Português: Biografias
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quinta-feira, 30 de julho de 2015

4 regras para impor disciplina segundo John Cleese

     

     Para quem não sabe, John Cleese, provavelmente o mais conhecido dos Monty Python, também foi professor durante um curto período da sua vida.
     Recentemente, publicou a sua autobiografia, na qual expõe as suas quatro regras para não se deixar arrasar por uma turma. Leia-mo-lo:

     «Não, a primeira coisa que se faz é...» saber o nome dos alunos.
     «A segunda coisa é: nunca ordenar a um rapaz "Para de falar", porque ele afirmará sempre que não estava a falar. Tem de se dizer: "Não fales." Então, quando ele negar que estava a falar, pode replicar-se: "Eu não disse que estavas, disse 'Não fales!'." Isto deixa-o encurralado.
     A terceira é: quando se lança uma pergunta, deve-se sempre formulá-la integralmente antes de nomear o rapaz que lhe irá responder, porque se se começar pelo nome, todos os outros deixarão de imediato de prestar atenção (a não ser os marrões e os graxistas).
     A quarta coisa é: se se intercetar uma lufada de insurreição iminente, recorra-se ao sarcasmo. (...) Porém, não se abuse: preserve-se para... aquela ocasião especial.» (John Cleese, Ora, como eu dizia..., pág. 104).


     Lendo e aprendendo...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Biografia de Almeida Garrett



1799          A 4 de fevereiro, no seio de uma família burguesa, nasce no Porto, mais precisamente na rua do Calvário, às Virtudes, numa casa ainda hoje assinalada com uma lápide municipal, nos números 37, 39 e 41, João Baptista da Silva Leitão, nome a que, mais tarde, acrescentará os apelidos Almeida Garrett. De acordo com o seu biógrafo, Gomes de Amorim, o apelido Baptista foi retirado do nome do seu padrinho, em sua homenagem, enquanto que Almeida era apelido da avó materna e Garrett da sua avó materna, de ascendência irlandesa.
 
Infância   O período da infância, vivido até aos 10 anos em Vila Nova de Gaia, entre a Quinta do Castelo e a Quinta do Sardão (ambas pertencentes à sua família), foi decisivo no futuro do escritor e na construção do sentimento poético de Garrett, alimentado pelas tradições populares reveladas nas histórias e cantilenas/modinhas populares contadas e cantadas pelas duas velhas criadas da família com quem conviveu: a velha Brígida (lembrada pelas suas “histórias da carochinha” em Viagens na Minha terra) e a mulata Rosa de Lima (surge no prefácio de Adozinda como recitadora de “maravilhas e encantamentos, de lindas princesas, de galantes e esforçados cavaleiros”). Estas recordações infantis despertarão nele o gosto pelas tradições nacionais que o levaram desde muito novo a compilar os textos que, posteriormente, usou na elaboração do Romanceiro e incluiu nalgumas peças de teatro.
 
1809          Em consequência das Invasões Francesas, nomeadamente da segunda, comandada por Soult, que entrou em Portugal por Chaves e se dirigiu, de seguida, para o Porto, cidade que ocupou, a família viu-se obrigada a fugir, primeiro para Lisboa e, depois, para os Açores, dado que o seu pai, António Bernardo da Silva, um funcionário superior da Alfândega do Porto, tinha nascido na ilha do Faial, o que explica o facto de a família se ter refugiado na Terceira, ilha onde passou a sua adolescência, onde estudou Latim e Grego, literatura clássica e filosofia, sob a orientação dos tios D. Frei Alexandre da Sagrada Família (anterior bispo de Malaca e de Angra e bispo eleito do Congo e de Angola) e João Carlos Leitão. Sob a influência dos tios e o desejo dos pais, Garrett pensa abraçar a carreira eclesiástica, mas rapidamente desiste da ideia por falta de vocação para o sacerdócio.
Ainda nas ilhas, começa a escrever, sob o pseudónimo de Josino Duriense. Por outro lado, o contacto com a cultura humanística clássica, nos Açores, através da leitura e do estudo dos grandes tragediógrafos gregos e latinos, revelou e desenvolveu nele o gosto pelo teatro, exemplificado pela escrita da tragédia Xerxes.
 
