Português: 14/10/22

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Análise do capítulo XVI de Iracema


     Há uma descrição de todos os ritos dos guerreiros. A nível de estratégia narrativa, a parte descritiva do capítulo retarda a ação e há uma certa suspensão: espera-se que aconteça algo de importante.
    A seguir a esta descrição, Iracema vai ao encontro de Martim e fogem juntos. De facto, este é um capítulo de suspensão: funciona como um retardamento da ação, criando-se com as descrições uma expectativa no leitor.

Análise do capítulo XV de Iracema


    Este capítulo constitui o centro da obra, pela importância de que se reveste. No início, descreve-se um ambiente de calma, que se opõe ao sentimento interior das personagens. Há um adensar do trágico, algo de indomável que se cria.
    Se o início era de ambiente de calma, em todo o resto do capítulo há um adensar do trágico, até se atingir o clímax. Iracema, segundo as leis da sua tribo, não podia ser possuída por Martim e é nesse sentido que se adensa o trágico. Martim age inconscientemente; só o ato de Iracema é voluntário e consciente. A única forma de ele ser feliz com Iracema é no sonho e é por isso que ele pede a bebida.

Análise do capítulo XIV de Iracema


     Irapuã aproveita o facto de os outros estarem bêbados, para satisfazer os seus desejos de vingança. Um aspeto que caracteriza positivamente Martim é o reconhecimento do que Iracema faz por si. Por outro lado, ele começa a confiar mais nela e a aceitar os seus conselhos.

Análise do capítulo XIII de Iracema


     Dá-se o encontro de Iracema com Poti. Martim não consegue abarcar verdadeiramente a realidade; Iracema pensa sempre mais além que ele. É ela quem tem coragem e firmeza para tomar as iniciativas: caracterização positiva do elementos indígena.

    Temos nestes capítulos o adensar da intriga através de um conjunto de factos. Todas as descrições e factos têm uma função: são elementos funcionais, ou seja, estão em função da construção das personagens principais, da definição do seu caráter. As figuras melhor caracterizadas e a quem os factos se ligam são Iracema e Martim. A jovem é sempre caracterizada positivamente: corajosa, fiel, de vontade imutável. São estas qualidades que fazem com que o seu amor se mantenha uno e decidido, ao contrário de Martim, que se mostra indeciso. Ela sabe da existência da "virgem loura", mas não desiste do seu amor. Estes episódios mostram o seu comportamento positivo, que se distingue de Martim pela sua superioridade.
    Martim é o reflexo da duplicidade do herói romântico. Ele oscila entre o amor a Iracema e a saudade da pátria. E é esta oscilação que o vai caracterizar negativamente e colocar numa posição inferior a Iracema, principalmente quando esta tem perfeita consciência dessa dualidade. Martim apresenta frequentemente um comportamento orgulhoso e excessivo; chega mesmo a mostra desprezo quando Iracema o defende. É valente e corajoso, mas raramente o mostra no momento oportuno. Raramente entende o sacrifício que Iracema faz em prol do seu amor. Temos ainda de notar as diferenças entre ambos: raça, condição social, religião, tribo. Estas diferenças situam-nos em campos opostos. Isto vem valorizar o elemento indígena e idealizá-lo.

Análise do capítulo XII de Iracema


     Temos mais elementos que caracterizam positivamente Iracema, que arrisca tudo e todos para defender o seu guerreiro branco. Ouve-se um canto de gaivota, que ela desconhece por ser um elemento ausente do seu ambiente, mas Martim reconhece-o como sendo o grito de Poti, seu amigo pitiguara. Martim quer ir ao seu encontro, mas Iracema não o permite, porque pode ser apanhado por Irapuã e predispõe-se ela a ir em seu lugar. A boa vontade e sacrifício de Iracema estão bem patentes quando afirma: "Não queres tu que morra Iracema, e queres que ela te deixe morrer!"
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