Português

terça-feira, 17 de março de 2020

Análise de "São Leonardo de Galafura"

Assunto

São Leonardo navega vagarosamente ao longo da terra duriense, num antecipado “desengano” do que será o “cais divino” e já vergado às saudades da terra que vai deixar.


Tema: o telurismo.


Estrutura interna

1.ª parte (1.ª estrofe) – Realidade imaginada.

O sujeito poético imagina S. Leonardo «à proa de um navio de penedos» (um barco rabelo), a navegar, sem pressas, num «doce mar de mosto» que o prende à terra, em direção à eternidade», mas já arrependido de deixar o «cais humano» (a terra duriense), «num antecipado desengano» da vida que está para lá do «cais divino».
É de salientar o recurso ao presente do indicativo («ruma», «avança») e à perifrástica («vai sulcando», «a navegar») para sugerir a realização gradual / o lento desenrolar da viagem. Essa sugestão é dada também pelo particípio («ancorado») e pelos advérbios («devagar», «lentamente»).

2.ª parte (2.ª estrofe) – Razões da lentidão e do desengano do santo.

Na eternidade, não haverá socalcos, vinhedos, água do Douro e montes.
Na eternidade, só encontrará «charcos de luz / Envelhecida»; os montes serão todos rasos, estendendo-se os horizontes até se extinguir a cor da vida.
Nesta estrofe, predomina o futuro do indicativo («terá», «serão», «deixarão»), dado que se descreve uma realidade para a qual se caminha.

3.ª parte (3.ª estrofe) – Regresso à imagem descritiva da primeira estrofe.

O santo navega cada vez mais lentamente em direção à eternidade, aproveitando os últimos momentos de contemplação da paisagem duriense para sorver o «cheiro a terra e a rosmaninho», isto é, para que se prolongue a permanência na terra.
Note-se que o sujeito poético imagina o santo a navegar, na primeira estrofe, não num barco celestial, mas num navio de penedos (alusão às serranias transmontanas), contudo, na terceira, já desliza num barco rabelo (embarcação típica do rio Douro que transporta o vinho do Porto).
O poeta volta a usar o presente do indicativo com o mesmo objetivo da primeira estrofe.


Notas

1.ª) S. Leonardo de Galafura é um miradouro que existe no alto da montanha, junto a uma capelinha, em Galafura, freguesia do concelho da Régua, distrito de Vila Real. Vista do sopé do monte, dá a imagem de navegar pelo espaço.

2.ª) Os barcos rabelos são barcos à vela, característicos do rio Douro, usados para o transporte das pipas de vinho do Porto, do Alto Douro até Vila Nova de Gaia, onde se situam as principais caves.

3.ª) Mosto é o sumo de uva, antes da fermentação completa.

4.ª) Socalcos são porções de terreno nas encostas dos montes, suportadas por muros de pedra; são característicos da paisagem duriense.

5.ª) Este poema, como tantos outros, é o testemunho do amor telúrico de Miguel Torga pela terra duriense, daí o antecipado desengano do santo/Torga, pois ama-a e vai abandoná-la. Este amor telúrico permite compreender também o pseudónimo que Adolfo Correia da Rocha adota: a escolha de Miguel é uma homenagem ao escritor castelhano Miguel de Unamuno (1864-1936), que admirava profundamente, e a Miguel de Cervantes (1547-1616), outro escritor espanhol, autor de D. Quixote; Torga é o nome de uma urze transmontana.

6.ª) Como é característico em Miguel Torga, o poema apresenta uma estrutura circular: começa com a descrição da viagem vagarosa do santo através do Douro, apresenta a razão dessa lentidão e do desengano, antecipando o que estará «lá» no final do caminho (o futuro) e retorna ao presente e à descrição da lenta viagem em direção à eternidade.

7.ª) Em suma, as razões que justificam a lentidão do santo são as seguintes:
(A) no «cais divino» não haverá socalcos, vinhedos, água do Douro e montes;
(B) o santo é feliz na terra, onde moram a felicidade, a vida e a luz;
(C) a viagem é lenta para que o santo possa prolongar o prazer de sorver «[…] mais de cheiro / A terra e a rosmaninho!» (vv. 26-27).


