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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Aspeto verbal / valor aspetual V - Correção (G 62)


1. Observe o sketch «O bombeiro voluntário», da autoria de Raul Solnado (https://www.youtube.com/watch?v=HI3q8iVo0YE), e, seguidamente, identifique o valor aspetual de cada enunciado.

1. Eu vou contar-lhes a minha ida para os bombeiros voluntários.
Valor imperfetivo

2. Arranjaram-me um quartel muito grande e muito bom.
Valor perfetivo

3. A gente não aprende logo a apagar uma mata.
Valor genérico

4. Estava a ir para a mata, quando ouvi um discurso de um senhor que era ministro.
Valor imperfetivo

5. Resolvi estabelecer-me de bombeiro por conta própria.
Valor perfetivo

6. Comprei três bombas, meia dúzia de machadinhas…
Valor perfetivo

7. Todos os sábados, damos rescaldos.
Valor habitual

8. Estava eu a arear os amarelos do capacete…
Valor imperfetivo

9. Já tenho este fogo cá em casa há um mês.
Valor iterativo /imperfetivo (?)

10. Comecei-me a sentir muito quentinho.
Valor imperfetivo

11. Estava a apagar muito bem.
Valor imperfetivo

12. Fiquei com uma raiva!
Valor perfetivo

13. Sempre que houver um incêndio cá em casa, não me esqueço do senhor.
Valor iterativo

14. O meu colega tem apagado muito bem.
Valor iterativo

15. O meu colega é meu amigo.
Valor genérico

16. Aquela mulher costuma ter fogo em casa.
Valor habitual


2. A partir das palavras dadas, construa enunciados com os valores aspetuais indicados.

(A) Telemóvel / gastar / bateria
Situação habitual: O meu telemóvel, habitualmente, gasta muita bateria.
Situação iterativa: O meu telemóvel tem gastado muita bateria,

(B) Ernesto e Miquelina / praticar / desporto
Situação habitual: O Ernesto e a Miquelina costumam praticar desporto.
Situação iterativa: O Ernesto e a Miquelina têm estado a praticar desporto.

(C) Joaquina / filmar / namorado
Valor perfetivo: A Joaquina filmou o namorado.
Valor imperfetivo: A Joaquina está a filmar o namorado.

(D) Joana Vasconcelos / expor / trabalhos
Valor imperfetivo: Joana Vasconcelos está a expor os seus trabalhos.
Situação habitual: Joana Vasconcelos costuma expor os seus trabalhos.
Situação iterativa: Joana Vasconcelos tem exposto os seus trabalhos.


3. Assinale as opções corretas, de modo a identificar o valor aspetual dos enunciados apresentados.

1. A vacinação é uma forma de proteger todas as crianças.
(A) valor genérico                                                (C) valor habitual
(B) valor imperfetivo                                            (D) valor perfetivo

2. Estou a ter explicações para me preparar para os exames.
(A) valor perfetivo                                               (C) valor iterativo
(B) valor imperfetivo                                            (D) valor habitual

3. Ultimamente, temos feito muitos exercícios de gramática.
(A) iterativo                                                          (C) valor habitual
(B) valor imperfetivo                                            (D) valor genérico

4. Tenho andado de bicicleta todos os dias depois das aulas.
(A) valor perfetivo                                               (C) valor iterativo
(B) valor habitual                                                 (D) valor genérico



. Ficha

Caracterização de Mercúcio

Mercúcio é um parente do príncipe e amigo íntimo de Romeu. Uma das personagens mais extraordinárias de todas as peças de Shakespeare, Mercúcio transborda de imaginação, inteligência e, às vezes, uma sátira estranha e cortante e fervorosa. Ele adora os jogos de palavras, especialmente trocadilhos sexuais; pode tornar-se irascível e odeia pessoas afetadas, pretensiosas ou obcecadas com as últimas modas; considera cansativas as ideias romantizadas de Romeu sobre o amor e tenta convencê-lo a ver esse sentimento como uma simples questão de apetite sexual.
Com uma inteligência rápida e uma mente inteligente, Mercúcio é um ladrão de cenas e uma das personagens mais memoráveis de todas as obras de Shakespeare. Embora constantemente zombe, brinque e provoque – às vezes divertido, às vezes com amargura –, não é um mero bobo da corte ou brincalhão. Com as suas palavras selvagens, Mercúcio perfura os sentimentos românticos e o amor cego que existem dentro da peça. Ele zomba da autoindulgência de Romeu, assim como ridiculariza Tebaldo e a adesão à moda. O crítico Stephen Greenblatt descreve Mercúcio como uma força dentro da peça que funciona para esvaziar a possibilidade do amor romântico e o poder do destino trágico. Ao contrário das outras personagens que culpam o destino pela sua morte, Mercúcio morre amaldiçoando todos os Montecchios e Capuletos, pois acredita que pessoas específicas são responsáveis pela sua morte, e não alguma força impessoal externa.


