Português: Gramática
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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Nomes próprios

             O nome próprio designa alguém ou algo de forma individualizada: uma pessoa, um país, um local, um rio, uma região, uma empresa, um monumento, etc.
Exemplos: João, Portugal, Benfica, Renault, Beira Alta, Mondego, Mosteiro dos Jerónimos, etc.
 
            O nome próprio possui as seguintes características:
1.ª) Não varia em número:
A Beira Alta tem como capital Viseu.
* As Beiras Altas têm como capitais Viseus.
 
2.ª) Excecionalmente, admite plural:
a) Quando designa um conjunto de pessoas que, individualmente, têm o mesmo nome:
Os Joões faltaram às aulas.
b) Quando designa um conjunto – «seres humanos como X»:
Quantos Camões haverá no futuro?
3.ª) Não admite modificadores do nome restritivo:
*O João simpático disse-me adeus.
4.ª) Escreve-se com letra maiúscula, tanto os antropónimos (Miguel, Lopes, Luís, Ribeiro) como os topónimos (Mangualde, Porto, Sagres).
5.ª) Por vezes, pode ocorrer em construções típicas de nomes comuns:
A Viseu do meu tempo já não existe.
 

sábado, 16 de janeiro de 2021

Variedades sociais ou diastráticas

 
2.4. Variedades sociais ou diastráticas (do grego dia = através de + do latim stratu = camada estrato)

 
● As variedades sociais são as variedades da língua usadas por falantes que pertencem à mesma classe social.

 
● Os fatores sociais de variação (as chamadas variáveis extralinguísticas) são a classe social, o nível de instrução, a educação, a idade, o sexo, a origem étnica, entre outros. Um adolescente não fala como um adulto, nem uma pessoa que possua um elevado grau de escolaridade fala como alguém que possua um grau de instrução baixo.

 
● Delas fazem parte os seguintes registos:

 
a) Registo técnico / linguagem técnica: uso de vocabulário específico e rigoroso relativo a determinada profissão, área técnica ou da ciência, e usado nesse contexto.

 
b) Gíria: uso de vocabulário e expressões próprios de determinados grupos (pescadores, estudantes, médicos, etc.).

 
c) Calão: uso de vocabulário grosseiro, nomeadamente por parte de populações com pouca instrução e de baixo nível sociocultural.

 
NOTA: Num mesmo momento, é possível coexistirem diferentes variantes – uma arcaizante e outra que já apresenta o resultado de uma mudança linguística. A estas dá-se o nome de mudança em curso. Exemplo: toiro touro.

 

Variedades situacionais ou diafásicas

 
2.3. Variedades situacionais ou diafásicas (do grego dia = através de + phásis = expressão)

 
● São as variedades da língua que dependem das diferentes situações de comunicação, isto é, o falante adapta o registo de língua às diferentes situações de comunicação em que interage. Um falante expressar-se-á de maneira muito diferente num estádio de futebol, num tribunal, num consultório médico ou numa roda de amigos.

 
● Assim, a língua usada por um falante varia consoante o contexto (local em que se encontra, situação de trabalho, de convívio ou familiar…), o grau de cultura e a idade do interlocutor ou até na sua relação com o mesmo, que pode ser mais ou menos informal.

 
● Em situação formal, o falante recorre a um registo cuidado, de acordo com as exigências dos seus interlocutores (pessoas, instituições, empresas).

 
● Em situação informal, o falante pode fazer uso de um registo de língua mais espontâneo, menos controlado.

 
● Neste âmbito, o falante pode, portanto, socorrer-se dos seguintes registos de língua:

 
▪ Registo literário: uso de recursos especiais ao nível do significante, da estrutura frásica; de linguagem conotativa.

 
▪ Registo cuidado: uso de vocabulário cuidado, frases bem estruturadas/construídas. É mais usado em situações formais (discursos, conferências, crónicas…).
 
