Maria Eduarda é uma personagem, como convém à intriga, de quem se conhecem pouquíssimos - para não dizer nenhuns - dados. De facto, sabemos apenas que é a primogénita de Pedro da Maia e Maria Monforte, «uma linda bebé, muito gorda, loura e cor-de-rosa, com os belos olhos negros dos Maias». E é tudo.
Após a fuga de Maria Monforte com Tancredo e do suicídio de Pedro, Afonso da Maia procurou-a, mas ninguém conseguiu descortinar o seu paradeiro. Vilaça crê que morreu, caso contrário a mãe, na situação de extrema pobreza em que vivia, já teria reclamado a parte que cabia à filha na herança do pai. Não obstante, o avô escreveu a um primo, no sentido da Monforte lhe entregar a criança em troca de dinheiro, ao que Vilaça se opõe, argumentando que a menina deveria ter certa de 13 anos e um caráter definido, não falaria português e teria saudades da mãe. Porém, Afonso não se deixa demover e contrapõe que a mãe «é uma prostituta, e a pequena é do meu sangue» (pág. 82). Posteriormente, por intermédio de Alencar, chegam a Santa Olávia notícias da morte de Maria Eduarda e da vida desregrada de sua mãe. E, assim, para todos a neta de Afonso da Maia está morta. Note-se como esta morte aparente da filha de Pedro e da Monforte nos traz à memória a figura trágica de Édipo, cuja morte fora ordenada por seus pais Jocasta e Laio para evitarem o destino que lhes estava predito e a qual, cumprido o destino, se verificou não se ter concretizado.
Dela só voltamos a ter notícias no início do capítulo VI, à entrada do Hotel Central, quando Carlos e Craft assistem à chegada de uma mulher desconhecida, posteriormente conhecida pelo nome de Castro Gomes. O narrador aproveita a ocasião para traçar um breve retrato físico:
- muito distinta;
- alta e loira («cabelos de oiro»);
- esplendorosa na «sua carnação ebúrnea»;
- «com um passo de deusa»;
- «maravilhosamente bem feita»;
- elegante e bem vestida: «um casaco colante de veludo branco»;
- brilhando com «o verniz das suas botinas».
Há, neste retrato, a distinção e o aprumo harmoniosos da mulher clássica. Há também uma entourage de harmonia com a elegância de Maria Eduarda: «um esplêndido preto»; «uma deliciosa cadelinha escocesa». Ora, tratando-se de um retrato euforizante, ultrapassa a distanciação seca do Naturalismo.
O diálogo que se segue à sua primeira visão comporta uma série de informações adicionais sobre os Castro Gomes, logo sobre a «deusa»:
- têm uma filha;
- trata-se de «Uma gente chique»: possuem criado de quarto, governante inglesa para
a filha, viajam com mais de vinte malas;
- vivem em Paris;
- são brasileiros, embora a senhora não tenha sotaque.
Dela só voltamos a ter notícias no início do capítulo VI, à entrada do Hotel Central, quando Carlos e Craft assistem à chegada de uma mulher desconhecida, posteriormente conhecida pelo nome de Castro Gomes. O narrador aproveita a ocasião para traçar um breve retrato físico:
- muito distinta;
- alta e loira («cabelos de oiro»);
- esplendorosa na «sua carnação ebúrnea»;
- «com um passo de deusa»;
- «maravilhosamente bem feita»;
- elegante e bem vestida: «um casaco colante de veludo branco»;
- brilhando com «o verniz das suas botinas».
Há, neste retrato, a distinção e o aprumo harmoniosos da mulher clássica. Há também uma entourage de harmonia com a elegância de Maria Eduarda: «um esplêndido preto»; «uma deliciosa cadelinha escocesa». Ora, tratando-se de um retrato euforizante, ultrapassa a distanciação seca do Naturalismo.
O diálogo que se segue à sua primeira visão comporta uma série de informações adicionais sobre os Castro Gomes, logo sobre a «deusa»:
- têm uma filha;
- trata-se de «Uma gente chique»: possuem criado de quarto, governante inglesa para
a filha, viajam com mais de vinte malas;
- vivem em Paris;
- são brasileiros, embora a senhora não tenha sotaque.