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terça-feira, 12 de março de 2024

Resumo da 14.ª parte - 2.ª crónica: Palavras moribundas

    Em setembro de 1925, White centrou a sua ação na tentativa de determinar aquilo que era do conhecimento de William Smith e que pudesse ter espoletado a sua morte. Deste modo, os agentes interrogam a enfermeira que estava de plantão no hospital no dia em que Smith foi internado e ficaram a saber que a vítima tinha murmurado nomes enquanto dormia, porém ela não teria percebido nenhum. Antes da sua morte, recorda, o homem ter-se-ia encontrado com os irmãos Shoun, dois médios, e com o seu advogado. Estas informações revelam-se muito interessantes, visto que a bala referente ao caso de Anna já havia suscitado suspeitas do agente White sobre os irmãos Shoun, por isso decide questioná-los de novo. Durante esse interrogatório, os dois indivíduos juram que Bill nunca identificou o seu assassino. O advogado de Smith concorda, mas acrescenta que este tinha somente dois inimigos: Ernest, seu irmão, e Hale, o seu tio, informações corroboradas pelos Shoun. Pouco tempo depois, a enfermeira foi convocada à casa de Byran, onde Hale lhe perguntou se Bill Smith já nomeara o seu assassino.

    White descobre, entretanto, que, durante a reunião que manteve no hospital com Bill, James Shoun foi nomeado executor do rico património de Rita. Os Shouns são interrogados pelos promotores sobre a lucidez de Bill no momento em que assinou essa documentação, visto que o agente líder da investigação se apercebe de que a corrupção é um traço característico destes casos. A tutela, apelidada por vezes de «negócio indiano», proporcionou diversas oportunidades para a existência de roubos e apropriações indébitas, esquemas tão ruinosos quanto descarados. Neste contexto, a tribo osage estava plenamente consciente da sua existência, mas pouco podia fazer para os impedir. Mais do que isso, ela estava plenamente consciente de que a riqueza proporcionada pelo território onde habitavam atraía muita gente caucasiana sem escrúpulos, mas com acesso facilitado à burocracia e ao poder.

quinta-feira, 7 de março de 2024

Resumo da 13.ª parte - 2.ª crónica: O filho do carrasco

    Esta parte da obra recorre à analepse para dar conta ao leitor da vida de Tom White. O autor recua até ao momento em que o seu pai, Robert White, se mudou do Tennessee para o Texas no ano de 1870. Posteriormente, quatro anos depois, desposou Maggie, com quem teve cinco filhos e que morreu durante o parto do último, quando Tom, o terceiro da série, contava apenas seis anos.

    Robert, tido por todos como um homem íntegro, foi eleito xerife do condado de Travis, facto que teve várias consequências, desde logo a necessidade de a família passar a viver no interior da prisão do condado, que era um espaço semelhante a uma fortaleza. Outro facto resultante das novas responsabilidades de Robert prendia-se com a exposição à lei a que as crianças eram sujeitas desde tenra idade. Tom recorda que o seu pai tratava de forma semelhante todas as pessoas, independentemente da sua condição social, credo ou etnia. Além disso, lembra-se de episódios que o marcaram para sempre, como a oposição feroz do pai ao linchamento de pessoas, algo que não era estranho à cultura norte-americana do final do século XIX, ou o momento em que aplicou a pena de morte a um indivíduo condenado por estupro, tinha ele doze anos. Estas experiências fizeram com que Tom se opusesse ao que o livro chama “homicídio judicial” e a dilemas morais de vária espécie.

    Quando atingiu a juventude, Tom decidiu juntar-se aos Texas Rangers, juntamente com dois irmãos: Dudley e Doc, enquanto o quarto irmão, Coley, se tornou xerife do condado de Travis, numa espécie de sucessão do pai. Na qualidade de Ranger, Tom conheceu a sua futura esposa, Bessie Patterson. Sucede, porém, que a profissão de xerife não se coadunava com o casamento, pelo que, após a morte de um amigo no exercício da profissão, Tom pediu demissão para se casar com a jovem. Posteriormente, o casal estabeleceu-se em San António e Tom tornou-se detetive ferroviário. Do matrimónio resultaram dois filhos. Em 1917, Tom ingressou no Bureau of Investigation, atraído por uma vida mais ativa e excitante, todavia a morte do seu irmão Dudley em 1918 abalou-o profundamente.

terça-feira, 5 de março de 2024

Análise do episódio das Despedidas em Belém

 
① Síntese dos acontecimentos que medeiam o episódio de Inês de Castro e o da Praia das Lágrimas
 
    Vasco da Gama continua a relatar ao rei de Melinde episódios da História de Portugal. Assim, na sequência da narração da Crise de 1383-1385, que levou D. João I ao trono de Portugal, Gama narra a batalha de Aljubarrota, que contou com muitos portugueses do lado castelhano. De seguida, relata acontecimentos do reinado do Mestre de Avis, nomeadamente a conquista de Ceuta, seguindo-se os reinados de D. Duarte, D. Afonso V e D. João II. Chegado ao reinado de D. Manuel III, narra o sonho profético do rei, no qual dois rios (o Indo e o Ganges) lhe anunciam o nascimento de um novo império.



