Português

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dâmaso Salcede

     Dâmaso é retratado em termos disfóricos desde o primeiro momento em que surge nas páginas do romance: gordo e baixo («um rapaz baixote» - notar o diminutivo depreciativo), de mau gosto, o tipo do novo rico, de aspeto ridículo e maneira de vestir pretensiosa: frisado como um noivo de província, de camélia ao peito e plastrão azul-celeste.
      Movido provavelmente por um complexo de inferioridade, faz tudo para se elevar ao nível de Carlos da Maia, procurando atrair, a propósito e a despropósito, a sua benevolência de admiração: «O senhor Dâmaso Salcede, que não despegava os olhos de Carlos...».
     Gabarola e estúpido, declara-se sabedor da vida dos Castro Gomes e de ter um tio em Paris, mas não capta a ironia de Ega: «E que tio! (...) O tio do Dâmaso governa a França, menino!»; pelo contrário, «Dâmaso, escarlate, estoirava de gozo...». Tem a mania do chique («Uma gente muito chique (...) chique a valer!»), mas o ridículo que o envolve desmente essa pretensão de requinte:
  • os seus critérios para avaliar o chiquismo são ridículos: «... criado de quarto, governanta inglesa para a filhita, femme de chambre, mais de vinte malas...»;
  • à pergunta se queria vermute, responde: «Sim, uma gotinha para o apetite...»;
  • caricata é ainda a forma como enaltece Paris: «Aquilo é que é terra! Isto aqui é um chiqueiro. (...) Aquele boulevarzinho, hem! Ai, eu gozo aquilo... E sei gozar, sei gozar, que eu conheço aquilo a palmo...»;
  • tem um discurso profuso e deselegante, pontuado de calão de baixo nível.
     Surgindo os dois retratos de forma consecutiva, é evidente o intuito do narrador fazer contrastá-los. Este facto explica-se pela imagem de dignidade que se pretende dar dela e por ser uma personagem de tragédia e, como tal, teria de ser nobre de caráter. Dâmaso, por seu turno, está marcado para figurante da crónica de costumes. É, portanto, uma personagem plana, uma caricatura, um tipo social, o representante do novo rico.

Episódio do Jantar no Hotel Central

     Este episódio surge no capítulo VI do romance e integra a chamada crónica de costumes. Estamos perante um acontecimento eminentemente mundano, integrado na crónica de costumes (recordar o subtítulo «Episódios da Vida Romântica»), cujo objetivo central é homenagear o banqueiro Cohen, de cuja mulher Ega (o promotor da homenagem) é amante.

1. Objetivos
  • Homenagear o banqueiro Jacob Cohen, uma iniciativa de João da Ega («... o Ega, alargando pouco a pouco a ideia, convertera-o agora numa festa de cerimónia em honra do Cohen...»).
  • Retratar a sociedade lisboeta.
  • Proporcionar a Carlos da Maia o primeiro contacto com o meio social lisboeta.
  • Apresentar a visão crítica de alguns problemas.
  • A nível da ação central: proporcionar a Carlos o primeiro encontro com Maria Eduarda.

2. Intervenientes

          . João da Ega

     Promotor do jantar, uma homenagem ao banqueiro Jacob Cohen, marido da «divina Raquel», com quem mantém uma relação adúltera, João da Ega defende o Realismo / Naturalismo. Ao assumir esta posição, acaba  por convocar o poeta Tomás de Alencar, representante do Ultrarromantismo, e criar uma enorme discussão. A sua postura ao longo do jantar assemelha-se à adotada pelos jovens escritores da Geração de 70, profundamente revolucionários, o que o leva, por vezes, a recorrer a argumentos exagerados para sustentar as suas ideias.

          . Jacob Cohen

     É o homenageado durante o jantar, o marido da «divina Raquel», diretor do Banco Nacional, por isso o representante das Finanças na obra.

          . Tomás de Alencar

     Representante do Ultrarromantismo, é confrontado com os princípios naturalistas / realistas defendidos por Ega.

          . Dâmaso Salcede

     É o tipo do novo rico burguês e a súmula dos defeitos da sociedade: provincianismo, vaidade, futilidade e oportunismo (repare-se como louva Carlos da Maia com o intuito de assumir uma posição mais preponderante na sociedade.

          . Carlos da Maia

     O episódio proporciona-lhe o primeiro contacto com a sociedade, mantendo, durante o evento, uma posição relativamente discreta.

