Português

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Portagens: alternativas à A25


     Quem utilizar a A25 com regularidade e quiser estudar alternativas, aqui fica uma proposta para poupar uns cobres.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Desbloqueado


     Desde a madrugada de sexta-feira, a conta referente a este blogue estava bloqueada pelo Google. Esclarecido o problema, a mesma foi desbloqueada por volta das dezoito horas de hoje. Afinal, de Portugal aos Estados Unidos, mesmo usando os meios tecnológicos, ainda há uns milhares de quilómetros a superar.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Quem deve o quê e a quem, ou a teia da dívida eurpeia


     The circle below shows the gross external, or foreign, debt of some of the main players in the eurozone as well as other big world economies. The arrows show how much money is owed by each country to banks in other nations. The arrows point from the debtor to the creditor and are proportional to the money owed as of the end of June 2011. The colours attributed to countries are a rough guide to how much trouble each economy is in.

Tiffany: "I think we're alone now" (1987)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mark Twain - n. 30/11/1835

-, Ben, Joe, -
Becky, TOM, Huck, Amy
     - Tom!
     Ninguém respondeu.
     - Tom!
     Nada.
     - Sempre gostava de saber onde se meteu aquele rapaz. TOM!
     Silêncio absoluto.
     A velhota puxou os óculos para baixo e, por cima deles, olhou o quarto em volta; tornou a puxá-los para cima e olhou através deles. Raras vezes ou nunca procurava de óculos uma coisa tão pequena como um rapaz, mas este par era o de luxo, o seu orgulho; eram só para a vista, e não para serviço, pois via tão bem por eles como através das portas do fogão. Durante um momento pareceu indecisa e, por fim, disse, não muito de rijo, mas em voz suficientemente alta para os móveis a ouvirem:
     - Garanto-te que, se te apanho, te...

                                          Mark Twain, As Aventuras de Tom Sawyer

Objetivos

     O texto argumentativo possui um conjunto de objetivos que confluem em três grandes componentes

          . A Intelectual:
                    - Instrução (docere)
                    - Argumentação (probare)
                    - Edificação ética (monere)

          . A emocional:
                    - Deliberação (conciliare)
                    - Remissão para o próprio texto (delectare)

          . A passional:
                    - fomento de emoções momentâneas (movere, concitare)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Sebastianismo


     A derrota em Alcácer Quibir e o desaparecimento de D. Sebastião em Alcácer Quibir, em 1578, deixaram Portugal na orfandade e sob o domínio castelhano. Esta situação inspirou vários escritores que viram no acontecido o desfazer do sonho de um grande império. Só uma fé messiânica nos poderia salvar da degradante situação.
     Gonçalo Anes, de alcunha o Bandarra, sapateiro de Trancoso, inspirado na Bíblia, cantou em trovas um tempo novo simbolizado pelo rei D. Sebastião, o Encoberto, libertador da opressão e da miséria do povo e da "erronia" do mundo. Compostas entre 1530 e 1540, as Trovas de Bandarra resultariam na expressão mais relevante do messianismo anterior a D. Sebastião, com base no profetismo hebraico (crença na vinda do Messias), no mito peninsular do Encoberto e nas reminiscências das lendas do ciclo arturiano (o rei Artur desapareceu, está guardado numa ilha e regressará), dando origem a uma doutrina e a um mística: o SEBASTIANISMO, de que D. Sebastião permanecerá como símbolo por excelência.
     A sociedade não se reconhecia a si própria e nela confluíram antagonismos e projetos, em refletida crise de identidade nacional potenciada, a partir de meados do século XVI, pelas oscilações vitais na dinâmica estrutural do Império Português. Assim, sublimou em D. Sebastião a vontade de um povo no reforço e dilatação do Império e na reafirmação do seu papel de guardião da fé cristã, retratada nas obras de Camões, Diogo Bernardes e Pêro de Andrade Caminha, que a morte do rei, porém, tão abruptamente obliterou.  Durante o domínio filipino, sob um pulsar nacionalista, suceder-se-iam os episódios de aventureiros que, fazendo-se passar por D. Sebastião ou encarnando a esperança no Encoberto, insidiosa e teimosamente mantiveram vivo e consubstanciaram o desejo de libertação do jugo espanhol em Portugal.