1816       De regresso ao continente, matricula-se no curso de Direito na Universidade de Coimbra, cidade onde funda uma sociedade maçónica com Manuel da Silva Passos e José Maria Grande. Em Coimbra, funda também um teatro académico e faz representar o seu drama Xerxes (que se perdeu) e a tragédia Lucrécia. Na mesma época, inicia a escrita de duas tragédias, Afonso de Albuquerque e Sofonista, que deixa incompleta.
 
1818         Em 1818, passou a usar os apelidos Almeida Garrett, à semelhança de toda a sua família. A introdução desses dois apelidos reflete o esteticismo e o elitismo social de Garrett.
 
1820         Concluída a licenciatura em Direito, parte para Lisboa, onde participa na revolução liberal, determinada pelos ideais de liberdade proclamados pela Revolução Francesa, que marcam para sempre o percurso cívico e político de Garrett. Enquanto dirigente estudantil e orador, defende o vintismo, escrevendo inclusive um Hino Patriótico recitado no Teatro de S. João.
 
1821          Estreia a tragédia Catão, acontecimento literário que lhe possibilita a entrada na vida pública e o conhecimento de Luísa Midosi, prima de seus primos Luís Francisco e Paulo Midosi. Neste mesmo ano, após a publicação do seu poema Retrato de Vénus, é acusado nas páginas da “Gazeta Universal”, pelo padre José Agostinho de Macedo, de ser “materialista, ateu e imoral”.
                 Funda a Sociedade dos Jardineiros. Após nova viagem aos Açores, provavelmente por razões relacionadas com a sua ligação à Maçonaria, estabelece-se em Lisboa, continuando aí a publicar textos repletos de fervor patriótico.
                   Conclui a sua licenciatura.
 
1822          É ilibado da acusação de materialismo, ateísmo e abuso de liberdade de imprensa, resultante da publicação do poema O Retrato de Vénus e das respostas que deu em sua defesa no periódico “Português Constitucional Regenerado”.
                 Funda, com o amigo Luís Francisco Midosi, um jornal dedicado às senhoras portuguesas: “O Toucador”.
            Em 11 de novembro, casa-se com Luísa Midosi, após ter assumido o lugar de chefe de repartição da instrução pública.
 
1823     Na sequência da Vilafrancada, o golpe militar chefiado por D. Miguel que teve como consequência o restabelecimento do Absolutismo, e a instabilidade política que se lhe segue, Garrett é obrigado a abandonar o seu cargo na Secretaria dos Negócios do reino, é preso na Cadeia do Limoeiro, em Lisboa, e a exilar-se por duas vezes: em Inglaterra, de 1823 a 1824, e em França, de 1824 a 1826, onde contactou com a nova estética – o Romantismo. O exílio acabou por ser decisivo para a sua vida política e para a notoriedade literária, visto que lhe permitiu a integração nos círculos de emigrados liberais e o contacto com o Romantismo europeu, que importaria para Portugal, tornando-se na sua figura central, juntamente com Alexandre Herculano.
                   Garrett e a família vivem com muitas dificuldades durante o exílio, dado que o poeta apenas consegue emprego num banco como correspondente comercial.
 
1825           É publicado, em Paris, o poema Camões.
 
1826       É publicado, em Paris, o poema D. Branca, que, juntamente com Camões, são obras de temática nacionalista, consideradas marcos fundadores do Romantismo português e cuja escrita é influenciada pelas leituras das obras de Shakespeare, Byron e Walter Scott durante o primeiro exílio inglês.
             Após a morte de D. Afonso VI, Almeida Garrett é amnistiado e regressa à pátria, após a Outorga da Carta Constitucional e da abdicação de D. Pedro IV em favor da sua filha D. Maria da Glória. Em Lisboa, funda com Paulo Midosi o jornal “O Português” e escreve em “O Cronista”.
 
1927         Garrett e os dois irmãos Midosi são presos devido aos seus artigos em defesa do Liberalismo.
 
1828        O regresso de D. Miguel a Portugal força Garrett a novo exílio em Inglaterra, que se prolonga até finais de 1831. Desta vez, tem como emprego o cargo de secretário particular do Duque de Palmela, também exilado em Inglaterra, e fixa-se em Plymouth. Em Londres, publica Adozinda e Bernal Francês (texto mais tarde inserido no Romanceiro).
 
