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segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Caracterização do tio bastardo


 

Tipos

Modos de caracterização

Direta

Indireta

Física

. “de face mais escura que a noite”

. “homem enorme”

. face flamejante”

 

Psicológica

. “depravado e bravio”

. “consumido de cobiças grosseiras” – ganancioso

. cruel e impiedoso

. “faminto do trono” – com sede do poder e de ocupar o trono do rei

. mau

. ambicioso

. selvagem e feroz (a comparação com lobos)

. cruel

. violento

. assassino

. oportunista

. cobarde

 

domingo, 5 de novembro de 2023

Caracterização da rainha de "A Aia"


 

Tipos

Modos de caracterização

Direta

Indireta

Física

. “desgrenhada” – quando, desesperada, entra na câmara dos bebés, pensando que o filho fora morto

 

Psicológica

. “solitária e triste”

. “chorosa”

. “desventurosa”

. “mãe ditosa”

. reações à morte do rei: choro (tristeza, dor, sofrimento, desespero):

como rainha: o reino fica sem governo forte;

como mulher: perde o marido, fica viúva;

como mãe: o filho fica desemparado e à mercê dos inimigos.

. carinhosa – “Quando a rainha, antes de adormecer, vinha beijar o principezinho…”

. preocupada, desesperada e desorientada – “…a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho.”

. desamparada – após a morte do rei

. reconhecida e grata à aia por ter trocado os bebés e salvado o seu filho

Social

. nobre – é rainha

 

 

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Análise do conto "A palavra mágica"

     Clicando na ligação seguinte, encontrarás uma análise sintética, através de PowerPoint, do conto "A palavra mágica", da autoria do escritor Vergílio Ferreira: análise-de-a-palavra-mágica.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Caracterização do rei de "A Aia"


 

Tipos

Modos de caracterização

Direta

Indireta

Física
. moço / jovem
. formoso

 

Psicológica

. “valente”

. “alegre”

. ambicioso – parte para a guerra em busca de fama e de novas terras
. sonhador
. corajoso
. aventureiro
. rico e poderoso – “um reino abundante em cidades e searas”

Social

. nobre (rei)
. rico

 

Decisão do rei:

Consequências:

conquistar novas terras

morte do rei
morte da nobreza
o reino fica vulnerável, entregue a uma mulher, à mercê do tio bastardo do príncipe
a rainha fica viúva
o filho fica sem o pai e indefeso

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Caracterização da Aia

     Aqui: caracterização da Aia.

Personagens de "A Aia": papel e composição



1. Papel ou relevo

Protagonista ou personagem principal: a aia, que dá o título ao conto.

Secundárias: o rei, a rainha, o tio bastardo, o principezinho, o escravozinho.

Figurantes: as restantes personagens (a horda do tio, o capitão da guarda, o servo, as demais aias, os vassalos, os archeiros, a multidão, o mensageiro, o velho de casta nobre).

 
 
2. Composição

Personagem modelada: a aia, dado que mostra complexidade psicológica e moral.

Personagens planas: as demais personagens.

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Delimitação da ação de "A Aia"

    A ação deste conto é fechada, visto que a história conhece um desfecho: o suicídio da aia, a personagem principal.

Sequências narrativas de "A Aia"


 
1. Sequências narrativas
 

Situação inicial) Apresentação das personagens – o rei jovem que foi para a guerra e a rainha sozinha com o filho bebé (1.º parágrafo).

1.ª) Morte do rei e reação da rainha ao tomar conhecimento da sua morte (2.º e 3.º parágrafos).

2.ª) Apresentação do bastardo e da aia, cuidadora dos dois bebés, e da sua preocupação com a vida do príncipe (4.º a 7.º parágrafos).

3.ª) Preparativos para defender o palácio do ataque do «bastardo» (8.º parágrafo).

4.ª) Troca dos bebés de berço pela aia, para salvar o príncipe (9.º parágrafo).

5.ª) Rapto do bebé do berço onde dormia (10.º parágrafo).

6.ª) Descoberta da troca de bebés (o príncipe fica a salvo no berço de verga e a aia mostra-o à rainha, que julgara que o filho morrera) (11.º e 12.º parágrafos).

7.ª) Morte do «bastardo» e do escravozinho; aclamação da aia por ter salvado o príncipe (13.º e 14.º parágrafos).

8.ª) Ida ao tesouro real para a aia escolher a sua recompensa (15.º e 16.º parágrafos).

Desenlace: suicídio da aia – escolhe um punhal e crava-a no peito.