▪ Registo corrente: uso de vocabulário corrente, de fácil compreensão, claro e correto. É usado quotidianamente nos meios de comunicação social (rádio, televisão, conversas…).

 
▪ Registo familiar: uso de vocabulário pouco variado, simples, de fácil compreensão, claro e espontâneo. É o mais usado diariamente em situações coloquiais, entre a família e os amigos.

 
▪ Registo popular: uso de vocabulário mais pobre, simples e espontâneo, denotando muitas vezes pouca instrução por parte dos seus falantes. É usado, principalmente, em contextos de oralidade, e é muito expressivo.

 

Variedades africanas

 
2.2.3. Variedades africanas

 
● As variedades africanas correspondem ao português falado em África, nomeadamente em Luanda (Angola) e Maputo (Moçambique), as variedades mais estudadas.

 
● Os países que falam português são Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau.

 
● As variedades africanas, além de possuírem diferenças entre si, divergem também relativamente à variante europeia.


Variedade brasileira

 
2.2.2. Variedade brasileira

 
● A variedade brasileira consiste no português falado no Brasil, apresentando muitas influências de outras línguas.

 
● A língua padrão corresponde à variedade dos falantes cultos do Rio de Janeiro e de São Paulo.

 
● Tal como sucede com a europeia, a variedade brasileira apresenta igualmente diferentes tipos de variação.
 

Variedade brasileira

Variedade europeia

F

o

n

é

t

i

c

a

. pronúncia de vogais fechadas como abertas: «náriz», «levar»;

. pronúncia das vogais tónicas como médias: «Antônio»;

. supressão ou velarização do /r/ final: «mudá», «falarr»;

. semivocalização do /l/ final de sílaba ou de palavra: «auguma», «Brasiu»;

. palatalização do /t/ e /d/ antes de /i/ tónico e átono e de /e/ pós-tónico: «pondj;

. introdução de /i/ entre duas consoantes que não formam grupo consonântico em português: «rapito».

. pronúncia de vogais fechadas como tal: «nariz», «levar»;

. pronúncia das vogais tónicas mais baixas: «António»;

. realização do /r/ simples em final de palavra: «mudar», «falar»;

. velarização do /l/ final de sílaba ou de palavra: «alguma», «Brasil»;

. não palatalização dessas consoantes;

 

. conservação da sequência das consoantes: «rapto».

M

o

r

f

o

s

s

i

n

t

a

x

e

. uso do gerúndio na construção aspetual: «estou comendo»;

. uso do pronome pessoal átono antes do verbo: «Me dê esse livro.»;

. omissão do determinante artigo definido (por exemplo, antes do possessivo): «todo sábado», «seu pai»;

. substituição do pronome pessoal átono “o”, “a” pelo tónico “ele”, com função sintática de complemento direto: «Vi ela na escola.»;

. uso diferente das preposições: «Fui no supermercado.»;

. uso do verbo “ter” em vez de “haver”: «Tem gente burra na sala.»;

. uso do pronome pessoal átono “lhe”, com função sintática de complemento direto: «Eu lhe beijei no sábado.».

. uso do infinitivo pessoal antecedido de preposição: «estou a comer»;

. uso do pronome pessoal átono após o verbo: «Dê-me esse livro.»;

. uso do determinante artigo: «todo o sábado», «o seu pai»;


. uso do pronome pessoal átono “o”, “a” com a função sintática de complemento direto: «Vi-a na escola.»;

. uso das preposições: «Fui ao supermercado.»;

. uso do verbo “haver”: «Há gente burra na sala.»;

. uso do pronome pessoal átono “o”, “a”, com função sintática de complemento direto: «Eu beijei-a no sábado.».

Formas de tratamento

. tratamento familiar: «você»;

. tratamento formal: «o senhor», «a senhora», o cargo, o título.

. tratamento familiar: «tu», «você»;

. tratamento formal: «o senhor», «a senhora», nome próprio, cargo, título ou grau de parentesco.

L

é

x

i

c

o

. “banheiro”

. “café da manhã”

. “ónibus”

. etc.