1829       Publica, ainda em Londres, a Lírica de João Mínimo, que reúne poemas escritos desde a juventude. Redige o jornal “O Chaveco Liberal” e inicia a escrita de Da Educação, que visa a instrução da nova rainha D. Maria II para o cargo que ocupa.
 
1831         Escreve nas páginas de “O Precursor”. Segue, em dezembro, para França (onde prepara, com outros exilados, a expedição que visa o fim do Absolutismo) e, posteriormente, para os Açores, em 1832.
 
1832    Regressa a Portugal, desembarcando primeiro nos Açores, integrando com Alexandre Herculano, como voluntários, o exército liberal de D. Pedro e participando ativamente no desembarque do Mindelo (em julho) e no cerco e libertação do Porto, em julho de 1832.
                Inicia a escrita do seu primeiro romance – O Arco de Sant’Ana –, que se teria baseado num antigo manuscrito encontrado no Convento dos Grilos, onde os expedicionários se aquartelam, e cujo primeiro volume só é publicado em 1845.
 
1834     Parte para a cidade de Bruxelas, na Bélgica, para assumir o cargo de Cônsul-Geral e Encarregado de Negócios de Portugal. Nessa urbe, entra em contacto com as obras dos grandes escritores românticos alemães, como Goëthe e Schiller.
 
1836         Regressa a Portugal, separa-se de Luísa Midosi e passa a viver com Adelaide Pastor Deville, com quem terá uma filha. Em simultâneo, afirma-se como um claro opositor ao regime, ao lado de Passos Manuel, velho amigo dos tempos de Coimbra. Após a Revolução de Setembro, forma-se novo governo de esquerda liberal, tendo Garrett sido eleito deputado às cortes constituintes e nomeado por Passos Manuel Presidente do Conservatório de Arte e incumbido de reformar o teatro nacional. O projeto para a renovação da Arte em Portugal é descrito no prefácio de Um Auto de Gil Vicente (1838), um dos primeiros contributos de Garrett para a criação de um repertório teatral português.
 
1837         É nomeado Inspetor-Geral dos Teatros, o que lhe permite fundar o Teatro Nacional D. Maria II e o Conservatório Nacional, a primeira escola portuguesa de atores.
 
1838          A sua ação em prol da dinamização do teatro português prossegue com a publicação de Um Auto de Gil Vicente (1838), Dona Filipa de Vilhena (1840) e O Alfageme de Santarém (1842), procurando, assim, dinamizar o quase inexistente repertório dramático nacional.
 
1841        O ministro António José de Ávila propõe a dissolução do Conservatório. O deputado Almeida Garrett responde-lhe diretamente e, no dia seguinte, é demitido de todos os seus cargos. Falece Adelaide Pastor, deixando órfã a filha de ambos.
 
1843         Desencantado com a evolução da causa liberal durante o governo cabralista, Garrett afasta-se dos cargos políticos, mas não abdica do seu patriotismo empenhado, como se pode comprovar em Viagens na Minha Terra, obra escrita neste ano que denuncia o materialismo excessivo que conduz à degradação física e moral do país e cuja primeira parte é publicada em folhetins na “Revista Universal Lisbonense” (a edição só fica concluída em 1846). As Viagens são inspiradas por um passeio pelo Ribatejo a convite de Passos Manuel, então na oposição ao governo de Costa Cabral. Ainda neste ano, é publicado o primeiro volume do Romanceiro e feita a primeira representação de Frei Luís de Sousa, com Garrett a desempenhar o papel de Telmo Pais, no teatro da Quinta do Pinheiro.
 
1844          É publicado Frei Luís de Sousa, três anos após a morte de Adelaide Pastor Deville, quando o escritor conhece Rosa de Montufar Barreiros, Viscondessa da Luz, por quem se apaixona e a quem dirige cartas de intensa paixão e que lhe inspira a escrita dos poemas de Folhas Caídas.
 
