- 1922 - Nasce a 16 de Novembro na Rua da Alagoa de Azinhaga (Golegã, Ribatejo), no seio de uma família de camponeses. Os seus pais são José de Sousa, jornaleiro, e Maria de Jesus, doméstica.
- 1924 - Muda-se para Lisboa com a família, passando o pai a trabalhar na Polícia de Segurança Pública. Em Dezembro morre o seu irmão Francisco, com quatro anos.
- 1929 - Aquando da sua inscrição na escola primária da Rua Martens Ferrão, descobre-se que um funcionário do Registo Civil da Golegã incluiu como apelido, na sua certidão de nascimento, a alcunha familiar, Saramago, tornando-se, assim, a primeira pessoa da sua família a usá-la como sobrenome.
- 1930 - Muda-se para a escola primária do Largo do Leão. Nesta época, a sua família passa por grandes dificuldades económicas, morando em quartos alugados e em várias ruas de Lisboa. Na capital, frequenta, desde tenra idade, o Animatógrafo, o cinema "Piolho", na Mouraria, cujos filmes alimentam o seu imaginário.
- 1932 - Matricula-se no Liceu Gil Vicente, onde inicia os estudos secundários, frequentando dois cursos (o liceal e o técnico).
- 1935 - A falta de recursos económicos da família obriga-o a transferir-se para a Escola Industrial de Afonso Domingues, onde estudará até 1940. Durante toda a infância e adolescência, passa longas temporadas na Azinhaga com os avós maternos (Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha), onde e de quem recebe "ensinamentos" que o marcam para sempre.
- 1936 - A mãe oferece-lhe o primeiro livro que possui: A Toutinegra do Moinho, de Émile de Richebourg.
- 1938 - A família Sousa passa a viver num andar, no número 15 da Rua Carlos Ribeiro, no Bairro da Penha de França.
- 1940 - Conclui os estudos de Serralharia Mecânica na Escola Industrial de Afonso Domingues. Consegue o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico nas oficinas dos Hospitais Civis de Lisboa. À noite, frequenta a biblioteca municipal do Palácio das Galveias, "lendo ao acaso de encontros e de catálogos, sem orientação, sem ninguém que me aconselhasse, com o mesmo assombro criador do navegante que vai inventando cada lugar que descobre", nas palavras do próprio Saramago.
- 1942 - Passa a trabalhar nos serviços administrativos dos Hospitais Civis de Lisboa.
- 1943 - Trabalha na Caixa de Abono de Família do Pessoal da Indústria de Cerâmica, de onde é afastado em 1949 em consequência do seu apoio à candidatura de Norton de Matos à Presidência da República.
- 1944 - Casa com a pintora Ilda Reis.
- 1947 - Publica Terra do Pecado, o seu primeiro romance, intitulado inicialmente A Viúva. Nasce a sua filha Violante. Até 1953 escreve numerosos poemas, contos (alguns dos quais são publicados em revistas e jornais) e faz o esboço de pelo menos quatro romances, dos quais conclui apenas um.
- 1948 - Morre o seu avô, Jerónimo Melrinho.
- 1950 - Começa a trabalhar na Caixa de Previdência do Pessoal da Companhia Previdente, fazendo cálculos de subsídios e de pensões, graças à mediação do seu antigo professor Jorge O'Neill.
- 1953 - Termina Clarabóia, romance inédito, com que encerra uma série de infrutíferas tentativas narrativas: O Mel e o Fel, Os Emparedados e Rua.
- 1955 - A convite de Nataniel Costa, inicia uma colaboração com a editora Estúdios Cor, no sector de produção. O seu nome começa, então, a ser conhecido no campo da literatura e da cultura. Inicia a sua actividade como tradutor, cifrada em mais de sessenta títulos, até meados da década de 80. Na segunda metade da década de 50, traduz cerca de dezasseis livros, entre eles de autores como Colette e Tolstoi.
- 1959 - Abandona a Companhia Previdente e passa a trabalhar, em exclusivo, na editora Estúdios Cor.
- 1964 - Em 13 de Maio, morre o seu pai, no Hospital dos Capuchos, aos sessenta e oito anos de idade.
