1. Fontes usadas para reconstituir a
história de Simão Botelho, tio paterno de Camilo Castelo Branco: os relatos da tia Rita, irmã do
protagonista, as informações inscritas nos livros de registo da cadeia, uns “maços
de papéis antigos” guardados em casa da irmã do próprio Camilo e o testemunho
de contemporâneos do seu tio.
2. Efeito obtido com a referência a
diversas fontes:
grande curiosidade e preocupação com a verdade por parte do autor; deste modo,
confere veracidade ao retrato e desperta o interesse do leitor.
3. Elementos que permitem a
identificação entre o narrador-autor e Simão: o parentesco (tio – sobrinho) e a prisão na mesma
cadeia.
4. Características de Amor de
Perdição (segundo o próprio autor): o caráter “triste”, “sombrio” e angustiante; “a rapidez das
peripécias”; a derivação concisa do diálogo para os pontos essenciais do
enredo; a ausência de divagações filosóficas; a linguagem simples e sem artifícios.
5. Relação entre a rapidez da escrita
da obra (quinze
dias) e o estado de espírito do narrador: uma grande ânsia em relatar a
história de amor trágica de Simão Botelho.
6. Atitude crítica do autor acerca da
obra: Camilo considera
que Amor de Perdição contém “defeitos” e é um “tolhiço incorrigível”.
7. Significado da autocrítica: ao mostrar modéstia, apontando
defeitos à obra, o autor pretende captar a simpatia e a adesão do leitor.
8. Receção pública: a novela alcançou uma popularidade /
recetividade superior a qualquer outra obra do escritor.
9. Causas do sucesso: a rapidez das peripécias, a concisão
do diálogo, a ausência de divagações. A lhaneza da linguagem, o facto de
possuir uma linguagem são e ajeitada à expressão das ideias.
10. Referências ao título e subtítulo
Título ↓ a caracterização da história de Simão: “triste
história”, “trágicas e afrontosas dores” |
|
Subtítulo ↓ as referências à família do protagonista e do autor
(“a triste história do meu tio paterno”, “Minha tia […] estava sempre pronta
a repetir o facto”, etc.) |
No entanto, em 1879, no prefácio
da quinta edição, embora critique o Realismo, acusando-o de “devassar
alcovas, usar calão, espremer opus das escrófulas”, considera Amor de
Perdição ultrapassado em relação a uma estética atualizada, ainda que,
interiormente, continue fiel ao Romantismo e, no fundo, use a ironia para o
classificar. Assim, nesse texto classifica-o como:
.
romântico;
.
declamatório;
.
com aleijões líricos;
.
com desaforo de sentimentalismos;
. apresentando
as lágrimas nos braços da retórica.