sábado, 16 de janeiro de 2021
Variedades sociais ou diastráticas
Variedades situacionais ou diafásicas
Variedades africanas
Variedade brasileira
Variedade brasileira |
Variedade europeia |
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F o n é t i c a |
. pronúncia de vogais fechadas como
abertas: «náriz», «levar»; . pronúncia das vogais tónicas como
médias: «Antônio»; . supressão ou velarização do /r/
final: «mudá», «falarr»; . semivocalização do /l/ final de
sílaba ou de palavra: «auguma», «Brasiu»; . palatalização do /t/ e /d/ antes de
/i/ tónico e átono e de /e/ pós-tónico: «pondje»; . introdução de /i/ entre duas consoantes
que não formam grupo consonântico em português: «rapito». |
. pronúncia de vogais fechadas como
tal: «nariz», «levar»; . pronúncia das vogais tónicas mais
baixas: «António»; . realização do /r/ simples em final
de palavra: «mudar», «falar»; . velarização do /l/ final de sílaba
ou de palavra: «alguma», «Brasil»; . não palatalização dessas
consoantes; . conservação da sequência das
consoantes: «rapto». |
M o r f o s s i n t a x e |
. uso do gerúndio na construção
aspetual: «estou comendo»; . uso do pronome pessoal átono antes
do verbo: «Me dê esse livro.»; . omissão do determinante artigo
definido (por exemplo, antes do possessivo): «todo sábado», «seu pai»; . substituição do pronome pessoal
átono “o”, “a” pelo tónico “ele”, com função sintática de complemento direto:
«Vi ela na escola.»; . uso diferente das preposições: «Fui no supermercado.»; . uso do verbo “ter” em vez de
“haver”: «Tem gente burra na sala.»; . uso do pronome pessoal átono “lhe”,
com função sintática de complemento direto: «Eu lhe beijei no sábado.». |
. uso do infinitivo pessoal
antecedido de preposição: «estou a
comer»; . uso do pronome pessoal átono após o
verbo: «Dê-me esse livro.»; . uso do determinante artigo: «todo o sábado», «o seu pai»; . uso do pronome pessoal átono “o”,
“a” com a função sintática de complemento direto: «Vi-a na escola.»; . uso das preposições: «Fui ao supermercado.»; . uso do verbo “haver”: «Há gente burra na sala.»; . uso do pronome pessoal átono “o”,
“a”, com função sintática de complemento direto: «Eu beijei-a no sábado.». |
Formas de tratamento |
. tratamento familiar: «você»; . tratamento formal: «o senhor», «a senhora», o cargo, o título. |
. tratamento familiar: «tu», «você»; . tratamento formal: «o senhor», «a senhora», nome próprio, cargo, título ou grau de parentesco. |
L é x i c o |
. “banheiro” . “café da manhã” . “ónibus” . etc. |
. “casa de banho” . “pequeno-almoço” . “autocarro” |
. vocábulos de origem africana: «xingar», «samba»; . vocábulos de origem tupi: «pipoca», «capim». |
Variedade europeia: regionalismos e mirandês
- na oralidade:
.
ditongos ei (leite) e ou (tesouro) a Norte ≠ ditongos reduzidos a
Sul: ei > ê (Figueira > Figuêra) ou ou > ô (louro > loro);
- no léxico:
. à minha beira = ao pé de
mim (Norte);
. albarda = sela (Alentejo);
. alcagoita = amendoim
(Algarve);
. fino = copo de cerveja (Norte);
. bica = café (Centro);
. lambeca = sorvete
(Madeira);
. trincar o pé = pisar o pé
(Açores).
Variedades geográficas ou diatópicas
Variação histórica ou diacrónica
▪ Português Antigo (séculos XII –
XIV);
▪ Português Clássico (séculos XVI –
XVIII);
▪ Português Contemporâneo (séculos
XIX – XXI).
Variação linguística
▪ ao longo
do tempo (não falamos hoje como falávamos na época medieval, ou noutra
época passada);
▪ em função
da geografia (local onde são faladas) – o português falado em Lisboa não
é exatamente igual ao falado no Porto ou nos Açores;
▪ dentro da sociedade
(contexto em que são usadas e falantes que as utilizam, em função quer do nível
social e cultural dos falantes, quer da situação de comunicação).
Com
efeito, o tempo, a geografia/ o espaço, a sociedade/o
meio social e a situação discursiva constituem os fatores
que justificam essa variação.
De facto,
é evidente que a língua portuguesa evoluiu ao longo dos tempos (basta
ler, por exemplo, um extrato de um texto de Gil Vicente ou de Camões, etc.,
para compreender que o português dessas épocas era muito diverso do atual), mas
é igualmente claro que um falante do Porto fala de modo diferente de um do
Algarve, ou que uma criança possui um discurso diferente do de um adulto, ou
ainda que falantes de diferentes extratos socioculturais, embora comuniquem
entre si, o fazem recorrendo a registos distintos.
Em
suma, todas as línguas naturais:
▪ têm variação;
▪ mudam e estão sempre a mudar.
Esta
propriedade das línguas possui, pois, a designação de variação linguística.
▪ variação histórica;
▪ variedades geográficas;
▪ variedades sociais;
▪ variedades situacionais.