Português

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Dois pesos e duas medidas


Jesus ter mulher dá bandeira queimada?

Por Ferreira Fernandes 
     SOU A FAVOR de certos atentados, como os que, por legítima defensa, poderiam (e deveriam) ser feitos contra o homem que fez o tal filme anti-Islão. De que atentados falo? De um encharcado nas trombas do realizador, cristão copta egípcio que, no bem-bom da Califórnia, acirrou cáfilas de exaltados que se aproveitam do menor pretexto para atacar os cristãos coptas egípcios que, esses, vivem no Egito sem proteção da polícia americana. Encharcado pespegado, não vejo mais que violência possa ser justificada neste caso. Até o canalha desse realizador copta tem direito de fazer uma xaropada sobre a pretensa vida sexual do Maomé. Que isso pode ofender muçulmanos? Pode. Mas parte do mundo aprendeu que podem coexistir o direito a sentir-se ofendido e o direito de dizer (filmar, pintar...) mesmo com o risco de poder ofender outros. Não é má ideia. Não fosse assim, ontem, a minha porteira não se teria sentido só perplexa quando ouviu no telejornal que um milenário papiro copta (estes parecem danados para a ofensa, mas foi só coincidência) revelava que "Jesus tinha mulher." Ela ouviu aquilo, ofendeu-se (acreditou toda a vida na pureza sexual de Jesus) mas limitou-se a abanar a cabeça. Não foi para a rua queimar bandeiras e invadir a primeira embaixada. Se a minha porteira conseguiu fazer uma figura decente, julgo que os clérigos muçulmanos que se engasgam com o tal filme também podiam conter-se. E se não puderem, tratem-se. 
DN de 20 Set 12

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O impacto do aumento do n.º de alunos por turma no aproveitamento escolar

     O ministro Nuno Crato aumentou o número de alunos por turma em todos os ciclos do ensino obrigatório, desprezando todos aqueles que criticaram a medida, argumentando que tal iria prejudicar a aprendizagem e o sucesso educativo.
     Usou mesmo um tom displicente ao afirmar que não havia estudos que comprovassem a relação entre o aumento do n.º de alunos por turma e a diminuição do sucesso. Pois bem, há pelo menos um estudo do Ministério da Educação francês, datado de 2006, que comprova o que quem está no terreno tem afirmado até à exaustão: a partir de um momento, cada aluno a mais numa turma diminui o sucesso escolar dos aprendizes.


     Aqui fica o link para o estudo em questão: Les Dossiers - Enseignement scolaire.

domingo, 9 de setembro de 2012

Conformismo / Protesto


          Acho uma moral ruim
          trazer o vulgo enganado:
          mandarem fazer assim
          e eles fazerem assado.

          Sou um dos membros malditos
          dessa falsa sociedade
          que, baseada nos mitos,
          pode roubar à vontade.

          Esses por quem não te interessas
          produzem quanto consomes:
          vivem das tuas promessas
          ganhando o pão que tu comes.

          Não me deem mais desgostos
          porque sei raciocinar...
          Só os burros estão dispostos
          a sofrer sem protestar!

          Esta mascarada enorme
          com que o mundo nos aldraba,
          dura enquanto o povo dorme,
          quando ele acordar, acaba.

                                              António Aleixo

O tuíte de Pedro Passos Coelho

A realidade portuguesa


Burro Justino


     David Justino é um professor universitário e ex-ministro da Educação no XV Governo Constitucional. Durante o exercício do cargo, a população do Poceirão batizou-o de «Burro Justino», uma forma de protesto pela demora do Ministério de Educação da altura em construir uma escola na zona.
     Cansadas de esperar, as populações de Poceirão e Marateca levaram um equídeo, em 6 de novembro de 2004, até à porta da Assembleia da República. O animal participou noutros momentos de protesto, por vezes de mochila às costas, e, ironicamente, foi intentada a sua candidatura ao Parlamento Europeu.
     Ainda que pelos motivos acima sumariamente explicitados, aquelas populações tinham toda a razão no nome de batismo que escolheram para o ex-ministro. De facto, repare-se como o dito, colaborador assíduo no blogue 4T - Quarta República, cometeu mais um dos erros de português pelos quais é conhecido, ao trocar o verbo «ver(-se)» pelo verbo «vir(-se)»: "Sem menosprezar a incompreensão de milhares de professores que se vêm ao fim de muitos anos de exercício de actividade docente...".
     Ainda bem que o aturado exercício da docência tem efeitos tão... agradáveis.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Como me curei de uma deficiência

