Português: 25/04/23

terça-feira, 25 de abril de 2023

Análise do poema "A porta", de Vinicius de Moraes


             O poema, constituído por cinco estrofes de versos heptassílabos / em redondilha maior (o que o associa ao folclore popular brasileiro), coloca-nos face a um objeto inanimado que existe em quase todas as casas do mundo e que faz parte do dia a dia de qualquer um de nós.

            De facto, a porta é feita de um material sem vida e está imóvel, aparentando, à primeira vista, não ter grande utilidade. No entanto, ela adquire vida pelo uso, pelo seu movimento e dinamismo (abre e fecha) e pela serventia que tem, além de servir como proteção. De facto, uma porta é uma passagem que permite a entrada e a saída de pessoas: está em constante movimento e a própria porta favorece essa movimentação.

            Note-se que, atentando no título, o «eu» poético não se refere a uma qualquer porta, mas a “a porta”, como o indicia a presença do determinante artigo definido a anteceder o nome. Ela indica várias passagens, vários caminhos, e escolhe quem ou o que deixa passar: o menininho, o namorado, a cozinheira e o capitão.

            Porém, como se trata de uma porta muito inteligente (a personificação do objeto estende-se por todo o poema), é capaz de distinguir o bem do mal, por isso protege a casa, impede que o mal entre nela: “Eu fecho a frente da casa / Fecho a frente do quartel / Fecho tudo no mundo”.

            O último verso do texto reafirma a ideia da abertura da porta para o bem, para a liberdade: “Só vivo aberta no céu!”

Natal de sorrisos - Pete Player


Pete Player

O feminino em A Farsa de Inês Pereira


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