Português

quinta-feira, 8 de março de 2012

Maria Eduarda Runa

     "Linda morena, mimosa", Maria Runa é uma fidalga filha do conde de Runa, doente e frágil.
     Acompanha o marido, Afonso da Maia, no exílio, mas mostra-se sempre infeliz em Inglaterra, andando sistematicamente pensativa e triste, a tossir, a suspirar e calada, mostrando assim a sua nostalgia / saudade de Portugal.
     De facto, "verdadeira lisboeta, pequenina e trigueira", Maria Runa é hostil a tudo o que tenha a ver com a Inglaterra, pelo que, durante o período em que lá vive, surge constantemente pensativa, melancólica e inativa. Definha gradualmente e entrega-se à religião de uma forma beata e incondicional. Nem a viagem a Roma e a proximidade do Papa diminuem as saudades do solo pátrio.
     Odiando aquela terra de hereges, não consente que seu filho Pedro estude no colégio de Richmond, porque, segundo ela, aí não se ensinava o «seu catolicismo». Assim, convoca o padre Vasques, capelão de Runa, para educar o filho, que superprotege, facto que terá consequências nefastas para ele futuramente.
     A última notícia que temos dela é proveniente do narrador, que nos informa que morreu "numa agonia terrível de devota".

Deixis / Deíticos

  • Deixis, etimologicamente, liga-se ao ato de mostrar, de apontar através da linguagem.
  • A deixis designa o conjunto de palavras ou expressões que têm como função apontar para o contexto situacional, isto é, que assinalam as marcas da enunciação: o locutor - o sujeito que enuncia, o interlocutor - o sujeito a quem se dirige, o tempo e o espaço da enunciação.
  • O locutor / sujeito da enunciação é o fulcro a partir do qual se estabelecem as coordenadas do contexto:
  • EU: a pessoa que fala
  • TU: a pessoa que me escuta
  • AQUI: o lugar em que o EU se encontra
  • AGORA: o momento em que o EU fala 
  • Dito de outra forma: para que o discurso seja coerente, é necessário que esteja adequado a uma situação de comunicação (o chamado contexto situacional). Os dois elementos envolvidos na produção de qualquer enunciado ou discurso - o EU (locutor) e o TU (interlocutor) - inserem-se num determinado tempo (AGORA) e num determinado espaço (AQUI) e partilham (ou não) um universo de referência - o mundo extralinguístico.
  • Os deíticos são as palavras ou expressões (os elementos linguísticos) que, não tendo um valor referencial próprio, remetem para a situação em que é produzido o texto, isto é, permitem situar o enunciado em relação a um tempo, a um espaço, aos sujeitos e às circunstâncias diversas de comunicação.

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1. Deixis pessoal
  • Indica as pessoas do discurso, que participam no ato de enunciação.
  • Integram este grupo:
  • os pronomes pessoais de 1.ª e 2.ª pessoa: eu, tu, nós, vós, me, te, nos, vos...;
  • os determinantes e pronomes possessivos de 1.ª e 2.ª pessoa: meu, teu, nosso, vosso...;
  • os sufixos flexionais de pessoa-número: cantas, cantamos...;
  • os vocativos.

2. Deixis espacial
  • Assinala a localização espacial de indivíduos ou objetos, tendo como ponto de referência o lugar em que decorre a enunciação.
  • Integram os deíticos espaciais:
  • os advérbios com valor locativo (= de lugar): aqui, ali, além, cá, lá...;
  • as locuções adverbiais com valor locativo: aqui perto, lá de cima...;
  • os pronomes e determinantes demonstrativos: este, esse, aquele, aquilo, o outro, o mesmo...;
  • alguns verbos que indicam movimento: ir, vir, trazer,levar, partir, chegar, aproximar-se, afastar-se, subir, entrar, sair, descer...;
  • algumas preposições e locuções prepositivas: perante, ao lado de...
  • Ex.: Dê-me aquele bolo.
O determinante demonstrativo aquele aponta para um bolo presente no contexto situacional e localiza-o num espaço distante do(s) interlocutor(es).

3. Deixis temporal

  • Localiza, no tempo, factos relacionados com a enunciação (o momento da enunciação e o que, em simultâneo, ocorre com ela; o que ocorre antes do momento da enunciação; o que o locutor pensa que virá a acontecer depois).
  • Integram os deíticos temporais:
  • os advérbios de tempo: ontem, hoje, amanhã...;
  • locuções adverbiais ou expressões de tempo: na semana passada, no dia seguinte, no próximo mês...;
  • os sufixos flexionais de tempo-momento-aspeto: falávamos, cantas...;
  • alguns adjetivos: futuro, atual, contemporâneo...;
  • alguns nomes: véspera...;
  • algumas preposições e locuções prepositivas: após, depois de, antes de...
  • Ex.: Quando tu entraste, ontem, em casa, a mãe já tinha saído.
O advérbio ontem é um deítico cujo valor referencial depende do conhecimento acerca do momento de enunciação: será impossível interpretar ontem sem se saber quando foi produzido o enunciado.
O pretérito perfeito entraste constitui um ponto de referência fundamental, remetendo para um tempo anterior ao da enunciação e, simultaneamente, fixando um ponto de referência discursivamente construído para uma nova relação de anterioridade expressa pelo pretérito mais-que-perfeito composto tinha saído.

