Antes de mais, convém distinguir entre ação e intriga. A primeira pode ser considerada como a sucessão de factos e acontecimentos em que as personagens participam, enquanto a segunda consiste na organização dos elementos narrativos, de modo a criar um enredo que se desenvolve segundo uma relação de causa-efeito.
Feita a distinção, poderemos
considerar que a intriga de O Delfim é uma história de adultério e de
morte: o adultério de Maria das Mercês e Domingos e a morte de ambos. Esta
história, porém, não é o motivo da narrativa. Note-se, por outro lado, que a
versão oficial dos acontecimentos é conhecida somente pelo Regedor e pelo Padre
Novo e nunca é divulgada, pois há a tendência para considerar o oficial como
sinónimo de verdadeiro, e não é a verdade o que Cardoso Pires pretende
esclarecer com a sua obra.