Português: 03/02/24

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Resumo da 7.ª parte da 1.ª crónica: Esta coisa das trevas


    Fevereiro de 1923: o corpo de Henry Roan, um osage, é encontrado no interior do seu Buick baleado na cabeça. O falecido não era estranho a Hale. Pelo contrário, tinha-o contactado apenas umas semanas antes do seu passamento porque descobrira que a sua esposa o andava a trair. O rico proprietário emprestou-lhe dinheiro e, em troca, Roan nomeou-o beneficiário único de uma apólice de seguro de vida que tinha feito.

    Esta mais recente morte desperta o terror que jazia semiadormecido no seio da comunidade e leva muitos a adotarem novas medidas de segurança para se protegerem da onda de crime, nomeadamente instalando luzes nas suas casas ou comprando um cão de guarda. Por seu turno, a família de Anna continua a procurar o assassino da mulher. William Smith afirma que está a fazer progressos na sua investigação, mas ele e Rita decidem mudar-se para o centro da cidade e comprar um cão, tudo medidas visando a sua segurança. Contudo, no mês seguinte, março, os  cães dos vizinhos começam a morrer, suspeitando-se que vítimas de envenenamento. Bill confessa a um amigo que desconfia que será morto em breve e, de facto, na noite de 9 de março, pouco depois de se ter ido deitar, a sua casa é vítima de uma enorme explosão. Rita e Nettie Brookshire, a empregada, são encontradas mortas, ao contrário de Bill, que ainda é encontrado com vida, acabando, no entanto, por falecer passadas duas semanas.

    Confrontado com esta nova onda de mortes, o governador do estado de Oklahoma envia Herman Fox Davis, um investigador, para o condado de Osage em abril desse mesmo ano, porém, em junho, declara-se culpado do recebimento de subornos. A onda de corrupção e violência acentua-se quando W. W. Vaughan, um conhecido advogado caucasiano, é morto. De facto, Vaughan estava a auxiliar as investigações dos detetives privados; além disso, tinha sido convocado por um indivíduo moribundo, George Bigheart, ao seu leito de morte, onde compartilhara consigo informações cruciais acerca dos assassinatos. No entanto, antes que o advogasse tivesse tido oportunidade de as divulgar, desaparece e o seu corpo é encontrado pouco depois, porém os papéis que Bigheart lhe fornecera, bem como os fundos que deixara à sua esposa, haviam desaparecido.

    Por sua vez, os Osage instam o governo federal a agir de forma a pôr cobro ao Reinado de Terror, que já fizera pelo menos vinte e quatro vítimas entre os nativos. No final deste capítulo, o autor volta a focar a atenção da sua pena em Mollie, imaginando como todas as mortes ocorridas a terão feito sentir. Por outro lado, dá notícia de que a mulher, em 1925, confidenciará a um padre local que crê ter a sua vida em perigo.

Resumo da 6.ª parte da 1.ª crónica: One Million Dollar Elm

    Novo recuo no tempo: a partir de 1912, os barões do petróleo reuniram-se no condado de Osage para licitar arrendamentos petrolíferos. Por vezes, juntavam-se ao ar livre, nomeadamente sob os ramos de uma árvore conhecida por Million Dollar Elm em virtude das quantias de dinheiro envolvidas nas negociatas que decorriam nesse espaço. Esta febre foi objeto da cobertura da imprensa da época, que dava conta de todos os desenvolvimentos, expressando também uma crescente preocupação com a crescente riqueza dos indígenas, nomeadamente a partir das referências a gastos excessivos e a desperdícios de diversa ordem.

