O conto situa-se na época da II Guerra Mundial e narra-nos a história de um casal que possui uma venda numa aldeia alentejana e cujo quotidiano é caracterizado pela solidão, pelo isolamento do mundo, pela monotonia e tédio e pela agressividade entre os membros desse casal.
Este panorama é alterado com a
chegada de dois vendedores de telefonias, que convencem o Batola, a personagem
principal, a comprar um aparelho. Perante a oposição da mulher, um dos vendedores
propõe uma compra à condição: a telefonia ficará à experiência durante um mês.
Passado esse tempo, se não a quiserem, poderão devolvê-la e receber de volta as
“letras”.
A aquisição do aparelho provoca uma
mudança enorme na povoação e na vida dos seus habitantes: os ceifeiros
dirigem-se todos à venda do casal para ouvir as notícias da guerra, saem de lá “alta
noite” e a discutir o que ouviram “numa grande animação”. As mulheres
deslocam-se igualmente para a venda após a ceia, para ouvir as melodias e até
(as velhas” dançar ao som da telefonia. Os aldeãos sentem-se, assim, agora,
mais próximos do mundo, por consequência menos isolados e solitários.
Esta mudança acaba por se estender à
própria mulher do Batola, que abandona a sua prepotência e o seu autoritarismo
e se mostra submissa, pedindo ao marido para ficarem com a telefonia, visto que
“é uma companhia” naquele deserto.
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