William
Hale é um criador de gado que está por trás de muitos dos assassinatos ocorridos
no seio dos Osage. Trata-se de um homem que evolui da pobreza para a riqueza e
que, com o seu rosto gentil, consegue ganhar a confiança da tribo, no entanto,
como a investigação liderada por White demonstrará, dirige uma rede criminosa
dedicada a enganar, roubar e assassinar o povo nativo. Por causa destes crimes,
acaba por ser julgado e condenado por assassínio, passando duas décadas preso.
Aparentemente,
William Hale encarna os ideais americanos tradicionais. De facto, através do
trabalho árduo e da sua determinação, sai da pobreza até chegar a uma posição
de destaque na região. No início da sua carreira, sofre um revés que o poderia
ter levado a desistir (o fracasso do primeiro empreendimento), porém a sua
determinação e persistência conduzem-no ao sucesso. Ascende socialmente, casa
com uma professora, de quem uma filha que lhe é profundamente devota. Por outro
lado, é bastante generoso com a sua família, ajudando, por exemplo, os
sobrinhos, Ernest e Bryan, e apoiando, aparentemente, os Osage. Por exemplo,
quando Anna Brown é assassinada, promete ajudar Mollie a resolver o crime e
chega mesmo a contratar detetives privados para o investigarem.
Contudo,
tudo isto não passa de uma monumental fachada para encobrir a sua atividade
criminosa, no sentido de usufruir da riqueza dos Osage, através do mero roubo,
da manipulação e do assassinato, em última análise. Hale faz acordos com um
contrabandista local para envenenar bebidas alcoólicas, uma das formas
preferenciais para assassinar pessoas. Anna Brown, com quem poderia ter tido um
relacionamento amoroso, foi morta por ordem sua. Assim sendo, a promessa feita
a Mollie e a contratação de detetives privados para investigar esse crime
evidenciam todo o seu cinismo e maquiavelismo. Além disso, tenta encontrar
repetidamente alguém disposto a fazer explodir a casa de Rita e Bill Smith.
Outro exemplo: Henry Roan crê que Hale é o seu melhor amigo, porém este planeja
cuidadosamente a sua morte, para, tal como sucede com os outros assassinatos,
lucrar com ela. Todos estas casos demonstram que é um homem violento e cruel,
em suma, um indivíduo mau. A confirmar estes dados, já depois de preso, Hale
escreve uma carta aos Osage, na qual se afirma grande amigo da tribo, uma mentira
macabra.
Ocasionalmente,
William Hale é chamado «Rei» do Condado de Osage, um epíteto que releva outro
traço do seu caráter: não tem qualquer compromisso real com os princípios da
justiça e da democracia. Quando é preso, mostra-se arrogante e confiante na sua
não condenação. Graças à sua vastíssima rede de influência pessoal, está
convicto de que não será condenado. Aparentemente, tem razão, pois o seu
primeiro julgamento resulta num impasse. O seu longo braço chega até ao Senado
dos Estados Unidos: o senador William Pine, do estado do Oklahoma, pressiona o Bureau
of Investigation para despedir White e a sua equipa, sob a acusação falsa
de terem torturados os réus durante os interrogatórios. Por tudo isto, a
surpresa de Hale é enorme quando é considerado culpado e condenado, pois os
jurados ficam convencidos pelo depoimento de Ernest. Porém, isto não significa
que a sua influência tenha terminado: ele pode ter sido punido por todos os
seus crimes, porém os Osage continuam a sentir na pele os efeitos nefastos e
persistentes das suas ações. De facto, no museu tribal, a figura de Hale foi
recortada de uma imagem da época. Com efeito, tinha ficado no centro da mesma e
foi removido porque, para os nativos americanos, se trata da encarnação do Mal.