Estado de espírito do sujeito poético
• sem pressa de abandonar o «cais humano», a terra duriense;
• feliz no «cais humano»;
• arrependido de deixar o «cais humano»;
• desengano e desiludido antecipadamente da vida que está para lá do «cais divino»;
• saudoso da terra duriense.


Caráter alegórico do poema

O sujeito poético estabelece um paralelo entre terra e céu, o «cais humano» e o «cais divino», duas metáforas que sobrevalorizam a terra, indício do telurismo de Miguel Torga.
Esse paralelismo atinge foros de heresia, pois o «cais humano» apresenta características e encantos que se sobrepõem ao «cais divino».


A irregularidade formal

O poema é constituído por três estrofes. A primeira é constituída por 11 versos, a segunda por 9 e a terceira por 7.
Este decréscimo de versos de estrofe para estrofe poderá simbolizar a aproximação da viagem do santo do seu destino, uma viagem que se vai, portanto, aproximando do seu final.
Relativamente à métrica, também esta é irregular, alternando verso longos com curtos, o que poderá sugerir a irregularidade do percurso feito.


O mito de Anteu

Anteu foi um gigante, filho de Neptuno (Poseidon) e da Terra (Geia), que habitava na Líbia e que obrigava todos os viajantes a lutar. Depois de os ter vencido e morto, enfeitava o templo do pai com os despojos. Enquanto estivesse em contacto com a sua mãe, geia, isto é, a Terra, Anteu era invulnerável. Um dia enfrentou Hércules e nessa luta recuperava forças cada vez que tocava no solo e era invencível. Então, Hércules ergueu-o nos braços e sufocou-o sobre os ombros, conseguindo desta maneira eliminá-lo.
Fala-se deste mito sempre que alguém estabelece contactos com a origem das suas ideias ou dos seus sentimentos e recupera energias físicas ou psicológicas.
Fazendo a apologia deste mito, Miguel Torga valoriza sobretudo a terra-mãe. Tal como Anteu, o poeta é atacado por forças que o abatem, mas, à semelhança da personagem mítica, retempera as suas energias na sua terra natal, S. Martinho de Anta (cf. Diário XI, 20 de setembro de 1968, e XV, 11 de setembro de 1989).


Recursos expressivos

1. Nível fónico

. Estrofes: três estrofes irregulares (11, 9 e 7 versos).
. Métrica irregular: há versos de 2 a 11 sílabas.
. Rima      - versos soltos em todas as estrofes;
- emparelhada e interpolada (primeira e segunda estrofes), emparelhada e cruzada (última estrofe);
- consoante (“mosto”/”posto”);
- pobre (“mosto”/”posto”) e rica (“comando”/”sulcando”);
- grave (“mosto”/”posto”).
Todos estes fatores se conjugam para dar uma ideia de irregularidade do espaço observado.
. Ritmo repousado, sobretudo na última estrofe, em harmonia com o andamento moderado da viagem de São Leonardo.
. Transporte: vv. 3-4, 5-6, 10-11, etc.
. Sons dominantes:

. Aliterações:

- do fonema /p/: sugere a viagem;
- do fonema /m/: sugere o apelo à terra duriense.


2. Nível morfossintático

. Futuro do indicativo (2.ª parte): exprime a referência à vida eterna para onde o Santo lentamente se dirige.
. O número de adjetivos é reduzido e os poucos existentes ligam-se a substantivos metafóricos: “doce mar de mosto”, “cais humano”, “rasos os montes”.
. Predomínio da coordenação: desenrolar da viagem de S. Leonardo, lenta e sequente.
. Orações:
- oração conclusiva: estabelece uma relação de consequência entre o “desengano antecipado” do Santo e a sua regalada demora ao longo do Douro;
- oração subordinada relativa: “que gasta no caminho”.

3. Nível semântico

. A construção alegórica do poema do poema orienta-se no sentido de enaltecer os encantos da terra e paisagem duriense, de traduzir o apego à terra.
. Metáforas:

. Imagens:
- as metáforas da 1.ª estrofe apresentam-nos a imagem do Santo como o capitão dum “navio de penedos”, olhando saudosamente para trás, ao deixar a terra duriense em direção à vida eterna, e, simultaneamente, revelam a atração telúrica de Torga pela terra transmontana, o fulcro da sua inspiração poética;
- a imagem dos três últimos versos da segunda estrofe deixa antever a eternidade sem montes, o que roubará à vista a cor dos horizontes.
. A expressividade dos advérbios “devagar” e “lentamente” e dos três últimos versos da terceira estrofe: a morosidade da viagem = o apego de S. Leonardo à terra duriense.
  Torga imagina o Santo a navegar não num barco celestial, como as barcas de Gil Vicente, mas “num navio de penedos” (alusão às serranias transmontanas) e, para melhor se identificar com a terra duriense, na última estrofe, o Santo já desliza num “barco rabelo” (embarcação típica do rio Douro, que servia para o transporte do vinho do Porto).
. Hipálage: “Lá não terá socalcos nem vinhedos na menina dos olhos deslumbrados” (o deslumbramento com a paisagem é do Santo e não dos olhos).
. Sinestesia: “é um sorvo [paladar] a mais de cheiro” [olfato].

Durante trinta anos, Torga tentou o “retrato poético” do Santo que sempre se lhe furtava. Mas nesse dia o “instantâneo” surgiu. Para a figura do Santo está transporta a apetência telúrica de Torga, pois, mesmo o Santo, a caminho do Paraíso, como um capitão “à proa dum navio de penedos,/A navegar num doce mar de mosto” (a paisagem duriense), não tem pressa “de chegar ao seu destino”, porque “feliz no cais humano/É num antecipado desengano/Que ruma em direção ao cais divino”. E isto porque sabe que lá os seus olhos não se deslumbrarão com os socalcos e vinhedos do Douro, com os montes, com tudo o que deixa, e tudo o que vai encontrar “São charcos de luz/Envelhecida/ (...) Até onde se extinga a cor da vida”. A viagem no rabelo é, pois, lenta para poder prolongar o prazer de sorver mais um pouco o cheiro da terra e do rosmaninho.


COVID-19: ponto de situação do dia 16 de março


segunda-feira, 16 de março de 2020

Resumo do conto "Famílias desavindas"

Ramon era um galego, proprietário de um bom restaurante, que se candidatou ao cargo de «semaforeiro», função para que foi selecionado de forma caricata, e que pertencia a uma família honesta e trabalhadora, que se dedicava à profissão pelo amor à mesma e não ao salário, que era modesto («equivalente ao de um jardineiro»).
Ramon, o seu filho Ximenez e o seu neto Asdrúbal trabalhavam até altas horas da madrugada, pedalando na bicicleta que gerava a energia que mudava as luzes do semáforo ou afinando-a quando era necessário.
O Dr. João Pedro Bekett tinha-se instalado no Porto, oriundo de Coimbra, com a sua família, num primeiro andar de um prédio situado próximo do semáforo, onde tinha o seu consultório. Tratava-se de um médico afamado, mas que exagerava nitidamente no seu espírito de missão. Obcecado por encontrar doentes que pudesse curar, considerava que o semáforo dificultava a sua ação. Por isso, ofendeu, de forma arrogante, Ramon, que não gostou e passou a dificultar-lhe ainda mais a vida. Aqui teve início a inimizade, o conflito e o ódio entre as duas famílias.
O filho (João) e o neto (Paulo), igualmente médicos, herdaram o ódio à família dos semaforeiros e deram seguimento ao conflito com os descendentes de Ramon. A troca de insultos entre os dois lados da barricada prosseguiu, roçando por vezes o extremismo ou raiando o conflito físico: por exemplo, o Dr. Paulo pedia aos seus clientes que insultassem o «semaforeiro»; certa vez, Asdrúbal levantou a mão para o médico.
Quando Paco, bisneto de Ramon, sucedeu ao seu pai, Asdrúbal, deu-se um acidente: um jovem que passava de moto, ao tentar um roubo por esticão, bateu no «semaforeiro» e deixou-o estendido, no chão. Então, o Dr. Paulo, na sua qualidade de médico, esqueceu o ódio secular e socorreu Paco, cujas mazelas, no entanto, eram graves, pelo que teve de ser transportado de ambulância para o hospital.
Após o acidente, o Dr. Paulo, com a sua bata branca, por remorso, passou a pedalar todos os dias, do nascer ao pôr-do-sol, para manter o semáforo a funcionar, enquanto Paco se restabelecia.

sexta-feira, 13 de março de 2020

Professores e funcionários permanecem nas escolas

     O governo vai decretar o encerramento das escolas, isto é, os alunos estarão ausentes, mas os professores e os funcionários terão de comparecer no seu local de trabalho.