 
 
2. Articulação das sequências narrativas

 
    As sequências narrativas do conto articulam-se por encadeamento, dado que os acontecimentos se sucedem por ordem cronológica.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Estrutura do conto "A Aia"

  
Situação inicial (1.º parágrafo):

Apresentação do rei e do reino.

Partida do... 


Análise da estrutura interna do conto → link.

Explicação do título "A Aia"

    O título do conto “A Aia” indica a personagem principal do texto. Por outro lado, o uso do determinante artigo definido «A» indicia...


Análise do título → explicação do título.

Resumo do conto "A Aia"


    Um rei jovem e valente tinha partido para batalhar em terras distantes em busca de conquistas e fama, deixando só e triste a rainha e um filho pequeno, ainda de berço. Numa das batalhas, o rei perdeu a vida e foi chorado pela esposa, sobretudo por deixar órfão o pequeno filho frágil e desamparado, herdeiro do trono.
    Sendo o herdeiro natural do trono, o bebé estava sujeito aos ataques dos inimigos do reino, nomeadamente do seu tio, irmão bastardo do falecido rei, que vivia num castelo sobre os montes, com uma horda de rebeldes.
    O pequeno príncipe era amamentado pela aia da rainha, mãe também de um bebé de berço, que alimentava e tratava as duas crianças com igual carinho, dado que um era seu filho e outro seria, futuramente, seu rei, demonstrando grande lealdade sem limites ao seu príncipe e verdadeiro amor maternal pela sua cria. A sua lealdade e dedicação eram tais que a aia também chorou copiosamente a perda do rei, no entanto acreditava na vida para além da morte, por isso julgava-o reinando num outro reino no Céu. Os meninos dormiam lado a lado no mesmo quarto, todavia, enquanto o filho da aia dormia num berço de verga, o príncipe dormia num berço de marfim.
    Como seria expectável, o tio bastardo desceu da serra com a sua horda e deu início a uma matança sem tréguas, não encontrando grande resistência. De facto, a defesa estava bastante fragilizada, pois a rainha não sabia como a promover, limitando-se a recear e a chorar a sua fraqueza de viúva sobre o berço do filho.
    Uma noite, quando estava prestes a adormecer, a aia ouviu um ruído de luta e pressentiu que o tio bastardo estava a invadir o palácio para matar o pequeno príncipe. Apercebendo-se do que se iria passar, sem hesitar, a serva trocou as crianças nos respetivos berços. Assim, salvaria a vida do futuro rei à custa do seu próprio filho. Nesse instante, um homem enorme entrou na câmara, arrancou a criança que dormia no berço de marfim e partiu, levando-a.
    A rainha, que entretanto chegara à câmara, ficou desesperada, enlouquecida, ao ver as roupas desmanchadas e o berço vazio. A aia mostrou-lhe, então, o berço de verga e o jovem príncipe que nele dormia. Entretanto, o capitão dos guardas veio dar notícia de que o tio bastardo tinha sido derrotado, mas infelizmente o príncipe também tinha perecido. A rainha mostrou, então, o futuro rei salvo e, depois de identificar a sua salvadora, abraçou-a e beijou-a, chamando-lhe irmã do seu coração.
    Todos a aclamaram e exigiram que fosse recompensada, por isso a rainha levou-a ao tesouro real, composto pelas mais variadas riquezas, para que a serva pudesse escolher a joia que mais lhe agradasse. A ama pegou num punham e, olhando o céu onde acreditava estar o seu filho, cravou-o no seu coração, afirmando que, agora que havia salvado o seu príncipe, tinha de ir amamentar o seu filho. Deste modo, pôs fim à sua dor de mãe, por fidelidade ao seu príncipe, e seria de novo feliz, no Além.


Ligações:

    . Título.

    . Estrutura da ação.

    . Delimitação da ação.

   

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Moral do conto "O Tesouro"


    Através deste conto, Eça de Queirós poderá ter tido em mente várias hipóteses, no que diz respeito à função catártica:
* a ambição é má conselheira;
* amor de irmão, amor de cão;
* quem tudo quer, tudo perde;
* a vida é o grande tesouro;
* sem comunicação e comunicabilidade, o ser humano torna-se um perigoso animal;
* a família deve ser um santuário, uma igreja doméstica;
* o BEM deve triunfar sobre o MAL.
 