Seinfeld: Temporada 02 - Episódio 05

Caracterização de Frei Lourenço

Frei Lourenço é um frade franciscano, amigo de Romeu e Julieta. Gentil, de espírito cívico, um defensor da moderação e sempre pronto com um plano. É também ele que casa, secretamente, os protagonistas da peça, na esperança de que o enlace possa eventualmente trazer paz a Verona. Além de ser um homem santo católico, Frei Lourenço é especialista no uso de poções e ervas aparentemente místicas.
O frade ocupa uma posição estranha em Romeu e Julieta. Ele é um clérigo de bom coração que ajuda os protagonistas durante toda a peça. Assim, realiza o casamento e geralmente dá bons conselhos, especialmente no que diz respeito à necessidade de moderação. Por outro lado, é a única figura da religião na peça. Mas Frei Lourenço também é a mais intrigante e política das personagens da peça: casa Romeu e Julieta como parte de um plano para acabar com os conflitos civis em Verona; leva Romeu ao quarto de Julieta e depois para fora de Verona; giza o plano de reunir Romeu e Julieta através do ardil de uma poção para dormir que parece surgir de um conhecimento quase místico. Esse conhecimento místico parece deslocado para um frade católico; por que razão tem esse conhecimento e o que esse pode ele significar? As respostas não são claras. Além disso, embora todos os planos de Frei Lourenço pareçam bem concebidos e bem-intencionados, constituem os principais mecanismos pelos quais a tragédia fadada da peça ocorre. Os leitores devem reconhecer que o frade não está apenas sujeito ao destino que domina a peça – de muitas maneiras é ele quem traz esse destino.


Caracterização de Julieta

Julieta é a filha de Capuleto e de Lady Capuleto. Estamos na presença de uma linda menina de 13 anos que começa a peça como uma criança ingénua que pouco pensou em amor e casamento, mas cresce rapidamente ao apaixonar-se por Romeu, filho do grande inimigo da sua família. Por ser uma jovem nascido numa família aristocrática, não tem a liberdade que Romeu possui de andar pela cidade, subir muros no meio da noite ou lutar com espadas. No entanto, ela mostra uma incrível coragem ao confiar toda a sua vida e futuro a Romeu, recusando-se até a acreditar nos piores relatos sobre ele depois de se envolver numa zaragata com o seu primo. A amiga e confidente mais íntima de Julieta é a sua enfermeira, embora esteja disposta a excluí-la da sua vida no momento em que a enfermeira se volta contra Romeu.
Não tendo ainda completado 14 anos, Julieta tem uma idade que fica na fronteira entre a imaturidade e a maturidade. No início da peça, porém, ela parece ser apenas uma criança obediente, protegida e ingénua. Embora muitas meninas da sua idade – incluindo a mãe – se casem, Julieta nunca pensou no assunto. Quando Lady Capuleto menciona o interesse de Páris em a desposar, Juliet responde obedientemente que tentará ver se pode amá-lo, uma resposta que parece infantil na sua obediência e na sua conceção imatura de amor. Por outro lado, Julieta parece não ter amigos da sua idade e não se sente à vontade para falar sobre sexo (como se vê no desconforto quando a enfermeira disserta sobre uma piada sexual às custas da jovem Capuleto, no Ato I, cena III).
Julieta mostra vislumbres da sua determinação, força e espírito sóbrio, nas primeiras cenas, e oferece uma antevisão da mulher em que se tornará durante os quatro dias de duração da peça. Enquanto Lady Capuleto se mostra incapaz de acalmar a enfermeira, Julieta consegue-o com uma única palavra (também no Ato I, cena III). Além disso, mesmo na obediência de Julieta quando afirmar que irá tentar amar Páris, há algumas sementes de determinação ferrenha. Ela promete considera-lo como um possível marido na medida exata que sua mãe deseja. Embora seja uma demonstração externa de obediência, essa afirmação também pode ser lida como uma recusa pela passividade. Julieta atenderá aos desejos da mãe, mas não fará tudo para se apaixonar por Páris.
O primeiro encontro de Julieta com Romeu impulsiona-a para a vida adulta. Embora profundamente apaixonado por ele, é capaz de ver e criticar as decisões precipitadas de Romeu e a sua tendência para romantizar as coisas. Depois de Romeu matar Tebaldo e ser banido, Julieta não o segue cegamente. Ela toma uma decisão lógica e sincera de que a sua lealdade e amor por ele devem ser as suas prioridades norteadoras. Essencialmente, Julieta solta-se das suas amarras sociais anteriores – a sua enfermeira, os seus pais e a sua posição social em Verona – a fim de se tentar reunir com Romeu. Quando ela acorda na tumba e o encontra morto, não se mata por fraqueza feminina, mas pela intensidade do amor, assim como Romeu. O suicídio de Julieta realmente requer mais coragem do que o do marido: enquanto este engole veneno, ela apunhala-se no coração com uma adaga.
O desenvolvimento de Julieta de uma menina de olhos arregalados para uma mulher confiante, leal e capaz é um dos primeiros triunfos da caracterização de Shakespeare. Também marca um dos seus tratamentos mais confiantes e completos da personagem feminina.

