Português

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Reclamação (Ana Rita)


Comissão de Finalistas de Setúbal
Rua da Fonte Brilhante, 13
4444 – 222
Agência de viagens AVI
Rua estreita, 29
6413 – 243 Évora

Setúbal, 6 de agosto de 2007

Assunto: descontentamento com o atendimento da agência na viagem de finalistas.

   Ex. mos senhores,

        Vimos, por este meio, comunicar a V. Exas os problemas ocorridos durante a viagem de finalistas causados pela agência AVI. A comissão não teve transporte para transportar os finalistas como estava de acordo e tivemos que recorrer à utilização de transportes públicos. Ao regressarmos a Lisboa, não tivemos uma recepção por um coordenador da agência, mas sim por um funcionário de uma agência não contratada pela comissão de finalistas. Não tivemos direito a usufruir das actividades programadas, mas sim outras actividades que não continham nada que a comissão desejava. A organização das aulas de ski estava informada de que todos os elementos do grupo pertenciam ao mesmo nível de aprendizagem. A comissão não recebeu os recibos do pagamento da viagem.
     Esta não foi a viagem que os elementos desejavam nem a que estava no acordo realizado com a agência onde nos foi dada uma garantia de uma boa viagem na qual investimos um valor monetário bastante alto.
      Assim apresentadas as razões pelas quais estamos a comunicar, gostaríamos de receber o valor monetário gasto nos transportes públicos e o recibo de pagamento da viagem, poi, não decorreu como estava no contrato assinado com a agência. Caso não seja feita a devolução do dinheiro, a comissão recorrera à via judicial e anunciara publicamente a queixa. Juntamente com este documento envia-mos recibos do valor dos bilhetes dos transportes públicos.
 Com os melhores cumprimentos!


                                                                                         A Comissão de Finalistas
                                                                                                                    ( Representante da comissão )

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Soneto (muito atual) de José Régio

Caricatura de Régio
Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.


Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,


Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
  

sábado, 29 de outubro de 2011

A ignorância em estado puro


          Quem é que disse que o grau da ignorância e da estupidez tinha sido revelado pelos concorrentes de Secret Story?
          De facto, quando pensávamos, após tomarmos conhecimento de que a África se situa a norte de Portugal, que nenhuma outra afirmação de ignorância nos poderia surpreender, eis que o ministro Miguel Relvas vem afirmar que a Noruega pertence à União Europeia. Ninguém deu pela sua adesão, nem os próprios noruegueses, mas, se o senhor ministro o afirma, é porque deve ser mesmo assim.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Modalidade (G 2011 - 2)


1. Atente nas frases seguintes.
a) O Benfica, felizmente, conseguiu derrotar o Beira-Mar.
b) Credo! Que desenlace dramático teve a peça de teatro!
c) O Rafael fala, seguramente, demais durante as aulas.
d) Talvez o Glorioso volte a ser campeão europeu.
e) É lamentável que a Sónia use o telemóvel nas aulas de culinária!
f) Seria fantástico se o Valente soubesse tirar fotografias decentes à namorada.
g) O António pode praticar hipismo aos fins de semana.
h) A Sofia já deve ter lido alguns capítulos de Os Maias, visto que se referiu a aspetos da obra numa das últimas aulas.

1.1. Identifique a modalidade existente em cada frase e o respetivo valor.

1.2. Explicite, em cada uma delas, os elementos linguísticos que realizam a modalidade. Observe o exemplo.
a) A modalidade é construída através do recurso ao advérbio de frase «felizmente».

1.3. Reescreva cada uma das frases de 1., orientando-se pelas seguintes instruções:
a) marca de valor modal de possibilidade (negativa);
b) reconstrução da exclamativa com um verbo modal de probabilidade (negativo);
c) construção de valor de possibilidade numa frase de tipo interrogativo;
d) marca de valor de probabilidade, com introdução de um advérbio;
e) introdução de um verbo que marque a modalidade epistémica da dúvida;
f) atribuição de valor modal de certeza;
g) indicação da modalidade apreciativa, recorrendo a adjetivação com valor afetivo;
h) atribuição de valor modal epistémico de certeza.