    Embora a questão da tutoria, abordada nos capítulos anteriores, tivesse como justificação oficial a proteção de quem dela necessitava, na realidade a sua base era racial: os mestiços raramente tinham tutores, todavia os nativos americanos sem ancestrais ou cônjuges brancos regra geral possuíam um. Em 1921, o governo alterou novamente os pressupostos dos acordos feitos, insistindo que os membros osage que possuíssem um tutor fossem «restritos», o que, na prática, significava que «só» lhes era permitido gastar alguns milhares de dólares por ano, independentemente da riqueza que possuíssem. Na verdade, o sistema de tutoria caracterizava-se por abusos desenfreados, em paralelo com uma outra série de ataques dirigidos aos indígenas, vítimas de tudo e de todos. Por exemplo, os mercadores brancos inflacionavam constantemente os preços dos produtos que comercializavam, enquanto os caçadores de fortunas, quer do género masculino quer do feminino, procuravam atrair membros da tribo para o casamento.

Análise das 4.ª e 5.ª partes da crónica 1 de Assassinos da Lua das Flores


    A relação entre os Osage e os homens brancos é, como não poderia deixar de ser, complexa, oscilando entre a procura de acordo e amizade e a traição. Rapidamente, os indígenas, ao contrário de outras tribos nativas, aprendem que é crucial manter o máximo de poder possível para si durante as negociações com o governo central. É assim que decidem comprar o território para onde irão viver quando são forçados a mudar pela terceira vez, possivelmente porque compreenderam que a propriedade privada poderia trazer-lhes um nível de proteção, mesmo que insipiente ou modesta, contra a ambição da jovem nação por terra. Quando conseguem adiar a distribuição de terras como o governo pretendia inicialmente e, em vez disso, impõem cláusulas específicas aos acordos, a sua decisão anterior revela-se acertada e a tribo consegue ficar com todos os direitos sobre aquilo que existe debaixo do solo, que é o mesmo que dizer sobre as jazidas de petróleo que sob ele aguardam em silêncio quem as explore. Não obstante, a opinião sobre o crude entre a tribo não é consensual, visto que há quem o considere de forma negativa, embora ele traga riqueza e conforto para todos. Por outro lado, estamos na presença de um grande passo que a tribo dá em direção à cultura norte-americana, visto que até então a sua existência se organizava em torno da caça anual ao búfalo e não de grandes mansões e carros modernos e luxuosos.

    É neste contexto que indígenas e exploradores começam a construir uma nova relação, caracterizada pelo desejo mútuo de enriquecer, tendo-se espoletado uma situação análoga à que ocorreu com a Corrida do Ouro da Califórnia, que teve início em 24 de janeiro de 1848, quando foi descoberto ouro em Sutter’s Mill, e durou até 1855, levando mais de 300 000 pessoas, oriundas dos Estados Unidos e do exterior, a deslocarem-se para aquele estado. De facto, a descoberta de ouro negro atraiu uma grande variedade de pessoas para a região dos Osage, uma parte delas de má índole. Por seu turno, o governo dos EUA impôs algumas condições à tribo, supostamente destinadas a proteger os seus membros de atos fraudulentos por parte dos exploradores, que passavam por colocar um indivíduo branco a gerir as questões financeiras dos nativos. Como é evidente, este sistema de tutela implicava a existência de um grau elevado de confiança nas pessoas responsáveis pelos trusts, o qual foi claramente negado pelo chamado Reino do Terror, um período de cerca de uma década durante o qual diversos membros osage foram assassinados por indivíduos que ambicionavam o seu dinheiro. Este clima de terror e desconfiança generalizada foi exponenciado pelo facto de também pessoas brancas fazerem parte do rol de vítimas, de que é exemplo o assassinato de Barney McBride, um proeminente empresário branco que estava disposto a defender os nativos em Washington DC. Se um homem branco, poderoso e rico não estava a salvo, muito menos o estariam os indígenas.

    Os capítulos IV e V da primeira parte da obra destacam as extremas dificuldades de negociação existentes entre os Osage e o governo norte-americano, marcada por promessas quebradas, assimilação e submissão forçadas, mudanças de cláusulas e princípios contratualizados e pressão constante para proceder à renegociação de acordos que, entretanto, se tornavam menos favoráveis para o Estado. Assim sendo, os nativos viam-se constantemente forçados a acomodar a voracidade e a ambição desmedida dos colonos brancos.

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