1845        Publica o romance O Arco de Sant’Ana, iniciado em 1832, durante o cerco do Porto, mas cujo primeiro volume só sai em 1845, e Flores sem Fruto.
 
1846      Nos tempos do Cabralismo e seguintes, afastado da vida política, passa a frequentar a sociedade elegante e escreve as peças Tio Simplício, Falar Verdade a Mentir, Um Noivado no Dafundo.
 
1848       É representada a peça A Sobrinha do Marquês no Teatro D. Maria II e logo a seguir publicada.
 
1851          Com a Regeneração, Almeida Garrett retoma a vida política, tendo sido nomeado, em julho, Ministro dos Negócios Estrangeiros, após a nomeação de Visconde e Par do Reino.
                   O governo francês concede-lhe o título de Grande Oficial da Legião de Honra.
                   São publicados os volumes II e II do Romanceiro.
 
1852          É novamente eleito deputado. Escreve e lê, na Câmara, o “Discurso de Resposta ao Discurso da Coroa”.
 
1853       Publica Folhas Caídas, uma coletânea de poemas marcados por um subjetivismo de cariz confessional em cuja génese está a paixão avassaladora e adúltera por Rosa de Montufar.
                Com a Regeneração, regressa à administração do Teatro Nacional, mas demite-se a pedido dos atores e autores.
                 Já muito doente, começa a escrever Helena, a obra que seria o seu terceiro romance. Apesar de o seu estado de saúde se agravar de dia para dia, ainda apresenta o “Relatório e Bases para a Reforma Administrativa”.
 
1854           Profere, na Câmara dos Pares, a resposta ao Discurso da Coroa de 1854.
                  Falece a 9 de dezembro, aos cinquenta e cincos anos, vitimado por um cancro hepático, após uma vida política e cívica intensa: estudante revolucionário em Coimbra (1820), jornalista interventivo perseguido pelas suas ideias liberais (1822-1823), preso e exilado político por diversas vezes (1823-1827 e 1828-1832), soldado da causa liberal, “bravo do Mindelo” que combateu no cerco do Porto, secretário da missão diplomática em Madrid, Paris e Londres, em prol da causa liberal, colaborador ativo de várias tarefas a nível governativo, cônsul geral na Bélgica (1834-1836), resistente político durante a ditadura do governo de Costa Cabral (1842-1846 e 1849-1851), Par do Reino (1851) e Ministro dos Negócios Estrangeiros (1852), durante a Regeneração. É sepultado no Cemitério dos Prazeres. Os seus restos mortais são depositados no Mosteiro dos Jerónimos em 1903 e trasladados para Santa Engrácia em 1966, aquando da inauguração do monumento como Panteão Nacional.
 
Fontes:
     * História da Literatura Portuguesa, de António José Saraiva e Óscar Lopes;
     * Coleção Resumos;
     * Dicionário da Literatura, de Jacinto do Prado Coelho;
     * Leituras - Revista da Biblioteca Nacional (n.º 4, primavera de 1999).

