Português

domingo, 12 de dezembro de 2010

Funções sintácticas: PREDICATIVO do SUJEITO

          O predicativo do sujeito é a função sintáctica desempenhada pelo constituinte seleccionado por um verbo copulativo (ser, estar, ficar, continuar, parecer, permanecer, revelar, tornar-se...) e que predica algo acerca do sujeito.

          O predicativo do sujeito pode ser constituído por:

               » um grupo nominal:
                    . Eu sou professor de Português.
                    . A Vera é uma rapariga alta e elegante.

               » um grupo adjectival:
                    . Os teus filhos são lindos.
                    . Estes alunos são muito interessados.

               » um grupo preposicional:
                    . A minha mãe está em Mangualde.
                    . A Joana ficou em casa.
                    . Caeiro era de estatura mediana.
                    . O Jorge Jesus está sem ânimo.

               » um grupo adverbial:
                    . Fiquem bem, amigos!
                    . O teu aniversário foi anteontem.
                    . A minha casa é aqui.
                    . O teste é amanhã.
                    . Os doentes permanecerão aqui.
                    . O Euclides está em Lisboa e muito doente.

               » uma oração:
                    . Pensar é estar doente dos olhos.
                    . A felicidade da Joana é olhar o namorado.

Funções sintácticas: PREDICATIVO do COMPLEMENTO DIRECTO

          O predicativo do complemento directo é a função sintáctica desempenhada pelo constituinte seleccionado por um verbo transitivo predicativo (achar, nomear, considerar, declarar, designar, eleger, fazer, julgar, nomear, supor, ter por, tornar, tratar...) que predica algo acerca do complemento directo.
                    . A Sophie considera a Ernestina um péssimo professor.
                    . O Pedro acha a Maria Lisboa bonita.
                    . A Vera considera este filme sem interesse nenhum.
                    . Os portugueses elegeram Cavaco Silva Presidente da República.

Funções sintácticas: VOCATIVO

          O vocativo é a função sintáctica que representa a pessoa ou realidade a quem nos dirigimos, que chamamos ou interpelamos, isto é, o vocativo identifica o nosso interlocutor. Surge em frases de tipo imperativo, interrogativo e exclamativo.

                    . Rute, come a sopa!
                    . Come a sopa, Rute!
                    . Admito, Carolina, que me enganei.

Modificador da frase

          O modificador da frase é a função sintáctica desempenhada por um constiuinte não seleccionado por nenhum elemento do grupo sintáctico de que faz parte, podendo, por isso, ser omitido sem que a frase perca sentido:
                    . Decididamente, o Benfica não será campeão neste Natal.
                    . O Benfica não será campeão neste Natal.

                    . Felizmente, o Benfica triunfou.
                    . Matematicamente, essa equação está errada.

          O modificador frásico pode ser constituído por:

               » um grupo preposicional que incide sobre a frase:
                    . Com grande mérito, o Benfica venceu o Sp. de Braga.
                    . Para preocupação de todos, o teste de Português foi muito difícil.
                    . Na realidade, a Grécia continua à beira da bancarrota.

               » um grupo adverbial que incide sobre a frase:
                    . Sinceramente, não acredito que o Benfica seja campeão esta época.
                    . Talvez seja verdade o que dizes.
                    . Infelizmente, todos tiveram positiva no teste.
                    . Bem, acho que vou dormir.
                    . Efectivamente, não gosto de vós.
                    . Naturalmente, o Antunes foi à vareja.
                    . Lamentavelmente, a Luísa reprovou.

               » uma oração subordinada adverbial condicional:
                    . Se nevar, faço um boneco de neve com cenoura e tudo.
                    . Se cantasse bem, concorria ao Ídolos.
                  ou concessiva:
                    . Apesar de teres estudado, não vais à viagem de finalistas.
                    . Embora o céu esteja nublado, não se espera que chova.



TESTES

          Para distinguir o modificador do grupo verbal e da frase existem alguns testes que podem aplicar-se:

1.º Teste:

     » Os modificadores do grupo verbal permitem testes com interrogação por clivagem ("ser ... que"), sendo a pergunta uma frase bem formada  e a resposta a essa pergunta SIM:
          . Ontem, o Antunes foi atropelado.
          Pergunta: Foi ontem que o Antunes foi atropelado?
          Resposta: Sim.
         
