Português: 16/04/13

terça-feira, 16 de abril de 2013

"O Grito", de Munch


Edvard Munch (1863-1944), pintor e gravador norueguês, a sua infância foi marcada pela tragédia com a morte precoce da mãe e da irmã mais velha com tuberculose. Frequentou a "Escola de Artes e Ofícios" de Oslo. Morou em Berlim, Florença e Roma. Em 1893 realizou a obra “O Grito” esta tela foi pintada após uma experiência alucinante vivida pelo norueguês enquanto passeava no parque Ekebert, em Oslo. A obra é inspirada na própria vida pessoal do pintor, nas suas tristezas, angústias profundas, na sua história de vida e desencontros. A possível fonte de inspiração para esta figura humana estilizada pode ter sido uma  múmia peruana que Munch viu na exposição universal de Paris em 1887. Esta tela é considerada um fenómeno global apenas comparável ao da Gioconda, de Leonardo da Vinci e encontra-se exposta na Galeria Nacional, Oslo.
É uma pintura, tipo óleo sobre tela, têmpera e pastel sobre cartão. Mede 83.5 x 66 centímetros. Ao fundo vemos um céu, de cores quentes, em oposição ao rio em azul (cor fria) que sobe acima do horizonte, característica do expressionismo, onde o que interessa para o artista é a expressão das suas ideias e não um retrato da realidade. A figura humana, em si, também apresenta cores frias, como o azul, como a cor da angústia e da dor. A personagem encontra-se sem cabelo para demonstrar um estado de saúde precário. Os elementos descritos estão tortos, como se reproduzindo o grito dado pela figura. Quase tudo se encontra deformado, menos a ponte e as duas figuras que estão no canto esquerdo. A dor do grito está presente não só na personagem, mas também em toda a paisagem, ou seja, quando alguém se encontra num estado permanente de sofrimento todo o ambiente se altera, todo o ambiente reflecte o desespero que habita no interior. A meu ver Edvard deu o titulo” O Grito ” à sua tela devido ao momento angustiante vivido pela figura central, em comparação com a vida real o ser Humano sente como que uma vontade de gritar quando se sente angustiado e incapaz de realizar algo na sua vida.
Em suma, esta tela foi fruto de uma experiência vivida por Munch no parque Ekebert em Oslo é uma pintura que apresenta mistura de cores (tanto quentes como frias) e podemos compará-la com a realidade vivida por muita gente com doenças terminais que vivem a sua vida angustiadas. Como já referi esta tela encontra-se na Galeria Nacional na cidade de Oslo e merece ser visitada por ser uma tela que expressa vários sentimentos e pela sua mistura de realidade com ficção. Por isso, visite esta obra e aprecie cada traço desta tela.

Bibliografia:
          www.wikipédia.pt
          http://www.sabercultural.org/template/obrasCelebres/O-Grito-Edvard-Munch.html 

Matilde de Melo

          Matilde de Melo, Sousa Falcão e Frei Diogo de Melo constituem o grupo de amigos do general, que age em nome do amor, da amizade e da caridade cristã, respectivamente.


1. Origens:
  • Seia;
  • ambiente humilde, pobre ("... uma terra tão pobre e tão pequena..." - p. 91) e religioso ("Ensinaram-me, de pequena, a amar a Deus sobre todas as coisas." - p. 91);
  • ambiente de isolamento físico e intelectual, que a impediu de ter uma perceção adequada do mundo.

2. Retrato físico:
  • vestida de negro (sinal de luto pela prisão do general);
  • desgrenhada (este aspecto revela o sofrimento, o desespero, o estado de alucinação causados pela prisão do general).

3. Retrato moral:
  • grande sentido de justiça e lealdade;
  • grande nobreza de carácter;
  • digna e simples, apesar do desprezo com que é tratada por ser a amante do general.

4. Retrato social:
  • pobre ("sentada numa cadeira tosca" - pág. 83).

5. Retrato psicológico:
  • desesperada e em estado de choque / alucinação após a prisão do general ("Parecia um animal ferido a ganir à beira duma estrada..." - pág. 82).

6. Matilde -> General:
  • apaixonada pelo general ("Dei-lhe tudo o que tinha...""Sou a mulher do general Gomes Freire d'Andrade." - pág. 92);
  • carinhosa, ternurenta ("Ele dava-me a mão, eu dava-lhe a minha...""Passa a mão pelo uniforme com ternura" - pág. 85) - note-se que esta ternura é mútua;
  • sensível;
  • sonhadora, recorda com saudade os tempos pobres, mas felizes, vividos por ambos ("Falávamos das batalhas em que ele andou... Relembrávamos o nosso hotel de Paris... os passeios que dávamos ao longo do Sena... os dias felizes que passámos juntos..." - pág. 85);
  • preocupada com o seu estado, receia pela sua vida.