Alcácer Quibir


     No Norte de África eram constantes as lutas entre várias fações marroquinas. O pretexto para a intervenção de D. Sebastião surgiu com a deposição, em 1576, do sultão Mulei Maamede pelo sultão Mulei Moluco, este auxiliado pelos Turcos. Ora, o auxílio dos Turcos era uma ameaça para a segurança das nossas costas e para o comércio com a Guiné, Brasil e Oriente. Por isso, D. Sebastião decidiu apoiar Mulei Maamede, que nos ofereceu Arzila, e procurou apoio de outros reis. Filipe II veio a retirar-se. Da Alemanha, Flandres e Itália vieram soldados mercenários e auxílio em armas e munições. Fez-se o recrutamento do exército português, mas verificou-se muita corrupção, o que fez com que o exército expedicionário, constituído por cerca de 15 000 homens, fosse pouco disciplinado, mal preparado, inexperiente e com pouca coesão.
     D. Sebastião partiu de Lisboa a 25 de Junho de 1578, passou por Tânger, onde estava Mulei Maamede, seguiu para Arzila e daqui para Larache, por terra, havendo quem preferisse que se fosse por mar, para permitir maior descanso às tropas. Seguiram depois a caminho de Alcácer Quibir, onde encontraram o exército de Mulei Moluco, muito superior em número. A 4 de Agosto de 1578, com o exército esgotado pela fome, pelo cansaço e pelo calor, deu-se a batalha. Nestas condições, o exército português, pesem alguns atos de grande bravura, foi completamente dizimado, sendo muitos os mortos, um dos quais o próprio rei D. Sebastião, que preferiu a morte à fuga, enquanto os sobreviventes foram feitos prisioneiros. Esta batalha é conhecida também pelo nome de "Batalha dos Três Reis", pois nela vieram a morrer, além de D. Sebastião, Mulei Maamede e Mulei Moluco.
     O resultado e as consequências desta batalha foram catastróficos para Portugal. Por um lado, morreu o rei, não deixando sucessor, o que levantou uma crise dinástica e ameaçou a independência de Portugal face a Castela, pois um dos candidatos à sucessão era Filipe II de Espanha. Filipe veio efetivamente a ascender ao trono em 1580, após a morte do Cardeal D. Henrique. Por outro, a maioria da nobreza portuguesa que participara na batalha ou morrera ou fora aprisionada. Por último, para apagar os elevados resgates exigidos pelos marroquinos, o país ficou enormemente endividado e depauperado nas suas finanças.

D. Sebastião

     Filho do príncipe D. João e de D. Joana de Áustria, e neto de D. João III, nasceu em Lisboa em 1554 e morreu em Alcácer Quibir em 1578. Décimo sexto rei de Portugal, ficou conhecido pelo cognome de O Desejado.
     D. Sebastião herdou o trono de seu avô, D. João III, porque, apesar de este ter tido vários descendentes, todos eles acabaram por falecer precocemente. Como era menor à data de ocupar o trono, ficou como regente sua avó D. Catarina, apesar de D. João III não ter deixado testamento, mas apenas uns apontamentos em que a indicava como regente. Sua mãe, D. Joana, de acordo com o contrato nupcial, teve de regressar a Castela após a morte do príncipe D. João.
     A regente, D. Catarina, por influência do cardeal D. Henrique, começou por pedir ao Papa a fundação da Universidade de Évora, que entregou aos Jesuítas. Continuou a política de D. João III quanto ao Norte de África, querendo abandonar Mazagão, que, entretanto, teve de defender dos ataques mouros. Acusada de sofrer influências da corte espanhola, pediu a demissão de regente nas Cortes de Lisboa de 1562, continuando, no entanto, como tutora de D. Sebastião. Foi eleito como regente, nessa altura, o cardeal D. Henrique, tio de D. Sebastião. Nestas cortes, o povo manifestou a sua apreensão quanto à educação do rei, sobre a questão da sucessão e sobre a inalienabilidade de todo o território nacional, aspetos que D. Henrique vai ter em conta durante a sua regência, até D. Sebastião completar catorze anos.

