Português

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

"Werther", de Goethe

     Werther, um jovem inconstante, conhece Carlota, uma jovem comprometida com Alberto, por quem se apaixona irremediavelmente.
     Da evolução da sua paixão trágica dá conta ao amigo Guilherme através de cartas. Desesperado pela impossibilidade de concretizar o seu amor, vai trabalhar para um embaixador, mas rapidamente regressa para o convívio da sua amada. Após um convívio inicial com Alberto, os dois rivais começam progressivamente a esfriar as suas relações. Por outro lado, este faz, cada vez mais, mais alusões ao suicídio.
     Por seu turno, Werther conhece histórias de amores contrariados. Um deles é o de um criado e da viúva para quem trabalha. Afastado dela pelo irmão da viúva, outro criado toma o seu lugar e é anunciado o casamento deste último com a mulher. Porém, o primeiro assassina o rival, porque, já que ela não pode ser sua, não será de mais ninguém. O jovem vê neste caso um espelho do seu, por isso toma o partido do assassino.
     Depois de Carlota pedir a Werther que só a volte a visitar pelo Natal, ele acaba por ir a sua casa uns dias antes da data e, num acesso de loucura, beija-a. A jovem expulsa-o e pede-lhe que nunca mais a procure. Werther pede as duas pistolas a Alberto e quem as dá ao criado do jovem é Carlota, num gesto que, metonimicamente, a aponta como responsável pela desgraça dele.
     Werther suicida-se com um tiro na cabeça, mas a sua agonia prolonga-se por várias horas. Carlota, ao vê-lo, desmaia e está bastante tempo entre a vida e a morte. O funeral tem fraco acompanhamento e nenhum padre o acompanha, dado tratar-se de um suicida.

Partes da 'Crónica de D. João I'

     A Crónica de D. João I foi escrita entre 1434 e 1443, constituindo a terceira e mais perfeita das compostas por Fernão Lopes.
     Impressa pela primeira vez em Lisboa, em 1664, foi deixada incompleta, sendo da autoria do cronista a primeira (o interregno entre a morte de D. Fernando e a eleição de D. João I) e a segunda parte (o reinado de D. João I até 1411), não se sabendo se terá legado manuscritos para a terceira, redigida por Gomes Eanes de Zurara, seu sucessor, conhecida como Crónica da Tomada de Ceuta.

     A primeira parte narra, pois, o período revolucionário, durante o interregno de 1383-1385. A ação está concentrada em cerca de dezasseis meses: da morte do conde Andeiro (dezembro de 1383) à aclamação do Mestre de Avis como rei de Portugal nas cortes de Coimbra, em abril de 1385, passando pelo alvoroço da multidão que acorre a defendê-lo e pela morte do bispo de Lisboa. O que está em causa é a legitimação da eleição de D. João I, consumada em Coimbra, na sequência da argumentação do doutor João das Regras, enquanto desfecho inevitável imposto pela vontade popular.

     A segunda parte compreende o reinado de D. João I, decorrendo entre abril de 1385 e outubro de 1411, e inclui a narração do conflito bélico entre Portugal e Castela, incluindo a Batalha de Aljubarrota, até à assinatura do tratado de paz.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Fontes da obra de Fernão Lopes

1. Fontes narrativas
  • Crónica do Condestabre de Portugal (sobre Nuno Álvares Pereira), anónima, redigida provavelmente entre 1431 e 1436.
  • Tratados dos Feitos de D. João, Mestre de Avis, de Cristophorus (eclesiástico ou doutor em leis).
  • Crónica dos Reis de Castela, de Pero López de Ayala.
  • Crónica dos Feitos de D. Fernando, de Martim Afonso de Melo.
  • Livro de linhagens do conde D. Pedro.
  • Pelo menos cinco narrativas anónimas, referidas pelo próprio cronista e que descrevem a Batalha de Aljubarrota.
     Fernão Lopes recorre a várias fontes (textos históricos anteriores) com o objetivo de:
  • Fundamentar a verdade histórica em documentos escritos;
  • Confrontar os documentos para aferir a verdade dos factos.