          . Craft

     Representante da cultura artística e britânica, Craft tem uma participação pouco relevante neste episódio.


3. Temas discutidos durante o jantar


          1. Literatura
  • Tomás de Alencar:
  • defensor do Ultrarromantismo;
  • opositor do Realismo / Naturalismo, que qualifica depreciativamente como «pústula», «pus», «literatura latrinária», «o excremento»;
  • incoerente: condena no presente o que cantara no passado: o estudo dos vícios da sociedade;
  • falso moralista: refugia-se na moral por não ter outra arma de defesa, outros argumentos - considera o Realismo / Naturalismo imoral;
  • vive desfasado do seu tempo: «... escreveu dois folhetins cruéis; ninguém os leu...»;
  • crítico do poeta Craveiro (Antero de Quental?), o «paladino do Realismo» e da «Ideia Nova»;
  • defensor da crítica literária de natureza académica:
  • feita de ataques pessoais e de calúnias;
  • preocupada com aspetos formais em detrimento dos aspetos temáticos («... dois erros de gramática, um verso errado...»);
  • obcecada com o plágio («... uma imagem roubada a Baudelaire...»).
  • João da Ega:
  • defensor do Realismo / Naturalismo;
  • distorce e exagera as teses realistas / naturalistas (agnosticismo, positivismo, dependência das anomalias sociais de fatores como a educação, o meio, a hereditariedade, a raça...);
  • defensor do cientificismo na literatura;
  • não distingue Ciência e  Literatura.
  • Carlos:
  • recusa o ultrarromantismo de Alencar;
  • defende o romance como análise social: «Esse mundo de fadistas, de faias, parecia a Carlos merecer um estudo, um romance...»;
  • considera intoleráveis os ares científicos do Realismo: «... o mais intolerável no realismo eram os seus grandes ares científicos (...) e a invocação de Claude Bernard, do experimentalismo, do positivismo, de Stuart Mill e de Darwin, a propósito de uma lavadeira que dorme com um carpinteiro!»;
  • defende que os carateres só se manifestam pela ação;
  • recusa os exageros do Ega. 
  • Craft:
  • recusa o Ultrarromantismo de Alencar;
  • defende a arte como idealização do que de melhor há na natureza;
  • defende o conceito parnasiano da arte pela arte: «E a obra de arte (...) vive apenas pela forma...».
  • Narrador:
  • recusa o Ultrarromantismo de Alencar;
  • recusa a distorção do Naturalismo contida nas afirmações de Ega;
  • defende uma estética próxima da de Craft: «... estilos novos, tão preciosos e tão dúcteis...» - tendência parnasiana.
     Atente-se na proximidade das teses defendidas por Carlos, Craft e pelo narrador das sustentadas por Eça de Queirós, que advoga uma nova forma para a literatura.


          2. Finanças
  • o país tem absoluta necessidade dos empréstimos ao estrangeiro;
  • a ocupação dos ministérios é «cobrar o imposto» e «fazer o empréstimo» (tal como hoje, Portugal vivia de empréstimos ao estrangeiro e da cobrança de impostos);
  • Cohen representa a posição oficial: é calculista e cínico, pois, tendo responsabilidades em razão do cargo que desempenha (Diretor do Banco Nacional), lava as mãos do assunto e aceita "alegremente" que o país vai direito para a bancarrota (120 anos depois, o país enfrenta uma situação semelhante);
  • Ega representa a posição prenunciadora da ideologia anarco-republicana, vendo na bancarrota a oportunidade ideal para levar a cabo uma revolução: «À bancarrota seguia-se uma revolução, evidentemente. Um país que vive da inscrição, em não lha pagando, agarra no cacete. [...] E, passada a crise, Portugal, livre da velha dívida, da velha gente, dessa coleção grotesca de bestas...».

