Português: 31/08/20

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

As Misteriosas Cidades de Ouro - Episódio 24: "O Manuscrito"

 

O Avarento, de Molière

Ato I

     Valério e Elisa amam-se, a ponto de ele esconder a sua condição social e se sujeitar a ser secretário do pai da amada. Cleanto, irmão de Elisa, ama Mariana, uma doce e desvelada jovem que cuida da mãe doente. Os dois irmãos, órfãos de mãe, são vítimas da tirania e da avareza do pai, Harpagão, que os submete à sua vontade e à avareza. Assim, deseja casar com Mariana e tenciona obrigar o filho a desposar uma viúva rica e a filha com um homem de 50 anos, também rico, que a desposará sem dote. Porém, a filha recusa e, sem saber o que se passa entre os dois, o pai escolhe Valério para juiz daquele impasse.
     Valério usa a lisonja e finge estar de acordo com as ideias do velho, aconselhando a amada Elisa a fingir concordar com o pai e a fingir uma doença para adiar o casamento. Desconhecedor de tudo isto, Harpagão concede a Valério um poder absoluto sobre Elisa.


Ato II

     Cleanto, em virtude da avareza do pai, é forçado a pedir emprestados 15 000 francos, a juros de cerca de 25%. No momento em que se encontra com a pessoa que vai conceder o empréstimo, qual não é o espanto de ambos quando se encontram frente a frente pai e filho.
     Harpagão socorre-se de Eufrosina para conquistar Mariana e preparar o seu casamento. Eufrosina é aduladora, recorrendo frequentemente à mentira para agradar a Harpagão e responder satisfatoriamente a todos os seus intentos (por exemplo, quando ele vê, na grande diferença de idades, um possível obstáculo ao interesse de Mariana em si, Eufrosina responde que Mariana só gosta de velhos de 60 anos, que não pode ver jovens e até recusou um casamento há pouco por o noivo ter apenas 56 anos). O objetivo de Eufrosina é obter algum dinheiro, mas nem toda a lisonja do mundo lhe vale, pois, mal o velho ouve falar no vil metal, vai-se logo embora.


Ato III

     A preparação do "jantar de declaração" é outro momento de grande avareza de Harpagão e de lisonja de Valério. Mestre Tiago, cozinheiro e cocheiro de Harpagão, tenta chamá-lo à razão, explicando-lhe como é troçado por todos, mas o patrão paga-lhe com pauladas, bem como Valério, a quem o Mestre jura vingança.
     O diálogo da cena VII entre Cleanto e Mariana tem um duplo entendimento: o sentido correto só eles o entendem (lamentam o casamento iminente porque os dois se amam); o segundo sentido, errado, é entendido pelos restantes (os dois jovens lamentam o casamento: ele, por razões de herança; ela, por não gostar de jovens e da atitude aparentemente negativa dele). Por outro lado, dá nota da total submissão dos filhos às vontades dos pais: "... se eu não me visse forçada por um poder absoluto..." (Mariana).
     Através do equívoco diálogo, Cleanto faz com que Mariana fique com o anel de diamantes usado por Harpagão.


Ato IV

     Eufrosina lamenta não ter tido conhecimento do amor dos jovens previamente, pois teria conduzido as coisas de modo bem diferente. Para já, engendra o seguinte plano: descobrir uma velha mulher que esteja disposta a fingir-se em rica e nobre, bem como interessada em desposar Harpagão, ao qual entregaria toda a sua vasta fortuna. Dessa forma, este enriqueceria Mariana.
     Desconfiado, Harpagão usa de astúcia para levar o filho a confessar o seu amor por Mariana. Assim, finge que a diferença de idades o levou a reconsiderar e a "oferecer" Mariana ao filho, caso este não tivesse demonstrado tanta aversão pela jovem. Iludido pela artimanha do pai, Cleauto confessa o seu amor e a correspondência de Mariana e o pai, descoberto o segredo do filho, diz-lhe terá de casar com a noiva que lhe reservou, ao que Cleauto reage, afirmando que continuará a amar Mariana, pois "o amor é cego".
     Farpas, criado de Cleanto, espia Harpagão e vê onde ele esconde o tesouro, roubando-lho posteriormente. O desespero do segundo é enorme.


Ato V

     Harpagão chama o Comissário de polícia. Começam por ouvir Mestre Tiago, que, para vingar as pauladas que ele lhe deu, identifica Valério como o ladrão.
     Recorrendo novamente ao equívoco, na cena III, quando é interrogado, Valério "confessa" ter roubado a "caixinha" de Harpagão (referindo-se a Elisa) e este pensa que ele se refere à caixinha do dinheiro roubado.
     Valério revela, então, ser filho de um nobre napolitano. Ao ouvir a história, Mariana diz-se sua irmã. Anselmo apresenta-se, de seguida, como o pai de ambos.
     Entra, então, em cena Cleanto, que diz ao pai que, se o deixar casar com Mariana, o dinheiro lhe será restituído. Harpagão acaba por ceder à chantagem, comprometendo-se Anselmo, progenitor de Valério e Mariana, a pagar todas as despesas dos dois casamentos, a comprar o fato de Harpagão para a boda e a suportar também as despesas ao Comissário.

Onde e aonde

      O advérbio «aonde», que significa "a / para que lugar", deve ser usado com verbos que implicam movimento.
          Ex.: Aonde vais? (= Para que lugar vais?)

     Por sua vez, o advérbio «onde», que significa "em que lugar", deve ser usado com verbos que não implicam movimento.
          Ex.: Onde estás? (Em que lugar estás?)
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