. “casa de banho”

. “pequeno-almoço”

. “autocarro”

. vocábulos de origem africana: «xingar», «samba»;

. vocábulos de origem tupi: «pipoca», «capim».

 

Variedade europeia: regionalismos e mirandês

 
2.2.1. Variedade europeia

 
● A variedade europeia corresponde ao português falado em Portugal Continental e nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.

 
● A língua padrão ou norma (isto é, a língua usada e compreendida pela generalidade dos falantes) é a variante falada no eixo (imaginário) Coimbra – Lisboa. Há quem considere, no entanto, que a norma da língua portuguesa corresponde à utilizada pelos falantes cultos de Lisboa.

 
● A variedade europeia apresenta, contudo, diferenças dialetais. Ou seja, um habitante do continente e um açoriano ou madeirense falam de forma diferente, tal como um de Lisboa e outro do Porto.

 
● Ou seja, a língua portuguesa apresenta (além de variações continentais) também variedades geográficas que diferem de região para região, dentro do mesmo país. As suas especificidades podem manifestar-se ao nível da pronúncia, da entoação, do vocabulário e da sintaxe. Estamos a falar dos dialetos ou regionalismos.

 
Dialetos regionais ou regionalismos (de dia = meio de + lecto = fala)

 
▪ São expressões e palavras típicas de cada região ou local do país.

 
▪ As diferenças ocorrem:

- na oralidade:

. ditongos ei (leite) e ou (tesouro) a Norte ≠ ditongos reduzidos a Sul: ei > ê (Figueira > Figuêra) ou ou > ô (louro > loro);

- no léxico:

. à minha beira = ao pé de mim (Norte);

. albarda = sela (Alentejo);

. alcagoita = amendoim (Algarve);

. fino = copo de cerveja (Norte);

. bica = café (Centro);

. lambeca = sorvete (Madeira);

. trincar o pé = pisar o pé (Açores).

 

Mirandês: é um antigo dialeto, promovido a segunda língua de Portugal, falada na região de Mirando do Douro.

 

Variedades geográficas ou diatópicas

 
2.2. Variedades geográficas ou diatópicas (do grego «dia» = através de + «topos» = lugar)

 
● As variedades geográficas são aquelas que a língua apresenta de acordo com o local / a região onde é falada.

 
● A língua portuguesa é falada numa vasta área geográfica:

 
● Atualmente o português é falado por mais de 250 milhões de pessoas em todo o mundo, a quinta língua mais falada no globo terrestre, a quinta mais usada na Internet e a terceira nas redes sociais Facebook e Twitter.

 
● Ao longo da sua história, a língua portuguesa entrou em contacto com outras línguas, nomeadamente em razão do processo de colonização, dos Descobrimentos e da emigração, o que propiciou a sua expansão para outras regiões do globo, dando origem a diferentes variedades do português:

variedade europeia;

variedade brasileira;

variedades africanas.

 

Variação histórica ou diacrónica

 
2.1. Variação histórica ou diacrónica (do grego dia = através de + krónos = tempo)

 
● É a variação que a língua sofreu ao longo dos tempos (nela se inscrevem os processos fonológicos, os arcaísmos, etc.): um falante medieval ou contemporâneo de Camões usava uma forma de português diferente da atual.

 
● Existem três fases na História do português:

▪ Português Antigo (séculos XII – XIV);

▪ Português Clássico (séculos XVI – XVIII);

▪ Português Contemporâneo (séculos XIX – XXI).

 
● Exemplos:

. asinha depressa;

. pam pão.

 

Variação linguística

 1. Variação
 
                As línguas, apesar de unas, são organismos vivos, isto é, evoluem ao longo dos tempos (estão constantemente a «perder» e a «ganhar» palavras).