          3. A história política
  • Ega:
  • aplaude as afirmações do Cohen e delira com a bancarrota como determinante da agitação revolucionária;
  • defende o afastamento violento da Monarquia;
  • defende a invasão espanhola como forma de arrasar, enterrar o velho Portugal e construir um Portugal novo, «sério e inteligente, forte e decente, estudando, pensando, fazendo civilização como outrora... Meninos, nada regenera uma nação como uma medonha tareia...»;
  • aplaude a instauração da República;
  • enumera as consequências do Constitucionalismo:
  • falta de educação e de higiene («... piolhice dos liceus...»);
  • doença e devassidão («... roída de sífilis...»);
  • passividade e inércia («... apodrecida no bolor das secretarias...»);
  • comportamentos rotineiros («... arejada apenas ao domingo...»);
  • perda da coragem e da dignidade («... perderam o músculo...»; «... perderam o caráter...»);
  • centralismo («Lisboa é Portugal! Fora de Lisboa não há nada.»);
  • fraqueza física e moral («... a raça mais fraca e mais cobarde...»).
  • Alencar:
  • opõe-se à invasão espanhola, pois considera-a um perigo para a independência nacional, e dispõe-se a despertar o patriotismo do país com os seus poemas;
  • defende o romantismo político: 
  • uma democracia humanitária (de 1848);
  • uma república governada por génios;
  • a fraternidade entre os povos, «os Estados Unidos da Europa»; 
  • repudia o talento dos seus conterrâneos, despeitado com o desprezo «desses politicotes», seus companheiros de farra antes de cumprirem as suas ambições;
  • protesta contra a alegre fantasia dos companheiros afirmando exaltadamente o amor pela pátria.
  • Cohen:
  • defende a existência de gente séria e honesta nas camadas políticas dirigentes;
  • condescende na necessidade de reformas no país;
  • considera Ega e Alencar uns exagerados;
  • em caso de invasão, participaria com o financiamento (as armas e a artilharia comprar-se-iam na América);
  • juntamente com Ega, organizaria a guerrilha.
  • Dâmaso:
  • exemplo de covardia:
  • se se desse a invasão espanhola, «raspava-se» imediatamente para Paris;
  • considera ainda que toda a gente fugiria como uma lebre. 
  • revela grande reverência relativamente a Carlos.


4. Fim do jantar - resolução da disputa
  • Ega e Alencar insultam-se mutuamente;
  • fazem uso de uma linguagem escabrosa e ofensiva;
  • envolvem-se numa zaragata que quase termina numa sessão de pugilato;
  • acabam por fazer as «pazes à portuguesa»: reconciliação e mostras de arrependimento, com abraços e protestos de amizade;
  • ou seja, esgotados os argumentos, passa-se à pessoalização das questões (= Questão Coimbrã, após as primeiras intervenções críticas; o desafio para um duelo entre Antero de Quental e Ramalho Ortigão).


5. Conclusões - o modo de ser português


     1. A falta de personalidade:
  • Alencar muda de opinião quando Cohen assim o pretende;
  • Ega muda também de opinião quando Cohen o pretende;
  • Dâmaso, cuja divisa é «Sou forte», aponta o caminho covarde da fuga.
     2. A disputa Ultrarromantismo / Naturalismo, reflexo da Questão Coimbrã.

     3. A falta de coragem / a covardia domina a sociedade, «... desde el-rei nosso senhor até aos cretinos de secretaria!...».

     4. A falta de cultura e civismo domina as classes mais destacadas, com exceção de Carlos e de Craft.

     5. O exército:

  • em caso de invasão, teriam de se alugar os generais para defesa da pátria;
  • a falta de disciplina dos soldados, não obstante serem «teso(s)»;
  • a fraqueza física e moral («Um regimento, depois de dois dias de marcha, dava entrada em massa no hospital!»; o episódio do marujo sueco).

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Semana Académica - Porto 2012 - Cartaz


"Escolas escondem crimes das autoridades"

     «Quatro anos depois de o procurador-geral da República, Pinto Monteiro, ter eleito o combate à violência em meio escolar como prioridade e apelado às escolas para participarem os casos, os estabelecimentos de ensino continuam a esconder das autoridades os crimes cometidos no seu interior.

     O alerta foi feito esta quarta-feira por Celso Manata, coordenador dos procuradores do Ministério Público junto do Tribunal de Família e Menores de Lisboa. "A atitude paternalista das escolas, típica dos países do sul da Europa, desculpando muitas situações, acaba por prejudicar os miúdos, porque passa uma ideia de impunidade e depois quando os casos nos chegam a nós já as coisas são mais graves", disse Celso Manata, no seminário Segurança em Ambiente Escolar, organizado pela PSP, que se realizou ontem no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.