Elementos simbólicos em "O Tesouro"


Número três: a perfeição a atingir.
    No conto, é evidente a insistência no número três. Desde logo, são três os irmãos; e três é também um símbolo da família – pai, mãe, filho(s). Porém, aqui encontramos uma família truncada, imperfeita – nem pais, nem filhos, apenas três irmãos. Não há, aliás, a mais leve referência aos progenitores dos fidalgos Medranhos, como se eles nunca tivessem existido. Essa ausência da narração é, de certo modo, um símbolo da sua ausência na educação dos filhos. Sem a presença modeladora dos pais (ou alguém que os substituísse), Rui, Guanes e Rostabal muito dificilmente poderiam desenvolver sentimentos humanos: vivem como lobos, porque, provavelmente, cresceram como tal.
    Por outro lado, as três figuras não foram capazes de constituir uma família verdadeira, do mesmo modo que, apesar dos laços de sangue que os unem e de viverem juntos, não formam uma família e sempre pela mesma razão: são incapazes de afetos, de criar e mantar amor entre si. Note-se que, neste caso, se opõem aos animais a que são associados – os lobos –, dado que numa alcateia há ordem, estrutura e fortes ligações entre os seus membros.
 
Cofre: a ideia da essência humana, inalterável de geração em geração.
    O tesouro está guardado num cofre. Este objeto protege, preserva, permite que o seu conteúdo permaneça intocado ao longo do tempo. Igualmente significativo é o facto de o cofre ser de ferro, que é um material resistente, simultaneamente, à força e à corrupção.
 
Três chaves e três fechaduras: símbolo da felicidade, apontada quer pelo ouro quer pelo numeral três.
    As três fechaduras preservam o conteúdo do cofre(Da curiosidade? Da cobiça? Da apropriação indevida?), no entanto as três chaves produzem o efeito contrário, isto é, permitem abri-lo sem dificuldade, só que nenhuma delas, só por si, mas apenas as três em conjunto. Este dado significa que somente a cooperação dos três irmãos permitirá abrir o cofre e aceder ao tesouro. Assim sendo, será apenas por meio da solidariedade, da cooperação, da convergência de interesses e esforços que se tornará possível alcançar o tesouro que todos almejam. Como, em vez do espírito de cooperação, prevalece a ganância extrema, não lhes foi permitido possuir o tesouro. Quando Rui expõe a estratégia a seguir, o número três volta a aparecer: “três alforges de couro, três maquias de cevada, três empadões de carne e três botelhas de vinho”, numa espécie de sublinhado do irredutível individualismo que cultivam e que os conduzirá à tragédia.
 
Ouro: símbolo da perfeição, da salvação, da aquisição da espiritualidade, bem como da riqueza, que proporcionaria a fuga dos três irmãos à miséria.
    O ouro é um metal precioso e incorruptível, símbolo de perfeição. Para além do seu valor material, simboliza a salvação, a elevação a uma forma superior de vida, mais espiritual, menos animal. É esse o verdadeiro bem, o verdadeiro tesouro. Os fidalgos de Medranhos vivem mergulhados na decadência material, na mais extrema pobreza e na degradação moral. Não se lhes conhece uma atividade útil, um sentimento mais elevado, um afeto, um gesto de amor. Vivem com os animais e como os animais, contudo, como sucede para qualquer ser humano, existe a possibilidade de redenção. O tesouro está à sua disposição, mas, para que tal suceda, é necessário abandonar a cobiça, superar o egoísmo, estabelecer laços de solidariedade e verdadeira fraternidade.
 
Medranhos – medronhos (?): pobreza, miséria.
 
Moita de espinheiros: as dificuldades, as provações a que os três irmãos estão sujeitos.
 
Cova de rocha: a descida aos infernos, uma espécie de catarse, de purificação (remete para a busca do Graal).
 
Ferro: o material de que o cofre é feito representa a resistência à corrupção e o valor do tesouro nele guardado.
 
Dístico em letras árabes: mal legível, remete para um passado distante, mítico, um tempo de paz, equilíbrio e perfeição, uma idade de ouro que poderá ser recuperada por quem conseguir encontrar o tesouro.
 
Letras em árabe apontam para um tempo muito recuado:
® a idade de ouro há humanidade, una e perfeita;
® ou o mito de Adão e Eva, que, em virtude de um comportamento algo semelhante ao dos três irmãos, perderam a vida espiritual, o paraíso, sendo ainda castigados com a solidão;
® ou a época cultural em que os árabes estiveram na Península e que representa a origem da nossa língua e da nossa cultura.
 