     «Entre nós, os Jogos Paralímpicos de Londres acontecem sob o mando do pudor, até poucas fotografias se veem. Ora, se um recorde desportivo é sempre admirável, que imagem mais forte pode haver que esse conseguimento alcançado por alguém que tem tudo para não conseguir?
     Em 2004, nos JO de Atenas, durante uma corrida de apresentação de paralímpicos, um atleta virou a sua cadeira de rodas em frente da bancada de jornalistas. A cadeira por terra e as pernas deficientes viradas ao céu pareceram-nos demasiado patéticas, desviámos o olhar e nem coragem tivemos de nos encarar uns aos outros. Mas alguém endireitou a cadeira e o atleta continuou a corrida com naturalidade.
     Agora, a cobertura entusiástica dos bons jornais ingleses nos Jogos Paralímpicos de Londres tem-me curado da piedade despropositada. Também Oscar Pistorius, o sul-africano das pernas em lâmina, me ajudou. Há um mês, ele foi o primeiro atleta deficiente a correr nuns Jogos Olímpicos e até chegou às finais de 4x400m. No domingo, nos Jogos Paralímpicos, ele foi vencido nos 200m classe T44 (amputados das pernas, com próteses) pelo brasileiro Alan Fonteles. Só a derrota de Pistorius é uma lição de normalidade: aquele que é uma vedeta entre olímpicos, perde com paralímpico... Depois, houve a reação do sul-africano: acusou, sem razão, o brasileiro de ter corrido com próteses ilegais...
     Pronto, é oficial: os deficientes são normais. Até têm o mau perder dos outros.»

Ferreira Fernandes, in DN (04/09/2012)

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

"De mais" ou "demais"?

1. Usa-se "de mais" quando se trata:
          a) da preposição «de» seguida do advérbio «mais», funcionando este
               autonomamente, e exprime a noção de quantidade:
                    . Antes de a aula terminar, o professor falou ainda de mais dois temas.
                    . Nenhuma vida é de mais.
          b) de uma locução adverbial que significa muitíssimo, excessivamente,
               demasiado, em demasiaa mais (é o oposto de de menos):
                    . A Bar Rafaeli é linda de mais.
                    . Hoje esteve calor de mais para o meu gosto.
                    . A minha afilhada Eduarda come de mais, por isso está uma bola.

2. Escreve-se "demais" quando significa:
          a) os restantes, os outros (determinante ou pronome demonstrativo):
                    . Só o Pereira enjoou; os demais passageiros não tiveram problemas.
          b) ainda por cima, além disso, de resto, ademais:
                    . O vestido era feito. Demais a mais, custava os olhos da cara.
                    . A docência é uma profissão difícil; demais, é mal remunerada.


     Esta não é, porém, uma posição consensual. Atente-se no que escreve a professora Regina Rocha, no Ciberdúvidas:

     «Demais ou de mais? é uma das dúvidas – e confusões – mais frequentes no português corrente, razão, de resto, de permanentes perguntas de quem consulta o Ciberdúvidas. Vejamos esta dúvida de um leitor do jornal 24 Horas1: «Nenhuma vida é demais» ou «Nenhuma vida é de mais»?
Defendo que deverá escrever-se «Nenhuma vida é de mais». Quando se pretende exprimir a noção de quantidade, deve utilizar-se a locução adverbial de mais. No caso, pretende dizer-se que «não existe nenhuma vida a mais» («de sobra», «além do devido ou necessário»).
Demais, uma só palavra, pode ser um pronome ou um determinante demonstrativo, equivalente a «outros», «outras», «restantes». Exemplos: «Foram visitar a igreja só três excursionistas; os demais ficaram a apanhar sol no jardim.» «Toda a gente já ouviu falar de Miguel Torga, de Fernando Pessoa, de Luís de Camões e dos demais escritores referidos naquele programa de televisão.»
Demais (ou ademais), uma só palavra, também pode ser um advérbio que significa «além disso», «de resto». Exemplos: «O trabalho é muito difícil; demais, é mal pago.» «Não lhe obedeças; demais, essa determinação não está no regulamento.»
Demais, uma só palavra, pode ainda ser um advérbio de modo, que exprime a intensidade e significa «muitíssimo», «excessivamente», «em demasia», «demasiadamente». Emprega-se intensificando formas verbais, advérbios ou adjectivos. Exemplos: «Aquele rapaz dorme demais.» «A jarra é frágil demais; vai partir-se.» «Para aquele pasquim, ele escreve bem demais.»
De mais, duas palavras, é uma locução adverbial (formada pela preposição de e pelo advérbio mais) que exprime a ideia de quantidade. Tem um significado equivalente a «a mais» e aparece ligada a substantivos. É de quantidade que se trata, e não de intensidade. Exemplos: «Comprei discos de mais» (comprei mais discos do que devia); «São de mais os livros que tenho para ler» (são mais livros do que aqueles que tenho tempo ou disposição para ler; são livros a mais); «O chá tem açúcar de mais» (tem mais açúcar do que devia).
Na frase em causa, estamos perante um substantivo (vida), pelo que parece ser a quantidade que está em causa, e não a intensidade.»