2. Leia os seguintes excertos (Com textos 11 – Caderno de Atividades):
a) «Antes, porém, que vos vades, assim como ouvistes os vossos louvores, ouvi também agora as vossas repreensões.» (Padre António Vieira, in Sermão de Santo António aos Peixes).
b) «São piores os homens que os corvos.» (idem).
c) «Madalena – Que entre. E vós, Miranda, tornai para onde vos mandei; ide já, e fazei como vos disse.
Jorge – (Chegando à porta da direita) – Entrai, irmão, entrai. (O romeiro entra devagar.) Esta é a senhora D. Madalena de Vilhena. É esta a fidalga a quem desejais falar?
Romeiro – A mesma. (A um sinal de Frei Jorge, Miranda retira-se.)» (Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa).
d) «[Basílio] Olhava-a [Luísa] com uma suplicação.
‑ Que é?
‑ É que venhas comigo ao campo. Deve estar lindo no campo.» (Eça de Queirós, in O Primo Basílio).
e) «E a tisica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!» (Cesário Verde, “Contrariedades”).
f) «(…) Traíste um amigo teu… Nada de equívocos! Tu declaraste bem alto a tua amizade pelo Cohen. Traíste-lo, tens de aceitar a lei: se ele te quiser matar, tens de morrer. Se ele não quiser fazer nada, tens de ficar de braços cruzados. (…)» (Eça de Queirós, in Os Maias).
g) «Não se pode exigir que as novas gerações vivam o 25 de abril como aqueles que sofreram a ditadura e a ela se opuseram.» (excerto de um discurso político de Manuel Alegre).
h) «Esta é uma verdadeira tragédia – se as pode haver, e como só imagino que as possa haver, sobre factos e pessoas comparativamente recentes.» (Almeida Garrett, excerto de Memória ao Conservatório Real).

2.1. Preencha o quadro que se segue, transcrevendo segmentos dos enunciados apresentados em 2. que exemplifiquem as formas de modalidade.

Tipos de modalidade e respetivos valores
Exemplos textuais
Apreciativa

Deôntica
Valor de obrigação

Valor de permissão

Epistémica
Valor de certeza

Valor de possibilidade

Valor de probabilidade


3. «Somos nós que fazemos o nosso futuro.» (discurso de Obama)

3.1. Modifique a frase, de modo a construir uma modalização de:
a) constatação;
b) certeza;
c) suposição;
d) apelo;
e) obrigação;
f) possibilidade;
g) dúvida.

. Correção da ficha [aqui].

Discurso de Obama - Correção do questionário


1. Atente no primeiro parágrafo.

1.1. Identifique o auditório do discurso.

            O auditório é constituído pelos alunos de uma escola americana do estado do ___, que se encontram de regresso às aulas após as férias.

2. No segundo parágrafo, o orador apresenta o seu exemplo pessoal.

2.1. Clarifique a forma como esse exemplo capta a adesão do auditório.

            O orador refere-se ao sacrifício que fazia para estudar (levantar-se cedíssimo, adormecer em cima da mesa, a falta de recursos financeiros, os esforços e a dedicação da mãe…) de modo a aproximar-se do auditório, procurando criar cumplicidade com ele.

2.2. Mencione outra estratégia usada para criar cumplicidade com os ouvintes.

            O orador afirma a sua compreensão perante o facto de as férias dos alunos terem terminado e estes se encontrarem de regresso às aulas.

3. Leia o terceiro parágrafo e identifique o tema do discurso.

            O tema do discurso é a educação escolar.

4. Sintetize o conteúdo do parágrafo seguinte.

            O orador refere-se à responsabilidade dos professores, dos pais e do governo na educação dos estudantes.

5. De seguida, é definida a tese do discurso. Identifique-a.

            A tese defendida é a responsabilidade de cada aluno no seu sucesso escolar (o sentido de responsabilidade de cada estudante determina o seu sucesso educativo).

6. A partir da linha 31, o orador introduz o primeiro argumento que sustenta a sua tese.

6.1. Explicite-o.

            De acordo com o primeiro argumento, cada aluno é bom nalguma coisa e é a escola que ajuda a descobrir em quê.

6.2. De seguida, é elencado um conjunto de diversas atividades. Explicite o significado dessa enumeração.

            A enumeração exprime o pensamento do orador, segundo o qual só estudando será possível descobrir e desenvolver o talento que cada um possui.

7. Seguem-se o segundo e o terceiro argumentos.

7.1. Clarifique-o segundo.

            O esforço e o estudo de cada aluno são muito importantes para a sua realização pessoal, para o seu futuro. O esforço individual de cada aluno contribuirá, igualmente, para o desenvolvimento do seu país, graças aos conhecimentos e às competências adquiridas no presente, na escola.