Aspeto verbal / valor aspetual V (G 62)


1. Observe o sketch «O bombeiro voluntário», da autoria de Raul Solnado (https://www.youtube.com/watch?v=HI3q8iVo0YE), e, seguidamente, identifique o valor aspetual de cada enunciado.

1. Eu vou contar-lhes a minha ida para os bombeiros voluntários.
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2. Arranjaram-me um quartel muito grande e muito bom.
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3. A gente não aprende logo a apagar uma mata.
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4. Estava a ir para a mata, quando ouvi um discurso de um senhor que era ministro.
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5. Resolvi estabelecer-me de bombeiro por conta própria.
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6. Comprei três bombas, meia dúzia de machadinhas…
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7. Todos os sábados, damos rescaldos.
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8. Estava eu a arear os amarelos do capacete…
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9. Já tenho este fogo cá em casa há um mês.
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10. Comecei-me a sentir muito quentinho.
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11. Estava a apagar muito bem.
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12. Fiquei com uma raiva!
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13. Sempre que houver um incêndio cá em casa, não me esqueço do senhor.
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14. O meu colega tem apagado muito bem.
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15. O meu colega é meu amigo.
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16. Aquela mulher costuma ter fogo em casa.
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2. A partir das palavras dadas, construa enunciados com os valores aspetuais indicados.

(A) Telemóvel / gastar / bateria
Situação habitual: ___________________________________________________
Situação iterativa: ___________________________________________________

(B) Ernesto e Miquelina / praticar / desporto
Situação habitual: ___________________________________________________
Situação iterativa: ___________________________________________________

(C) Joaquina / filmar / namorado
Valor perfetivo: _____________________________________________________
Valor imperfetivo: ___________________________________________________

(D) Joana Vasconcelos / expor / trabalhos
Valor imperfetivo: ___________________________________________________
Situação habitual: ___________________________________________________
Situação iterativa: ___________________________________________________


3. Assinale as opções corretas, de modo a identificar o valor aspetual dos enunciados apresentados.

1. A vacinação é uma forma de proteger todas as crianças.
(A) valor genérico                                                (C) valor habitual
(B) valor imperfetivo                                            (D) valor perfetivo

2. Estou a ter explicações para me preparar para os exames.
(A) valor perfetivo                                               (C) valor iterativo
(B) valor imperfetivo                                            (D) valor habitual

3. Ultimamente, temos feito muitos exercícios de gramática.
(A) iterativo                                                          (C) valor habitual
(B) valor imperfetivo                                            (D) valor genérico

4. Tenho andado de bicicleta todos os dias depois das aulas.
(A) valor perfetivo                                               (C) valor iterativo
(B) valor habitual                                                  (D) valor genérico


