● Classificação
• Vilancete - mote de três versos
- duas voltas de sete versos (sétimas)
- métrica: redondilha maior (7
sílabas métricas)
• O vilancete é uma forma poética
musical composta a partir de um mote curto (constituído por 2 ou 3
versos), tradicional, geralmente alheio, que introduz o tema. De início, este
mote era tirado de uma canção popular-vilã e a ele cabia, em exclusivo, a designação
de vilancete, que depois passou a atribuir-se a todo o poema. A seguir ao mote
existem as voltas ou glosas, compostas por sete versos (sétimas),
que desenvolvem o tema introduzido pelo mote. A glosa divide-se, por sua vez,
em cabeça (os primeiros 4 versos) e cauda (os restantes 3). O
último verso da cabeça rima com o primeiro da cauda, fazendo assim a ligação
entre ambos; os dois últimos versos da cauda rimam com os dois últimos versos
do mote, e o último deste é, no vilancete perfeito, integralmente repetido no
último verso da cauda.
● Tema: a mulher / a beleza feminina – o retrato da mulher
amada e idealizada.
● Estrutura interna
v Mote (tese) – Apresentação de Leanor:
• localização espacial: a caminho da
fonte (ambiente bucólico e rural);
• tempo; primavera (a “verdura”) –
presente;
• caracterização da figura retratada:
▪ nomeação/identificação: Leanor;
▪ social:
- pobre / do povo
(“Descalça”);
- atividade doméstica:
ida à fonte;
▪ física: formosa / bela;
▪ psicológica:
- insegura (“não segura”)
- ansiosa
• posição do sujeito poético:
observador da figura feminina.
v Voltas (confirmação da
tese) – Desenvolvimento:
• da caracterização
física:
▪ pele branca – “mãos de
prata” – metáfora
▪ formosa – “fermosa” – adjetivação
expressiva
▪ cabelo louro – “cabelos
de ouro” – metáfora
▪
muito bela – “tão linda que o mundo espanta” – hipérbole + oração
subordinada adverbial consecutiva
▪
graciosa – “chove nela graça tanta” – metáfora + trocadilho
▪ vestuário:
-
“cinta de fina escarlata” – vermelho → alegria, paixão, sensualidade
-
“sainho de chamalote” – diminutivo → carinho
-
“vasquinha de cote, / mais branca que a neve pura“ – comparação + hipérbole
– branco → pureza
- “a
touca”
- “o
trançado”
-
“fita”
▪ cores
- vermelho → alegria, sensualidade, paixão
- branco → pureza
- louro dos cabelos
▪
elementos do quotidiano de trabalho de Leanor
- o pote
- o testo
• efeitos da sua
beleza física:
▪ espanta o mundo
▪ dá graça à formosura
• da caracterização
psicológica:
▪
insegura e ansiosa
▪
apaixonada
▪
causas da insegurança:
-
caminhar com o pote na cabeça > insegurança (desequilíbrio) > encontro
com o amigo?
- a
beleza (ser ou não ser apreciada)?
- o
encontro com o namorado (faltará ou marcará presença?)
- os
seus sentimentos?
● Estrutura
narrativa do poema
Espaço:
ambiente campestre, rural, bucólico (“verdura”, “fonte”).
Tempo:
presente – momento em que o sujeito observa a mulher.
Ação: ida à
fonte – “vai para a fonte”.
Personagem:
Leanor.
● Forma
• Métrica: redondilha maior (versos de 7 sílabas métricas) – medida
velha.
• Rima:
- esquema rimático: ABB / CDCCBB
- emparelhada e interpolada
- consoante (“verdura”/”segura”)
- rica (“verdura”/”segura”) e pobre (“prata”/”escarlata”
- grave ou feminina (“verdura”/”segura”)
● Recursos
expressivos
• Nomes:
- fonte: ambiente rural e
campestre; local de cumprimento de uma tarefa doméstica; possível local de encontro
amoroso;
- verdura: ambiente rural e
bucólico;
- neve: a pureza e tom de pele
claro de Leanor;
- ouro, prata: metais
preciosos que sugerem o tom de pele claro e os cabelos louros de Leanor, bem
como a sua preciosidade.
• Verbo “chover”, com
valor transitivo e sentido hiperbólico: a graça de Leanor era tão
evidente e abundante como a chuva.
• Advérbios de intensidade “tanto”
e “tão”: intensificam a beleza física de Leanor.
• Personificação: “tão linda
que o mundo espanta”.
• Diminutivos – “sainho” e
“vasquinha”: sugerem o carinho e a simpatia do sujeito pela mulher, bem como o
seu encantamento face à sua beleza e graciosidade.
• Trocadilho: “Chove nela graça
tanta / Que dá graça à fermosura”.
• Aliteração em /v/.
• Alternância de sons abertos
(ó, á), sugestivos de vitalidade, fechadas (ô, u) e nasais (on, na).
• Transporte: vv. 1-2, 15-16.
• Associação de cores (o vermelho
do vestuário, o branco da pele e o louro dos cabelos) para
sugerir a alegria, a pureza e a perfeição de Leanor, respetivamente.
• As peças de vestuário e os objetos
que transporta, cuja graciosidade o sujeito poético pretende transferir para a
mulher.
● Retrato
de Leanor – síntese
▪ Social:
- do povo
- pobre – descalça
- cumpre tarefas domésticas
▪ Físico:
- jovem
- bela
- pele branca
- cabelo louro
▪ Psicológico:
- pura
- insegura
- ansiosa
▪ Ideal de mulher petrarquista
● Influências
- Intertextualidade
Ø Petrarca (inovações renascentistas):
-
caracterização física (a pele branca, o cabelo louro…) e psicológica da mulher
(a pureza, a castidade;
-
caracterização predominantemente psicológica e só aparentemente física.
Ø A
utilização do trocadilho, da hipérbole e do jogo de conceitos e ambiguidades,
como recursos do engenho poético (também existentes na endecha "Aquela cativa"), coloca, em
certa medida, Camões como precursor da poesia cultista e conceptista do século
XVII.
Análise completíssima, os meus parabéns!
ResponderEliminarvonito
ResponderEliminarangola é nossa
ResponderEliminarAngola é dos angolanos! Não tua!
Eliminaramanha que dia e?
ResponderEliminarA escola dão Martinho Vaz de Castelo Branco e uma ganda merda
ResponderEliminarangola for ever
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
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