                O que é a variação linguística? É a variação (as transformações, as mudanças) que as línguas sofrem:

▪ ao longo do tempo (não falamos hoje como falávamos na época medieval, ou noutra época passada);

▪ em função da geografia (local onde são faladas) – o português falado em Lisboa não é exatamente igual ao falado no Porto ou nos Açores;

▪ dentro da sociedade (contexto em que são usadas e falantes que as utilizam, em função quer do nível social e cultural dos falantes, quer da situação de comunicação).

                Com efeito, o tempo, a geografia/ o espaço, a sociedade/o meio social e a situação discursiva constituem os fatores que justificam essa variação.

                De facto, é evidente que a língua portuguesa evoluiu ao longo dos tempos (basta ler, por exemplo, um extrato de um texto de Gil Vicente ou de Camões, etc., para compreender que o português dessas épocas era muito diverso do atual), mas é igualmente claro que um falante do Porto fala de modo diferente de um do Algarve, ou que uma criança possui um discurso diferente do de um adulto, ou ainda que falantes de diferentes extratos socioculturais, embora comuniquem entre si, o fazem recorrendo a registos distintos.

                Em suma, todas as línguas naturais:

▪ têm variação;

▪ mudam e estão sempre a mudar.

                Esta propriedade das línguas possui, pois, a designação de variação linguística.

 
 
2. Variedades
 
                A língua portuguesa apresenta, então, as seguintes variações linguísticas:

▪ variação histórica;

▪ variedades geográficas;

▪ variedades sociais;

▪ variedades situacionais.

sábado, 28 de novembro de 2020

Conjunção

 
As conjunções:
▪ são palavras invariáveis que pertencem a uma classe fechada de palavras;
▪ ligam orações(1) ou palavras e grupos de palavras(2) de uma frase:
(1) Fui à feira e comprei uns sapatos.
(2) A Maria e o Manuel casaram-se ontem.
▪ a par das conjunções, existem as locuções conjuncionais, que são sequências de duas ou mais palavras que têm a mesma função das conjunções;
▪ existem duas subclasses de conjunções: as coordenativas e as subordinativas;
▪ sintaticamente, as conjunções e as locuções conjuncionais não desempenham qualquer função sintática nas frases em que surgem.
 
 
1. Conjunções e locuções conjuncionais coordenativas
 
As conjunções coordenativas estabelecem uma relação entre duas orações coordenadas da mesma natureza, ou entre palavras que ocorrem numa oração.
As conjunções coordenativas podem ser:
correlativas: introduzem cada um dos elementos coordenados;
Ex.: Nem o pai morre nem a gente almoça.
não correlativas: introduzem apenas o segundo elemento coordenado;
Ex.: Fui à feira e comprei uns sapatos.
As conjunções e locuções conjuncionais coordenativas distinguem-se dos advérbios ou locuções adverbiais conectivos porque, ao contrário destes, não podem ser deslocados na frase:
Exs.:
. Estudei pouco, mas tive boa nota no teste. / * Estudei pouco, tive, mas, boa nota no teste. [conjunção coordenativa]
. Estudei pouco, porém tive boa nota no teste. / Estudei pouco, tive, porém, boa nota no teste. [advérbio conectivo]
 
Existem cinco tipos de conjunções e locuções conjuncionais coordenativas.

1. Copulativas
 
As conjunções e locuções conjuncionais coordenativas copulativas estabelecem uma relação de adição.
Ex.: A minha avó morreu atropelada e o meu avô faleceu por causa de um AVC.
 
As conjunções e locuções conjuncionais coordenativas copulativas podem ser correlativas ou não correlativas:
. Nem o pai morre nem a gente almoça.
. Tropecei e caí.
 
Em determinados contextos, a conjunção e possui valor adversativo:
Ex.: Caí e não me magoei. [= Caí, mas não me magoei.]
 
2. Adversativas
 
As conjunções e locuções conjuncionais coordenativas adversativas estabelecem uma relação de oposição ou contraste.
Ex.: Escorreguei, mas não caí.
 