sábado, 14 de maio de 2011

Biografia de José Saramago

  • 1922 - Nasce a 16 de Novembro na Rua da Alagoa de Azinhaga (Golegã, Ribatejo), no seio de uma família de camponeses. Os seus pais são José de Sousa, jornaleiro, e Maria de Jesus, doméstica.
  • 1924 - Muda-se para Lisboa com a família, passando o pai a trabalhar na Polícia de Segurança Pública. Em Dezembro morre o seu irmão Francisco, com quatro anos.
  • 1929 - Aquando da sua inscrição na escola primária da Rua Martens Ferrão, descobre-se que um funcionário do Registo Civil da Golegã incluiu como apelido, na sua certidão de nascimento, a alcunha familiar, Saramago, tornando-se, assim, a primeira pessoa da sua família a usá-la como sobrenome.
  • 1930 - Muda-se para a escola primária do Largo do Leão. Nesta época, a sua família passa por grandes dificuldades económicas, morando em quartos alugados e em várias ruas de Lisboa. Na capital, frequenta, desde tenra idade, o Animatógrafo, o cinema "Piolho", na Mouraria, cujos filmes alimentam o seu imaginário.
  • 1932 - Matricula-se no Liceu Gil Vicente, onde inicia os estudos secundários, frequentando dois cursos (o liceal e o técnico).
  • 1935 - A falta de recursos económicos da família obriga-o a transferir-se para a Escola Industrial de Afonso Domingues, onde estudará até 1940. Durante toda a infância e adolescência, passa longas temporadas na Azinhaga com os avós maternos (Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha), onde e de quem recebe "ensinamentos" que o marcam para sempre.
  • 1936 - A mãe oferece-lhe o primeiro livro que possui: A Toutinegra do Moinho, de Émile de Richebourg.
  • 1938 - A família Sousa passa a viver num andar, no número 15 da Rua Carlos Ribeiro, no Bairro da Penha de França.
  • 1940 - Conclui os estudos de Serralharia Mecânica na Escola Industrial de Afonso Domingues. Consegue o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico nas oficinas dos Hospitais Civis de Lisboa. À noite, frequenta a biblioteca municipal do Palácio das Galveias, "lendo ao acaso de encontros e de catálogos, sem orientação, sem ninguém que me aconselhasse, com o mesmo assombro criador do navegante que vai inventando cada lugar que descobre", nas palavras do próprio Saramago.
  • 1942 - Passa a trabalhar nos serviços administrativos dos Hospitais Civis de Lisboa.
  • 1943 - Trabalha na Caixa de Abono de Família do Pessoal da Indústria de Cerâmica, de onde é afastado em 1949 em consequência do seu apoio à candidatura de Norton de Matos à Presidência da República.
  • 1944 - Casa com a pintora Ilda Reis.
  • 1947 - Publica Terra do Pecado, o seu primeiro romance, intitulado inicialmente A Viúva. Nasce a sua filha Violante. Até 1953 escreve numerosos poemas, contos (alguns dos quais são publicados em revistas e jornais) e faz o esboço de pelo menos quatro romances, dos quais conclui apenas um.
  • 1948 - Morre o seu avô, Jerónimo Melrinho.
  • 1950 - Começa a trabalhar na Caixa de Previdência do Pessoal da Companhia Previdente, fazendo cálculos de subsídios e de pensões, graças à mediação do seu antigo professor Jorge O'Neill.
  • 1953 - Termina Clarabóia, romance inédito, com que encerra uma série de infrutíferas tentativas narrativas: O Mel e o Fel, Os Emparedados e Rua.
  • 1955 - A convite de Nataniel Costa, inicia uma colaboração com a editora Estúdios Cor, no sector de produção. O seu nome começa, então, a ser conhecido no campo da literatura e da cultura. Inicia a sua actividade como tradutor, cifrada em mais de sessenta títulos, até meados da década de 80. Na segunda metade da década de 50, traduz cerca de dezasseis livros, entre eles de autores como Colette e Tolstoi.
  • 1959 - Abandona a Companhia Previdente e passa a trabalhar, em exclusivo, na editora Estúdios Cor.
  • 1964 - Em 13 de Maio, morre o seu pai, no Hospital dos Capuchos, aos sessenta e oito anos de idade.
  • 1966 - É editado o seu primeiro livro de poesia, Os Poemas Possíveis. Ao longo desta década, prossegue a sua actividade de tradutor, embora de forma moderada. Traduz, entre outros, autores

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Autobiografia

"Nome completo - Fernando António Nogueira Pessoa.

Idade e naturalidade - Nasceu em Lisboa, freguesia dos Mártires, no prédio n.º 4 do Largo de S. Carlos (hoje do Directório), em 13 de Junho de 1888.

Filiação - Filho legítimo de Joaquim de Seabra Pessoa e de D. Maria Madalena Pinheiro Nogueira. Neto paterno do general Joaquim António de Araújo Pessoa, combatente das campanhas liberais, e de D. Dionísia Seabra; neto materno do conselheiro Luís António Nogueira, jurisconsulto, e que foi director-geral do Ministério do Reino, e de D. Madalena Xavier Pinheiro. Ascendência geral - misto de fidalgos e judeus.

Profissão - A designação mais própria será «tradutor», a mais exacta de «correspondente estrangeiro em casas comerciais». O ser poeta e escritor não constitui profissão, mas vocação.