     A ideia parece ser a de continuar a trabalhar com os alunos através das tecnologias.

     Desde logo, surge um entrave: há muitos alunos que não dispõem de Internet em casa, tão-pouco um computador. Para estes, talvez a comunicação se possa fazer através de sinais de fumo.

     Por outro lado, é bem possível que a ideia do governo seja a de, assim, procurar manter os alunos em casa no tempo em que, normalmente, estariam nas salas de aulas.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Covid-19: ponto de situação - dia 12 de março

23, 15H - Primeiro-ministro anuncia novas medidas de contenção do vírus:
                    - encerramento de discotecas e estabelecimentos similares;
                    - redução de lotação em restaurantes e espaços públicos;
                    - limitação de frequência de centros comerciais;
                    - limitação de visitas a lares de idosos.


23, 14H - Federação francesa de futebol suspende todas as competições


22, 13H - Balanço de casos no Reino Unido: 590


22, 14H - Líder do VOX, Santiago Abascal, infetado pelo coronavírus


22, 13H - Governo dos Açores fecha escolas e museus e interdita cinemas e ginásios


22, 12H - IPO de Lisboa interdita todas as visitas a doentes internados


22, 11H - Wall Street fecha com as maiores perdas desde o «crash» bolsista de 1987


22, 11H - Madeira encerra escolas até 13 de abril


22, 10H - Comissão Europeia recomenda recurso ao teletrabalho


21, 11H - Donald Trump fecha as fronteiras a 26 países europeus


21, 08H - Itália: circular na rua pode dar multa ou prisão

O governo italiano determinou que quem circular nas ruas, sem motivo justificado, pode incorrer numa multa ou mesmo em pena de prisão.


21, 05H - Disney vai encerrar o Parque Califórnia a partir de sábado

A Walt Disney anunciou hoje que, a partir de sábado, encerrará o parque da Califórnia como medida de proteção contra o vírus.


21, 03H - Aluna de Coruche internada, mas escola permanece aberta

Uma aluna de 13 anos da Escola Básica de Coruche está infetada e internada numa unidade hospitalar, porém a escola que frequenta permanece aberta e em pleno funcionamento.


20, 05H - Atualizados os números da pandemia em França

Neste momento, em França foram registados já mais de 2800 casos de doentes infetados com o coronavírus e 61 mortos.


20, 04H - Casa Branca proíbe as visitas guiadas à Casa Branca.


20, 03H - Governo prepara-se para decretar o encerramento das escolas até ao final do mês de março.


18, 46H - Alunos estão a faltar às aulas por decisão dos pais

Enquanto os nossos governantes e as autoridades de saúde produzem declarações lamentáveis e brincam aos adiamentos, pelo país vários alunos estão a faltar às aulas por decisão dos pais, que esperavam que o Conselho Nacional de Saúde Pública recomendasse o encerramento de todas as instituições de ensino do país.


18, 43H - Aluno de escola de Penacova 12 horas fechado em sala à espera da SNS24

Um aluno natural de Penacova, suspeito de infeção pelo coronavírus, esteve isolado numa sala da escola durante 12 horas, na passada terça-feira, por falta de resposta da linha SNS24.


18, 42H - Hospital de São João suspende consultas externas até 31 de março


18, 42H - Câmara do Funchal reforça medidas em mercados municipais e encerra várias praias


18, 41 - Declarada na Noruega primeira morte por coronavírus


18, 38H - Venezuela declara emergência preventiva contra o coronavírus

Durante um mês, todos os voos provenientes da Europa, Colômbia e Panamá estarão suspensos.


17, 45H - Competições desportivas na Turquia serão realizadas à porta fechada


17, 36H - Mais de cem médicos estão em quarentena


17, 35H - Itália atualiza número de mortos

As autoridades italianas informaram já terem morrido 1016 pessoas, vitimadas pelo coronavírus.

Por outro lado, o número de infetados ultrapassa já os 15 mil, um aumento de cerca de 3000 relativamente ao dia de ontem.


17, 30H - Conselho da UE adia ou cancela todas as reuniões não essenciais


16, 50H - Ovar emcerra a segunda unidade de saúde familiar


16, 47H -Grécia anuncia encerramento de discotecas, ginásios e cinemas

A medida vigorará, para já, durante as próximas duas semanas.