- 1967 - 1968 - Colabora, na qualidade de crítico literário, na revista Seara Nova, escrevendo sobre vinte e três livros de ficção de autores como Jorge de Sena, Agustina Bessa-Luís, Augusto Abelaira, Urbano Tavares Rodrigues, José Cardoso Pires, entre outros. Publica crónicas no jornal A Capital, nas secções "Rua Acima, Rua Abaixo" e Deste Mundo e do Outro.
- 1969 - Filia-se no Partido Comunista Português, de que foi militante activo. Faz a sua primeira viagem ao estrangeiro, concretamente a Paris. Continua a publicar crónicas jornalísticas n'A Capital, na secção Deste Mundo e do Outro.
- 1970 - Divorcia-se de Ilda Reis. Muda-se para Lisboa, depois de viver doze anos na Parede. Inicia uma relação com a escritora Isabel da Nóbrega, que durará até 1986. Publica o livro de poemas Provavelmente Alegria.
- 1971 - Abandona a editora Estúdios Cor. Sob o título Deste Mundo e do Outro, reúne as crónicas publicadas no jornal A Capital entre 1968 e 1969, cujo suplemento "A Semana" coordenou. Continua a publicar crónicas nos jornais A Capital e Jornal do Fundão, na secção Deste Mundo e do Outro.
- 1972 - Publica numerosas crónicas no Jornal do Fundão. Trabalha como editorialista no Diário de Lisboa. Nasce a sua primeira neta, baptizada com o nome de Ana.
- 1973 - Publica O Embargo e A Bagagem do Viajante, este o segundo volume das crónicas jornalísticas publicadas n'A Capital e no Jornal do Fundão nos dois anos anteriores. Dirige o suplemento literário do Diário de Lisboa.
- 1974 - Colabora com a revista Arquitectura. Após o 25 de Abril, coordena uma equipa do Fundo de Apoio aos Organismos Juvenis (FAOJ), sob dependência do Ministério da Educação. Colabora, enquanto assessor, com o Ministério da Comunicação Social. Edita o seu primeiro volume de crónicas políticas, As Opiniões Que o DL Teve, onde colige os editoriais que publicou anonimamente no Diário de Lisboa entre 1972 e 1973.
- 1975 - Publica o "Primeiro e Segundo Poema dos Mortos" no Diário de Notícias. É nomeado director-adjunto do citado jornal. Acusado de radicalismo marxista, vive um tumultuoso momento de crise, paralelo à evolução política moderada da Revolução de Abril, que o afasta do DN, num processo que nem o apoio do seu partido suscitou. Vendo-se na situação de desempregado após o 25 de Novembro, decide dedicar-se em exclusivo à escrita e à tradução, actividade esta que constitui a sua única forma de rendimento. Assim, entre 1976 e 1979, verte para português cerca de 27 obras, muitas delas de carácter político. Faz parte do Movimento Unitário de Trabalhadores Intelectuais para a Defesa da Revolução (MUTI). Publica o livro de poemas O Ano de 1993.
- 1976 - Faz uma recompilação das crónicas escritas no Diário de Notícias, que publica com o título Apontamentos. Em Dezembro, publica o romance Manual de Pintura e Caligrafia.
- 1977 - No início do ano, transfere-se durante uns meses para Lavre, Montemor-o-Novo, onde convive com trabalhadores da Unidade Colectiva de Produção Boa Esperança, com o objectivo de preparar o seu romance Levantado do Chão, que será publicado em 1980.
- 1978 - Publica o livro de contos Objecto Quase.
- 1979 - Publica a peça de teatro A Noite, que recebe o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos. Colabora com o conto O Ouvido na colectânea Poética dos Cinco Sentidos. Contratualiza com o Círculo de Leitores a escrita de um livro de viagens sobre Portugal.
- 1980 - É publicado Levantado do Chão, que marca o início do discutido estilo saramaguiano. É-lhe atribuído o Prémio Cidade de Lisboa. Publica a peça de teatro Que Farei com Este Livro?, que é representada nesse mesmo ano no Teatro de Almada. Prossegue, entretanto, até 1985, a sua actividade de tradutor, exercendo-a em obras de Bautista, Honoré e Hilmet.
