Português: Enredo / Resumo da ação de O Fantasma dos Canterville

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Enredo / Resumo da ação de O Fantasma dos Canterville

    Hirsham B. Otis, um ministro americano, muda-se com a família para Inglaterra, onde acaba de comprar uma velha propriedade – Canterville Chase – que pertencia há séculos aos Canterville, uma velha família inglesa aristocrática. Porém, a aquisição não está isenta de problemas, visto que o próprio Lorde Canterville adverte o Sr. Otis para não a comprar, afirmando que é assombrada pelo fantasma do seu antepassado, Sir Simon, desde o século XVI. No entanto, o americano, que diz vir de um país moderno demais para acreditar em fantasmas, não crê na história e declara que esta não passa de uma superstição europeia.
    Algumas semanas depois, em julho, o Sr. Otis e a família, composta pela esposa – a Sr. Otis – e pelos quatro filhos – Washington, Virgínia e os gémeos – mudam-se para a casa. A viagem entre a estação de caminho de ferro e a propriedade é demorada e, à medida que se aproximam dela, acontecem alguns fenómenos estranhos, levando a que aquela bela noite de verão se torne desagradável, com o céu coberto de nuvens e algumas gotas grossas de chuva a caírem. À chegada, a família é recebida pela Sr. Umney, a governanta. Na biblioteca, deparam com uma mancha de sangue no chão, junto à lareira. Questionada, a governanta informa-os que a mancha não pode ser removida e que se tornou uma atração turística, pois está ali desde que Sir Simon assassinou a esposa três séculos atrás, mais concretamente desde 1575. O marido assassino desapareceu pouco tempo depois do crime e, embora o seu corpo nunca tenha sido encontrado, o seu fantasma assombra Canterville Chase desde essa época.
    A família reage ao relato da Sr. Umney com a mesma descrença que o Sr. Otis evidenciou inicialmente quando Lorde Canterville lhe falou pela primeira vez no espectro. Washington, o filho mais velho do casal, não se impressiona com a mancha e rapidamente a elimina, usando produtos de limpeza modernos.
    No dia seguinte, contudo, a mancha reaparece, facto que se repete todas as manhãs, apesar da sua diligente e diária remoção por parte de Washington. Estranhamente, a mancha muda constantemente de cor. Assim, a família começa a acreditar na existência do fantasma, mas sem nunca revelar medo. Certa noite, o espectro aparece: o Sr. Otis ouve-o passar diante do seu quarto e oferece-se-lhe algo para lubrificar as correntes que lhe prendem os membros, o Lubrificante Tammany Rising Sun, de modo a parar o rangido produzido por aquelas e permitir que a família durma em paz. O fantasma, cuja aparição tinha como objetivo assustar os Otis, fica indignado, quebra a garrafa do lubrificante e prossegue o seu caminho, porém, logo de seguida, é abordado pelos gémeos, que lhe atiram um travesseiro à cara. Sir Simon esconde-se no seu esconderijo secreto, uma câmara escondida numa ala da casa, completamente chocado e escandalizado. Para se acalmar, recorda o seu maior sucesso, a maneira como aterrorizou a família Canterville e os seus amigos, deleitando-se com os sustos que infligiu a diversos aristocratas ingleses do passado. Essa memória deixa-o mais confuso e intrigado sobre a reação daquela família estrangeira e jura a si mesmo vingar-se dela.
    Durante alguns dias, Sir Simon limita-se a fazer a mancha reaparecer todas as manhãs e mantém-se afastado da família, enquanto magica uma forma de a assustar. Assim, decide vestir a sua velha armadura e passear-se pela casa com ela. Uma noite, espera que os Otis adormeçam, para pôr em prática o seu plano, no entanto acaba por despertar a atenção da família quando deixa cair a armadura enquanto a tenta vestir. Rapidamente, vê-se rodeado pelos Otis e os gémeos atacam-no com as suas zarabatanas de brincar, enquanto o pai lhe aponta uma arma verdadeira, como se o espectro fosse um simples ladrão. Sir Simon tenta ainda assustá-los com o seu riso maléfico, contudo a Sr. Otis, pensando que está doente, surpreende-o sugerindo-lhe que tome um remédio para a indigestão. Todas estas humilhações deixam-no doente, pelo que ele se retira para o seu esconderijo e nele permanece durante algum tempo, para recuperar a coragem e restaurar a saúde.
    A terceira tentativa de intimidação é a mais elaborada de todas: decide vestir o seu traje mais assustador e oferecer um tratamento individual a cada membro da família, à exceção de Virgínia, pois esta nunca o insultou e é naturalmente gentil. No entanto, a família tem outros planos e, quando ele se prepara para lançar o seu ataque, envergando o traje mais assustador, complementado por uma velha adaga enferrujada, depara, no corredor, com um espectro aterrorizador montado pelos Otis (um fantasma falso constituído por uma vassoura, um lençol e um nabo oco), que o assusta terrivelmente. O pobre Sir Simon esconde-se novamente e não ousa regressar para observar melhor esse outro fantasma antes de amanhecer. Quando, finalmente, o faz, descobre que não passava de um mero boneco criado pelos gémeos para troçar dele.
