Português

domingo, 17 de junho de 2012

A Grécia e o(s) Euro(s)


Exames a Sério

     «Considerando o facilitismo da escola e o simulacro de exames, o que terá surpreendido, durante todos estes anos, o observador menos advertido, foi os resultados terem sido sempre piores. Explicação óbvia: quando se pede zero, obtém-se menos que zero.
     E foi para que se não descobrisse o efeito do projecto inconfessável, imposto à escola durante todos estes anos, que foram desvalorizando os exames, que tentaram acabar com todos eles. Usando "argumentos" tão inteligentes e ideologicamente reveladores como os de que os exames ferem a auto-estima dos alunos, discriminam os mais desfavorecidos e levam os professores a preocupar-se apenas (?) em preparar os alunos para as provas.
     Só a opinião pública, progressivamente esclarecida, impediu que acabassem com todos os exames. Vieram, então, as provas cada vez mais fáceis, de "faz-de-conta". Mas mesmo assim, com exigência mínima, provas ridículas, pressão sobre os professores para "passarem" todos os alunos, as retenções aumentaram sempre. Por uma razão tão óbvia que só os "cientistas" da educação, preparados para perceberem as coisas difíceis, não podem compreender: a descida da exigência gera cada vez mais ignorância, desinteresse e irresponsabilidade nos alunos e explicável desmotivação em muitos professores.
     O facto de a exigência, a auto-exigência, a avaliação a sério não serem cultivadas na escola, apresentadas como um auto-desafio, leva as crianças, desde o primeiro dia de aulas, a aprenderem o seu contrário, isto é, a não levarem a escola a sério.
     Nesta perspectiva, os exames a sério - sendo um exercício de autonomia para os alunos - são o momento (educativo, diria mesmo ético e cívico) em que alunos, professores, directores, os próprios pais e, claro, o ME, são confrontados com as suas responsabilidades.
     Cada realidade educativa deve ter um regime de exames adequado. Em Portugal, a situação do ensino, a cultura dominante nas escolas, exige a regulação, durante um certo período, de um regime intensivo de exames.
     Por isso, a imposição da exigência e de exames a sério, com todas as outras mudanças de fundo e instrumentais que serão progressivamente introduzidas, irá reduzir a necessidade de retenções. Como em breve se verá e o "eduquês" teme.
     Esqueçamos as tretas, libertemo-nos da moda: os exames a sério não são, pois, para reprovar, mas, pelo contrário, para transitar... sabendo-se. (Havendo casos em que a transição sem o aproveitamento desejável pode ser considerada útil para o progresso do aluno).
     Todos temos consciência de que a generalidade dos alunos, na generalidade das disciplinas, só estuda empenhadamente quando a avaliação é a sério. Serão poucos os que investem quando a passagem é "de borla". E só se aprende quando se estuda, ao contrário do que é prometido pelos "especialistas" da educação.
     O exame é uma orientação e um desafio de superação para os alunos, os professores e mesmo os pais. A competição é sempre connosco próprios, deve ser assim promovida e vivida.
     Com o novo ministro da Educação vêm os primeiros exames a sério. Deveriam ter vindo antes de qualquer outra medida, para se avaliar o verdadeiro estado da educação.
     Mas esses primeiros exames, convém sublinhá-lo, por serem a sério e não ter havido ainda tempo para mudar a escola, irão traduzir-se, como só o Professor Santana Castilho parece não compreender (?), em resultados previsivelmente piores.
     Devemos, no entanto, estar preparados para alguma surpresa: é que os alunos portugueses não são menos dotados, em inteligência, orgulho e vontade, do que os alunos dos outros países e, como dizia uma das personagens do Frei Luís de Sousa, "a necessidade pode muito". De facto, quando foi noticiado o nome do actual Ministro da Educação, um aluno do 11.º ano disse ao pai: "Temos de estudar, vem aí o Nuno Crato."
     É preciso, pois, aguardar com esperança os efeitos "imediatos" da libertação do "quartel general" do "eduquês".