As palavras porém, todavia, contudo, no entanto têm o mesmo valor contrastivo que a conjunção mas, embora sejam advérbios e locuções adverbiais conectivos: têm uma função semelhante ao das conjunções e locuções coordenativas quando surgem em posição inicial de um elemento coordenado (seja ele uma oração ou outro constituinte da frase), mas podem ocupar outra posição na frase e ainda coocorrer com conjunções:
. O João foi ao banco, porém este estava fechado.
. O João foi ao banco, este, porém, estava fechado.
. O João foi ao banco, mas este, porém, estava fechado.
 
3. Disjuntivas
 
As conjunções e locuções conjuncionais coordenativas disjuntivas estabelecem uma relação de alternativa ou de alternância.
 
Nalguns casos, a alternativa apresentada implica a exclusão da primeira oração; noutros, as alternativas não se excluem:
Exs.: Amanhã, vou ao cinema ou [vou] ao teatro.
(Se for ao cinema, não vou ao teatro, e, se for ao teatro, não vou ao cinema.)
O deputado falava de assuntos quer políticos quer históricos.
(O deputado falava de dois assuntos simultaneamente.)
 
4. Conclusivas
 
As conjunções e locuções conjuncionais coordenativas conclusivas estabelecem uma relação de conclusão: ligam duas orações, sendo a mensagem da segunda uma conclusão da da primeira.
Ex.: Tive negativa no teste, logo tenho de estudar mais.
 
Outras palavras têm valor conclusivo. É o caso dos advérbios e locuções adverbiais conectivos como pois, portanto, assim, por isso, por consequência, por conseguinte.
Estes palavras desempenham uma função semelhante ao das conjunções e locuções coordenativas quando surgem em posição inicial de um elemento coordenador (quer seja uma oração quer seja outro constituinte da frase), mas podem ter outra posição na frase a ainda coocorrer com conjunções.
Exs.:
. Já criaram várias vacinas, por conseguinte sinto-me mais tranquilo.
. Já criaram várias vacinas, sinto-me, por conseguinte, mais tranquilo.
. Já criaram várias vacinas e sinto-me, por conseguinte, mais tranquilo.
 
5. Explicativas
 
As conjunções e locuções conjuncionais coordenativas explicativas estabelecem uma relação de explicação.
A segunda oração explica o acontecimento relatado na primeira oração.
Ex.: Não cuspas no chão, que fico enjoado.
 

Designação

Conjunções

Locuções

Valor ou relação que estabelecem

Copulativas

e
nem (= e não)
não só… mas também
não só… como também
nem… nem
tanto… como
adição
sequencialização

Adversativas

mas
porém(1)
todavia(1)
contudo(1)
no entanto
ainda assim
não obstante
de outra sorte
apesar disso
oposição
ou
contraste

Disjuntivas

ou

ou… ou
quer… quer
ora… ora
seja… seja
já… já
alternativa
ou
alternância

Conclusiva

logo
portanto(2)
pois(2)
assim(2)
por conseguinte(2)
por consequência(2)
por isso(2)
conclusão
consequência

Explicativa

pois
que

__________

explicação

 
(1) As palavras porém, todavia, contudo e as locuções como no entanto, não obstante, tradicionalmente classificadas como conjunções e locuções conjuncionais adversativas – sobretudo quando introduzem um elemento coordenado (seja uma oração, seja um elemento de oração) – são, na verdade, advérbios conectivos (de valor contrastivo), pois:
. podem coocorrer com conjunções coordenativas genuínas;

. podem ocorrer, separadas por vírgulas, entre o sujeito e o predicado;
. são móveis na frase.
Ex.: O meu tio telefonou, contudo eu não atendi a chamada.
O meu tio telefonou, eu, contudo, não atendi a chamada.
 
(2) As palavras pois, portanto, assim e locuções como por isso, por consequência, tradicionalmente classificadas, são, de facto, advérbios conectivos, pelas razões apontadas em (1).
 