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Momentos de glória olímpica (IV)


     Meia-final do torneio olímpico de basquetebol masculino. A Argentina elimina a seleção dos Estados Unidos, constituída por jogadores da NBA (LeBron James estava lá), para, na final, se sagrar campeã olímpica.

domingo, 12 de agosto de 2012

Momentos de glória olímpica (III)



     A 12 de agosto de 1984, em Los Angeles, Carlos Lopes sagra-se campeão olímpico da maratona, obtendo a primeira medalha de ouro para Portugal numas Olimpíadas.

Londres 2012 (I)


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Metas curriculares de Português - Ensino básico

«Da» ou «de a»? «Deste» ou «de este»?

     Regra geral, a preposição «de» contrai-se com os artigos, pronomes ou advérbios com que se combina.
  • O problema dela  [de + ela] é ser muito vaidosa.
  • O som veio dali [de + ali].
  • O Elvis Presley morreu novo por causa da [de + a] droga.
     No entanto, quando a preposição faz parte de uma construção que precede um verbo no modo infinitivo, não se contrai:
  • Depois de a chuva parar, a corrida recomeçou.
  • Apesar de a Emma Stone cantar mal, o público aplaudiu-a.
  • O facto de o Benfica ser treinado por um casmurro não ajuda nada.
  • A Maria está muito contente por causa de aqui estar de férias.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Os números totais de professores sem componente letiva

Professores descartáveis ou professores a mais?

     O país está em crise... O Estado gasta em demasia... É preciso poupar... Os ministérios têm de gastar menos... Os portugueses têm de empobrecer...
     Desde Maria de Lurdes Rodrigues a ordem no MEC é para cortar nos professores a torto e a direito. Nuno Crato decidiu ir mais longe do que nunca. Observe-se o quadro seguinte:

     O senhor ministro Nuno Crato definiu as disciplinas de Português e de Matemática como estruturantes e «merecedoras» de um reforço da carga letiva semanal. No entanto, os dados entretanto disponibilizados pelo MEC vêm revelar que o grupo mais atingido no que diz respeito aos «professores descartáveis» é o 300, isto é, o de Português (3.º ciclo e secundário), com 1241 DACL. Se a este número acrescentarmos os quase 600 do 2.º CEB pertencentes aos grupos que podem lecionar aquela disciplina, a coerência de Nuno Crato é merecedora de registo... cómico-trágico.

     Toda esta informação foi, descaradamente, roubada ao bogue A Educação do Meu Umbigo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Público vs. Privado

