Português

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Protótipos textuais I - Correção (G 44)

1. 

Excerto textual
Protótipo textual
Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga – e tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real […]
narrativo
Sobre literatura preciso de saber várias coisas.
Preciso de saber que a literatura não se reduz aos textos escritos: para além deles, a literatura foi e em certos momentos ainda é oral, ou seja, palavra dita, declamada e cantada, independentemente da fixação escrita.
expositivo
Moço – Co dinheiro que leixais
não comerei eu galinhas…
Escudeiro – Vai-te tu per essas vinhas.
Que diabo queres mais?
conversacional (ou dialogal)
Dose recomendada:
Adultos e crianças com idade superior a 12 anos: tome 1 ou 2 comprimidos, 1 a 3 vezes por dia.
Colocar os comprimidos dispersíveis num copo com água, agitar e beber em seguida.
instrucional (diretivo ou injuntivo)
Por outro lado, a televisão exerce uma influência negativa, ao exibir modelos cujas características são inatingíveis pelas crianças e jovens em geral. As suas qualidades físicas são ampliadas, os defeitos físicos esbatidos, criando-se a imagem do herói / heroína perfeitos. Esta construção gera sentimentos de insatisfação e frustração do eu consigo mesmo e de menosprezo pelo outro.
argumentativo
Virgem
Plano amoroso: você terá uma semana rica em desafios que o levarão constantemente a aferir possibilidades e a escolher caminhos.
Plano material: haverá evoluções políticas e sociais que poderão ter implicação direta na sua vida.
preditivo
Maria era uma senhora de idade avançada, de cabelos brancos e pele coberta de rugas. Os seus olhos castanhos e cansados perdiam-se no vazio. Vestia uma saia e um casaco azuis da cor do céu primaveril.
descritivo



          . Ficha.

"Amigo Frei João, cuidas que é barro"






5





10
Amigo Frei João, cuidas que é barro
O fumoso tabaco por que berro?
Um nigromante me transforme em perro,
Se há coisa para mim como o cigarro!

Ele me arranca pegajoso escarro,
Que nas fornalhas deste peito encerro;
O frio, as aflições de mim desterro,
Quando lhe lanço mão, quando lhe agarro.

De vício, se é vício, não me corro,
E só tomo rapé, simonte ou esturro,
Quando quero zangar algum cachorro.

Amigo Frei João, não sejas burro;
Dize bem do cigarro; senão, morro;
Traze-me lume já, ou dou-te um murro.

                                               (I, 116)


         Este soneto aborda o vício do tabaco através de uma situação cómica: estando o autor na cela do seu amigo Frei João de Pousafoles, sucedeu apagar-se-lhe um cigarro, pelo que pediu lume, que ele lhe recusou. É por aí que o soneto se inicia: o sujeito poético refere o pormenor de pedir lume ao amigo Frei João, porque o cigarro se lhe tinha apagado. O amigo da cela, porém, nega-lhe o lume, querendo com isso talvez não favorecer o vício.
         Reconhecendo os malefícios do tabaco, como o catarro do fumador (vv. 5-6), o sujeito poético confessa, porém, que não lhe consegue resistir. Daí a formulação do desejo hiperbólico dos versos 3 e 4: que um bruxo ou pessoa dedicada à arte de evocar os mortos para predizer o futuro (“nigromante”) o transforme num cão (“perro”, palavra de origem castelhana, usada frequentemente no sentido pejorativo de “tratante”). O prazer do tabaco não tem paralelo. O gozo insubstituível de fumar, descrito com humorado ênfase (v. 8), permite-lhe esquecer, ainda que momentaneamente, a miséria e o sofrimento (v. 7).
         Seguidamente, faz a distinção entre o tabaco de fumo (cigarro), referido no verso 2, de conhecidas consequências para os pulmões do sujeito poético (v. 6), e o tabaco de cheirar, referido enfática mas depreciativamente no verso 10 (rapé, simonte, esturro). Estes tipos de tabaco moído para degustar através de aspirações nasais distinguem-se pela qualidade, sendo o simonte um tabaco da primeira folha, e o esturro ou esturrinho um tipo de tabaco torrado, ambos usados para cheirar, como o rapé.
         O fecho coloquial do soneto encerra admiravelmente o tom cómico que o perpassa desde o início: “Traze-me lume já, ou dou-te um murro!” (v. 14).
         A nível estilístico, repare-se no trocadilho com as palavras homónimas barro e berro (vv. 1 e 2), ou no uso continuado da vibrante /r/, a estruturar toda a rima alternada do soneto, que nos sugere, foneticamente, o nefasto efeito do catarro típico do homem fumador.