 
2. Conjunções e locuções conjuncionais subordinativas
 
As conjunções e locuções subordinativas estabelecem uma relação de dependência entre duas orações, uma subordinante e uma subordinada, tendo esta última a função de completar i sentido da primeira.
As conjunções subordinativas são as que introduzem orações subordinadas:
completivas (ou integrantes):
A Maria disse que amanhã irá chover.
adverbiais:
Quando a Maria chegar, avisa-me.
Existem oito tipos de conjunções e locuções conjuncionais subordinativas.
 
1. Temporais
 
As conjunções e locuções conjuncionais subordinativas temporais estabelecem uma relação de tempo.
Ex.: A Argentina chorou quando Maradona faleceu.
 
2. Causais
 
As conjunções e locuções conjuncionais subordinativas causais estabelecem uma relação de causa.
Ex.: A Miquelina partiu a perna porque escorregou numa banana.
 
3. Condicionais
 
As conjunções e locuções conjuncionais subordinativas condicionais introduzem uma condição ou uma hipótese.
Ex.: Vou ao cinema se tiver companhia.
 
4. Finais
 
As conjunções e locuções conjuncionais subordinativas finais introduzem uma finalidade.
Ex.: O professor fez tudo para que o aluno passasse de ano.
 
5. Comparativas
 
As conjunções e locuções conjuncionais subordinativas comparativas introduzem uma comparação
Ex.: A Sofia fala como um papagaio.
 
6. Concessivas
 
As conjunções e locuções conjuncionais subordinativas concessivas introduzem uma objeção, uma dificuldade.
Ex.: Tive negativa no teste de inglês, embora tivesse estudado afincadamente.
 
7. Consecutivas
 
As conjunções e locuções conjuncionais subordinativas consecutivas introduzem uma consequência.
Ex.: Fiquei tão triste com a derrota do Benfica que até chorei!
 
8. Completivas ou integrantes
 
As conjunções e locuções conjuncionais subordinativas completivas introduzem uma oração subordinada substantiva, que completa a ideia presente na oração subordinante.
Ex.: O Miguel disse que iria ser pai.
 O João perguntou ao Miguel se o filho era mesmo seu.
 

Designação

Conjunções

Locuções

Valor ou relação que estabelecem

Temporais

quando
enquanto
mal
apenas

logo que, antes que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, depois que, até que, sempre que, à medida que, agora que

localização, no tempo, do que é apresentado na oração subordinante: anterioridade, simultaneidade, posterioridade

Causais

porque
como (= porque)
pois
porquanto
que (= porque)
dado (+ infinitivo)
visto (+ infinitivo)
visto que
já que
dado que
pois que
uma vez que
por isso que
tanto mais que

causa, justificação ou explicação da situação descrita na oração subordinante

Condicionais

se
caso

desde que, salvo se, sem que, a menos que, contanto que, exceto se, a não ser que

introduz a condição de que depende o estado de coisas expresso na oração subordinante

Finais

que (= para que)
para (+ infinitivo pessoal)
para que
a fim de que
a fim de (+ infinitivo)
por que
de modo a que

finalidade do que é referido na oração subordinante

Comparativas

como
segundo
(do) que
conforme
quanto (depois de tanto)
qual (depois de tal)
assim como
tão (tanto)… como
mais… (do) que
menos… (do) que
bem como
que nem
como se
ao passo que

introduz um dos termos de uma comparação – o outro é expresso na oração subordinante

Concessivas

embora
conquanto
malgrado
que

ainda que, não obstante, apesar de, mesmo que, mesmo se, se bem que, por menos que, por mais que, nem que, ainda quando

introduz uma situação habitualmente não compatível com o que se diz na oração subordinante

Consecutivas

que (depois de tal, tanto, tão, tamanho, de tal modo, de tal maneira)

de modo que
de forma que
de maneira que
de sorte que

introduz a consequência de algo referido na oração subordinante

Completivas

ou

integrantes

que (= como se)
se
para

__________

introduz uma oração que é sujeito ou complemento da oração subordinante

 
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