Português

sábado, 29 de dezembro de 2018

Regras da ACENTUAÇÃO

1. Palavras esdrúxulas / proparoxítonas

                Todas as palavras esdrúxulas são acentuadas:

1. Com acento agudo, quando as vogais da sílaba tónica são as vogais fechadas a, e ou o, as vogais altas i ou u ou ditongo oral começado por vogal baixa:
. fábrica
. arquipélago
. autódromo
. líquido
. último
. hidráulico

2. Com acento circunflexo, se a vogal da sílaba tónica [a, e, o] for média, isto é, pronunciada com a língua em posição neutra:
. câmara
. farmacêutico
. recôndito

3. NOTA: Consideram-se esdrúxulas as palavras terminadas em ditongo crescente:
. área
. amêndoa
. argênteo
. côdea
. espécie
. glória
. Islândia
. légua
. língua
. mágoa
. náusea
. nódoa
. serôdio
. vácuo


2. Palavras graves / paroxítonas

                As palavras graves não são, regra geral, acentuadas graficamente:
. calado
. tratado
. floresta
. americano
. tradicionalmente

                Acentuam-se, porém:

                1. Com acento agudo:

a) as palavras terminadas em l, m, n, r, x e ps cujas vogais tónicas são orais:
. saudável
. álbum
. abdómen
. caráter
. córtex
. bíceps
. fórceps

b) as palavras terminadas em i ou u, seguidos ou não de s:
. lápis
. b´
. bónus
. vírus
. púbis

c) as palavras cujas vogais tónicas i ou u não formam ditongo com a vogam que as precede (hiato) (1), exceto quando são seguidas de nh (2), de m, n ou r que não iniciam sílaba (3):
(1) baía, saía, atraíram, miúdo, ruído, saúde
(2) grainha, moinho, ventoinha
(3) Coimbra, ainda

d) as palavras terminadas em ditongo oral, seguido ou não de s:
. amáveis
. túneis
. fósseis
. pónei

e) as palavras terminadas em vogal nasal ou ditongo nasal, seguidos ou não de s:
. órfã
. órgão
. acórdão

2. Com acento circunflexo:

a) as palavras terminadas em l, n, r ou x e em que na sílaba tónica ocorre uma vogal oral média ou nasal:
. cônsul
. cânon
. âmbar
. bômbix

b) as palavras terminadas em –ão(s), –ei(s), –i(s) ou –us:
. bênção
. fôsseis (do verbo “ir”)
. ânus
NOTA: Algumas destas palavras, graves no singular, tornam-se esdrúxulas no plural: cânones, cônsules.

c) as palavras constituídas por formas verbais que podem confundir-se com outras:
. amámos (pretérito perfeito do indicativo) / amamos (presente do indicativo)
. pôde (pretérito perfeito do indicativo) / pode (presente do indicativo)
. dêmos (presente do conjuntivo) / demos (pretérito perfeito do indicativo)

Acordo Ortográfico
                Com a entrada em vigor do Acordo Ortográfico promulgado em 2009, deixaram de se acentuar as palavras graves nos casos seguintes:

1. na terceira pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo de formas verbais em que ocorre um e tónico médio seguido da terminação –em (verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver”, etc.):
. creem
. deem
. leem
. veem

2. na flexão do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir:
. arguis, argui, arguem
. redarguis, redargui, redarguem

3. nas homógrafas de palavras com vogal tónica aberta ou fechada, sendo apenas o contexto em que ocorrem a distingui-las:
. para (forma do verbo “parar”) / para (preposição)
. pelo (forma do verbo “pelar”) / pelo (nome) / pelo (contração da preposição “por” com o determinante artigo definido “o”)
. polo / polo

4. nas palavras em que ocorre o ditongo tónico oi:
. asteroide
. boia
. estoico
. espermatozoide
. heroico
. jiboia
. joia
. paleozoico

1. É obrigatória a acentuação gráfica da forma verbal pôde (3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) para a distinguir da forma pode (3.ª pessoa do singular do presente do indicativo).

2. É facultativa a acentuação gráfica das formas do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentes formas do presente do indicativo: amamos. Louvamos.


