticos, a vaidade, a dissolução dos costumes, a deslealdade da Corte, as narrações mitológicas e mesmo o próprio estilo cultista.

8. O Barroco ri de tudo

            «O poeta barroco ri de tudo: de si próprio e dos outros, de defeitos físicos e morais, de costumes da sociedade, de carências materiais; ri de poetas e da própria poesia, de tópicos e textos literários.» O discurso recalcitrante encontra-se com a paródia, a ironia aguda ou até com a sátira, ora violenta, ora grosseira. (Maria Leonor C. Buescu, Literatura Portuguesa Clássica).

9. O Barroco é uma poética de contraste:
– choque de cores;
– amor – dor;
– vida – morte;
– juventude – velhice;
– claro – escuro.

10. O Barroco é uma arte feita de ornamentos estilísticos

            Do vasto arsenal de recursos estilísticos de que o Barroco se socorre, destacam-se aqueles que melhor servem os seus ideais estéticos.
            A metáfora é a figura dominante, porque é o instrumento privilegiado de expressão do ideal barroco de metamorfose, de transfiguração, de criação de um mundo transfigurado, idealizado, diferente do da realidade quotidiana.
            As metáforas ora aparecem em série, numa festa de imagens, ora em técnica de metáfora continuada: uma série de metáforas pertencentes ao mesmo campo semântico, introduzida por uma metáfora-síntese que se vai particularizando ao longo do texto.
            Com a metáfora articula-se a hipérbole, pois o gosto do excessivo, do exagero, é das linhas fundamentais barrocas.
            A terceira figura é a antítese, traduzindo os contrastes e os conflitos que marcam o poeta barroco.
            Outro aspecto importante da retórica barroca é o deslumbramento do olhar, que se traduz na criação de um mundo de luminosidade, de brilho, de cor, de imagens que se multiplicam como reflectidos em espelhos paralelos.

sábado, 19 de maio de 2012

As maravilhas dos novos centros escolares

     Os novos centros escolares de Santarém foram apresentados como paradigma da construção sustentável. O que justificou custarem o dobro das escolas normais. O problema é que a “construção sustentável” está-se a tornar insustentável para as crianças.

     A Associação de Pais dos Alunos do Centro Escolar Salgueiro Maia já pediu a intervenção da autoridade de saúde pública. “É de facto uma questão de saúde pública”, afirmou a O Ribatejo Vítor Bezerra, pai de uma das crianças e médico de Santarém.
     “Além do calor insuportável nas salas de aula, existem ainda vários erros na conceção do centro escolar, como os urinóis terem sido colocados a uma altura em que só podem ser usados por adultos, ou existência de esquinas com arestas aguçadas. É preciso que a Câmara atue imediatamente na solução destes problemas antes que aconteça algum problema”, disse Vítor Bezerra.
     (...)
     Para resolver de imediato o problema, o diretor do Agrupamento D. João II, António Pina Braz, decidiu comprar cortinas e solicitou à Câmara a sua colocação. “Já pedimos aos operacionais para procederem à colocação imediata das cortinas”, confirma Luísa Féria.
     A construção deste Centro Escolar custou 2,6 milhões de euros, com comparticipação comunitária do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional de 1,7 milhões de euros.


sexta-feira, 18 de maio de 2012

"Com quem eu quero", Miúda


Episódio do Sarau da Trindade

1. Objetivos
  • Ajudar as vítimas das inundações do Ribatejo;
  • Apresentar um tema querido da sociedade lisboeta: a oratória;
  • Criticar o Ultrarromantismo que encharcava o público;
  • Reunir novamente as várias camadas das classes mais destacadas, incluindo a família real;
  • Proporcionar um contraste entre um clima de festa e um clima de tragédia.

2. Ambiente
  • Espaço físico: Teatro da Trindade.
  • Espaço social: alta sociedade lisboeta analisada através de tipos sociais.
  • Caracterização da sociedade: inculta, estática e superficial, deformada pelos excessos e lugares comuns do Ultrarromantismo.