- 1981 - É publicada a obra Viagem a Portugal.
- 1982 - Em Agosto, morre a sua mãe, Maria da Piedade, aos 81 anos. Publica Memorial do Convento, que o consagra internacionalmente. Dá à estampa a segunda edição, revista e corrigida, de Provavelmente Alegria.
- 1983 - São-lhe atribuídos os prémios Pen Club 1983 e Literário Município de Lisboa.
- 1984 - Publica o Ano da Morte de Ricardo Reis. Preside à Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores. Nasce o seu segundo neto, Tiago.
- 1985 - É nomeado Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada por Mário Soares, então Presidente da República.
- Recebe o Prémio Pen Club pelo romance O Ano da Morte de Ricardo Reis e o Prémio da Crítica 1985, este atribuído pela Associação Portuguesa de Críticos.
- 1986 - Termina a relação com a escritora Isabel da Nóbrega. Publica A Jangada de Pedra. Recebe o Prémio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus pela obra O Ano da Morte de Ricardo Reis. Inicia a escrita das crónicas "A Letra da Tabuleta" no Jornal de Letras, Artes e Ideias. Conhece Pilar del Rio.
- 1987 - Publica a peça de teatro A Segunda Vida de Francisco de Assis, levada à cena posteriormente no Teatro Aberto. Recebe o Prémio Grinzane-Cavour em Alba, Itália, pelo romance O Ano da Morte de Ricardo Reis.
- 1988 - Casa, em segundas núpcias, com a jornalista espanhola Pilar del Rio.
- 1989 - Publica História do Cerco de Lisboa.
- 1990 - Estreia a ópera Blimunda no Teatro Alla Scalla de Milão, com libreto do músico italiano Azio Corghi, baseado no romance Memorial do Convento.
- 1991 - Publica o Evangelho Segundo Jesus Cristo, obra que recebe o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Brancatti (Itália). É nomeado Doutor Honoris Causa pelas Universidades de Turim e Sevilha. O governo francês atribui-lhe o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras.
- 1992 - O governo português veta a candidatura de O Evangelho Segundo Jesus Cristo ao Prémio Literário Europeu.
- 1993 - Transfere a sua residência para Lanzarote, em consequência do veto sofrido no ano anterior por parte do governo português. Torna-se membro do Parlamento Internacional de Escritores, com sede em Estrasburgo. Estreia no Teatro de Munster, na Alemanha, a ópera Divara, com música de Azio Corghi e libreto baseado na peça In Nomine Dei.
- 1994 - Ingressa na Academia Universal das Culturas, em Paris. Ingressa na Academia Argentina de Letras. Ingressa no Patronato de Honra da Fundação César Manrique, em Lanzarote. É nomeado Presidente Honorário da Sociedade Portuguesa de Autores.
- 1995 - É galardoado com o Prémio Camões. É nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade de Manchester. Estreia A Morte de Lázaro, com música de Azio Corghi e libreto baseado nas obras In Nomine Dei, O Evangelho Segundo Jesus Cristo e Memorial do Convento.
- 1996 - Viaja para o Brasil a fim de receber o Prémio Camões. Publica o terceiro volume de Cadernos de Lanzarote.
- 1997 - É nomeado Filho Adoptivo de Lanzarote. É doutorado Honoris Causa pela Universidade de Castilha-la-Mancha, em Espanha.
- 1998 - Recebe o Prémio Nobel da Literatura. É agraciado com o Prémio Scanno / Universidade G. D'Annunzi pela obra Objecto Quase.
- 1999 - É nomeado Filho Adoptivo de Tías (Lanzarote). Visita e permanece durante alguns dias no México, com os zapatistas. É nomeado Doutor Honoris causa por diversas universidades: Évora (Portugal); Nottingham (Inglaterra); Porto Alegre, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rio Grande de Sul e Fluminense (Brasil); Massachusetts (Estados Unidos); Las Palmas de Gran Canaria e Pontifícia de Valência (Espanha) e Michel de Montaigne (França).