Cerrar a fechadura: remete para a ideia de que os três irmãos jamais alcançarão a espiritualidade e a felicidade e prenuncia a desgraça, o silêncio e a morte.
 
Inverno: frio, aponta para a privação, a escuridão e a morte.
 
Primavera: o renascimento da natureza, a luz e o aparecimento do Sol criador; a vida. Em suma, a primavera significa a possibilidade de mudança, é o sinal da natureza que os homens devem saber interpretar e que os irmãos não sabem.
 
Domingo: dia do convívio, da festa, do culto, do divino, da família, tudo quanto os irmãos deviam ser e não eram.
 
Percurso temporal manhã ® noite: não sabendo ou não querendo aproveitar as oportunidades, só lhes resta uma triste noite, isto é, um triste fim.
 
Nome dos três irmãos:
Rostabal:   ® é o mais velho, logo tem o nome mais comprido;
® a repetição da vogal aberta pode sugerir animalidade, instintos, o que está de acordo com o seu retrato;
Guanes:  ® possivelmente o irmão do meio, o seu nome contém menos uma sílaba do que Rostabal e mais uma do que Rui, o que poderá querer sugerir que está a meio caminho entre a animalidade e a razão; assenta-lhe bem a traição;
Rui:     ® o mais novo, tem também o nome mais pequeno e é o mais avisado;
® estaria do lado da razão, mas também, por isso, da maldade pensada, pérfida;
® a proximidade sonora de Rui e ruim pode ser um indício dessa maldade.
 
Água: símbolo de vida (vemo-la na clareira, escoando-se por entre a relva que cresce e Rui procura combater o veneno com ela) e de purificação (com a água, Rostabal pretende livrar-se do sangue do irmão que assassinou).
 
Navalha / espada: instrumento de morte.
 
“Nuvenzinhas cor-de-rosa”: o sonho, a miragem da felicidade atingida através do tesouro.
 

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Linguagem de "O Tesouro"


 
1. Nível fónico
 
® Aliterações:
- em v: "... o vento da serra levara vidraça e telha..." ® sugere a força do vento;
- em l e r: "... estalaram a rir, num riso de tão larga rajada...";
- em t, b, d, p: "... com os olhos a flamejar, numa desconfiança tão desabrida que Guanes e Rostabal apalpavam nos cintos os cabos das grandes facas...";
- em r: "... o outro rosnou surdamente e com furor dando um puxão às barbas negras.".
 
 
2. Nível morfossintático
 
® Adjetivos: têm como função caracterizar as personagens ou o cenário e, por vezes, anunciam a ação trágica, antecipando os atos violentos dos três irmãos: "E de novo recuaram vivamente (...) numa desconfiança tão desabrida que Guanes e Rostabal..."; "Ali vieram sentar-se Rui e Rostabal, com os seus tremendos espadões entre os joelhos."
 
® Advérbios de modo:
- "Depois, mergulhando furiosamente as mãos no ouro..." ® caracteriza a brutalidade do movimento, logo da personagem;
- "E de novo recuaram, bruscamente se encararam..." ® aponta para a súbita desconfiança que se estabelece entre os três, motivada pela sua ambição;
- "Vivamente, Rui agarrara o braço ao irmão..." ® está relacionado com Rui e a sua astúcia;
- "Rui, atrás, puxava desesperadamente, os freios da égua, que, de patas fincadas no chão pedregoso..." ® remete para o contraste comportamental entre os três irmãos e a égua;
- "Então Rui tirou, lentamente,  do cinto, a sua larga navalha."; "E serenamente, como se pregasse uma estaca num canteiro, enterrou a folha toda no largo dorso dobrado, certeira sobre o coração." ® remete para a frieza e para a crueldade da personagem;
- "E Rui, alargando os braços, respirou deliciosamente." ® traduz a satisfação de Rui por o tesouro ser só seu;
- "Os seus braços torcidos batiam o ar desesperadamente." ® remete para o desespero que a personagem sente;
- "... esbugalhando pavorosamente os olhos..." ® traduz o terror de Rui, ao perceber que tinha sido envenenado e que ia morrer.
 