          Pelo contrário, o modificador da frase não admite esse tipo de pergunta, pois não configura uma frase bem formada:
          . Naturalmente, o Antunes foi à vareja.
          Pergunta: * Foi naturalmente que o Antunes foi à vareja? (1)


2.º Teste:

     » Os grupos adverbiais que são modificadores do grupo verbal podem ainda ser negados:
          . O Antunes foi atropelado não ontem, mas hoje.

     » Já os modificadores adverbiais da frase não podem ser negados:
          . * Não naturalmente, mas provavelmente o Antunes foi à vareja.


3.º Teste:

     » Os modificadores da frase não podem ser interrogados:
          . * Como é que a Luísa reprovou? - Lamentavelmente.


4.º Teste:

     » O modificador da frase não é recuperado quando se elide o predicado (logo não faz parte deste):
          . Honestamente, surpreendeu-me a postura do Benfica e a do Porto também
            [me surpreendeu]. - ao repetir o predicado, não é necessário recuperar o
            modificador

     » O modificador do grupo verbal, pelo contrário, é recuperado quando se elide o predicado:
          . Jorge Jesus agiu honestamente e nós também [agimos honestamente]. - ao
            repetir o predicado, é necessário recuperar o modificador.

* * * * * * * * * *

Fontes:

     » Dicionário Terminológico;
     » AMORIM, Clara e SOUSA, Catarina, Gramática da Língua Portuguesa, Areal Editores;
     » PINTO, José M. de Castro et alii, Gramática do Português Moderno, Plátano Editora.

Complemento agente da passiva

                O complemento da agente da passiva é a função sintática desempenhada, numa frase passiva, por um grupo preposicional introduzido pelas preposições por (e suas formas contraídas: pelo, pela etc.) ou, mais raramente, de, precedida(s) de um verbo na passiva.
                Esta função sintática só existe quando a frase se encontra na forma passiva e contém verbos transitivos diretos, isto é, que «pedem» complemento direto na forma ativa.
Exemplos:                      predicado
a) O bolo foi comido pelo João.
sujeito              complemento agente da passiva

b) O carro é conduzido por ti.

c) O caso é conhecido de todos.
                Pelos exemplos apresentados se conclui que o complemento agente da passiva faz parte do predicado.

                Quando se transforma uma frase ativa em passiva, ocorrem as seguintes transformações:

1.ª) o sujeito da frase ativa torna-se complemento agente da passiva da passiva na frase passiva:
‑ Fr ativa: O gato comeu o rato.
sujeito
‑ Fr passiva: O rato foi comido pelo gato.
c. agente da passiva

2.ª) o complemento direto da frase ativa torna-se sujeito da frase passiva:
‑ Fr ativa: O gato comeu o rato.
complemento direto
‑ Fr passiva: O rato foi comido pelo gato.
sujeito

3.ª) o verbo principal da frase ativa é conjugado, na passiva, no particípio passado e é introduzido o verbo auxiliar «ser», conjugado no mesmo tempo em que se encontrava o verbo principal da ativa:
‑ Fr ativa: O gato comeu o rato.
verbo principal no pretérito perfeito
        |‑ Fr passiva: O rato foi comido pelo gato.
verbo auxiliar         verbo principal no particípio passado
«ser» no
pretérito perfeito


4.ª) os demais elementos da frase, se os houver, mantém-se inalterados:
‑ Fr ativa: Ontem, pelas onze horas, o gato comeu o rato na cozinha.
‑ Fr passiva: Ontem, pelas onze horas, o rato foi comido pelo gato na cozinha.

                Por outro lado, note-se que o complemento agente da passiva pode surgir:
a) em frases passivas, com o verbo auxiliar «ser« seguido de particípio (os exemplos analisados até aqui):
. A Maddie foi raptada por um louco.
b) em estruturas participiais, isto é, sem o verbo auxiliar expresso:
. Este é um caso conhecido de todos.