Guilherme Valente, Expresso (16/06/2012)

sábado, 16 de junho de 2012

Caixa de comentários

     Não vale a pena insistir em linguagem de corredor de escola, vão de escada ou caserna na caixas de comentários. Todos eles serão eliminados.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Matriz do Exame Nacional de Língua Portuguesa 2012 - 6.º ano

Matriz do Exame Nacional de Matemática 2012 - 6.º ano



     A pedido de várias famílias, aqui fica.

Atos ilocutórios


Categorias
Objectivos
Marcas Linguísticas

Assertivos
·     Traduzem uma posição, uma verdade assumida pelo locutor.
·      Verbos declarativos (exs.: afirmar, concluir, declarar, dizer, aceitar, etc.);
·      Verbos assertivos (exs.: aceitar, admitir, achar, acreditar, considerar, confessar, discordar, negar, responder, entender, etc.);
·      Expressões verbais modalizadas (exs.: considerar / achar necessário, possível, certo; colocar a hipótese de, etc.);
·      Asserções simples (afirmativas/negativas).
·      O Eusébio foi um grande futebolista.
·      Acredito que o Benfica será campeão.
                         











Directivos









·     Revelam a intenção de o locutor (através de ordens, sugestões, pedidos, …) conduzir o interlocutor a agir segundo o que lhe é dito, isto é, à realização de uma acção.
·      Expressão da ordem, pedido, conselho, aviso, sugestão, instrução através de:
Ø frases de tipo imperativo;
Ø verbos directivos (exs.: avisar, exigir, implorar, mandar, ordenar, proibir, etc.);
·      Expressão de pedidos de informação/confirmação com base em:
Ø frases simples interrogativas;
Ø frases complexas interrogativas dominadas por verbos de inquirição (exs.: perguntar, interrogar, inquirir, investigar, etc.);
Ø frases interrogativas negativas com valor positivo.
·      Expressões volitivas do tipo «querer que + verbo”.
·      Assine aqui, por favor.
·      Não é verdade que demoraste três horas a fazer o teste?



  




Expressivos
·     Exprimem sentimentos, emoções, estados de espírito do locutor face ao que enuncia.
·      Verbos expressivos (exs.: agradecer, compadecer-se, congratular-se, deplorar, desculpar-se, deplorar, felicitar. lamentar, repudiar, etc.);
·      Verbos modalizados por advérbios (exs.: achar bem/mal, gostar muito/pouco, etc.);
·      Frases de tipo exclamativo.
·      Agradeço a tua lembrança.
·      Gosto muito de ter aulas de Português.




Compromissivos
·    Traduzem o compromisso de o locutor realizar uma acção futura.
·      Frases simples marcadas pelo futuro do indicativo ou outro do mesmo valor;
·      Verbos compromissivos (exs.: comprometer-se, garantir, jurar, prometer, tencionar, etc.);
·      Fórmulas de despedida que dêem lugar a compromissos futuros;
·      Frases complexas, com lógica do tipo condição-consequência, em que a última dá lugar a comprometimento do locutor.
·      Logo falto à aula.
·      Se não trouxeres o documento assinado pela tua mãe, não irás à visita.




Declarações
·     Expressam o poder (reconhecido institucionalmente) de o locutor criar / transformar uma realidade pelo próprio acto de dizer (actos oficiais: casamentos, reuniões, julgamentos).
·      Frases proferidas por locutores institucional ou individualmente reconhecidos com poder, autoridade;
·      Verbos declarativos/performativos: declarar, renunciar, nomear, baptizar abrir, encerrar, terminar.
·      Os serviços encerram por hoje.