3. Temas tratados

a) Oratória

1. Oradores

     1.1. Rufino:
  • "vozeirão túmido, garganteado, provinciano, de vogais arrastadas em canto" - tom altissonante;
  • temas da sua alocução: a caridade, o progresso, a fé, Deus, a sua aldeia, a imagem do "Anjo da Esmola";
  • revela falta de originalidade:
- recorre a lugares comuns e a imagens de origem duvidosa (a imagem do «Anjo da Esmola», que estendera as suas asas benfazejas sibre os deserdados das inundações destruidoras das belas aldeias onde antes o rouxinol trinava);
 - faz uso de chavões retóricos e lirismos banais em torno da caridade e da fé;
  • a sua retórica é oca e balofa;
  • é adulador (volta-se constantemente para a zona das cadeiras reais, considera que a salvação reside no trono de Portugal: "... vir aquele pulha pôr-se ali a lamber os pés à família real...");

     1.2. Alencar - poeta ultrarromântico
  • esguio, sombrio e pensativo;
  • olhar encovado e lento;
  • melancólico, solene e pomposo;
  • tema proposto: a democracia (romântica);
  • utiliza os habituais bordões / chavões líricos ultrarromânticos: o luar, os vastos arvoredos, o amor, os segredos;
  • sustenta um excessivo lirismo carregado de conotações sociais:
- "... a severa ideia social da Poesia...";
- "... uma mulher macilentae, farrapos, chora, aconchegando ao seio magro o filho que pede pão...";
- "... estes humanitarismos poéticos.";
- "... daquele lirismo humanitário e sonoro.";
  • o seu discurso está desfasado da realidade: "A sala permanecia muda e desconfiada.";
  • ataca frontalmente

quinta-feira, 17 de maio de 2012

terça-feira, 15 de maio de 2012

Questionário SERMÃO - Cap. I

1. A frase «Vos estis sal terrae» («Vós sois o sal da terra»), transcrita da Bíblia, mais concretamente do Evangelho de S. Mateus, capítulo V, versículo 13, constitui o chamado conceito predicável, a partir do qual se desenvolverá o Sermão.

1.1. Observe a frase «Vós sois o sal da terra».

1.1.1.        Identifique os referentes do pronome pessoal «vós».
Resposta: Os referentes do pronome pessoal «vós» referem-se aos pregadores que estavam a escutar Cristo.

1.1.2. Refira a subclasse a que pertence o verbo usado.
Resposta: O verbo usado encontra-se no Presente.
1.1.3. Identifique a função sintática desempenhada pelo constituinte «o sal da terra».
Resposta: A função sintática é o complemento direto.

1.1.4. Indique por palavras suas a relação de sentido entre o constituinte com a função de sujeito e o constituinte referido em 1.1.3.

1.1.5. Identifique o que representa o «sal».
Resposta: O «sal» representa a palavra de Cristo.

1.1.6. Indique, agora, o que representa o elemento «terra».
Resposta: A «terra» representa o planeta Terra, todo o mundo onde se prega a palavra de Cristo.

1.1.7 Sabendo que «predicar» significa atribuir propriedades a entidades ou situações ou estabelecer relações entre entidades ou situações, explique em que medida a frase de 1.1. representa um conceito predicável. 
Resposta: A frase de 1.1. representa um conceito predicável porque para além da relação que eu referi em cima também se pode relacionar com os adubos que se colocam na terra para esta ficar própria para semear.

1.2.       Por que motivo é atribuída por Cristo a propriedade «sal da terra» aos referentes do pronome pessoal «vós».
  Resposta: O motivo é porque são estes que levam a palavra de Cristo até vários povos e a pronunciam.

1.3.       Relacione a função do sal com a função das entidades referidas por «vós».
Resposta: Porque o sal serve para impedir a corrupção e o que os pregadores fazem é tentar fazer o mesmo defendendo a palavra de Cristo.

1.4. Como avalia o padre António Vieira o sucesso dessas entidades no desempenho da sua função?

1.5. Enuncie o problema levantado pelo padre Vieira.
Resposta: O problema que o padre Vieira levanta é os pregadores não proferirem corretamente a palavra de Cristo.

1.5.1. Identifique e classifique o vocábulo que introduz esse problema.  

1.6. Refira as duas hipóteses gerais apresentadas como causas possíveis do problema.
                Resposta: As duas hipoteses gerais apresentadas como causas possíveis do problema são porque o sal não salga e porque a terra não se deixa salgar.

1.6.1. Identifique os elementos linguísticos que as introduzem como causa do problema e as apresentam como duas alternativas.