. Correção

Seinfeld: Temporada 02 - Episódio 04

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Caracterização de Romeu

Romeu é o filho e herdeiro de Montecchio e Lady Montecchio. Trata-se de um jovem de dezasseis anos, bonito, inteligente e sensível. Embora impulsivo e imaturo, o seu idealismo e paixão fazem dele uma personagem extremamente agradável. Vive no meio de uma luta violenta entre a sua família e os Capuletos, mas não está interessado em violência. O seu único interesse é o amor. No início da peça, está loucamente apaixonado por uma mulher chamada Rosalina, mas no instante em que vê Julieta, apaixona-se por ela e esquece-se da outra paixão. Assim, Shakespeare dá-nos todos os motivos para questionar quão real é o novo amor de Romeu, mas este vai ao extremo para provar a seriedade dos seus sentimentos. Ele casa-se secretamente com Julieta, a filha do pior inimigo de seu pai; aceita alegremente o abuso de Tebaldo; prefere morrer a viver sem a sua amada. Romeu também é um amigo afetuoso e dedicado a seu parente Benvólio, Mercúcio e Frei Lourenço.
O nome Romeu, na cultura popular, tornou-se quase sinónimo de "amante". Ne peça, realmente experimenta um amor de tanta pureza e paixão que se mata quando acredita que o objeto de seu amor, Julieta, morreu. O poder do amor de Romeu, no entanto, muitas vezes obscurece uma visão clara do seu caráter, que é muito mais complexo.
Até a relação de Romeu com o amor não é tão simples. No início da peça, anseia por Rosalina, proclamando-a o modelo de mulher, e desespera perante a indiferença da jovem em relação a ele. Em conjunto, as declarações de Romeu pela rapariga parecem bastante juvenis. Ele é um grande leitor de poesia de amor, e o retrato do seu amor por Rosalina sugere que está a tentar recriar os sentimentos sobre os quais leu. Depois de beijar Julieta pela primeira vez, ela diz-lhe que ele beija «artisticamente», o que significa que beija de acordo com as regras e implica que, embora proficiente, o seu beijo carece de originalidade. Relativamente a Rosalina, aparentemente, Romeu ama «by the book». A jovem, é claro, foge da mente de Romeu à primeira vista de Julieta. Mas esta não é mero substituto. O amor que ela compartilha com ele é muito mais profundo, mais autêntico e único do que o amor de cachorrinho clichê que Romeu sentiu por Rosalina. O amor de Romeu amadurece ao longo da peça, passando do desejo superficial de amar a uma paixão profunda e intensa. É preciso atribuir o desenvolvimento de Romeu, pelo menos em parte, a Julieta. As suas observações sensatas, como a do beijo de Romeu, parecem exatamente o que o afastou da sua conceção superficial de amor e o inspirou a começar a declamar algumas das mais belas e intensas poesias de amor já escritas.
No entanto, a profunda capacidade de amor de Romeu é apenas uma parte da sua maior capacidade para sentimentos intensos de todos os tipos. Dito de outra forma, é possível descrever Romeu como alguém a quem falta a capacidade de moderação. O amor obriga-o a esgueirar-se para o jardim da filha do seu inimigo, arriscando a morte simplesmente para a ver. A raiva força-o a matar o primo da sua esposa num duelo imprudente para vingar a morte do seu amigo Mercúcio. O desespero leva-o ao suicídio ao ouvir a notícia da morte de Julieta. Esse comportamento extremo domina a personagem de Romeu ao longo da peça e contribui para a tragédia final que acontece com os amantes. Se Romeu se contivesse de matar Tebaldo ou esperasse um dia antes de se matar depois de ouvir as notícias da morte de Julieta, a história poderia ter tido um desenlace feliz. É claro que, se Romeu não tivesse tais sentimentos, o amor que ele compartilhava com Julieta nunca teria existido.
Entre os seus amigos, especialmente enquanto brinca com Mercúcio, Romeu mostra vislumbres da sua personalidade social. Ele é inteligente, perspicaz, gosta de justas verbais (principalmente sobre sexo), leal e não tem medo do perigo, revelando aí toda a sua coragem.