4. Deixis social
  • Assinala a relação hierárquica existente entre os participantes na interação discursiva e os papéis que desempenham.
  • Desempenham a função as formas de tratamento: o senhor, o senhor diretor, o senhor presidente, vossa excelência...

5. Deixis textual
  • Demarca e organiza, anafórica e cataforicamente, o tempo e o espaço do próprio texto (escrito ou oral).
  • Constroem a deixis textual expressões como como referir antes, a ideia antes expressa, como se referiu no parágrafo anterior, como se demonstrou acima, veremos seguidamente...


IMPORTANTE
  • Não se deve confundir elementos anafóricos com deíticos.
  • Os elementos anafóricos identificam-se como elementos de retoma (relação entre termos / expressões linguísticos), enquanto os deíticos referenciam a situação de enunciação (relação do termo / expressão linguística com a situação de produção do enunciado).
Exemplo 1: anafóricos
. A casa da Maria é acolhedora. Ali sente-se a humanidade que a caracteriza.
Exemplo 2: deíticos
. Quero que me dês os apontamentos que estão ali.

quarta-feira, 7 de março de 2012

"Os companheiros do medo"

            A imagem retratada na figura [no quadro], intitulada “Os companheiros do medo”, foi criada em 1942 por René Magritte, que foi um pintor belga, nascido a 21 de novembro  de 1898, que se dedicou ao surrealismo e que foi morrer [morreu] em Bruxelas a 15 de agosto de 1967.
            Em primeiro plano, observam-se, imediatamente, duas corujas e três mochos e, em segundo plano, observam-se montanhas e o céu. No primeiro plano, estão representados animais da noite que nos remetem para a falta de vida, assim como todo o solo onde elas se encontram, desprovido de cor, avistando-se apenas pequenas plantas e um curto areal. Em segundo plano, observam-se montanhas no horizonte, com neve, e um céu escuro carregado de nuvens. Toda a imagem nos remete para o título, pois só nos faz recordar morte e agonia. A imagem é caracterizada por cores frias e tristes, como o cinzento e o preto, e a morte é simbolizada pelos mochos, as corujas, as nuvens carregadas e o solo nú [nu].
            O ato segundo da peça Frei Luís de Sousa relaciona-se com a imagem, devido ao facto de que, tal como a imagem,  nos remete para a ausência de vida, a agonia e o desespero, aquele também é caracterizado pela tristeza da chegada ao palácio que outrora fora de D. João de Portugal e pela descoberta iminente das personagens.

"Os companheiros do medo"

        Na página 118 do manual, encontra-se uma imagem que é obra do famoso pintor belga René Magritte, intitulada de “Os companheiros do medo”. René Magritte nasceu em Lessines, no dia 21 de novembro de 1896, morrendo no dia 15 de agosto de 1967, em Bruxelas. Com 52 anos (em 1942), desenvolveu a obra presente na página referida anteriormente.
            A obra tem como plano principal 5 aves noturnas, nomeadamente mochos e corujas. Os animais referidos procuram alimento e mantêm-se acordados durante a noite e descansam durante o dia, sendo este processo diferente do da maioria dos animais. A noite caracteriza o medo, sendo o pesadelo de muitas pessoas e principalmente da maioria das crianças, pois é durante a noite que as supostas criaturas assustadoras aparecem. A origem do nome da obra provém do facto de estes seres circularem durante a noite (como se fossem criaturas assustadoras do imaginário infantil). Dos 5 animais representados, 3 são grandes e os 2 restantes são mais pequenos, porém todos eles têm uma cor bastante escura, em tons de castanho-escuro. As patas das criaturas estão representadas por folhas que estão presas ao solo, sendo este constituído por algumas rochas.
            O segundo plano da obra é precisamente o fundo desta. Nele estão representados várias montanhas com diversos espaços brancos. O céu também faz parte do segundo plano da obra, estando o topo do céu representado por diversas nuvens negras, podendo adivinhar-se uma tempestade. O único ponto de luz do quadro está na parte do céu que se encontra mais junto das montanhas, estando essa parte em tons de amarelo.
            A obra Frei Luís de Sousa relaciona-se com a imagem, pois nela as personagens vivem atormentadas pelo medo e o quadro representa o medo provocado pela noite e pelas criaturas noturnas. e no Frei Luís de Sousa algumas personagens atormentam outras como se fossem as criaturas da noite. 

domingo, 4 de março de 2012

Lisa Marie & Elvis Presley - "In The Ghetto"



Maravilhas da tecnologia: pai e filha juntos pela primeira vez, trinta anos depois da morte dele.


Ensino público "versus" ensino privado

Alunos vindos de privadas têm piores notas

     Um estudo da Universidade do Porto concluiu que a classificação de entrada não permite prever o desempenho académico individual e que, em média, os estudantes provenientes de escolas privadas revelam pior desempenho do que os das escolas públicas.