1.7. Enumere os motivos que poderão ter conduzido à primeira causa e os que poderão ter conduzido à segunda.
                          Resposta: Os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; os pregadores dizem uma coisa e fazem outra; os pregadores pregam-se a si mesmos e não a Cristo são os motivos que poderão ter conduzido á primeira causa. Os ouvintes não querem receber a verdadeira doutrina; Os ouvintes querem imitar o que os pregadores fazem e não o que eles dizem; Os ouvintes querem servir os seus apetites em vez de servir a Cristo e estes são os motivos que poderão ter conduzido à segunda. Mas o primeiro motivo é o sal não salgar, e o segundo é a terra não se deixar salgar.

2. O segundo parágrafo inicia-se com uma premissa e, com base nela, o padre António Vieira coloca uma pergunta.

2.1. Enuncie a premissa.

2.2. Parafraseie a pergunta.

2.3. Identifique a parte do problema para o qual é proposta, neste parágrafo, uma solução e refira a solução proposta, bem como a finalidade da adoção de tal proposta.
Resposta: A parte do problema para o qual é proposta, neste parágrafo, uma solução tem a ver com o facto de os pregadores não pregarem a verdadeira doutrina e pregarem a si e não a Cristo.

2.3.1. O problema e a finalidade da solução proposta estão representados por duas orações subordinadas adverbiais que ocorrem na mesma frase. Classifique-as.
Resposta: É a oração subordinada Consecutiva e final.

2.3.2. Qual é o tipo de argumento usado para sustentar essa proposta? Justifique a sua resposta.

3. Para fundamentar o que se há de fazer à terra que se não deixa salgar (isto é, aos ouvintes que não querem seguir os ensinamentos da verdadeira doutrina), o padre António Vieira recorre ao exemplo de Santo António.

3.1. Indique a razão por que o padre Vieira convoca a figura de Santo António.
Resposta: Porque Santo António criou uma resolução para o grande problema português. 

3.2. Relate o episódio ocorrido com o santo e que justifica o título deste sermão.
Resposta: Santo António não obtinha resultados da sua pregação e os homens até o quiseram matar, em vez de desistir resolveu pregar aos peixes.

3.3. Em determinado passo do capítulo, o autor do texto recorre a diversas interrogações. Aponte a intencionalidade do pregador ao colocar essas questões.
Resposta: O autor coloca essas questões para tentar arranjar soluções para Santo António.

3.4. Aponte a decisão tomada pelo padre Vieira.
Resposta: Padre António Viera, sem obter resultados, a terra continuava corrupta, resolvendo igualmente pregar aos peixes, seguido o exemplo de Santo António.

3.4.1. Refira três argumentos apresentados pelo pregador que justificam essa atitude.
Resposta: De Santo António ter os pés descalços e não poder protestar, o facto de não ter pregado nada da terra e de não os ter sacudido.

3.5. O primeiro capítulo termina com uma invocação e com a expressão de um desejo.

3.5.1. Indique o destinatário da invocação e a sua intencionalidade.
Resposta: O destinatário dessa invocação é Maria.

Sónia S.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Questionário SERMÃO - Cap. I

1. A frase «Vos estis sal terrae» («Vós sois o sal da terra»), transcrita da Bíblia, mais concretamente do Evangelho de S. Mateus, capítulo V, versículo 13, constitui o chamado conceito predicável, a partir do qual se desenvolverá o Sermão.

1.1. Observe a frase «Vós sois o sal da terra».

1.1.1. Identifique os referentes do pronome pessoal «vós».
O pronome «vós» refere-se aos pregadores que estavam a escutar Cristo.

1.1.2. Refira a subclasse a que pertence o verbo usado.
O verbo «sois» encontra-se no presente do indicativo.

1.1.3. Identifique a função sintática desempenhada pelo constituinte «o sal da terra».
Predicativo do sujeito.

1.1.4. Indique por palavras suas a relação de sentido entre o constituinte com a função de sujeito e o constituinte referido em 1.1.3.
Cristo, ao referir estas palavras, está atribuir aos pregadores o sinónimo sal da Terra, porque são eles que pregam a sua palavra.

            1.1.5. Identifique o que representa o «sal».
O sal representa a palavra de Cristo.

1.1.6. Indique, agora, o que representa o elemento «terra».
O elemento «terra» representa o planeta Terra, todo o mundo onde se prega a palavra de Cristo.

1.1.7 Sabendo que «predicar» significa atribuir propriedades a entidades ou situações ou estabelecer relações entre entidades ou situações, explique em que medida a frase de 1.1. representa um conceito predicável.
Porque para além da relação que eu referi em cima também se pode relacionar com os adubos que se colocam na terra para esta ficar própria para semear.