     O procurador admite as dificuldades sentidas por professores, funcionários e órgãos de gestão das escolas e apela à sua coragem. "Eu sei que muitas vezes é difícil participar as ocorrências porque os miúdos e as famílias não são fáceis, mas há que ter coragem para informar as autoridades", afirmou.
     Os últimos números conhecidos apontam contudo para um aumento de 22 por cento nas ocorrências em contexto escolar participadas às forças de segurança. De acordo, com o Relatório Anual de Segurança Interna, a PSP e a GNR receberam no ano lectivo 2010/2011, no âmbito do Programa Escola Segura, 5762 ocorrências, das quais 4284 foram de natureza criminal.»
(c) Correio da Manhã

A «soirée» dos Gouvarinhos

     O encontro de algumas das personagens do «nosso» romance em casa dos Condes de Gouvarinho é um dos momentos da crónica de costumes.
     Nela há a destacar a fraca afluência, reveladora do desinteresse pelo evento, e o ambiente de dormêwncia, de tédio: «Enfim, secara-se.».
     Por outro lado, o narrador destaca as conversas balofas e entediantes do conde e as conversas ocas da condessa, representativas da sua falta de cultura e ignorância: «Imaginava que a Inglaterra é um país sem poetas, sem artistas, sem ideias, ocupando-se só de amontoar libras...». Como consequência, o interesse de Carlos da Maia por ela transforma-se num grande tédio, à semelhança, no fundo, do que acontecera com todas as suas paixões.

Vila Balzac

1. Origem do nome

     O nome da habitação está relacionado com o escritor francês Balzac. A escolha de Ega reflete a sua dualidade literária e a sua personalidade contraditória, pois Balzac foi um escritor francês realista que, tal como Ega, se dividiu entre o Romantismo e o Realismo.


2. Localização:
  • na Penha de França, algures na Graça;
  • local isolado e solitário, propício ao estudo, «às horas de arte e ideal», escolhido «Porque ia fechar-se lá, como num claustro de letras, a findar as «Memórias de um Átomo».


3. Descrição

     Após a leitura do início do capítulo VI, facilmente se conclui que a Vila Balzac é o reflexo de João da Ega. Carlos rapidamente o verifica, pois, quando certo dia vai visitar o amigo, depara com uma «casota de paredes enxovalhadas», imagem bem diferente das descrições idealizadas que Ega lhe fizera.


     3.1. A sala:
  • predomínio da cor verde;
  • ausência de decoração: tratando-se do espaço de um «intelectual» que se alimenta de uma «côdea de Ideal» e de «duas garfadas de filosofia», marca a oposição entre os ideais que apregoa e aquilo que é, de facto, pois a sua sensualidade sobrepõe-se à sua faceta intelectual.

     3.2. O quarto:
  • predomínio do vermelho: simbolicamente ligado à vida e à morte, esta ambivalência representa o ardor amoroso e carnal de um Eros triunfante que convida à transgressão (a relação adúltera de Ega com Raquel Cohen), mas, de tal modo exagerado, que se reveste de um caráter infernal e descontrolado que leva Ega a mascarar-se de Mefistófeles, assumindo, assim, a sua condição de amante cego e infernal;
  • o leito enorme «enchia, esmagava tudo. (...) o centro da Vila Balzac...";
  • o luxo e os ornatos espaventosos;
  • o aparato de tabernáculo: traduz a sordidez da relação;
  • o espelho, como num lupanar:
  • o caráter narcisista e ocioso de Ega;
  • a sordidez, a sensualidade e a vida dissoluta de Ega e dos amores adúlteros com Raquel Cohen;
  • o «olhar silencioso e doce» que Ega lança ao leito e o gesto de «passar uma pontinha da língua sobre o beiço»;
  • a mesinha de cabeceira repleta de livros de Spencer, Baudelaire e Stuart Mill;
  • a garrafa de champanhe e os copos sobre a cómoda;
  • o toucador em desordem;
  • os ganchos do cabelo e os ferros de frisar.

     3.3. A sala de jantar:
  • a eloquência chocarreira do Ega: «- A sr.ª Josefa, solteira, de temperamento sanguíneo (...)»; «E, como quando eu recolher, talvez a sr.ª Josefa esteja entregue ao sono da inocência, ou à vigília da devassidão...»;
  • os olhares trocados e os subentendidos: «A moça sorria, sem embaraço, habituada decerto a estas familiaridades boémias.»; «E subitamente, numa outra vez, com um olhar que ela devia perceber...».