Stevie Wonder e o futebol português

sábado, 3 de março de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

Benfica - Porto



quinta-feira, 1 de março de 2012

Caetano da Maia

     Pai de Afonso, Caetano da Maia é um «português antigo e fiel», um conservador.
     Fidalgo beato e religioso, antijacobino ferrenho e miguelista convicto, expulsa o filho de casa, sem mesada, no entanto as lágrimas da mulher e as razões da tia Fanny levam a desterrá-lo para Santa Olávia por causa das suas ideias políticas.

Afonso da Maia

1. Retrato atual

     a. Retrato físico
  • Afonso da Maia é um velho «mais idoso que o século». Tendo em conta que a ação se inicia em 1875, tal significa que a sua idade será superior aos 75 anos, símbolo da sua sabedoria e experiência de vida;
  • É forte, saudável e resistente aos desgostos e à passagem dos anos;
  • Um pouco baixo, maciço, de ombros quadrados e fortes;
  • Tem a face larga, o nariz aquilino e a pele corada, quase vermelha;
  • Cabelo branco cortado à escovinha e longa barba branca.

     b. Retrato moral
  • Ama os seus livros, o seu whist, o conforto da sua poltrona e o seu semelhante, praticando assiduamente a caridade, o que evidencia o seu lado caridoso, generoso e solidário.

     c. Retrato social
  • Rico, graças a um conjunto de heranças que a família recebeu e que possibilitam que não tenha trabalhado um único dia da sua vida.


2. Breve história de Afonso da Maia - Grande analepse

     A analepse inicia-se em 1820, ano da Revolução Liberal, e abrange 55 anos, pois termina em 1875.

     a. Primeiro exílio (voluntário)
  • Rebelde, liberal e jacobino, segundo o pai, lê Rousseau, Volney, Helvécio e a Enciclopédia, de Tácito de Rabelais.
  • Adepto da Constituição, maçon (segundo o pai), defende valores opostos ao deste, pelo que é expulso de casa para Santa Olávia.
  • Enfastiado do campo e perdoado, Afonso regressa a Lisboa e parte, quase de seguida, rumo ao exílio voluntário em Inglaterra, onde vive confortavelmente com o dinheiro do pai, portando-se sempre como diletante e estrangeirado, indiferente à situação política portuguesa, esquecendo os seus correligionários maçónicos e de lides políticas, que, em Portugal, continuam a sua intervenção política militante e ativa contra o Absolutismo e são perseguidos por D. Miguel nos dias da Abrilada, enquanto ele assiste às corridas em Epson.
  • Este conflito entre pai e filho é, no fundo, um conflito entre duas gerações. De um lado, temos Caetano da Maia, miguelista, absolutista, conservador e beato; do outro, Afonso, liberal, revolucionário e inovador.

     b. Casamento
  • Afonso regressa a Lisboa por causa da morte súbita do pai.
  • Casa com Maria Eduarda Runa, da qual tem um filho, Pedro da Maia.
  • Faz obras em Benfica, preparando o futuro.
  • Face à Lisboa miguelista, recorda com saudades a Inglaterra e anseia por uma aristocracia tory que possa repor a ordem, o progresso e a moral.

     c. Segundo exílio (forçado)
  • Vendo o seu domicílio invadido pelos seguidores de D. Miguel, exila-se novamente em Inglaterra, onde vive rodeado de luxo.
  • Observa as desigualdades que existem entre os emigrados liberais, o que o leva a descrer do liberalismo, mas nunca se envolve ativamente no combate às mesmas.
  • Pelo contrário, estuda e admira a língua e a cultura inglesas, integrando-se com naturalidade no universo social e cultural inglês. Conserva a prática da caridade e da solidariedade.
  • Mostra-se impotente face ao fanatismo religioso e à ignorância da mulher. Procurando despertá-la desse estado de espírito, viaja para Roma e, posteriormente, regressa a Benfica. A deterioração da doença e do beatismo de Maria Runa tornam-no cada vez mais ateu e revoltado contra a pobreza espiritual do país.

     d. Suicídio de Pedro
  • Mostra-se colérico por ver o filho naquela situação humilhante, antecipando o escândalo, a desonra da família e «o seu nome pela lama»;
  • Mostra-se, por outro lado, indignado pela incapacidade de Pedro reagir «como homem» à situação, lançando-se, em vez disso, «... para um sofá, chorando miseravelmente...»;
  • Porém, a visão de Pedro mergulhado na dor lancinante reaviva-lhe toda a ternura pelo filho;
  • Sente enorme carinho e felicidade e fica embevecido quando pega no neto pela primeira vez;
  • Ao jantar, não come quase nada e deixa-se cair num estado de melancolia, centrando o seu pensamento na desgraça («... pensando em todas as coisas terríveis que assim invadiam num tropel patético a sua paz de velho...»);
  • É resgatado desse estado pela antevisão de futuras alegrias na presença do neto;
  • Após o suicídio, parte para Santa Olávia mergulhado em pesado luto, o que leva Vilaça a afirmar que «... o velho não durava um ano». No entanto, o neto dar-lhe-á a força para sobreviver à desgraça do filho e viver.

(em atualização)

Seca???


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