Funções sociais que tem desempenhado - Se por isso se entende cargos públicos ou funções de destaque, nenhumas.

Obras que tem publicado - A obra está essencialmente dispersa, por enquanto, por várias revistas e publicações. O que, de livros ou folhetos, considera como válido é o seguinte: 35 Sonnets (em inglês), 1918; English Poems I-II e  English Poems III (em inglês também), 1922, e o livro Mensagem, 1934, premiado pelo Secretariado da Propaganda Nacional, na categoria «Poemas».

Educação - Em virtude de, falecido seu pai em 1893, sua mãe ter casado, em 1895, em segundas núpcias, com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban, Natal, foi ali educado. Ganhou o prémio Rainha Vitória de estilo inglês, na Universidade do Cabo da Boa Esperança em 1903, no exame de admissão, aos 15 anos.

Ideologia política - Considero que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, embora com pena, pela República. Conservador de estilo inglês, isto é, liberal dentro do conservantismo e absolutamente anti-reaccionário.

Posição religiosa - Cristão gnóstico, e portanto inteiramente oposto a todas as Igrejas organizadas, e sobretudo à Igreja de Roma. Fiel, por motivos que mais adiante estão implícitos à Tradição secreta do Cristianismo, que tem íntimas relações com a Tradição secreta em Israel (a Santa Kabbalah) e com a essência oculta da maçonaria.

Posição iniciática - .................................................................................................
..........................................................................................................................

Posição patriótica - Partidário de um nacionalismo místico, de onde seja abolida toda a infiltração católica-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: 'Tudo pela Humanidade, nada contra a Nação'.

Posição social - Anticomunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.

Resumo destas últimas considerações - Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, grão-mestre dos Templários, e combater, sempre, e em toda a parte, os seus três assassinos - a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania.

Lisboa, 30 de Março de 1935"

quarta-feira, 11 de março de 2009

Cronologia de D. Pedro I

  • 1320: Em Coimbra, a 8 de Abril, nasce o príncipe D. Pedro, filho de D. Afonso IV, rei de Portugal.
  • 1340: D. Afonso IV participa na batalha do Salado ao lado de Afonso XI de Castela. O seu resultado constitui a vitória decisiva da cristandade sobre os mouros da Península Ibérica. Inês de Castro, dama galega, vem para Portugal no séquito de D. Constança, noiva castelhana de D. Pedro, com quem vive uma paixão adúltera e fulminante.
  • 1345: Nasce D. Fernando, filho de D. Constança e de D. Pedro.
  • 1349 (?): Morte de D. Constança.
  • 1354: Influenciado pelos Castro (irmãos de D. Inês), D. Pedro mostra-se disposto a intervir nas lutas dinásticas castelhanas.
  • 1355: A 7 de Janeiro, com o consentimento de D. Afonso IV, nos paços de Santa Clara (Coimbra), Diogo Lopes Pacheco, Pedro Coelho e Álvaro Gonçalves degolam Inês de Castro. Quando toma conhecimento, dá-se a revolta de D. Pedro contra o pai.
  • 1357: Morte de D. Afonso IV; D. Pedro sobe ao trono e manda executar os assassinos de Inês de Castro.
  • 1361: Do Mosteiro de Santa Clara (Coimbra) para o Mosteiro de Alcobaça, D. Pedro I manda trasladar os restos mortais de Inês de Castro.
  • 1367: A 18 de Janeiro morre D. Pedro I, em Estremoz.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Biografia do romance