® Verbos: algumas formas verbais evidenciam o carácter das personagens através das referências às suas atitudes, funcionando, assim, como uma forma de caracterização das mesmas.
                Atentemos nos seguintes exemplos:
1.º) "Ao escurecer, devoravam uma côdea de pão negro." ® remete para a ideia de que o homem é um produto do meio, ou seja, a sociedade em que se insere determina a formação da sua personalidade e, consequentemente, o seu comportamento (característica realista);
2.º) relativamente a Rostabal, as formas verbais traduzem o seu instinto, o seu carácter animalesco:
- "Também eu quero a minha, mil raios! - rugiu logo Rostabal.";
- "Pois que morra, e morra hoje - bradou Rostabal.";
3.º) noutras ocasiões, traduzem a brutalidade do movimento:
- "Rostabal rompeu de entre a sarça...";
- "Então Rui (...) deslizou até Rostabal, que resfolgava.".
 
 
                3. Nível semântico
 
® Comparações:
- "... esfaimados como eles...": a miséria em que viviam os três irmãos;
- "... mais bravios que lobos.": o seu carácter animalesco;
- "... os três senhores ficaram mais lívidos que círios.": a emoção dos três irmãos ao depararem com o tesouro;
- "Então Rui, (...) ergueu os braços, como um árbitro...": a astúcia, a liderança que assume;
- "... Rostabal, homem mais alto que um pinheiro" (hipérbole): a grande envergadura / altura da personagem;
- "... onde fazia como um tanque...";
- "... dominava o atalho, estreito e pedregoso como um leito de torrente.": a estreiteza e rudeza do caminho;
- "... a espada, agarrada pela folha como um punhal...";
- "... como se perseguisse um mouro...";
- "E serenamente, como se pregasse uma estaca num canteiro, enterrou a folha toda no largo dorso dobrado, certeira sobre o coração.": o crime, a crueldade do assassínio de Rostabal pelo próprio irmão;
- "... um suor horrendo que o regelava como neve."     E
- "... sentia os ossos a estalarem como as traves de uma casa em fogo."     E
- "... como se fosse um metal derretido.": conferem os efeitos do veneno.
 
® Personificações:
- "... silenciosa manhã de domingo...";
- "Pela ramaria andava um melro a assobiar.";
- "... a cantiga dolente e rouca...";
- "A tarde descia, pensativa...": o fim do dia (= o fim da vida de Rui);
- "E a fonte cantava...": o ruído da água;
- "... as folhas tenras dos olmos, em roda, tremiam...";
- "A fonte, cantando...": como se, com a morte do último dos irmãos, a justiça tivesse sido reposta e tudo regressasse à normalidade.
 
® Hipérboles:
- "... estalaram a rir...";
- "... num riso de tão larga rajada que as folhas dos olmos, em roda, tremiam...": esta e a anterior revelam a reação, misto de nervosismo e alegre loucura, à descoberta do tesouro;
- "... Rostabal, homem mais alto que um pinheiro..." (ver comparações).
 
® Gradação: "Já rasgara o gibão, atirava os passos incertos e, a arquejar, com a língua pendente, limpava as grossas bagas de um suor horrendo..." ® os efeitos do veneno, gradualmente mais fortes e horríveis.
 
® Metáforas:
- "... rugiu logo Rostabal.";
- "O outro rosnou surdamente e com furor...": ambas revelam o instinto, o carácter animalesco das personagens;
- "... um fio de água...";
- "... tinha já a espada nua.";
- "Um vento leve arrepiou na encosta as folhas dos álamos...": uma ligeira brisa fez ondular as folhas das árvores;
- "Mal a noite descesse...";
- "Era um lume, um lume vivo, que se lhe acendera, lhe subia até às goelas.";
- "Outra vez o lume, mais forte, que alastrava, roía.";
- "E a chama dentro galgava...";
- "... para apagar aquela labareda...": estas últimas quatro metáforas traduzem os efeitos do veneno em Rui.
 
® Hipálage: "... e levou as duas mãos aflitas ao peito.": a aflição face ao envenenamento.
 
® Antítese: "No terror e esplendor da emoção...".
 
® Sinédoque: "... a pelejar contra o Turco!" (= turcos).
 
® Sinestesias:
- "Um cheiro errante de violetas adoçava o ar luminoso.";
- "A tarde descia, pensativa e doce..." (ver personificações);
- "Com aquela cor velha e quente...".
 
® Ironia:
- "Grande pena!": o menosprezo para com Guanes;
- "Oh! D. Rui, o avisado, era veneno!": afinal, o mais avisado dos três irmãos deixou-se enganar e vai morrer em consequência disso.
 
® Exclamações:
- no início, traduzem a emoção dos irmãos quando encontram o tesouro;
- na parte final, traduzem a angústia e o desespero de Rui face ao envenenamento.
 
® Perífrase e eufemismo: "Não dura até às outras neves." (= Inverno).
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