16, 45H - Federação Portuguesa de Andebol suspende todas as competições


16, 41H - UEFA estuda a possibilidade de adiamento do Euro para 2021


16, 40H - Partidas da Liga dos Campeões adiadas


16, 32H - Liga americana de futebol suspende a competição durante 30 dias


16, 09H - Primeiro caso de um paciente infetado com o Covid-19 curado em Portugal


16, 09H - Universidade da Beira Interior suspende aulas por tempo indeterminado


16, 07H - Dinamarca e Lituânia fecham escolas e universidades


15, 46H - Instituto Superior Técnico suspende atividade no pólo da Alameda e Taguspark até domingo


15, 41H - Secretário do governo brasileiro que jantou com Donald Trump está contaminado


15, 23H - Liga portuguesa de futebol suspende os campeonatos da I e II ligas de futebol


15, 20H - Escolas e equipamentos só podem fechar por ordem das autoridades de saúde e com base legal


15, 10H - Eslováquia encerra fronteiras a todos os estrangeiros


15, 04H - República Checa declara a emergência no país

A República Checa fechou as suas fronteiras para viajantes de 15 países.


12, 54H - Itália atinge os 827 mortos e encerra múltiplos locais

A Itália mandou encerrar a maioria das lojas e estabelecimentos, com exceção dos postos de abastecimento de combustível, centros comerciais e farmácias, por exemplo.

O número de casos entre pacientes jovens continua a aumentar.

Os hospitais estão à beira do colapso.


12, 32H - Espanha regista a 84.ª morte por coronavírus.


12, 20 - Assembleia da República suspende visitas

O secretário-geral da Assembleia da República determinou também a suspensão das sessões distritais e regionais do Parlamento dos Jovens, bem como adiar todos os eventos, como conferências e colóquios anteriormente autorizados.


12, 20H - Noruega encerra todas as escolas do país


12, 05H - NBA suspende todos os jogos da liga

A NBA cancelou, esta madrugada, por tempo indeterminado, a maior liga de basquetebol do mundo, após o atleta Rudy Gobert, dos Utah Jazz, ter sido diagnosticado com o Covid-19.


12, 02H - Câmara de Coimbra encerra todos os equipamentos municipais

A Câmara Municipal de Coimbra encerrou todos os equipamentos municipais, cancelou os eventos públicos da iniciativa do município, suspendeu feiras e reforçou a desinfeção das viaturas dos serviços de transporte urbano até 3 de abril.


11, 59H - OMS insta países a «dobrar a aposta» na luta contra o Covid-19

A Organização Mundial de Saúde instou os países a encontrarem um equilíbrio entre proteger a saúde, impedir perturbações económicas e respeitar os direitos humanos.


11, 41H - Polónia regista a primeira morte

O paciente havia sido internado em estado crítico devido a uma pneumonia. Neste momento, há 47 casos registados no país.


11, 40H - Casa da Música do Porto cancela concertos

O cancelamento de concertos vigora, para já, até 13 de abril, mantendo, no entanto, as atividades relativas a visitas guiadas e à restauração.


11, 35H - Irlanda fecha todas as escolas do país a partir de amanhã, sexta-feira.

Em Portugal, decide-se caso a caso.


11, 30H - Número de casos confirmados em Portugal sobe para 78

Destes 78 casos, 49 são de homens e 29 de mulheres.

O número de casos suspeitos está nos 637, encontrando-se outros 133 a aguardar resultado laboratorial. Além disso, encontram-se sob vigilância cerca de 5 000 contactos.

Há neste momento 6 cadeias de transmissão.

A crítica social nas obras e autores do programa do ensino secundário


Manual Encontros 12, Porto Editora

Camas nos hospitais


COVID-19: doentes testam positivo no privado depois de recusados na Linha SNS24

     A nossa saúde e a nossa vida, por extensão, estão entregues a gente para a qual escasseiam os adjetivos.

     Há doentes (já identificados como portadores do coronavírus) que só foram detetados por iniciativa própria e cujos diagnósticos só foram feitos depois de os pacientes terem decidido fazer os testes nas instituições de saúde privadas, pagando do seu bolso os exames.
     Alguns deles ligaram para a linha SNS24 a explicar que tinham elevadas suspeitas de estarem contaminados, por causa de determinados sintomas e de terem estado ausentes de Portugal em férias. No entanto, os técnicos que os atenderam explicaram-lhes que não seriam eleitos para testagem e a parte deles nem sequer foi sugerida a quarentena.