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"Certo enfermo, homem sisudo"

Certo enfermo, homem sisudo,




5





10



Deixou por condescendência
Chamar um doutor, que tinha
Entre os mais a preferência.

Manda-lhe o fofo Esculápio
Que bote a línguas de fora,
E envia dez garatujas
À botica sem demora.

«Com isto (diz ao paciente)
A sepultura lhe tapo.»
Replica o pobre a tremer:
«Aposto que não escapo».

                            (IV, 143)


         Outro grande tema da sátira epigramática de Bocage são os erros dos médicos, ou dos falsos cirurgiões da sua época.
         No caso deste texto, eis que um homem adoece e decide recorrer, com temor e hesitação (“Deixou por condescendência...”), aos serviços da medicina. Na 2.ª estrofe, Bocage apresenta ironicamente a figura do pretensioso médico (designado, com ironia, por “fofo Esculápio”Esculápio era o deus da Medicina) observando o doente, mandando-lhe deitar a língua de fora, e aviando uma receita ilegível (“dez garatujas”), actos que consubstanciam a sua pretensiosa ciência/sabedoria. Finalmente, na última estrofe, atente-se na irónica ambiguidade da afirmação do médico. Ao dizer que tapa a sepultura ao doente, tanto afirma que o vai salvar da morte certa, como pode significar que o mata definitivamente. E é nesta segunda acepção que o pobre e desenganado paciente entende a declaração do médico. Em suma, a sátira caricatural de que esta figura-tipo é alvo, incide sobre o tema dos doentes que morrem mais depressa por causa dos erros da classe médica do que por causa da própria doença e que, em alguns textos, leva Bocage a afirmar que a Medicina é filha da própria Morte. Como diz a sabedoria popular, se não morrem da doença, morrem da cura.
         Por vezes, como é o caso do texto em análise, Bocage serve-se de um breve mas cómico diálogo entre médico e paciente, dando assim maior vivacidade e graça ao cómico de situação ou de linguagem. Também é comum referir-se, algo jocosa e metaforicamente, aos médicos como os descendentes de Galeno (anatomista grego), os filhos de Esculápio (deus da Medicina) ou alunos de Hipócrates (médico célebre).

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domingo, 24 de setembro de 2017

Autárquicas 2017: falemos de bico então


"Um homem que toda a vida"


 
 
 
 
 
5
 
 
 
 
 
10
Um homem que toda a vida
Passou fomes por querer,
Co’a muita debilidade
Pôs-se em termos de morrer.
 
Doutor, que de graça o via,
E co’a doença atinava,
Of’receu-lhe uns certos doces,
Para ver se o melhorava.
 
Obrigado (eis lhe responde
O enfermo estendendo a mão),
Dê cá... Bom será guardá-los
Para maior precisão.”

 

 

         Outro dos alvos predilectos da sátira epigramática de Bocage é o pecado da avareza; neste caso concreto temos o tipo do avarento que esconde a sua riqueza, não tirando partido dela, nem mostrando algum tipo de generosidade para com os demais.

         Este é o caso de um homem que, durante toda a vida, passou fome voluntariamente, para não gastar o seu dinheiro e por isso ficou doente a ponto de estar em risco de morrer. É então consultado gratuitamente por um médico que se apercebe de que a causa da doença é a falta de alimentação, por isso oferece-lhe alguns doces para o curar. O doente aceita mas – espanto dos espantos – decide guardá-los “Para maior precisão”.

         Em suma, neste epigrama a sátira de Bocage incide sobre o comportamento do homem avarento que, posto na maior necessidade e até na iminência da morte, aferrolha tudo a que pode deitar a mão. Este homem que poupa, avaramente, o próprio alimento que o salvaria de morte certa, só pode ser alvo do ridículo.

 

Autárquicas 2017: Podame


Autárquicas 2017: pelo pó, SEMPRE!


Autárquicas 2017: o penso e a liberdade


     Querem-nos? O povo dirá se sim, se são.

     Querem... calar-nos? Ah, assim sim!
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