    Diminuído por mais uma humilhação, Sir Simon permanece no seu esconderijo e nem sequer se preocupa em fazer reaparecer a mancha de sangue. Limita-se a sair de vez em quando para continuar a assombrar a casa – e até começa a usar o óleo lubrificante para impedir que as correntes façam barulho e, assim, os gémeos as ouçam –, mas procura permanecer o mais discreto possível. No entanto, apesar desta nova postura, não consegue evitar as partidas preparadas por membros da família. Depois de escorregar num pedaço de manteiga deixado pelos gémeos, magica uma nova vingança: veste um disfarce que não usa há setenta anos – Reckless Rupert ou Headless Earl – e prepara-se para assustar a família, no entanto os gémeos estão prontos para ele. Assim, mal entra no cómodo dos miúdos, aciona uma armadilha que lhe prepararam e um balde de água colocado por cima da porta cai sobre si. Humilhado pela quarta vez, foge de novo para o seu quarto, simultaneamente assustado, derrotado e indignado. O impacto físico deste último fracasso é tão grande e ele fica tão debilitado que não sai da cama durante semanas e desiste de assustar a família para sempre.
    Como deixou de ver o fantasma, a família Otis acredita que desapareceu. Quando recebem a visita da família do jovem Duque de Cheshire, pretendente à mão de Virgínia, por quem está apaixonado, a qual já se cruzou com o espectro no passado, este decide visá-lo, contudo está com tanto medo dos gémeos que decide nada fazer.
    Alguns dias depois, Virgínia encontra o fantasma por acaso, que está tão desesperado que não lhe presta atenção. A jovem fica tocada pelo seu sofrimento e procura confortá-lo. Em simultâneo, repreende-o por ter assassinado a esposa e por ter roubado as suas tintas para renovar a mancha no chão da biblioteca (o que explica as mudanças de cor) e a impossibilitou de pintar o que desejava. Além disso, garante-lhe que os gémeos regressarão à escola no outono, o que lhe trará algum alívio. Sir Simon conta-lhe que os irmãos da sua esposa o puniram com a morte por inanição e que foi amaldiçoado a errar sem descanso por séculos. Acrescenta ainda que, de acordo com uma profecia, a sua maldição será quebrada pelas lágrimas e orações de uma jovem por si. Além disso, declara que os habitantes de Canterville Chase saberão que o seu martírio terá terminado quando a amendoeira da propriedade, há muito tempo estéril, florescer de novo. Como Virgínia é jovem e boa, Sir Simon acredita que ela será a rapariga predita pela profecia e pergunta-lhe se o irá ajudar. Ela, corajosamente, aceita rezar pelo descanso dele e ajudá-lo a escapar à maldição. Assim, segue o fantasma e os dois desaparecem numa área secreta da casa.
    Rapidamente, a família nota a ausência de Virgínia, fica preocupada e procura-a pela casa e pelo jardim. Como não a encontram, começam a desconfiar de um grupo de ciganos que tinha, com o seu consentimento, acampar na propriedade. Decidem, então, prosseguir as buscas no dia seguinte, porém, à meia-noite, quando todos estão prestes a retirar-se para os seus aposentos, ouve-se um barulho terrível na casa e Virgínia aparece por detrás de um painel no cimo da escada. A jovem está exausta e transporta consigo um estranho cofre contendo as joias com que Sir Simon a tinha presenteado. De seguida, conduz a família até a um esconderijo, onde Sir Simon foi morto de fome pelos seus cunhados e onde o seu corpo se encontra, acorrentado à parede com um prato de comida e um jarro de água colocados à sua frente, mas fora do seu alcance. Esta foi a forma encontrada pelos irmãos da sua esposa para vingarem o seu assassinato. Deste modo, o fantasma, com a ajuda de Virgínia, parece ter encontrado a paz, o que é confirmado quando os gémeos observam a amendoeira em flor.
    A família Canterville é notificada dos últimos acontecimentos e o corpo de Sir Simon é sepultado no pequeno cemitério. O Sr. Otis manifesta a vontade de devolver as joias dadas a Virgínia pelo fantasma, pois parecem ser muito valiosas, porém Lorde Canterville recusa, considerando o extraordinário serviço que a jovem prestou ao seu antepassado e que o fantasma fazia parte da venda / compra da casa.
    No final da obra, ficamos a saber que, muito tempo depois, Virgínia se casou com o Duque de Cheshire. Após a lua de mel, o casal presta homenagem a Sir Simon colocando flores no seu túmulo. O marido pergunta-lhe o que fez para libertar o fantasma, mas a jovem responde-lhe que prefere manter isso em segredo, decisão que o Duque aceita, certo do amor da esposa. Quanto às joias, Virgínia usa-as quando conhece a rainha de Inglaterra.

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