7.2. A que corresponde a ausência de esforço, de trabalho e de estudo por parte dos alunos?

            A ausência de estudo e de esforço corresponde à desistência de si próprio e do seu país.

8. Após a apresentação dos argumentos iniciais, o orador contra-argumenta.

8.1. Explicite o primeiro contra-argumento.

            O orador contra-argumenta com a dificuldade de os alunos obterem bons resultados escolares (“Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola.”), devido a dificuldades e problemas pessoais (falta de oportunidades, de orientação e acompanhamento…).

8.1.1. Comente o exemplo apresentado para sustentar a contra-argumentação.

            O orador apresenta o seu exemplo pessoal, o de alguém que foi criado com dificuldades pela mãe, após ter(em) sido abandonado(s) pelo pai, e que sentiu também dificuldades nos seus estudos.

8.1.2. De que modo é refutado?

            O orador afirma que as circunstâncias da vida pessoal não servem de desculpa para a falta de estudo. E acrescenta que cada um, em razão da sua conduta e do seu esforço, constrói o seu destino.

8.1.2.1. O orador socorre-se de novo exemplo para ilustrar a refutação do contra-argumento. Clarifique-o.

            O orador socorre-se, novamente, de um exemplo biográfico ao aludir às dificuldades experimentadas pela primeira dama, que não a impediram de estudar e de ter sucesso.

9. Posteriormente, é apresentado um outro argumento. Explicite-o.

            O orador defende que é necessário que os alunos tenham objetivos (“É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objetivos para os seus estudos…”) e se esforcem para os alcançar.

9.1. De imediato, contra-argumenta novamente. De que forma?

            A televisão fomenta a crença no sucesso fácil, na obtenção de riqueza e sucesso sem trabalho (“Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar…”).

9.1.1. De que modo é refutado este contra-argumento?

            Obama afirma que o sucesso é difícil de alcançar, pois exige persistência e aprendizagem com os falhanços. Só desta forma é possível superar os insucessos e prosseguir.

9.1.1.1. Aponte os exemplos de que Obama se socorre para fundamentar a refutação.

            Obama refere que os exemplos de J. K. Rowling, que viu a publicação do primeiro livro da série Harry Potter ser rejeitado doze vezes, e do basquetebolista Michael Jordan, que fez das suas falhas e dificuldades um trampolim para o sucesso, persistindo e nunca desistindo (“Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido.”). No fundo, eles aprenderam com os erros, voltando a tentar e agindo de forma diferente, para não incorrerem no mesmo erro.

10. Prestes a concluir o discurso, o orador dirige uma exortação aos ouvintes. Especifique-a.

            O orador exorta os alunos a questionarem, a procurarem ajuda, para crescerem e evoluírem.

11. A conclusão de um discurso deve apresentar, por um lado, uma súmula impressiva dos melhores argumentos e, por outro, apelar à emoção do auditório e deixar neste uma forte impressão, de modo a persuadi-lo e a conquistá-lo em definitivo.

11.1. Analise a conclusão do discurso de Obama em função dos objetivos acima enunciados.

            Na conclusão, de facto, é feito um resumo dos argumentos desfilados ao longo do discurso, em forma de apelo, destacando o esforço do governo para melhorar as condições de aprendizagem e a necessidade de os alunos se empenharem. Por outro lado, o orador apela aos estudantes que se esforcem e empenhem, para que as suas famílias e o país possam orgulhar-se deles.

12. Lido o discurso, indique o objetivo que está na sua base.

            O objetivo do discurso é consciencializar os estudantes da sua responsabilidade no sucesso ou insucesso escolar.

13. O discurso é de natureza política. Enumere três aspetos que configuram essa natureza.

            Em primeiro lugar, o orador é um político – é o presidente dos Estados Unidos da América; depois, o tema do discurso é a educação; em terceiro lugar, o lugar (uma escola) e a data (o início do ano letivo) em que é produzido; por último, possui grande destaque mediático, visto que foi transmitido para todas as escolas dos EUA.

14. Delimite uma Introdução, um Desenvolvimento e uma Conclusão.

. Introdução (l. 1 até “… pela sua própria educação.”) – Apresentação do tema do discurso.

. Desenvolvimento (“Todos vocês são bons (…)” até “… é do vosso país que estão a desistir.”) ‑ Argumentação e exemplificação.