Funções sintácticas: COMPLEMENTO OBLÍQUO

          O complemento oblíquo é seleccionado pelo verbo e pode assumir a forma de um grupo adverbial, de um grupo preposicional ou a coordenação de ambos.
                    . O Pérciles foi a Atenas.
                    . Os acusados de corrupção vão para a prisão.
                    . A Vera portou-se mal.
                    . Eu gosto de chocolates.
                    . Tu moras aqui ou em Mangualde?
          Dito de outra forma:
                    » quem vai, vai a algum lugar;
                    » quem se porta, porta-se de um determinado modo;
                    » quem gosta, gosta de alguma coisa;
                    » quem mora, mora nalgum local.

          O complemento oblíquo não pode ser substituído pelas formas pronominais «lhe», «lhes»:
                    . * O Pérciles foi-lhe.
                    . * Os acusados de corrupção vão-lhe.
          A possibilidade de substituição pelo pronome pessoal dativo é a forma mais prática de distinguir o complemento oblíquo do complemento indirecto.

Funções sintácticas: COMPLEMENTO INDIRECTO

          O complemento indirecto é um complemento seleccionado pelo verbo que tem a forma de grupo presposicional (geralmente introduzido pela preposição «a»):
                    . Ofereci um ramo de flores à minha esposa.
                    . Telefonei ao meu amigo de Moçambique.

          O CI pode ser substituído pelo pronome pessoal na sua forma dativa (lhe, lhes):
                    . Ofereci-lhe um ramo de flores.
                    . Telefonei-lhe.

          O teste tradicional para descortinar o CI consiste em perguntar ao verbo «a quem?»:
                    . Ofereci um ramo de flores à minha esposa.
                    . Oferecium ramo de flores a quem?
                    Resposta: À minha esposa. (=> complemento indirecto)

Funções sintácticas: COMPLEMENTO DIRECTO

          O CD é um constituinte obrigatório seleccionado pelo verbo (transitivo directo), não precedido de preposição.

          O CD pode assumir a forma de um grupo nominal substituível por um pronome pessoal acusativo (o, a, os, as):
                    . A Sara roubou a maçã.
                    . A Sara roubou-a.
                    . A Margarida perdeu a mala que a mãe lhe ofereceu.
                    . A Margarida perdeu-a.

          O CD pode assumir a forma de uma oração subordinada substantiva substituível pelo pronome pessoal átono «o»:
                    . A Irene disse que o professor assaltou o vendedor de bolas de Berlim.
                    . A Irene disse-o.
                    . A Joana também perguntou se o gato regressou.
                    . A Joana também o perguntou.

Funções sintácticas: PREDICADO

          O predicado é a função sintáctica desempenhada pelo grupo verbal:
                    . O Benfica vencerá o Sp. Braga hoje?
                    . Surpreende-me que tu não estudes.

          Fazem parte do preciado as seguintes funções sintácticas:
                    » complemento directo;
                    » complemento indirecto;
                    » complemento oblíquo;
                    » complemento agente da passiva;
                    » predicativo do sujeito;
                    » predicativo do complemento directo;
                    » modificador(es).

Outra Análise de "Quadrilha", de Carlos Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.


Em «Quadrilha», de Drummond de Andrade, há uma divertida sucessão de amores desencontrados, «não-correspondidos», como se diz, até que a cadeia se quebra quando aparece alguém que «não amava ninguém». Depois, o poema revela telegraficamente o desfecho de cada vida, finais pouco felizes, e alguns trágicos. Apropriadamente, a mulher que «não amava ninguém» foi a única que se casou. E casou com «J. Pinto Fernandes», cuja inicial lembra a designação de uma empresa, e nos inspira uma imediata antipatia, tanto mais que ele «não tinha entrado na história». Mas o J aponta provavelmente para um nome bastante comum, como José, sem nada de ridículo, certamente não tão ridículo como Raimundo. E se o senhor J. é «Pinto Fernandes», os outros devem ser certamente «Alves» e «Figueiredo» e assim. Gente banal com nomes banais. O poema sugere uma empatia para com todos os envolvidos, com excepção de J. Pinto Fernandes; mas acho que é possível, e até indispensável, defender uma conclusão diferente. Claro que João, Teresa, Raimundo, Maria e Joaquim, que amaram e não foram amados, merecem a nossa compaixão. Mas se o «não amava ninguém» de Lili também vale para o casamento dela com J. Pinto Fernandes, então eu diria que Lili é a única personagem negativa desta quadrilha. Quando a J. Pinto Fernandes, nada nos garante que seja mais duvidoso ou menos louvável do que Joaquim, Maria, Raimundo, Teresa e João. Além de que é provável que amasse Lili, que porventura não o amava a ele, o que dá a J. uma aura trágica que nos toca. O facto de não ter entrado na história não o desqualifica. Entrou certamente noutras histórias, na sua história, todas as histórias têm sempre gente nova a entrar. Não sei muita coisa sobre J. Pinto Fernandes, mas sei que já perdi duas mulheres para ele, e acho que ele as merece mais do que eu.
(c) Pedro Mexia, http://a-leiseca.blogspot.com/