3. Palavras agudas / oxítonas

                Acentuam-se graficamente:

1. Com acento agudo:

a) as palavras terminadas nas vogais baixas a, e ou o, seguidas ou não de s:
. pá(s)
. café(s)
. avó(s)
. amá-lo

b) palavras terminadas em i ou u, seguidos ou não de s, precedidos de outra vogal com a qual não formam ditongo:
. aí
. país
. baú(s)
. Luís

c) palavras constituídas por duas ou mais sílabas (dissílabos, trissílabos e polissílabos), terminadas em –em ou –ens:
. ninguém
. armazéns
. porém
. Santarém

d) palavras terminadas em ditongos orais abertos éi, éu, ói, seguidos ou não de s (para os distinguir dos contextos em que estes ditongos ocorrem fechados):
. anéis
. painéis
. chapéu
. caracóis
. lençóis

2. Com acento circunflexo:

a) palavras terminadas em e ou o médios, seguidos ou não de s:
. vê(s)
. avô(s)
. pôr
                A forma verbal pôr acentua-se para não se confundir com a preposição por, porém o mesmo não sucede com os verbos derivados: dispor, compor, antepor, supor, etc.

b) as formas dos verbos ter e vir e seus derivados, na 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo:
. têm, retêm
. vêm, provêm


4. A acentuação e o hífen

                Nos casos em que ocorre hífen, nomeadamente em palavras formadas por composição e nas formas verbais com pronome pessoal átono, enclítico ou mesoclítico, as regras da acentuação aplicam-se a cada um dos elementos, como se se tratasse de palavras autónomas:
. água-de-colónia
. Trás-os-Montes
. fá-lo
. fá-lo-á
. distribuí-lo


5. Uso do acento grave

                O acento grava usa-se nos seguintes casos:

a) para assinalar  a contração da preposição a com as formas femininas do artigo ou do pronome demonstrativo a:
. a + a > à

b) para assinalar a contração da preposição a com os demonstrativos aquele(a), aqueles(as), aquilo:
. àquele(s)
. àquela(s)
. àquilo

Bibliografia:
. Gramática do Português, Maria Regina Rocha;
. Domínios, Zacarias Nascimento e Maria Vieira Lopes;
. Da Comunicação à Expressão, M. Carmo Lopes et ali


Costa e Nogueira, a brincadeira de crianças


(c) Henricartoon

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

A prenda de Natal de Marcelo Rebelo de Sousa: um orçamento fraudulento


"O Orçamento de Estado 2019 foi promulgado pelo Presidente. Um OE que prevê 1700 milhões de euros para "tapar buracos" na Banca (corrupção). A estes somam-se 1500 milhões para as ruinosas parcerias público-privadas rodoviárias (que deveriam ser apenas 340!, mais corrupção). Ainda quatro mil milhões para participações em empresas (?!) não explicados (corrupção?). E mais 1200 milhões para a Parpública (mais participações). Só em despesas extraordinárias desbarata-se mais de 10% do Orçamento de Estado. 
Nos últimos anos, o Orçamento transformou-se no principal instrumento de corrupção de Estado. Marcelo deveria ter vetado o documento. Mas preferiu continuar com a tradição e pactuar com um (mais um!) Orçamento opaco, obscuro, fraudulento. 
Porque ninguém fala disto, partilhem por favor, a bem da verdade!"

                                        Paulo de Morais

     O post original pode ser encontrado no Portugal Glorioso [aqui].

domingo, 23 de dezembro de 2018

Género da palavra "hambúrguer"

     De acordo com Sandra Duarte Tavares (500 erros mais comuns da língua portuguesa, pp. 29 e 30, 2.ª ed.), "A palavra hambúrguer provém do inglês hamburger e corresponde à abreviatura da expressão hamburger steak, que designa um bife à moda de Hamburgo [cidade alemã].".
     Foram os imigrantes alemães de Hamburgo que a introduziram nos Estados Unidos, de onde se espalhou para o mundo.
     Na adaptação deste estrangeirismo ao português, ocorreu a alteração gráfica de - ger para - guer e o seu género manteve-se no masculino.
     Exemplo: Pedi um hambúrguer com queijo e cebola."

Tanta coisa a vir-se!


