«Considerando o facilitismo da escola e o simulacro de exames, o que terá surpreendido, durante todos estes anos, o observador menos advertido, foi os resultados terem sido sempre piores. Explicação óbvia: quando se pede zero, obtém-se menos que zero.
E foi para que se não descobrisse o efeito do projecto inconfessável, imposto à escola durante todos estes anos, que foram desvalorizando os exames, que tentaram acabar com todos eles. Usando "argumentos" tão inteligentes e ideologicamente reveladores como os de que os exames ferem a auto-estima dos alunos, discriminam os mais desfavorecidos e levam os professores a preocupar-se apenas (?) em preparar os alunos para as provas.
Só a opinião pública, progressivamente esclarecida, impediu que acabassem com todos os exames. Vieram, então, as provas cada vez mais fáceis, de "faz-de-conta". Mas mesmo assim, com exigência mínima, provas ridículas, pressão sobre os professores para "passarem" todos os alunos, as retenções aumentaram sempre. Por uma razão tão óbvia que só os "cientistas" da educação, preparados para perceberem as coisas difíceis, não podem compreender: a descida da exigência gera cada vez mais ignorância, desinteresse e irresponsabilidade nos alunos e explicável desmotivação em muitos professores.
O facto de a exigência, a auto-exigência, a avaliação a sério não serem cultivadas na escola, apresentadas como um auto-desafio, leva as crianças, desde o primeiro dia de aulas, a aprenderem o seu contrário, isto é, a não levarem a escola a sério.
Nesta perspectiva, os exames a sério - sendo um exercício de autonomia para os alunos - são o momento (educativo, diria mesmo ético e cívico) em que alunos, professores, directores, os próprios pais e, claro, o ME, são confrontados com as suas responsabilidades.
Cada realidade educativa deve ter um regime de exames adequado. Em Portugal, a situação do ensino, a cultura dominante nas escolas, exige a regulação, durante um certo período, de um regime intensivo de exames.
Por isso, a imposição da exigência e de exames a sério, com todas as outras mudanças de fundo e instrumentais que serão progressivamente introduzidas, irá reduzir a necessidade de retenções. Como em breve se verá e o "eduquês" teme.
Esqueçamos as tretas, libertemo-nos da moda: os exames a sério não são, pois, para reprovar, mas, pelo contrário, para transitar... sabendo-se. (Havendo casos em que a transição sem o aproveitamento desejável pode ser considerada útil para o progresso do aluno).
Todos temos consciência de que a generalidade dos alunos, na generalidade das disciplinas, só estuda empenhadamente quando a avaliação é a sério. Serão poucos os que investem quando a passagem é "de borla". E só se aprende quando se estuda, ao contrário do que é prometido pelos "especialistas" da educação.
O exame é uma orientação e um desafio de superação para os alunos, os professores e mesmo os pais. A competição é sempre connosco próprios, deve ser assim promovida e vivida.
Com o novo ministro da Educação vêm os primeiros exames a sério. Deveriam ter vindo antes de qualquer outra medida, para se avaliar o verdadeiro estado da educação.
Mas esses primeiros exames, convém sublinhá-lo, por serem a sério e não ter havido ainda tempo para mudar a escola, irão traduzir-se, como só o Professor Santana Castilho parece não compreender (?), em resultados previsivelmente piores.
Devemos, no entanto, estar preparados para alguma surpresa: é que os alunos portugueses não são menos dotados, em inteligência, orgulho e vontade, do que os alunos dos outros países e, como dizia uma das personagens do Frei Luís de Sousa, "a necessidade pode muito". De facto, quando foi noticiado o nome do actual Ministro da Educação, um aluno do 11.º ano disse ao pai: "Temos de estudar, vem aí o Nuno Crato."
É preciso, pois, aguardar com esperança os efeitos "imediatos" da libertação do "quartel general" do "eduquês".
O facto de a exigência, a auto-exigência, a avaliação a sério não serem cultivadas na escola, apresentadas como um auto-desafio, leva as crianças, desde o primeiro dia de aulas, a aprenderem o seu contrário, isto é, a não levarem a escola a sério.
Nesta perspectiva, os exames a sério - sendo um exercício de autonomia para os alunos - são o momento (educativo, diria mesmo ético e cívico) em que alunos, professores, directores, os próprios pais e, claro, o ME, são confrontados com as suas responsabilidades.
Cada realidade educativa deve ter um regime de exames adequado. Em Portugal, a situação do ensino, a cultura dominante nas escolas, exige a regulação, durante um certo período, de um regime intensivo de exames.
Por isso, a imposição da exigência e de exames a sério, com todas as outras mudanças de fundo e instrumentais que serão progressivamente introduzidas, irá reduzir a necessidade de retenções. Como em breve se verá e o "eduquês" teme.
Esqueçamos as tretas, libertemo-nos da moda: os exames a sério não são, pois, para reprovar, mas, pelo contrário, para transitar... sabendo-se. (Havendo casos em que a transição sem o aproveitamento desejável pode ser considerada útil para o progresso do aluno).
Todos temos consciência de que a generalidade dos alunos, na generalidade das disciplinas, só estuda empenhadamente quando a avaliação é a sério. Serão poucos os que investem quando a passagem é "de borla". E só se aprende quando se estuda, ao contrário do que é prometido pelos "especialistas" da educação.
O exame é uma orientação e um desafio de superação para os alunos, os professores e mesmo os pais. A competição é sempre connosco próprios, deve ser assim promovida e vivida.
Com o novo ministro da Educação vêm os primeiros exames a sério. Deveriam ter vindo antes de qualquer outra medida, para se avaliar o verdadeiro estado da educação.
Mas esses primeiros exames, convém sublinhá-lo, por serem a sério e não ter havido ainda tempo para mudar a escola, irão traduzir-se, como só o Professor Santana Castilho parece não compreender (?), em resultados previsivelmente piores.
Devemos, no entanto, estar preparados para alguma surpresa: é que os alunos portugueses não são menos dotados, em inteligência, orgulho e vontade, do que os alunos dos outros países e, como dizia uma das personagens do Frei Luís de Sousa, "a necessidade pode muito". De facto, quando foi noticiado o nome do actual Ministro da Educação, um aluno do 11.º ano disse ao pai: "Temos de estudar, vem aí o Nuno Crato."
É preciso, pois, aguardar com esperança os efeitos "imediatos" da libertação do "quartel general" do "eduquês".
Guilherme Valente, Expresso (16/06/2012)
Sem comentários :
Enviar um comentário