Presságios

  • A leitura que D. Madalena realiza do episódio de Inês de Castro, incluso n'Os Lusíadas, que motiva a sua reflexão (no início do ato I), o que alia o seu destino ao final trágico de Inês de Castro;
  • Os agouros de Telmo, que não acredita na morte de D. João de Portugal, colocando a hipótese do seu regresso, e que afirma que uma situação ocorrerá que deixará claro quem nutre maior amor por Maria naquela casa;
  • Os pressentimentos que D. Madalena de que um acontecimento funesto irá atingir a sua família, o que não a deixa viver o seu amor por Manuel de Sousa de uma forma tranquila, motivando a sua insegurança, a sua angústia e impedindo a sua felicidade;
  • O facto de Manuel de Sousa, antes de pegar fogo ao próprio palácio, por considerar a resolução dos governantes espanhóis uma afronta, evocar a morte de seu pai, que caíra "sobre a sua própria espada", indicando o destino funesto da sua família: "Quem sabe se eu morrerei nas chamas ateadas por minas mãos?" (I, 11); por outro lado, o seu ato irá motivar a aproximação da família de um espaço que pertencera a D. João de Portugal e que a ele está ligado metonimicamente;
  • As flores que Maria transporta consigo murcharam, o que deixa antever a tragédia com que encerra a obra (a morte de Maria);
  • Os sonhos estranhos e as visões de Maria (motivados pelo seu temperamento romântico, pela imaginação e aguçados pela tuberculose), dado o seu caráter negativo e o facto de a impedirem de dormir, permitem igualmente antecipar o desenlace trágico;
  • A contemplação do retrato do pai remete para a intuição do malogro do casamento dos pais;
  • A simbologia da sexta-feira, considerada por D. Madalena como um dia aziago e fatal;
  • O sebastianismo de Telmo e de Maria indica a hipótese de regresso de D. João de Portugal, que, tal como D. Sebastião, desaparecera na batalha de Alcácer Quibir;
  • Os indícios de tuberculose de Maria: a febre, as mãos que queimam, as rosetas nas faces e o ouvido apuradíssimo (ouvido de tísica);
  • A leitura que Maria faz da novela Menina e Moça (obra de Bernardim Ribeiro - "Menina e moça me levaram de casa de meu pai.") indicia a sua separação da família (ato II, cena 2);
  • A visita que Maria e seu pai, Manuel, fazem a Soror Joana (ato II), que fora casada com D. Luís de Portugal - o casal decidira, em determinado momento da sua vida, abandonar o mundo e recolher-se num convento;
  • As alterações da decoração dos espaços físicos: no ato I, encontramos um ambiente alegre e aberto ao exterior, que será substituído nos segundo e terceiro atos por uma decoração melancólica e soturna;
  • A localização dos acontecimentos da peça ao início da noite ou de noite (ato I: "É no fim da tarde"; ato II: "É alta noite");
  • Os elementos simbólicos a nível do espaço físico:
  • os retratos de Manuel de Sousa, Camões e D. João;
  •  a substituição do retrato de Manuel pelo de D. João, aliada à substituição de espaço, é um sinal que D. Madalena interpreta como fatal;
  • o facto de o retrato de Manuel de Sousa ser consumido pelo fogo durante o incêndio por si ateado;
  • a mudança do palácio de Manuel de Sousa para o de D. João.
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