          Pedro Mexia é um poeta e crítico literário, autor do blogue http://a-leiseca.blogspot.com/, ex-director da Cinemateca e membro do Governo Sombra, programa da TSF que passa às sextas-feiras (19 - 20 H) e aos domingos (13 - 14 H), em que tem a companhia de Ricardo Araújo Pereira, João Miguel Tavares e Carlos Vaz Marques.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Funções sintácticas

1. Funções sintácticas ao nível da frase:
          » Sujeito:
                         . Simples
                         . Composto
                         . Nulo
          » Predicado
          » Modificador
          » Vocativo

2. Funções sintácticas internas ao grupo verbal:
          » Complemento:
                                     . Complemento directo
                                     . Complemento indirecto
                                     . Complemento oblíquo
                                     . Complemento agente da passiva
          » Predicativo:
                                 . Predicativo do sujeito
                                 . Predicativo do complemento directo
          » Modificador

3. Funções sintácticas internas ao grupo nominal:
          » Complemento do nome
          » Modificador:
                                   . Modificador restritivo
                                   . Modificador apositivo

4. Funções sintácticas internas ao grupo adjectival:
          » Complemento do adjectivo

domingo, 5 de dezembro de 2010

Matriz do teste (2.º - 2010-11)

Grupo I

          Texto A

                    » Questionário sobre um texto de Ricardo Reis.

          Texto B

                    » Exercício de escolha múltipla sobre um texto informativo;
                    » Exercício de Verdadeiro / Falso:
                              . coesão textual;
                              . tipos de sujeito;
                              . relações de sentido entre palavras.

Grupo II

          » Questões sobre gramática:
                    . funções sintácticas;
                    . actos de fala.

Grupo III

          »Texto de reflexão.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Álvaro de Campos e Pablo Picasso

     Pablo Picasso, Mulher que chora


          Que relações poderemos estabelecer entre as obras de Picasso e de Álvaro de Campos?

          O vosso trabalho final consiste na elaboração de um texto de apreciação crítica / reflexão, constituído por duzentas a trezentas palavras, no qual reflictam sobre o conceito de arte que ambos traduzem (o quadro de Picasso e o verso de Campos).

          Antes, porém, de chegarmos à fase de produção textual, preocupemo-nos com as tarefas seguintes:

               1.ª) Quem foi Pablo Picasso (vida e obra)?
                         . http://www.suapesquisa.com/picasso/
                         . http://www.artcyclopedia.com/artists/picasso_pablo.html
                         . linha cronológica
                         . http://pt.wikipedia.org/wiki/Pablo_Picasso

               2.ª) Identificação da imagem (nome, autor, ano de edição...):
                         . informações sobre
                         . apresentação de
                         . in english

               3.ª) Quem foi Newton?
                    
               4.ª) O que é o «binómio de Newton»?

               5.ª) O que é a Vénus de Milo?
                         . http://www.sescsp.org.br/sesc/galeria/20mundo/obra20.htm
                         . http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%AAnus_de_Milo

          Na posse destes dados, passemos à elaboração do plano do texto, marcando claramente uma Introdução, o seu Desenvolvimento e a respectiva Conclusão e os elementos a incluir em cada um dos três momentos referidos, depois de uma observação atenta da representação do quadro e da análise do verso.

          Traçado o plano, passamos então à elaboração do texto, sabendo que são três as áreas centrais do nosso trabalho:
                       . descrição da imagem;
                       . clarificação do sentido do verso de Campos;
                       . relacionação da imagem com o verso, tendo por pano de fundo o tema proposto para a elaboração do texto: o conceito de arte veiculado pelas duas peças de arte.



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