1.2. Por que motivo é atribuída por Cristo a propriedade «sal da terra» aos referentes do pronome pessoal «vós».
Porque são estes que levam a palavra de Cristo até vários povos e a pronunciam 

1.3. Relacione a função do sal com a função das entidades referidas por «vós».
Porque o sal serve para impedir a corrupção e o que os pregadores fazem é tentar fazer o mesmo defendendo a palavra de Cristo.

1.4. Como avalia o padre António Vieira o sucesso dessas entidades no desempenho da sua função?
O sucesso dessas entidades é posto em causa pelo padre António Vieira como podemos ver na seguinte frase «Ou é porque o sal não salga, e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina».

1.5. Enuncie o problema levantado pelo padre Vieira.
O problema que o padre Vieira levanta é os pregadores não proferirem corretamente a palavra de Cristo.

1.5.1. Identifique e classifique o vocábulo que introduz esse problema.
O vocábulo que introduz esse problema é «ou é porque o sal não salga»

1.6. Refira as duas hipóteses gerais apresentadas como causas possíveis do problema.
Duas hipóteses para este problema é o despreze e que os pregadores sejam metidos debaixo dos pés.

1.6.1. Identifique os elementos linguísticos que as introduzem como causa do problema e as apresentam como duas alternativas.
Os elementos linguísticos introdutórios são o «ou» e «;».

1.7. Enumere os motivos que poderão ter conduzido à primeira causa e os que poderão ter conduzido à segunda.
O primeiro motivo é o sal não salgar, e o segundo é a terra não se deixar salgar.

2. O segundo parágrafo inicia-se com uma premissa e, com base nela, o padre António Vieira coloca uma pergunta.

2.1. Enuncie a premissa.
A premissa é «Não é tudo isto verdade? Ainda mal»

2.2. Parafraseie a pergunta.
A pergunta refere-se a todas as suposições que o padre António fez para responder á pergunta «qual pode ser a causa desta corrupção?»

2.3. Identifique a parte do problema para o qual é proposta, neste parágrafo, uma solução e refira a solução proposta, bem como a finalidade da adoção de tal proposta.
A parte do problema para o qual é proposta, neste parágrafo, uma solução tem a ver com o facto de os pregadores não pregarem a verdadeira doutrina e pregarem a si e não a Cristo.

2.3.1. O problema e a finalidade da solução proposta estão representados por duas orações subordinadas adverbiais que ocorrem na mesma frase. Classifique-as.
As orações são Consecutiva e final.

2.3.2. Qual é o tipo de argumento usado para sustentar essa proposta? Justifique a sua resposta.
Argumento de causa e consequência porque ele usa o facto de Cristo não ter pronunciado a doutrina.

                          3. Para fundamentar o que se há de fazer à terra que se não deixa salgar (isto é, aos ouvintes que não querem seguir os ensinamentos da verdadeira doutrina), o padre António Vieira recorre ao exemplo de Santo António.

3.1. Indique a razão por que o padre Vieira convoca a figura de Santo António.
Porque Santo António criou uma resolução para o grande problema português. 

3.2. Relate o episódio ocorrido com o santo e que justifica o título deste sermão.
Estava Santo António pregando em Itália na cidade de Arimino, contra os hereges entretanto o povo vira-se contra ele e quase lhe tiram a vida, então ele mudou o púlpito do auditório não desistindo da doutrina, seguindo assim para as praias, para os mares. Até que começa a pregar então ai começam as ondas a ferver, começam os peixes a concorrer e põem-se todos de cabeça de fora da água ouvindo Santo António a pregar.   

3.3. Em determinado passo do capítulo, o autor do texto recorre a diversas interrogações. Aponte a intencionalidade do pregador ao colocar essas questões.
O autor coloca essas questões para tentar arranjar soluções para Santo António.

3.4. Aponte a decisão tomada pelo padre Vieira.
Ir até as praias e mares pregar para os peixes

3.4.1. Refira três argumentos apresentados pelo pregador que justificam essa atitude.
O facto de Santo António ter os pés descalços e não poder protestar, o facto de não ter pregado nada da terra e de não os ter sacudido.

3.5. O primeiro capítulo termina com uma invocação e com a expressão de um desejo.

3.5.1. Indique o destinatário da invocação e a sua intencionalidade.
                        O destinatário dessa invocação é Maria, «Domina maris», Senhora do mar.
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