Contextualização

    A pedido do rei de Melinde, Vasco da Gama narra-lhe a História de Portugal. Neste passo da obra, vai contar a partida da armada de Lisboa em direção à Índia, por meio de uma analepse. Convém relembrar que, de acordo com as regras da epopeia clássica, a narração inicia-se «in media res», isto é, quando a viagem já vai a meio, ou seja, ao largo de Moçambique. Os acontecimentos que medeiam entre a partida de Lisboa e o ponto em que se encontram serão narrados posteriormente através de uma analepse, que se estende do Canto III ao V e que constitui a resposta ao pedido do monarca. Esta analepse O episódio só surge neste momento, dado que está inserido na sequência cronológica da História de Portugal que Vasco da Gama está a narrar ao rei de Melinde.
    Neste episódio, Camões destaca a dor, o sofrimento e o sacrifício das pessoas envolvidas direta (os marinheiros) ou indiretamente (familiares e amigos) na empresa dos Descobrimentos. O Poeta exprime esses sentimentos através da narração que Vasco da Gama faz ao rei de Melinde, narrando, como atrás referido, a partida para a viagem inaugural à Índia.
    Vasco da Gama relata o dia em que o povo da cidade de Lisboa se juntou na praia de Belém para assistir à partida das naus e para se despedir dos amigos e parentes que iam embarcar. Ele e os seus companheiros de viagem saíram em procissão da ermida, passando entre a “gente da cidade” – homens e mulheres, velhos e crianças, mães e esposas. Para diminuir o sofrimento dos que ficavam e dos que partiam, Vasco da Gama determinou que o embarque se fizesse sem as habituais despedidas.

    O tema deste episódio é, portanto, a partida dos marinheiros da praia do Restelo e a despedida dos seus familiares e amigos.


 
Estrutura externa: Canto IV, estâncias 84 a 93.


 
④ Estrutura interna

- Narração: plano da Viagem.

- Narrador: Vasco da Gama, um narrador na primeira pessoa, autodiegético, pois é em simultâneo personagem interveniente na ação.

- Narratário: Rei de Melinde (a quem, a seu pedido, Vasco da Gama conta a História de Portugal).



Estrutura do episódio

1.ª parte – Os preparativos da viagem (est. 84 a 87)

1. Localização da ação:
. no espaço:
“ínclita Ulisseia” (perífrase e metonímia), isto é, Lisboa (v. 1) – a “ínclita Ulisseia” é uma alusão a Ulisses, o célebre criador do cavalo de Troia que, durante a viagem de regresso a sua casa, em Ítaca, teria aportado em Portugal e fundado a cidade de Lisboa, à qual deu o seu nome;
junto ao estuário do Tejo, porto de Lisboa, em Belém, praia do Restelo: os parênteses dos versos 3 e 4, onde estão presentes o hipérbato, a perífrase e a antítese entre «salgado» e «doce» e a metonímia (Neptuno = mar), precisam o local onde decorre a ação – junto ao estuário do Tejo (o estuário é uma zona de transição entre o rio e o mar, ou seja, onde existe uma mistura de água doce do Tejo com a água salgada do mar;

. no tempo:

- reinado de D. Manuel I;

- presente, 8 de julho de 1497, dia da partida da armada de Vasco da Gama rumo à Índia.


2. Ambiente de alvoroço: trata-se do alvoroço geral dos últimos preparativos para o embarque.

 
3. Estado de espírito / Caracterização dos marinheiros (“gente marítima” – perífrase) e dos soldados (“a de Marte” – perífrase):


Continuação da análise aqui: despedidas-em-belem.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Análise das 10.ª, 11.ª e 12.ª partes da crónica 2 de Assassinos da Lua das Flores

    A investigação de White opera-se a dois níveis: o da simplificação e o da eliminação. As múltiplas teorias que circulam sobre quem teria cometido os crimes – pessoas de fora ou da região, familiares ou estranhos – criam um caos que dificulta todo o processo. Deste modo, White procura destrinçar o que é importante do que é falso ou irrelevante, concentrando-se nas evidências que existem e procurando outras que possam existir, de modo a, por exemplo, eliminar suspeitos. Neste contexto, a metodologia seguida passa por verificar os alibis apresentados por vários desses suspeitos e por verificar os depoimentos das testemunhas. Nem todo o trabalho de investigação se reveste de glamour.