Para já, e para começar, constata-se que a solidariedade nacional desapareceu. proponho uma guerra civil: setor público vs setor privado.
Depois, sugiro que se acabe com a função pública: privatize-se tudo. O cidadão comum não terá mais que pagar os agora serviços públicos ao preço de custo. Paga a educação dos filhos por inteiro, se não tem dinheiro fica com filhos analfabetos e paciência. Paga os serviços de saúde por inteiro, se não tem dinheiro paciência, morre e depois já não tem que se incomodar. Paga os serviços judiciais por inteiro, se não tem dinheiro vá pedir justiça à Nossa Senhora. Chegaremos então a um patamar perfeito em que o setor público desaparece e é tudo privado.
O princípio da igualdade é facílimo de aplicar: TODOS os cidadãos, independentemente do modo como auferem os seus rendimentos, que ganhem mais de 1500 € / mês, devem pagar 2/14 do seu rendimento anual a título de imposto extraordinário. Claro que havia que disciplinar e fiscalizar os liberais (advogados, empresários por conta própria, etc) que declaram ninharias, bem como os trabalhadores do privado que auferem rendimentos não declarados ou pagos em espécie (carro, viagens, telemóvel, etc.)
Por fim, havia ainda que acabar com essas benesses privadas, como por exemplo, descontarem no IRS os livros, gasolina, formação profissional, refeições, etc.
Mas eu quero mesmo é uma guerra civil!

Comentário reatirado do blogue Cachimbo de Magritte

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Exame de Português - 2.ª Fase 2012 - Esclarecimentos GAVE

Grupo I – A

Item 1. 

     Devem ser consideradas como adequadas apenas as respostas em que os examinandos indicam os «elementos» presentes no primeiro período do texto. Estes elementos podem ser referidos quer através de expressões previstas no cenário de resposta, quer através de expressões equivalentes.
     A expressão «filho pródigo» não constitui, por si só, um elemento caracterizador de Baltasar no momento em que regressa a casa.
     Uma vez que o enunciado do item não prevê o recurso a citações como modo de fundamentação, consideram-se corretas as respostas  em que, tendo indicado, adequadamente, três elementos presentes no primeiro período, os examinandos transcrevem expressões que ocorrem noutras passagens do texto, desde que não entrem em contradição com os elementos solicitados.
.
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Item 3. 

     Considera-se que as respostas a este item devem contemplar três momentos da aproximação entre as personagens: o que antecede a apresentação, o que corresponde à apresentação e o que se segue à apresentação.
     A par do cenário de resposta previsto nos critérios de classificação, consideram-se corretas as respostas em que os examinandos procedem ao desdobramento de um ou de vários desses momentos.

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Grupo I – B

     As referências à poesia de Álvaro de Campos não são, obrigatoriamente, citações de versos ou indicação de títulos de poemas.

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Grupo II
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Item 2.2.
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     Considera-se que as respostas «das palavras», «as palavras» ou «palavras», com ou sem aspas, com maiúscula ou com minúscula, constituem uma recuperação da informação lexical e devem ser classificadas com 5 pontos.

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Grupo III
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     O item solicita «uma reflexão sobre os papéis desempenhados pelo homem e pela mulher na atualidade». Assim, quando os examinandos abordam,  exclusiva ou predominantemente, a evolução verificada ao longo dos tempos, ocorre um desvio do tema e, em certos casos, um incumprimento da tipologia solicitada. Nos critérios de classificação, estão previstos níveis de desempenho correspondentes a estas situações.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Olimpíadas de Matemática


     A equipa de matemáticos lusos que representou Portugal nas LIII Olimpíadas Internacionais de Matemática, realizadas na Argentina, Mar da Prata, entre 8 e 15 do corrente mês, teve uma prestação excelente:
  • Miguel Santos: medalha de ouro;
  • Miguel Moreira: medalha de prata;
  • João Lourenço: medalha de bronze;
  • Luís Duarte: medalha de bronze;
  • Francisco Andrade: menção honrosa.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Exame nacional de Português 12.º 2012 - Critérios GAVE - 2.ª Fase

Correção do exame nacional de Português - 12.º ano - 2.ª fase

Grupo I

A

1. Elementos que caracterizam Baltasar:
  • está de regresso a casa, após longa ausência («Regressou o filho pródigo» - linha 1);
  • vem acompanhado de uma mulher, com quem está relacionado sentimentalmente («trouxe mulher» - l. 1);
  • vem pobre («se não vem de mãos vazias, é porque uma lhe ficou no ca,po de batalha e a outra segura a mão de Blimunda» - ll. 1-2);
  • deficiente / mutilado («uma [mão] lhe ficou no campo de batalha» - ll. 1-2);
  • é um ex-soldado («uma lhe ficou no campo de batalha» - ll. 1-2).