- 2000 - Recebe a Medalha de Ouro, que lhe é atribuída pelo governo das Canárias. É doutorado pelas universidades de Salamanca (Espanha), Santiago do Chile (Chile) e do Uruguai (Uruguai).
- 2001 - É doutorado Honoris Causa pelas universidades de Granada e Carlos III (Espanha) e Roma (Itália). É galardoado com o Prémio Canárias Internacional, concedido pelo governo das Canárias.
- 2002 - É nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade de Stranieri de Siena, em Itália.
- 2003 - É doutorado Honoris Causa pelas universidades de Tabasco (México), Autónoma do México e de Buenos Aires (Argentina).
- 2004 - É nomeado Doutor Honoris Causa pelas universidades Charles de Gaulle (França), de Alicante (Espanha), de Coimbra (Portugal) e de Brasília (Brasil).
- 2005 - É doutorado Honoris Causa pelas universidades de Edmonton (Canadá), Nacional de El Salvador (El Salvador), Nacional de São José da Costa Rica e de Estocolmo (Suécia). Em finais de Julho, a companhia de teatro O Bando estreia uma adaptação da obra Ensaio sobre a Cegueira no Teatro da Trindade.
- 2006 - É nomeado Filho Predilecto da Província de Granada. Em Fevereiro, começa a escrever As Pequenas Memórias, concluindo a obra em Agosto. Trata-se de um projecto concebido e amadurecido durante mais de vinte anos. No Verão, inaugura-se a biblioteca de sua casa em Tías, Lanzarote. É galardoado com o Prémio Dolores Ibarruri. É nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade de Dublin no Bloomsday (Irlanda). Estreia em Lisboa Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido, no Teatro Nacional de São Carlos. Estreia em Milão, no Teatro Alla Scalla, a mesma obra.
- 2007 - Em Fevereiro, começa a escrever A Viagem do Elefante. Até Maio escreve cerca de quarenta páginas, mas interrompe a obra por problemas de saúde, retomando-o em Fevereiro de 2008. A 28 de Fevereiro é nomeado Filho Predilecto da Andaluzia. A 15 de Março é nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade Autónoma de Madrid. Em Junho, cria a Fundação José Saramago. O realizador de cinema Fernando Meirelles trabalha na adaptação cinematográfica de Ensaio sobre a Cegueira. A 18 de Dezembro dá entrada num hospital de Lanzarote, acometido por uma pneumonia que se complicará ao ponto de colocar a sua vida em risco. Fica hospitalizado durante um mês e três dias.
- 2008 - A 22 de Janeiro, tem alta hospitalar e regressa a casa. A 15 de Março é homenageado no Teatro Nacional D. Maria II. A 14 de Maio, o Festival de Cinema de Cannes abre com o filme Blindness, uma adaptação do romance Ensaio sobre a Cegueira. É lançado o sítio da Fundação José Saramago na Internet. Em finais de Agosto, inicia-se o blogue da Fundação José Saramago. É homenageado pelo Partido Comunista Português.
- 2009 - A de 4 de Março é inaugurada em Albacete, Espanha, a Casa da Cultura José Saramago, com a presença do ministro da Cultura espanhol. A 5 de Abril dá entrada numa clínica de Lanzarote com problemas de saúde, onde permanece durante quinze dias. A 16 de Abril recebe em Granada (Espanha), juntamente com Dario Fo, o XI Prémio Caja Granada de Cooperación Internacional. A 18 e 19 de Junho, realiza a rota portuguesa percorrida por Salomão em A Viagem do Elefante. Acompanhado pelos colaboradores da Fundação José Saramago e por alguns jornalistas, viaja em autocarro desde Belém até Figueira de Castelo Rodrigo, seguindo um itinerário cujos objectivos são Constância, Castelo Novo, Belmonte, Sortelha, Cidadelhe e Castelo Rodrigo. A 9 de Julho, é nomeado Sócio Correspondente da Academia Brasileira de Letras.
- 2010 - A 5 de Janeiro é lançada a Biografia de José Saramago, da autoria de João Marques Lopes, que não contou com a participação do biografado. Falece a 18 de Junho.
Fonte: Expresso
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