     Atente-se no depoimento de uma dessas pessoas: «Liguei para a Linha de saúde, mas disseram-me que o caso não era de risco e garantiram que eu podia fazer a vida normal, incluindo os meus filhos.». Nestas circunstâncias, desconfiadas de que poderão estar infetadas, acabam por agir por conta própria.

segunda-feira, 9 de março de 2020

COVID-19: Escolas de Lousada e Felgueiras encerradas

     Todas as escolhas dos concelhos de Felgueiras e Lousada passam a estar encerradas devido ao foco do novo coronavírus, responsável pela doença COVID-19, naqueles concelhos do distrito do Porto.
     Outros espaços públicos como ginásios, bibliotecas, piscinas e espaços culturais serão também encerrados por orientações das autoridades de saúde.

domingo, 8 de março de 2020

Análise do capítulo XLIV de Viagens na Minha Terra


Contextualização do capítulo

A carta de Carlos a Joaninha, datada de 1843, ocupa vários capítulos (XLIV-XLVIII) e é lida pela narrador-viajante e cronista da obra, em 1843, quando a recebe das mãos de Frei Dinis, que reencontra ao passar pelo vale de Santarém de regresso a Lisboa.
A carta é, sem simultâneo, uma carta-punhal e um texto autobiográfico e memorialístico, e evoca a tragédia familiar, que termina na mor, física ou moral, de todos os intervenientes.


Estrutura do capítulo XLIV

1.ª parte (linha 1 – “Olha o que será o resto!”): Considerações gerais sobre o passado e a personalidade de Carlos.

2.ª parte (“Tu não ignoras…” – “e não guardei verdade a ninguém.”): Análise da situação da família e dos erros cometidos.

3.ª parte (“Mas espera, ouve…” – Exílio de Carlos em Inglaterra e a sua devoção às três filhas da família que o acolhe.


Mudança de narrador e narratário

Narrador: Carlos autodiegético (1.ª pessoa), com uma dimensão de relato autobiográfico.

Narratário: Joaninha (2.ª pessoa).


Retrato de Carlos

▪ Carlos mostra confusão emocional («confunde-se, perde-se-me esta cabeça nos desvarios do coração.»), algum desespero («Eu estou perdido.») e sentimento de culpa.

Carlos perdeu a sua pureza e o seu idealismo quando integrou a vida em sociedade e aceitou as suas convenções.

Possui uma grande ânsia de viver («excessos»), mas, em simultâneo, sente uma grande frustração existencial por não ser quem sonhou.

Quando se refere ao passado familiar, Carlos mostra-se:
» amargurado («e imaginei-a poluída de um enorme crime…»);
» enraivecido e revoltado («não o podia ver, hoje que sei o que ele me é… Deus me perdoe, que ainda o posso ver menos!»);
» ressentido («… ainda o posso ver menos!») e incapaz de perdoar («… eu, como lhe hei de perdoar eu…»).

No amor, Carlos é uma figura volúvel, egoísta e mentirosa (mente às mulheres que o amam).

Afirma-se «perdido», por duas razões: a sua natureza incorrigível → energia em excesso e coração demasiado ardente; a perda da sua integridade pessoal e da sua honestidade, passando a reger-se pelas convenções, pelos interesses e pelas manhas sociais, o que o deixa profundamente angustiado e a sensação de que falhou.

Duvida que Joaninha o compreenda, pois é mulher, e ele acredita que as mulheres, como são diferentes dos homens, jamais entenderão os seus excessos. No entanto, conta-lhe a verdade, destruindo-lhe as ilusões, para que ela, conhecedora da verdade da natureza masculina, se prepare para as armadilhas do amor/coração.

A sua partida do vale ficou a dever-se ao crime que manchou a casa paterna (a morte do seu suposto pai), ignorando que o verdadeiro era Frei Dinis.

Por outro lado, julgava que a avó tinha sido cúmplice do crime e, não o sendo, culpa-a de omissão e confessa que não consegue também perdoar o adultério da mãe.

Confessa a Joaninha que a amou, mas o seu coração não era inteiramente livre e mentiu-lhe (e a si próprio), ainda que involuntariamente, por isso não se considera merecedor do seu amor.