7. Matilde -> Governadores
  • ousada e resoluta;
  • determinada e decidida;
  • combativa e corajosa;
  • revoltada;
  • enfrenta um poder que antagoniza, determinada, não obstante não ter grande esperança, na salvação do general, não desiste de lutar;
  • inconformada perante a falsidade, a opressão, a deslealdade, a injustiça e a intolerância;
  • escarnece e desmascara a hipocrisia dos governadores;
  • mantém um discurso agressivo, crítico e sarcástico em certas falas com os governadores;
  • faz uso de um tom arrogante e desafiador, de desprezo;
  • porém, em gesto de desespero, humilha-se por momentos para salvar o general, mostrando o seu altruísmo ao colocar os interesses e a vida do seu amado acima da sua vaidade e orgulho.

8. Matilde -> após a prisão do general
  • inundada pela dor, pelo rancor, pela raiva, pela angústia e pelo desespero;
  • vive uma crise de valores: mostra-se disposta a ceder perante o poder instituído em troca da vida do general e chega a questionar os valores que nortearam a vida do general ("Quem é mais feliz: o que luta por uma vida digna e acaba na forca, ou o que vive em paz com a sua inconsciência e acaba respeitado por todos?" - p. 83); "Se o meu filho fosse vivo (...) Havia de lhe ensinar a mentir, a cuidar mais do fato que da consciência e da bolsa do que da alma. (...) Havia de morre de velhice e de gordura, com a consciência tranquila e o peito a abarrotar de medalhas!" - p. 84);
  • tudo faz para o salvar:
                    » humilha-se perante Beresford;
                    » ajoelha-se perante principal Sousa e implora-lhe que salve o seu amado;
  • ousada e resoluta;
  • determinada e decidida;
  • revoltada;
  • combativa e corajosa.

9. Matilde -> no momento da morte do general
  • vive um estado de alucinação, loucura e delírio -> denúncia do absurdo a que a intolerância e a violência conduzem o ser humano;
  • acaba por transformar a tragédia (morte do general) num momento de esperança e apelo à modificação da situação.

          Em suma:
  1. Matilde é uma mulher lúcida e corajosa, de carácter forte perante a vilania, vibrante nas palavras de paixão. Recusa a hipocrisia e odeia a injustiça e o materialismo.
  2. Amante, esposa e companheira de todas as horas, não suporta a separação do homem que ama, acabando por se revelar uma espécie de alterego de Gomes Freire. Quer isto dizer que é impossível dissociar o clamor de revolta de Matilde do general, e uma vez que ele não pode provar a sua inocência, será ela a tentar fazê-lo, invectivando os seus três principais adversários, pois não crê que a acusação se mantenha nem que a condenação venha a ocorrer quando os acusadores constatarem, em consciência e com justiça, que a acusação é falsa: "Serei, então, a voz da sua consciência. Ninguém consegue viver sem ouvir a voz da consciência, António." (p. 88).
  3. Existe, porém, outra Matilde: a mulher. Neste caso, é o símbolo do Feminino, revelado durante os diálogos que mantém, onde se assume como o arquétipo da mulher que ama e sofre porque ama. O seu discurso revela o seu sofrimento íntimo, bem como o de todos aqueles que, vendo-se separados do ser que os completa, se sentem despojados da unidade que simbolizam: "(...) Amante dum traidor... e assim acabamos a vida... Tu, que deste aos homens tudo o que tinhas e viveste de mãos abertas, acabas enforcado com o rótulo de traidor. E eu... que nasci tua mulher, morro tua (...) amante! Nem me recebem, meu amor. (...) Chegamos ao fim da vida - matam-nos e nem nos consideram dignos de uma explicação. Tratam-nos assim, como se nunca tivéssemos existido..." (p. 120).
  4. O seu discurso funciona como uma resposta ao discurso oficial, apoiado nos textos bíblicos, ainda que estes surjam com uma interpretação duvidosa: "(...) Senhor, se te lembras da cruz, permite que o meu homem morra de cabeça levantada! Não vos peço nada para mim. Mais: troco a minha vida pela dele! Fazei-me sofrer, matai-me torcida de dores e abandonada de todos, mas a ele, dai-lhe uma morte que o não mate de vergonha!" (pp. 97-98).
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