2. A reação de Marta Maria é uma reação emocional pautada por sentimentos como os seguintes:
  • comoção e aflição ao notar a deficiência: «e era um dó de alma, uma aflição ver sobre o ombro da mulher um ferro torcido..." (ll. 6-7);
  • dor: «dividida entre a dor que a mutilação naquele braço" (ll. 16-17);
  • sofrimento (manifestado / visível no choro): «ouviu as lágrimas» (l. 18);
  • a inquietação e a procura de compreender / saber o modo, as circunstâncias, a autoria da mutilação: «Meu querido filho, como foi, quem te fez isto» (l. 19);
  • em suma, é uma reação onde se evidencia o amor, a preocupação, o coração de mãe de Marta Maria.
   A reação de João Francisco:
  • é menos emotivo, mais sereno do que a mãe;
  • opta pelo silêncio: «deu logo pela mutilação, mas dela não falou» (l. 30);
  • aconselha resignação: «Paciência» (l. 31);
  • aceita a deficiência como algo natural e expectável em quem se envolve numa guerra e corre os riscos que lhe são inerentes: «quem foi à guerra» (l. 31);
  • no entanto, a interjeição «Ah (,homem)»  parece sugerir uma emotividade logo reprimida.
     Em suma, estamos perante reações que se enquadram nos papéis tradicionais característicos da época, associados à figura materna e paterna, aquela emotiva e tipicamente feminina, este contido.


3. Aproximação entre Marta Maria e Blimunda:
  1. momento: Marta Maria pressentiu a presença de Blimunda, mesmo antes de a ver, e sentiu-se inquieta com a sua existência (a presença de outra mulher) na vida do filho;
  2. momento: Blimunda afastou-se, possibilitando a privacidade e intimidade daquele momento de reencontro em mãe e filho, após anos de ausência;
  3. momento: Baltasar apresentou as duas mulheres;
  4. momento: as duas mulheres agem como se se conhecessem e fossem família há muito tempo («daí a pouco estavam a sogra e a nora a tratar da ceia» - ll. 32-33).

4. O comentário do narrador constitui uma crítica genérica ao comportamento dos filhos, particularizada na atitude de Baltasar, que não informou os pais do seu regresso, da sua deficiência e da sua presença em Lisboa há dois anos, mantendo-os, desta forma, na dúvida e incerteza acerca do seu estado (de saúde ou não, vivo ou não), indiferente à sua dor e sofrimento, sentimentos motivados pela ausência física e ausência de notícias.
     A crítica é, pois, dirigida à insensibilidade e crueza de tal comportamento, causador de angústia e sofrimento nos pais, ainda para mais quando envolvidos em situações de risco, como é o caso de Baltasar na guerra.
     Consciente dessa falha, Baltasar explica ao pai a batalha, a sua mutilação e os anos de ausência, mas omite-lhe os anos passados em Lisboa, após o regresso a Portugal, há dois anos, pois dessas circunstâncias não os informara e tem consciência da falha que tal atitude comporta e de como magoaria ainda mais os seus pais, deixando-os permanecer na ignorância. Apenas dera notícias há poucas semanas, via carta, quando decidira regressar a casa.



B

. Introdução
  • A poética de Campos liga-se à estética de vanguarda futurista;
  • A ligação de Campos à vanguarda futurista concretiza-se na sua segunda fase poética, nomeadamente em poemas como «Ode triunfal»;
  • Os movimentos que a evidenciam são o futurismo e o Sensacionismo.

. Desenvolvimento
  • Futurismo:
               - Corte com o passado e expressão artística do dinamismo e da vida
                  moderna;
               - Apologia da civilização moderna industrial e do seu ritmo, da técnica,
                  da máquina, da velocidade, do movimento...;
               - Atitude escandalosa e chocante (linguagem erótica, evocadora de
                  traços sadomasoquistas);
               -  Nova linguagem:
                         . ritmo torrencial;
                         . acumulação de recursos estilísticos;
                         . destruição da sintaxe;
               - Medida:
                         . versos livres e longos;
                         . versos próximos da prosa e da oralidade.
  • Sensacionismo:
               - Procura das sensações;
               - Vivência excessiva das sensações («Sentir tudo de todas as maneiras»);
               - Atitudes sadomasoquistas.