D. Pedro, filho de D. Afonso IV e de D. Beatriz de Castela, nasceu em Coimbra, em 8 de Abril de 1320, e faleceu em Lisboa, em 18 de Janeiro de 1367. Reinou por apenas 10 anos, de 1357 a 1367 (foi o oitavo rei de Portugal), como D.Pedro I. Como era da praxe na época, quando casamentos eram arranjados desde a tenra idade em função de estratégias e interesses políticos, D. Pedro I e D. Constança, princesa e filha do Infante de Castela, D. João Manuel, vieram a casar-se.
A noiva veio para Portugal em 1340, acompanhada por um séquito, do qual fazia parte uma aia galega, de seu nome Inês de Castro, que era filha do fidalgo Pedro Fernandez de Castro e, segundo os poetas, era uma mulher lindíssima, pelo que não é de estranhar que o príncipe D. Pedro se tivesse apaixonado perdidamente por ela, que correspondeu totalmente aos seus sentimentos de amor profundo. Por ela, D. Pedro deixou de lado as conveniências de Estado e as reprovações de todos, desprezando a corte e afrontando tudo e a todos.
De facto, a corte considerava uma afronta aquela ligação indecorosa pelos problemas morais e religiosos que levantava, bem como pelo perigo que a influência da família dos Castros (Galiza - Espanha) poderia trazer à coroa portuguesa. Apesar disso tudo, Inês de Castro e D. Pedro viviam trocando juras de amor eterno. No entanto, as intrigas que chegavam ao Rei D. Afonso IV apressavam o monarca a agir. Brando de costumes, mas firme de valores, o Rei enviou D. Inês para o exílio, próximo à fronteira espanhola, em 1344. A distância física, no entanto, em nada alterou a paixão de D. Pedro e D. Inês.
Pouco tempo depois, D. Constança faleceu ao dar à luz a D. Fernando, herdeiro do trono de Portugal. O Rei tentou, novamente, casar o seu filho com uma dama de sangue real, mas D. Pedro rejeitou a ideia e aproveitou para trazer Inês de Castro do exílio para com ela viver, despreocupadamente, o seu idílio nas bucólicas margens do Rio Mondego, no Paço de Santa Clara. Esta atitude criou grande tumulto na corte e deu um enorme desgosto a D. Afonso, tendo a relação entre os dois esfriado.
Desta relação de Pedro e Inês nasceram três crianças: D. Dinis, D. Beatriz e D. João, que só vieram a agravar o relacionamento entre Príncipe e Rei.
Para incendiar mais ainda a situação, fizeram crer a D. Afonso que os Castros queriam ver o Infante Fernando, filho de Pedro e Constança, assassinado, uma vez que era ele o legítimo sucessor de Pedro, e não os filhos resultantes da sua união com Inês. O monarca sentiu-se amargurado e no meio de uma trama que só ele podia resolver. Embora D. Afonso compreendesse as razões daquela ligação perigosa, todo o enredo político/social o levou a tomar uma decisão drástica, por influência de seus conselheiros Diogo Lopes Pacheco, Álvaro Gonçalves e Pêro Coelho. Assim, em reunião, na qual não esteve presente D. Pedro, ficou definida a execução de Dona Inês. Apesar de ser mãe de três filhos de D. Pedro, os executores régios, aproveitando a ausência de D. Pedro numa das suas habituais caçadas, entraram no Paço e, ali mesmo, apesar das suas súplicas, assassinaram-na. Era o dia 7 de Janeiro de 1355 e mela contava apenas 30 anos de idade.
Inconsolável com a perda de Inês, D. Pedro chegou a declarar guerra ao pai. Dois anos depois, aquando da morte de D. Afonso IV e da sua subida ao trono, aos 37 anos, D. Pedro I diligenciou a captura dos assassinos de D. Inês. Dois deles foram encontrados e executados, mas o terceiro logrou escapar.
Procurando dignificar o nome de Inês de Castro, D. Pedro declarou solenemente, apresentando como testemunhas Don Gil, Bispo da cidade de Guarda, e Estêvão Lobato, seu criado, que sete anos antes casara com ela em Bragança em dia “de que não se lembrava”, tendo esta afirmação pública sido proferida em 12 de Junho de 1360. Diz a lenda, não documentalmente provada e aparentemente obra de poetas da época, que D. Pedro fez coroar D. Inês como rainha, obrigando a nobreza, que tanto os tinha desprezado, a beijar-lhe a mão, depois de morta.
Cumprida a sua vingança, D. Pedro I ordenou a translação do corpo de Inês, da campa modesta no Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, onde se encontrava, para um túmulo delicadamente lavrado, qual renda de pedra, que mandou colocar no Mosteiro de Alcobaça. Mais tarde, D. Pedro I mandou esculpir outro túmulo semelhante ao da sua amada, colocando-o em frente ao da sua Inês, para, após a sua morte, permanecer ao lado do seu grande amor.
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