. Conclusão (“Por isso hoje quero perguntar-vos…” até ao final) – Apelo e síntese final.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Questionário (Discurso de Obama)


Discurso do Presidente Obama aos Estudantes,
na Abertura do Ano Escolar

QUESTIONÁRIO


1. Atente no primeiro parágrafo.

1.1. Identifique o auditório do discurso.

2. No segundo parágrafo, o orador apresenta o seu exemplo pessoal.

2.1. Clarifique a forma como esse exemplo capta a adesão do auditório.

2.2. Mencione outra estratégia usada para criar cumplicidade com os ouvintes.

3. Leia o terceiro parágrafo e identifique o tema do discurso.

4. Sintetize o conteúdo do parágrafo seguinte.

5. De seguida, é definida a tese do discurso. Identifique-a.

6. A partir da linha 31, o orador introduz o primeiro argumento que sustenta a sua tese.

6.1. Explicite-o.

6.2. De seguida, é elencado um conjunto de diversas atividades. Explicite o significado dessa enumeração.

7. Segue-se o segundo argumento.

7.1. Clarifique-o.

7.2. A que corresponde a ausência de esforço, de trabalho e de estudo por parte dos alunos?

8. Após a apresentação dos argumentos iniciais, o orador contra-argumenta.

8.1. Explicite o primeiro contra-argumento.

8.1.1. Comente o exemplo apresentado para sustentar a contra-argumentação.

8.1.2. De que modo é refutado?

8.1.2.1. O orador socorre-se de novo exemplo para ilustrar a refutação do contra-argumento. Clarifique-o.

9. Posteriormente, é apresentado um outro argumento. Explicite-o.

9.1. De imediato, contra-argumenta novamente. De que forma?

9.1.1. De que modo é refutado este contra-argumento?

9.1.1.1. Aponte os exemplos de que Obama se socorre para fundamentar a refutação.

10. Prestes a concluir o discurso, o orador dirige uma exortação aos ouvintes. Especifique-a.

11. A conclusão de um discurso deve apresentar, por um lado, uma súmula impressiva dos melhores argumentos e, por outro, apelar à emoção do auditório e deixar neste uma forte impressão, de modo a persuadi-lo e a conquistá-lo em definitivo.

11.1. Analise a conclusão do discurso de Obama em função dos objetivos acima enunciados.

12. Lido o discurso, indique o objetivo que está na sua base.

13. O discurso é de natureza política. Enumere quatro aspetos que configuram essa natureza.

14. Delimite uma Introdução, um Desenvolvimento e uma Conclusão.

Discurso manuscrito do presidente Obama aos estudantes americanos (versão em português)


Discurso do Presidente Obama aos Estudantes,
na Abertura do Ano Escolar

            Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.

            Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extra, de segunda a sexta-feira, às 4h30m da manhã. A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava, a minha mãe respondia-me: “Olha que isto para mim também não é pera doce, meu malandro…”.
            Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui, porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.
            Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os diretores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.
            No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.
            E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.
            Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.
            Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores – suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais ‑, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores – quem sabe, capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina ‑, mas se não fizerem o projeto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser presidentes da câmara ou deputados, ou juízes do Supremo Tribunal, mas, se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola, podem nunca vir a sabê-lo.
            No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível se não estudarem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitetos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras, é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.
            E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola, agora, vai decidir se seremos um país à altura dos desafios do futuro.
            Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas Ciências e na Matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na História e nas Ciências Sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.
            Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e capacidades para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem, se abandonarem a escola, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.
            Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldades em pagar as contas e nem sempre conseguia dar-nos as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão de que não me adaptava e, por isso, nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto. Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.
            Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.
            Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida – o vosso aspeto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família – não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.
            A vossa vida atual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro. […]
            É por isso que hoje me dirijo a cada um de vós, para que estabeleça os seus próprios objetivos para os seus estudos e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objetivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa atividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação por serem quem são ou pelo seu aspeto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. […] Mas decidam o que decidirem, gostava que se empenhassem. Que trabalhassem arduamente.
            Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão de que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar – que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows ‑, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objetivos à primeira.
            No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado doze vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma ocasião disse: “Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido.”
            Estas pessoas alcançaram os seus objetivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam – temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.
            Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da Universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.
            Não tenham medo de fazer perguntas. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem – um pai, um avô, um professor ou um treinador – e peçam-lhe que vos ajude.
            E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram, nunca desistam de vocês mesmos. Se o fizerem, é do vosso país que estão a desistir. […]
            Por isso, hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem dar. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, o que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?
            As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês tenham a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza de que são capazes.