Adaptado de SparkNotes

O nosso Natal (IV)


Resumo e análise da Cena III do Ato V de Romeu e Julieta

Resumo
Naquela noite, Páris entra no cemitério da igreja, acompanhado de um criado que transporta uma tocha. Ele ordena ao serviçal que se retire e começa a espalhar flores no túmulo de Julieta. De repente, ouve um apito – o aviso do servo de que alguém se aproxima e retira-se na escuridão. Romeu, carregando um pé de cabra, entra com Baltasar, a quem diz que veio para abrir a tumba dos Capuletos, a fim de recuperar um anel valioso que havia dado a Julieta. Então ordena a Baltasar que se vá embora e, de manhã, entregue a Montecchio a carta que lhe dera. Baltasar retira-se, mas, desconfiado das intenções do seu senhor, deixa-se ficar por perto para observar.
De seu esconderijo, Páris reconhece Romeu como o homem que matou Tebaldo e, portanto, como o homem que indiretamente matou Julieta, já que é o pesar que ela tem pelo primo que, supostamente, a matou. Como Romeu foi exilado da cidade sob pena de morte, Páris pensa que ele deve odiar tanto os Capuletos que voltou ao túmulo para desonrar o cadáver de Tebaldo ou de Julieta. Com raiva, enfrenta Romeu. Este pede que saia, mas Páris recusa-se. Eles sacam as suas espadas e lutam. O pajem de Páris foge em busca da guarda civil. Entretanto, Romeu mata Páris. Quando está a morrer, pede para ser colocado perto de Julieta na tumba, e Romeu concorda.
Romeu desce ao túmulo carregando o corpo de Páris. Ele encontra Julieta deitada em paz e pergunta-se como pode ela parecer ainda tão bonita, isto é, como se não estivesse morta. Ele fala com a esposa acerca da sua intenção de passar a eternidade com ela. De seguida, beija-a, bebe o veneno, volta a beijá-la e morre.
Nesse momento, Frei Lourenço entra no cemitério e encontra Baltasar, que lhe diz que Romeu está na tumba. O criado acrescenta que adormeceu e sonhou que o amo lutou e matou alguém. Incomodado, o frade entra no túmulo, onde encontra o corpo de Páris e depois o de Romeu. Enquanto observa a cena sangrenta, Julieta acorda.
A jovem pergunta ao frade onde está o marido. Ao ouvir um barulho que ele acredita ser a chegada do guarda, o religioso responde rapidamente que Romeu e Páris estão mortos e que ela deve sair com ele, mas Julieta recusa sair, e o frade, com medo de que a chegada do guarda seja iminente, sai sem sozinho. Julieta vê Romeu morto ao lado dela e deduz, do frasco vazio, que o marido bebeu veneno. Esperando morrer com o mesmo, ela beija os seus lábios, mas sem sucesso. Ao ouvir o guarda que se aproxima, Julieta desembainha a adaga de Romeu e, dizendo: "Ó adaga feliz, esta é a tua bainha", apunhala-se e morre sobre corpo de Romeu.
O caos instala-se no cemitério, para onde o pajem de Páris trouxe o guarda. Os vigias descobrem manchas de sangue perto do túmulo e detêm Baltasar e Frei Lourenço, que descobriram perambulando por perto. O príncipe e os Capuletos entram. Romeu, Julieta e Páris são descobertos no túmulo. Montecchio chega, declarando que Lady Montecchio morreu de tristeza pelo exílio de Romeu. O príncipe mostra-lhe o corpo do filho. A pedido do príncipe, Frei Lourenço conta sucintamente a história do casamento secreto de Romeu e Julieta e as suas consequências. Baltasar entrega ao príncipe a carta que Romeu havia escrito anteriormente a seu pai. O príncipe diz que a missiva confirma a história do frade e, de seguida, repreende os Capuletos e Montecchios, considerando a tragédia uma consequência da sua luta e lembrando que ele próprio perdeu dois parentes próximos: Mercúcio e Páris. Capuleto e Montecchio apertam as mãos e concordam em colocar um fim à sua vingança. Montecchio declara que irá construir uma estátua de ouro de Julieta, e Capuleto insiste que ele erigirá outra de Romeu em ouro ao lado da dela. O príncipe leva o grupo para discutir esses acontecimentos, declarando que nunca houve “… jamais história alguma houve mais dolorosa do que a de Julieta e a do seu Romeu.”.