     Os jornalistas da nossa praça estão sempre a inovar, seja no campo da sexualidade (partes do corpo humano, além das «tradicionais», proporcionam orgasmos - caras, ombros, olhos enraivecidos), seja no da língua (confundindo a terceira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo «ver» com a mesma do verbo «vir[-se]»).

sábado, 22 de dezembro de 2018

Plural de "bolo-rei"

     Qual é o plural de "bolo-rei"? "Bolos-rei" ou "bolos-reis"?

     A forma adequada é a segunda: bolos-reis.
     De acordo com as regras de formação dos nomes compostos, quando se trata de palavras compostas por dois nomes, ambos os elementos vão para o plural.
     No entanto, segundo alguns especialistas, só o primeiro elemento deve ser pluralizado ("bolos-rei"), pois trata-se de um tipo de bolo, logo o segundo elemento está a especificar o primeiro (é um nome que funciona como determinante específico, segundo Celso Cunha e Lindley Cintra).

     Assim sendo, o uso das duas formas parece ser aceitável.
     Por um lado, "bolos-reis", dado que se trata de realidades que se enquadram simultaneamente na classe dos bolos e na classe dos reis; por outro, "bolos-rei", em virtude de ser um tipo de bolo, logo o segundo elemento funciona como determinante específico.
     Recomenda-se, contudo, a utilização de bolos-reis.

HOGE há bacorada


Graus diminutivo e aumentativo de "Natal"

Enquanto nome, o vocábulo Natal pode apresentar-se nos graus diminutivo e aumentativo, seguindo os mesmos processos dos demais nomes.

Assim, os graus podem formar-se:

1. acrescentando-lhe um adjetivo que indique aumento (“grande”, “enorme”) ou diminuição (“pequeno”, minúsculo”):
- diminutivo: “Natal pequeno / minúsculo”;
- aumentativo: “grande Natal”;
,
2. adicionando-lhe sufixos aumentativos (-ão, -aço, -uça, -az, etc.) e diminutivos (-inho, -ito, -zinho, -icho, -ucho, -eco, etc.):
- diminutivo: Natalinho, Natalito, Natalzinho, Natalzito, etc.;
- aumentativo: Natalão, Natalaço.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Sufixo gentílico -iano: açoriano

     Não obstante a palavra Açores possuir um e na sua terminação, o habitante das ilhas designa-se açoriano, sim, com i.

     A razão da alteração das vogais prende-se com o facto de o adjetivo se formar adicionando o sufixo gentílico -iano à base açor, sufixo esse que entra na composição de outras palavras, como canadiano, cabo-verdiano, iraquiano, iraniano, equatoriano, etc.

     A regra é simples:
  • sempre que se associa um sufixo a uma base que termina em vogal, esta é suprimida:
  • carro - carrinho
  • sempre que se associa um sufixo a uma base cujo plural termina em -es, o sufixo associa-se ao singular terminado em -r:
  • flor (plural flores- florinha
  • cor (plural cores) - corzinha 
  • açor (plural açores) - açoriano

"Mandado" ou "mandato"?

     As palavras mandado e mandato são objeto de confusão frequente.

     O nome mandado (formado do verbo mandar) provém do latim mandatus e designa uma ordem oficial escrita, de caráter imperativo, emanada de uma autoridade judicial ou administrativa.  Implica, pois, uma ordem da parte de quem o emite e obediência de quem o recebe.
  • A juíza de instrução emitiu um mandado de busca contra a SAD do Benfica.
     Pode ser um madado de prisão, um mandado de busca, um mandado de captura, um mandado judicial...

     Por sua vez, o nome mandato provém do latim mandatum e designa o período de exercício de um determinado cargo eleitoral.
  • A presidente Dilma não concluiu o seu mandato.
     "O mandato é o poder concedido, por meio de votação, a uma pessoa ou partido político durante um determinado período, o encargo, a delegação. Trata-se de uma palavra da mesma família do verbo «mandatar»: quem recebeu ou tem um mandato foi mandatado para desempenhar uma função ou para cumprir uma missão." (Rocha, Maria Regina, in "Diário do Alentejo", 14 de março de 2008). Ou seja, no mandato delegam-se determinadas funções ou trabalhos em determinada entidade, que é o mandatário. O indivíduo A autoriza o B, confere-lhe o poder de agir em seu nome em determinada situação. Temos como exemplo a procuração que um indivíduo passa a outro, ou os deputados da Assembleia da República, que têm um mandato a cumprir que lhes é conferido pelos seus eleitores.
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