4. Conclusão

     Em jeito de conclusão, podemos afirmar que, afinal, o recanto de estudo de João da Ega não passa de uma sórdida alcova de furtivos amores ilícitos.
     Por outro lado, a Vila Balzac configura um espaço de contraste entre o ser (a realidade:a imundície, a sensualidade, a sordidez, a familiaridade pouco digna com os empregados, o refúgio de amores ilícitos) e o parecer (o idealizado, a partir das descrições de Ega: o falso requinte).

terça-feira, 17 de abril de 2012

Padre António Vieira


O espaço social de OS MAIAS - Introdução

     «Os Maias são, superficialmente, um fresco caricatural da sociedade portuguesa do século XIX em forma de crónica de costumes, com fortes caraterísticas de romance folhetinesco.» (Machado da Rosa, Eça, discípulo de Machado?).

     O romance realista visava a crítica social que espelha determinados vícios / defeitos de caráter e de personalidade do Homem, explicados / analisados segundo uma perspetiva determinista.
     É para aí que aponta o subtítulo do romance - Episódios da Vida Romântica -, isto é, para «a pintura detalhada de uma sociedade" de uma determinada época - a da Regeneração - e de um meio - o da alta sociedade lisboeta. Esta radiografia é feita à custa de dois recursos específicos: as personagens-tipo, isto é, personagens figurantes que tipificam um determinado grupo social, caraterizando-o, e a representação de ambientes, a partir de episódios.

     De acordo com Carlos Reis (Introdução à leitura de Os Maias), estes dados permitem-nos integrar o romance «no estatuto do roman-fleuve, também chamado romance-fresco; estreitamente ligado à problemática (...) do romance de família, o romance-fresco é aquele que "através da aventura de um indivíduo, de uma família, de um clã, aspira a captar um momento histórico numa sociedade. Deseja também, como o romance histórico ou o romance rural, representar a cor exata de uma época e de um meio"».

Questionário - Texto introdutório

1. A nota apresentada no início do sermão fornece alguns dados pertinentes sobre o contexto extralinguístico em que foi proferido e sobre o próprio texto.

1.1. Indique o lugar e a data em que foi proferido o Sermão.

1.2. Recorde as informações que recolheu sobre a vida e a obra do Padre António Vieira e indique o motivo por que se encontrava nesse local nessa data.

1.3. De acordo com a nota, qual era a reação à «doutrina» que o Padre António Vieira pregava?

1.3.1. Os ensinamentos da referida doutrina eram relevantes em duas vertentes da vida do homem. Identifique-as.

1.4. Transcreva o adjetivo usado para qualificar o Sermão e mencione a sua subclasse.

1.4.1. O adjetivo referido remete para a figura de retórica «alegoria». Apresente uma definição deste recurso estilístico e um exemplo.

Sermão de Santo António aos Peixes: texto introdutório

Pregado na Cidade de S. Luís do Maranhão, ano de 1654

     Este Sermão (que todo é alegórico) pregou o Autor três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino, a procurar o remédio da salvação dos índios, pelas causas que se apontam no I. Sermão do I. Tomo. E nele tocou todos os pontos de doutrina (posto que perseguida) que mais necessários eram ao bem espiritual, e temporal daquela terra, como facilmente se pode entender das mesmas alegorias.


                                                                  Vos estis sal terrae.
                                                                          Matth. 5

Sermão de Santo António aos Peixes

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Rever nota de exame subiu de 15 para 25 euros

     «Mais dez euros é quanto vai custar aos alunos que realizem exames o pedido de revisão da nota, caso não estejam satisfeitos com a avaliação atribuída.»

domingo, 15 de abril de 2012

"Tira o dedo do nariz"

Por vezes a distração
não permite que repares
no que fazes de errado
se estás em certos lugares.

Anda a mão a passear
sem ouvir o que se diz
e de repente está o dedo
enfiado no nariz.

Esse gesto, além de feio,
nada tem de asseado;
seja qual for o dedo,
é melhor estar sossegado.

O nariz não é abrigo
em que o dedo deva estar
e se fores meu amigo
bem o deves controlar.

E para veres a figura
que às vezes estás a fazer
repara nos condutores
que modos não sabem ter.

Lá estão eles nos sinais
à espera que o verde caia,
à procura de um "presente"
que do seu nariz lhes saia.

                          José Jorge Letria, Porta-te bem!

Aumento da idade de reforma


(c) Henricartoon

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