Declarações assertivas
·     Pretendem exprimir o que deve ser considerado como uma verdade a seguir, por o locutor possuir uma autoridade específica que é reconhecida pelo interlocutor.
·     Expressões modalizadas: ser fundamental, considerar importante, considerar fundamental, considerar imprescindível.
·     É essencial que o senhor traga todos os comprovativos.
·     É a resposta da Teresa que está correcta.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Matriz do Exame Nacional de Matemática 2012 - 9.º ano

Matriz Exame Nacional de Língua Portuguesa 2012 - 9.º ano

Reforma aos 80 anos

          «Para o presidente executivo da AIG - American International Group -,  a crise da dívida na Europa demonstra que os governos a nível mundial têm de aceitar que as pessoas vão ter de trabalhar mais anos, à medida que a esperança de vida aumenta. Robert  Benmosche defendeu que a idade da reforma terá de se estender até aos 80 anos.»

domingo, 10 de junho de 2012

Atos de fala

1. Ato de fala

    Chama-se ato de fala à produção de um enunciado, linguisticamente funcional, num determinado contexto de interação comunicativa, para realizar uma ação: avisar, informar, prometer, pedir, ordenar, etc. Comunicar não é apenas uma forma de solicitar compreensão para o que o emissor diz, mas é também uma forma de este influenciar o recetor.
     Um ato de fala é, assim, em simultâneo, fala (ato locutório) e ação (ato ilocutório).


2. Ato de fala direto e indireto

   
 O locutor realiza um ato de fala direto quando aquilo que diz corresponde literalmente àquilo que pretende dizer:
          - Dá-me o jornal.
     No caso do ato de fala indireto, o locutor transmite no seu enunciado mais do que aquilo que realmente diz em sentido literal:
          - Importas-te de me dar o jornal?
     Neste segundo exemplo, o locutor, por delicadeza ou cortesia, usa uma frase interrogativa que, neste contexto, deve ser entendida como uma ordem pelo recetor. O locutor, quando profere a frase, não pretende obter uma resposta do tipo sim, importo ou não, não importo. Deste modo, ele quis foi dar a ordem expressa no primeiro exemplo.
     Outros exemplos de atos de fala indiretos:
          - Pode dizer-me as horas?
          - Vamos começar a atividade?
          - Sabe a que horas joga a seleção nacxional?
          - Em casa falaremos! (é um ato de fala indireto, dado que o locutor faz
             uma ameaça.)
          - Não acham que a sala está muito abafada?


3. Ato locutório

     Sempre que alguém fala, realiza em simultâneo três ações: um ato locutório, um ato ilocutório e um ato perlocutório.

     O ato locutório consiste na produção de um enunciado de acordo com as regras gramaticais da língua, transmitindo um conteúdo proposicional, isto é, consiste na enunciação de palavras ou frases que veiculam uma determinada mensagem.


4. Ato ilocutório

     
O ato ilocutório é a ação que o locutor realiza quando profere um enunciado. Dito de outra forma, é o ato locutório produzido num determinado contexto comunicativo, com determinadas intenções e sob certas condições.


5. Ato perlocutório

     O ato perlocutório é a consequência, o resultado ou o efeito provocado no interlocutor por um determinado ato ilocutório (exs.: surpreender, intimidar, convencer, seduzir, assustar, etc.).


     Observe-se a frase seguinte:

          * Vamos começar a aula? - pergunta o professor.
  • Esta frase é um ato locutório, visto que ela obedece às regras gramaticais da língua portuguesa e é contextualmente correta.
  • É também um ato ilocutório, na medida em que, indiretamente, o professor realiza uma ação, a de mandar calar os alunos.
  • O ato ilocutório levará a uma determinada ação por parte do(s) interlocutor(es): os alunos calam-se. Esta ação constitui o ato perlocutório.

H. I. 3. Pragmática

1. Enunciador, enunciação, enunciado.

2. Informação pragmática / enciclopédia.

3. Deixis / Deíticos.

4. Dialogismo.

5. Atos de fala.

          5.1. Tipologia dos atos ilocutórios.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...