A carta como analepse e como digressão sobre o amor

2.1. A carta como analepse:
. escrita em maio de 1834 – lida em 1843:
- a juventude de Carlos;
- o exílio em Inglaterra;
- a relação com as três irmãs inglesas;
- regresso a Portugal.

2.2. A carta como digressão sobre o amor:
. o drama amoroso de Carlos:
- a sua paixão (correspondida por Laura);
- a impossibilidade dessa paixão (Laura é comprometida);
- a recordação de Joaninha;
- a aproximação a Júlia;
- a paixão por Georgina;
- a separação, com a partida para os Açores;
. a evolução do sentimento de Carlos;
- “Em breve eu amava perdidamente uma delas” (Laura);
- “… pois nesse mesmo instante distintamente me apareceu diante dos olhos de alma a única imagem que podia chamá-la do abismo: era a tua, Joana!”;
- “Júlia era parte de nós, era uma porção do nosso amor… E já as confundia ambas por tal modo no meu coração, que me surpreendia a não saber a qual queria mais.”;
- “Uma delas, jovem, ardente, apaixonada, quis tomar a empresa de me consolar. (…) Era Soledad. (…) Eu não amei Soledad.”;
. “… todo o passado me esqueceu assim que te vi. Amei-te.” (Joaninha).


Visão de Joaninha segundo Carlos

É generosa: «tens generosidade».

Não o compreende, por causa da sua natureza de mulher.

É jovem e inexperiente, vista como de outro tempo, que destoa no mundo moderno: «Tu és jovem e inexperiente, a tua alma está cheia de ilusões doces.»

Vive cheia de ilusões: «a tua alma está cheia de ilusões doces».

É uma vítima de ter amado um herói perseguido por um destino adverso: «Tu não compreendes isto, Joaninha, não me entendes decerto; e é difícil».


Visão de Carlos da mulher e da génese do amor

1. Visão romântica da mulher
» natureza diferente do homem: «… as mulheres não entendem os homens.»;
» é um «produto» social e natural que suscita admiração, desejo, amor: «Há três espécies de mulheres neste mundo: a mulher que se admira, a mulher que se deseja, a mulher que se ama.»;
» a mulher-anjo: «E era um anjo…».

2. A génese do amor
- a admiração
- a beleza
- o espírito «os dotes de alma e do corpo»
- a graça
- o amor romântico:
. é indefinível («O amor não está definido nem o pode ser nunca»);
. distingue-se do flirt, da admiração, do desejo.


Informações sobre o passado da família

A mãe de Carlos manteve uma relação adúltera com Frei Dinis.

Dessa relação nasceu Carlos.

A avó escondeu essa relação dos olhos do mundo.


A vida de Carlos em Inglaterra

No início, Carlos estranhou os hábitos da aristocracia inglesa, protegida e artificial, no entanto depressa se lhe moldou, revelando a maleabilidade do seu caráter.

Adaptou-se também à arte da sedução, aprendendo a flartar, de modo inconsequente, com as três irmãs. No seu caso, a emoção dominava a razão, e ele enganava-se a si mesmo, interiormente.


Carlos, o herói romântico: «Tenho energia demais, tenho poderes demais, no coração».

Carlos luta pelo ideário liberal, pela liberdade.

Temperalmente, é impulsivo, intenso, não admite injustiças nem afrontas.

Sentimentalmente, é um homem sensível, com alma de poeta, que se entrega ao amor de forma excessiva e se deixa dominar pelo coração, pelo sentimento, que coloca à frente da razão.


Recursos expressivos

Metáfora:
- «sabia-a [à casa materna] manchada de um grande pecado, e imaginei-a poluída de um enorme crime»: os erros («pecado», «crime») cometidos por membros da família de Carlos a uma sujidade que conspurca aquele lar para dar conta de que a pureza inicial foi «manchada» e «poluída» pelos comportamentos ilícitos do pai, da mãe e da avó do protagonista;
- «afiz-me a vegetar docemente na branda atmosfera artificial daquela estufa sem perder a minha natureza de planta estrangeira.»: Carlos tinha confessado a Joaninha que a amava, no entanto, pela leitura da carta, declara que amava outra mulher e que ficara fascinado ainda por outras duas. Revela-se, assim, um marialva, egoísta e desonesto no amor, ou seja, um D. Juan.

Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes encerrado devido ao COVID-19

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...