12 de setembro de 2009

domingo, 23 de outubro de 2011

Queda do satélite Rosat

          A queda do satélite alemão ROSAT pode ser acompanhada, ao vivo, neste sítio: http://www.n2yo.com/?s=20638.

Modalidade (valor modal)


Modalidade
Valores
Exemplos
1. Modalidade epistémica: o falante expressa a sua atitude sobre a verdade ou falsidade do conteúdo proposicional do seu enunciado.

Epistémico = relativo ao conhecimento e à crença.

Frequentemente, o verbo auxiliar poder transmite o valor epistémico de possibilidade. No entanto, noutros contextos, pode ter um valor de certeza, significando capacidade de:

O João pode jogar contra vários xadrezistas ao mesmo tempo.
1. Valor de certeza: o locutor compromete-se com a verdade ou falsidade do conteúdo do seu enunciado.
. O Benfica venceu o jogo.
. O Beira-Mar perdeu o jogo.
. O Daniel perdeu a aposta.
. Eu ganhei a aposta.
2. Valor de possibilidade / dúvida: o locutor não se compromete com a verdade ou falsidade do conteúdo do seu enunciado, por não possuir conhecimentos prévios que lhe permitam fazê-lo.
. Talvez os alunos façam este exercício.
. Pode ser que o Benfica seja campeão.
3. Valor de probabilidade: o locutor assume uma perspetiva favorável à aceitação da verdade do seu enunciado.

Apesar de não ter visto chover, o locutor constatou que o chão estava molhado e concluiu (inferiu) que choveu.
. Os alunos devem ter feito o trabalho.
. O burro pode ter comido a palha.
. Provavelmente vai chover.
. Acho que o Benfica vai ser campeão.
. Deve ter chovido.
2. Modalidade deôntica: o locutor procura agira sobre o seu interlocutor, proibindo ou autorizando a situação referida no seu enunciado.

O verbo dever pode transmitir o valor epistémico de probabilidade (a) e o valor deôntico de obrigação (b):

a) Ele deve estar a chegar. (= É possível que ele esteja a chegar.)

b) Deves estudar. (= É necessário que estudes.)
1. Valor de obrigação / proibição: o locutor impõe ou proíbe aquilo que expressa no seu enunciado.
. Calem-se!
. Deveis estar calados.
. Não podeis falar tão alto.
. É proibido fumar.
2. Valor de permissão: o locutor autoriza a situação por si expressa.
. Podes sentar-te aí.
. Tens autorização para falar.
. Se já fizeste o TPC, podes sair.
. Amanhã, podes ver A Casa.
3. Modalidade apreciativa: o locutor exprime um juízo de valor (positivo ou negativo) acerca do que enuncia.
Note-se que o locutor parte de um enunciado com valor de certeza: Roubaram o teu relógio. É sobre esse conteúdo (de asserção / certeza) que expressa o seu juízo de valor apreciativo: Lamento.
. Que belo dia!
. Discordo das escolhas do Jesus.
. Felizmente o Benfica ganhou.
. Como choveu ontem.
. Lamento que te tivessem roubado o relógio.

            Existem diversos processos de expressar a modalidade:

1. Tempos e modos verbais.

2. Verbos modais: poder, dever, ter de.

2.1. Outros verbos de sentido modal:
. saber, crer (verbos do saber e da crença);
. permitir, obrigar, precisar de, necessitar de, etc. (verbos que exprimem obrigação, necessidade ou permissão).

3. Advérbios ou locuções adverbiais de frase: possivelmente, provavelmente, talvez, necessariamente, com toda a probabilidade, etc.

4. Adjetivos com sentido modal: possível, provável, capaz (É possível que…, é provável que…, é capaz de…).

5. Expressões modais: se não me engano, de facto, na minha opinião, creio eu, etc.

6. Construções exclamativas e interrogativas (na escrita) e a entoação (na oralidade) (traduzem uma apreciação):
. A verdade que eu conto, nua e crua
Vence toda a grandíloqua escritura! (Camões, Os Lusíadas, V, 89)

7. Nomes avaliativos (podem contribuir para a construção da modalidade apreciativa): charlatão, herói, carrasco, verdugo, etc.

8. Sufixos derivacionais: louvável, admirável, consumível, perecível, etc.

9. Asserção (de polaridade afirmativa ou negativa) expressa a modalidade epistémica com valor de certeza, visto que o falante assume validar ou não o conteúdo do seu enunciado.
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