Análise
As mortes de Romeu e Julieta ocorrem segundo uma sequência de etapas: primeiro, Julieta bebe uma poção que a faz parecer morta. Pensando que ela tinha falecido, Romeu então bebe um veneno que realmente o mata. Vendo-o morto, Julieta apunhala-se no coração com uma adaga. O consumo paralelo de poções misteriosas confere à morte uma simetria pacífica, que é interrompida pelo dramático golpe de punhal de Julieta. Durante a peça, Shakespeare sustentou a possibilidade do suicídio como um aspeto inerente ao amor intenso. A paixão não pode ser sufocada e, quando combinada com o vigor da juventude, ela expressa-se através da saída mais conveniente. Romeu e Julieta desejam viver por amor ou morrer por ele. Shakespeare considera esse impulso suicida não como algo separado do amor, mas como um elemento tão importante quanto a euforia romântica do Ato II. Como tal, o duplo suicídio representa tanto a realização do amor de um pelo outro quanto o impulso autodestrutivo que surgiu e se flexionou debaixo do seu amor durante a peça. A personificação do bem e do mal na figura do frade está reunida num único ato: suicídio. Julieta tenta matar-se com um beijo: um ato de amor como violência pretendida. Quando isso falha, ela apunhala-se com uma "adaga feliz", "feliz" porque a reúne com o seu amor. A violência torna-se uma afirmação de autonomia sobre o eu e uma ação final de profundo amor.
Por outro lado, forças sociais e privadas convergem nos suicídios de Romeu e Julieta. Páris, o suposto marido de Julieta, desafia Romeu, seu verdadeiro marido, colocando as personificações da falta de poder de Julieta na esfera pública contra a sua capacidade muito real de dar o seu coração a quem ela deseja. Com a chegada do príncipe, a lei impõe-se, procurando restaurar a paz em nome da ordem social e do governo. Montecchio e Capuleto chegam, recuperando a tensão entre as famílias. Nenhuma dessas forças é capaz de exercer influência sobre os jovens amantes. Vimos Romeu e Julieta repetidamente tentando reconfigurar o mundo através da linguagem, para que o seu amor possa ter um lugar para existir pacificamente. Essa linguagem, embora poderosa no momento, nunca poderia contrariar as vastas forças do mundo social. Através do suicídio, os amantes são capazes não apenas de escapar do mundo que os oprime. Além disso, na glória ardente final das suas mortes, eles transfiguram esse mundo. A luta entre as suas famílias termina. O príncipe Della-Scala – a lei – reconhece a honra e o valor devidos aos amantes. Ao morrer, o amor conquistou tudo, sua paixão mostrou-se a mais brilhante e mais poderosa. Parece, finalmente, que as palavras de Frei Lourenço se concretizaram: "Essas delícias violentas têm fins violentos / e em seu triunfo morrem. A paixão extremamente intensa de Romeu e Julieta superou todas as outras paixões e, ao chegar ao seu fim violento, forçou essas outras paixões também a cessar.

Traduzido de SparkNotes

Seinfeld: Temporada 02 - Episódio 03

O nosso Natal (III)


Resumo e análise das Cenas I e II do Ato V de Romeu e Julieta

. Cena I
Resumo
Na manhã de quarta-feira, numa rua de Mântua, um alegre Romeu descreve um sonho maravilhoso que teve na noite anterior: Julieta encontrou morto, mas beijou-o e insuflou nova no em seu corpo. Nesse momento, Baltasar entra e Romeu cumprimenta-o alegremente, dizendo que deve ter vindo de Verona com notícias da esposa e do seu pai. Romeu comenta que nada pode estar doente no mundo se Julieta estiver bem. Baltasar responde que nada pode estar doente, pois Julieta está bem: está no céu, depois de ter sido encontrada morta naquela manhã, em sua casa. Desesperado, Romeu grita: "Então eu vos desafio, estrelas".
Então diz a Baltasar para lhe dar uma caneta e um papel (com os quais escreve uma carta para Baltasar entregar a Montecchio) e contratar cavalos, e diz que retornará a Verona naquela noite. O criado diz-lhe que parece tão perturbado que tem medo de o deixar, mas Romeu insiste. De repente para e pergunta se Baltasar traz consigo uma carta de Frei Lourenço. Ele responde que não, e Romeu envia-o de volta. Ido o servo, Romeu declara que se deitará com Julieta nessa noite. De seguida, procura um farmacêutico, um vendedor de drogas. Depois de dizer ao homem, na loja, que parece pobre, oferece-se para lhe pagar bem por um frasco de veneno. O farmacêutico responde-lhe que tem exatamente isso, mas que vender veneno em Mântua acarreta a sentença de morte. Romeu responde que o farmacêutico é pobre demais para recusar a venda. O farmacêutico finalmente cede e vende-lhe o veneno. Uma vez sozinho, Romeu fala com o frasco, declarando que irá ao túmulo de Julieta e se matará.