. Conclusão




Grupo II

           Versão 1                                               Versão 2

1.1.         B                                                              D

1.2.         D                                                              A

1.3.         B                                                              D

1.4.         C                                                              B

1.5.         A                                                              C

1.6.         C                                                              A

1.7.         D                                                              B

2.1. Complemento direto.

2.2. «(d) as palavras»

2.3. Oração subordinada adverbial concessiva.



Grupo III

. Introdução
  • Tradicionalmente, homens e mulheres desempenhavam papéis diferentes, eles mais ligados a atividades exteriores e elas a atividades domésticas e familiares;
  • Ao longos os tempos esses papéis sofreram alterações;
  • Atualmente, a mulher desempenha um papel mais ativo e próximo do masculino em diversas áreas, especialmente no Ocidente.
. Desenvolvimento
  • Argumento 1: A mulher lutou pela alteração da sua condição social e atingiu um plano de igualdade em diversos setores, superando o seu papel tradicional, limitado à vida caseira e familiar.
  • Exemplo 1: A mulher está no mercado de trabalho como o homem e já ocupa cargos de chefia e poder (embora em menor número) nas empresas, na política, etc., como exemplificam figuras como a sr.ª Merkel (PM da Alemanha) ou Assunção Esteves (presidente da Assembleia da República).
  • Argumento 2: O homem adotou uma postura de complementaridade, cooperação e entreajuda relativamente ao novo papel feminino.
  • Exemplo 2: A partilha das tarefas domésticas e no crescimento e educação dos filhos entre a mulher e o homem.
  • Argumento 3: A mulher possui um estatuto social de maior liberdade e independência ao nível dos comportamentos, da postura e do agir.
  • Exemplo 3: A mulher sai sozinha e convive socialmente, sem necessitar de acompanhamento ou tutela masculina.
 . Conclusão
  • Os papéis tradicionalmente atribuídos a homens e mulheres alteraram-se profundamente;
  • A condição masculina e feminina não é, porém, de igualdade absoluta no acesso ao trabalho, no desempenho de cargos de chefia, etc., onde o homem continua a predominar;
  • Esta situação ocorre, preferencialmente, no Ocidente, pois noutras zonas do mundo a mulher continua a viver sob o jugo masculino.

Reapreciação de Exames do Ensino Secundário - Procedimentos

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Resultados da Sondagem (texto do grupo I)


     O instinto dos alunos, por vezes, é de uma precisão assustadora. De facto, previram, por esmagadora maioria (44, 81%) que o texto do grupo I seria de Os Lusíadas. Bingo!
     E amanhã???

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Melhoria dos resultados escolares

     Perante os resultados «menos bons» dos exames nacionais, o MEC foi rápido a atuar e adotou as seguintes medidas:


terça-feira, 10 de julho de 2012

"Tribunal", Miguel Torga

Não há outros comparsas no processo.
Eu acuso e defendo e sou juiz
Do réu que também sou, preso por mim.
O crime é um ato de rebelião
Contra os altos ditames da razão,
Que mandam que me aceite como vim.

Ora eu não me quero tal e qual!
Desejo-me intangível, imortal,
Não sei ao certo ainda em que universo...
E aguardo, cabisbaixo, o julgamento,
Enquanto vou sentindo o pensamento
Evadir-se da sala em cada verso.

"Wonderful World, Sam Cooke (1960)

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Naufrágio

     Apurados os resultados da votação do júri nacional, conclui-se que:
  1. se trata dos piores resultados de sempre: média de 8, 38;
  2. cumpriram-se as previsões.

Nota do Exame de Português (12.º ano)



terça-feira, 3 de julho de 2012

Calendário escolar 2012-2013

Das aparências

          Sei que pareço um ladrão...
          Mas há muitos que eu conheço
          Que, não parecendo o que são,
          São aquilo que eu pareço.

                                                António Aleixo

segunda-feira, 2 de julho de 2012

"Aos Filhos"

          Já nada nos pertence,
          nem a nossa miséria.
          O que vos deixaremos
          a vós o roubaremos.

          Toda a vida estivemos
          sentados sobre a morte,
          sobre a nossa própria morte!
          Agora como morreremos?

          Estes são tempos de
          que não ficará memória,
          alguma memória teríamos
          fôssemos ao menos infames.

          Comprámos e não pagámos,
          faltámos a encontros:
          nem sequer quando errámos
          fizemos grande coisa!

                       
  Manuel António Pina, in Um Sítio onde pousar a Cabeça
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