    Curiosamente ou não, a investigação parece encaminhar-se no sentido de encontrar a explicação para o assassinato de Anna Brown, apontando para o envolvimento de Burkhart. Neste contexto, surge um problema adicional e não fácil de superar: o envolvimento de J. Edgar Hoover, cuja impaciência e pressa de obter resultados interfere e complica a investigação, ao introduzir prioridades conflituantes e exponenciando o caos já existente, porém o caminho delineado por White lentamente produz resultados. Ironicamente, porém, tal só é possível através do contacto expansivo e aparentemente desfocado com potenciais testemunhas, um traça característico de muitos romances policiais, que oscilam entre a luz e as sombras quando procuram recriar a sensação de tempo que a violência estilhaça. Na realidade, uma característica comum a quase todas as histórias policiais é que elas começam após o final da ação, pelo que a função de quem investiga se centra na narração dessa ação já concluída. Deste modo, David Graan socorre-se das convenções deste género literário para tornar os eventos narrados mais vivos para o leitor.

    Por outro lado, as sensações de perigo e incerteza sobre diversas questões surge reforçada nestas seções da obra através da relevação de que White está convencido de que alguém está a passar informações de dentro da investigação para o exterior, nomeadamente para quem está envolvido nos crimes. Assim sendo, o autor aproxima o processo da investigação de White do âmbito da espionagem, mais do que de uma investigação criminal pura e dura, pois ele sente-se comos e estivesse a navegar através de um deserto. A referência a esta natureza desértica e selvagem prende-se, por um lado, com o facto de o condado de Osage ser, frequentemente, associado à noção da fronteira, porém, por outro, afasta-se na ideia de que se trata de uma referência ao ambiente natural daquela área dos EUA, pois constitui uma espécie de metáfora do terreno incerto e perigoso criado pelos criminosos, ansiosos por atrapalhar as investigações e evitar, assim, a descoberta da verdade. Neste passo, Graan coloca o leitor perante a perversão da função de um detetive, concretamente quando lhe dá conta que Pike é um detetive privado contratado por William Hale para investigar a morte de Anna que, afinal, tinha como incumbência forjar provas falsas e proteger Bryan Burkhart. Além disso, expõe a White o seu principal antagonista: William Hale.

Resumo da 12.ª parte - 2.ª crónica: Um deserto de espelhos

    O agente White começa a suspeitar que há um infiltrado dentro da investigação e as suspeitas recaem sobre Kelsie Morrison. Um intermediário de Pike, outro detetive particular, aborda a equipa de White e anuncia que aquele conhece a identidade do terceiro homem que acompanharia Anna e Bryan no veículo onde viajavam em Ralston. Pike é convocado e informa que esse terceiro homem era um jogador local, mas a informação revela-se falsa. Depois desta coberta, os agentes pressionam-no até ele admitir que foi contratado para esconder as ações de Bryan na noite do assassinato de Anna e não para investigar e resolver o caso. Além disso, declara que Ernest esteve presente nas reuniões que manteve com Hale e Bryan e que aquele escondeu todas estas informações de Mollie.

Resumo da 11.ª parte - 2.ª crónica: O terceiro homem

    J. Edgar Hoover mostra-se crescentemente ansioso e impaciente pela resolução do caso e convence-se de que Necia Kenny é uma peça-chave da investigação, o que o leva a interrogá-la duas vezes em Washington, DC, apesar de ela ser mentalmente instável. Durante essas entrevistas, ela afirma que Comstock está envolvido nos crimes, algo que o agente White se mostra incapaz de comprovar.

    No final de julho de 1925, o líder da investigação concentra a sua investigação na figura de Bryan Burkhart e envia alguns agentes ao Texas no sentido de aquilatarem da veracidade da história em torno do seu paradeiro depois de ter levado Anna a casa. Além disso, White investiga um relato segundo o qual Anna foi vista na cidade de Ralston na noite em que desapareceu, por isso envia também agentes para o local. Lá, encontram um casal de idade que afirma ter visto Anna e Bryan a viajarem, juntos, num veículo automóvel. Os esforços dos agentes, após esta preciosa informação, concentram-se na descoberta do trajeto que o casal seguiu depois de passar por Ralston, mas a tarefa revela-se de extrema dificuldade. Para apimentar a situação, várias testemunhas afirmam que, com eles, viajava um segundo homem. Mais tarde, os agentes descobrem que Bryan subornou um vizinho, para que este mantivesse silêncio sobre o facto de ele ter regressado a casa ao amanhecer.

Resumo da 10.ª parte - 2.ª crónica: Eliminando o impossível

    Os agentes secretos instalam-se no condado de Osage. Disfarçados de pecuaristas, dois deles travam conhecimento com Hale, enquanto outro se mascara de vendedor de seguros. Em simultâneo, Wren participa em reuniões tribais e o agente White constata, estupefacto, que faltam algumas evidências do inquérito de Anna e nota que nenhuma bala foi encontrada. O homem dedica-se a corroborar álibis, o que permite ilibar dos crimes várias das pessoas que faziam parte do rol de suspeitos, como, por exemplo, Oda Brown ou Rose Osage, mas conclui igualmente que os conspiradores estão ativamente a destruir e fabricar pistas e evidências. Posteriormente, White e Burger recrutam um contrabandista de nome Kelsie Morrison como eu informante, convictos de que o homem poderá constituir uma ótima fonte de informação.

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