. Cena II

Resumo
Na sua cela, Frei Lourenço fala com Frei João, a quem havia enviado anteriormente a Mântua com uma carta para Romeu. Ele pergunta-lhe como Romeu respondeu à sua carta (que descrevia o plano que envolvia a falsa morte de Julieta). Frei João responde que não conseguiu entregar a carta, porque foi trancado numa casa em quarentena devido a um surto de peste. Frei Lourenço fica preocupado ao perceber que, se Romeu não souber da falsa morte de Julieta, não haverá ninguém para a recuperar da tumba quando ela acordar. (Ele não sabe que Romeu soube da morte de Julieta e que acredita que a mesma é real.) Procurando um pé de cabra, Frei Lourenço declara que terá de resgatar Julieta do túmulo por conta própria. Então envia outra carta a Romeu para o avisar sobre o que aconteceu, e planeia manter Julieta na sua cela até o marido chegar.

Análise das cenas
A sequência de equívocos e mal entendidos nesta seção revela o trabalho inevitável do destino. Não há razão para o plano do frade não resultar. Mas um surto de peste força Frei João a uma quarentena que o impede de entregar a carta de Frei Lourenço a Romeu, enquanto Baltasar procura o jovem com notícias da morte de Julieta. Assim como o público sente um destino inviolável a cair sobre Romeu, este também se sente encurralado pelo destino. Mas o destino que o público reconhece e o destino que Romeu vê em seu redor são muito diferentes. O público sabe que Romeu e Julieta estão fadados a morrer; Romeu sabe apenas que o destino de alguma forma tentou separá-lo da amada. Quando ele grita "Então eu vos desafio, estrelas", está a gritar contra o destino que ele acredita estar a frustrar os seus desejos. Por isso, tenta desafiá-lo, matando-se e passando a eternidade com Julieta: "Bem, Julieta", diz ele, "eu dormirei contigo esta noite". Tragicamente, é a própria decisão de Romeu de evitar o seu destino que realmente o traz. Quando se mata por causa de Julieta adormecida, ele assegura o último suicídio duplo.
Através da ironia do desafio de Romeu recaindo sobre ele mesmo, Shakespeare demonstra o extremo poder do destino: nada pode ficar no seu caminho. Todos os fatores se conjugam a seu favor: o surto de peste, a transmissão da mensagem da morte de Julieta por Baltasar e a decisão de Capuleto de mudar a data do casamento de Julieta. Mas o destino também é algo ligado às instituições sociais do mundo em que Romeu e Julieta vivem. Esse destino, causado pela interação de normas sociais das quais Romeu e Julieta não podem escapar, parece igualmente poderoso, embora menos divino. É um destino criado pelo homem, e a incapacidade humana de ver através do absurdo do mundo que ele criou. Agora, nesta cena, vemos Romeu como agente do seu próprio destino. A sorte que acontece com Romeu e Julieta é mais interna do que externa. É determinada pelas naturezas e escolhas dos dois protagonistas. Se Romeu não fosse tão imprudente e emocional, tão rápido em cair na melancolia, o duplo suicídio não teria ocorrido. Se Julieta tivesse achado possível explicar a verdade aos pais, o duplo suicídio talvez não tivesse ocorrido. Mas desejar que alguém não seja como é é desejar o impossível. O amor entre Romeu e Julieta existe precisamente porque eles são quem são. A natureza destrutiva e suicida do seu amor é um aspeto da sua natureza tanto enquanto indivíduos como enquanto casal.
Na personagem do boticário, mais uma vez, Shakespeare fornece um exemplo secundário das forças sociais paradoxais e prementes que atuam na peça. O farmacêutico não deseja vender veneno porque é ilegal, proibido pela sociedade. Mas é a mesma sociedade que o torna pobre e que insiste na validade das diferenças entre ricos e pobres. O farmacêutico é pressionado a vender o veneno por forças externas que ele, como Romeu, se sente completamente incapaz de controlar.


Traduzido de SparkNotes
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