2. Fontes documentais
  • Atas de cortes.
  • Documentos das chancelarias.
  • Bulas papais.
  • Bitafes antigos, isto é, epitáfios de sepulturas.
  • Práticas e sermões, procurações.
  • Correspondência epistolar particular e oficial.


3. Fontes orais

     Fernão Lopes socorreu-se ainda de testemunhos de pessoas que assistiram a acontecimentos narrador e que conheceram aqueles que nele participaram. De facto, o cronista teve acesso a testemunhos vivos, isto é, a pessoas que tinham conhecido aqueles tempos, nomeadamente os da crise de 1383-1385.

    A obra de López de Ayala serviu como fonte para 55 capítulos da Crónica de D. Fernando, enquanto a Crónica de D. Juan I foi aproveitada em 70 capítulos da Crónica de D. João I. Já a Crónica do Condestabre é usada quase na totalidade, não tendo sido utilizados apenas 8 capítulos. O cronista português chega mesmo a copiar períodos inteiros destas obras.
     As fontes narrativas dominaram a pesquisa de Fernão Lopes, tendo a consulta de fontes documentais ocorrido, de forma pontual, somente para completar o relato.

     A leitura das crónicas e da demais documentação deve ser feita com grande reserva pelos problemas que reserva. De facto, a redação das obras ocorre entre 1437 e 1443, ou seja, sessenta a setenta anos depois do reinado de D. Fernando (1367-1383) e da regência de D. Leonor Teles (22 de outubro de 1383 a janeiro de 1384). Pelo contrário, López de Ayala (1332-1407) foi testemunha ocular de acontecimentos que tiveram lugar no período a que se reportam as crónicas. Além disso, Ayala desempenhou outras funções além da de cronista: curador do casamento entre o infante D. Henrique e a infanta portuguesa D. Beatriz; chanceler e alferes-mor do rei D. João I de Castela (marido da dita Beatriz); vassalo presente nos juramentos ao Tratado de Salvaterra de Magos; participantes na Batalha de Aljubarrota, do lado castelhano. Um viveu os acontecimentos, o outro ouviu-os contar e leu-os.
     Por outro lado, convém não esquecer que a obra de Fernão Lopes resultou da encomenda feita pela dinastia de Avis, nos primeiros anos da sua vida, quando havia a premência de afirmar o reinado dos novos governantes.
     Outra questão a ter em conta prende-se com o facto de a Torre do Tombo - criada por D. Fernando em 1378 e instalada no castelo de S. Jorge, para funcionar como arquivo dos livros das chancelarias régias - ter sido marcada pela desorganização progressiva com a passagem do tempo, daí que, em 1458, D. Afonso V tenha encarregado Gomes Eanes de Zurara de a remodelar. A sua ação passou pela escolha, nos livros de registos antigos, dos atos dignos de memória e pela sua cópia em novos livros de registo. Por exemplo, os 48 livros de D. João I passaram a apenas 4. Com esta depuração, os antigos livros de registos passaram à categoria de obsoletos, foram esquecidos e acabaram por desaparecer no reinado de D. João III.
     Em suma, só chegou ao nosso conhecimento a informação que os nossos antepassados quiseram que chegasse, graças às triagens e depurações feitas ao longo do tempo por diferentes agentes.
     Por outro lado, se é evidente que, no Prólogo à Crónica de D. João I, afirma que o seu objetivo é contar a verdade dos factos, não o é menos a noção de que há sempre diversas leituras da mesma realidade. Com efeito, as fontes em que nos baseamos refletem habitualmente uma série de circunstâncias e a ideologia dominante e não necessariamente a dita realidade. Além disso, há que ter em conta que se trata de uma narração e representação dessa realidade e não a própria.

"D. João I - um retrato épico"


     Tese de mestrado sobre o caráter mítico de D. João I, da autoria de Luís Miguel Martins Ventura, datado de 2009, pela Universidade Aberta.
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