Resumo
Naquela noite, Páris entra no
cemitério da igreja, acompanhado de um criado que transporta uma tocha. Ele
ordena ao serviçal que se retire e começa a espalhar flores no túmulo de
Julieta. De repente, ouve um apito – o aviso do servo de que alguém se aproxima
e retira-se na escuridão. Romeu, carregando um pé de cabra, entra com Baltasar,
a quem diz que veio para abrir a tumba dos Capuletos, a fim de recuperar um
anel valioso que havia dado a Julieta. Então ordena a Baltasar que se vá embora
e, de manhã, entregue a Montecchio a carta que lhe dera. Baltasar retira-se, mas,
desconfiado das intenções do seu senhor, deixa-se ficar por perto para observar.
De seu esconderijo, Páris
reconhece Romeu como o homem que matou Tebaldo e, portanto, como o homem que
indiretamente matou Julieta, já que é o pesar que ela tem pelo primo que,
supostamente, a matou. Como Romeu foi exilado da cidade sob pena de morte, Páris
pensa que ele deve odiar tanto os Capuletos que voltou ao túmulo para desonrar
o cadáver de Tebaldo ou de Julieta. Com raiva, enfrenta Romeu. Este pede que
saia, mas Páris recusa-se. Eles sacam as suas espadas e lutam. O pajem de Páris
foge em busca da guarda civil. Entretanto, Romeu mata Páris. Quando está a morrer,
pede para ser colocado perto de Julieta na tumba, e Romeu concorda.
Romeu desce ao túmulo carregando o
corpo de Páris. Ele encontra Julieta deitada em paz e pergunta-se como pode ela
parecer ainda tão bonita, isto é, como se não estivesse morta. Ele fala com a esposa
acerca da sua intenção de passar a eternidade com ela. De seguida, beija-a,
bebe o veneno, volta a beijá-la e morre.
Nesse momento, Frei Lourenço entra
no cemitério e encontra Baltasar, que lhe diz que Romeu está na tumba. O criado
acrescenta que adormeceu e sonhou que o amo lutou e matou alguém. Incomodado, o
frade entra no túmulo, onde encontra o corpo de Páris e depois o de Romeu.
Enquanto observa a cena sangrenta, Julieta acorda.
A jovem pergunta ao frade onde
está o marido. Ao ouvir um barulho que ele acredita ser a chegada do guarda, o
religioso responde rapidamente que Romeu e Páris estão mortos e que ela deve
sair com ele, mas Julieta recusa sair, e o frade, com medo de que a chegada do
guarda seja iminente, sai sem sozinho. Julieta vê Romeu morto ao lado dela e
deduz, do frasco vazio, que o marido bebeu veneno. Esperando morrer com o mesmo,
ela beija os seus lábios, mas sem sucesso. Ao ouvir o guarda que se aproxima,
Julieta desembainha a adaga de Romeu e, dizendo: "Ó adaga feliz, esta é a
tua bainha", apunhala-se e morre sobre corpo de Romeu.
O caos instala-se no cemitério, para
onde o pajem de Páris trouxe o guarda. Os vigias descobrem manchas de sangue
perto do túmulo e detêm Baltasar e Frei Lourenço, que descobriram perambulando
por perto. O príncipe e os Capuletos entram. Romeu, Julieta e Páris são
descobertos no túmulo. Montecchio chega, declarando que Lady Montecchio morreu
de tristeza pelo exílio de Romeu. O príncipe mostra-lhe o corpo do filho. A
pedido do príncipe, Frei Lourenço conta sucintamente a história do casamento
secreto de Romeu e Julieta e as suas consequências. Baltasar entrega ao
príncipe a carta que Romeu havia escrito anteriormente a seu pai. O príncipe
diz que a missiva confirma a história do frade e, de seguida, repreende os
Capuletos e Montecchios, considerando a tragédia uma consequência da sua luta e
lembrando que ele próprio perdeu dois parentes próximos: Mercúcio e Páris.
Capuleto e Montecchio apertam as mãos e concordam em colocar um fim à sua
vingança. Montecchio declara que irá construir uma estátua de ouro de Julieta,
e Capuleto insiste que ele erigirá outra de Romeu em ouro ao lado da dela. O
príncipe leva o grupo para discutir esses acontecimentos, declarando que nunca
houve “… jamais história alguma houve mais dolorosa do que a de Julieta e a do
seu Romeu.”.
Análise
As mortes de Romeu e Julieta
ocorrem segundo uma sequência de etapas: primeiro, Julieta bebe uma poção que a
faz parecer morta. Pensando que ela tinha falecido, Romeu então bebe um veneno
que realmente o mata. Vendo-o morto, Julieta apunhala-se no coração com uma
adaga. O consumo paralelo de poções misteriosas confere à morte uma simetria
pacífica, que é interrompida pelo dramático golpe de punhal de Julieta. Durante
a peça, Shakespeare sustentou a possibilidade do suicídio como um aspeto
inerente ao amor intenso. A paixão não pode ser sufocada e, quando combinada
com o vigor da juventude, ela expressa-se através da saída mais conveniente.
Romeu e Julieta desejam viver por amor ou morrer por ele. Shakespeare considera
esse impulso suicida não como algo separado do amor, mas como um elemento tão
importante quanto a euforia romântica do Ato II. Como tal, o duplo suicídio
representa tanto a realização do amor de um pelo outro quanto o impulso
autodestrutivo que surgiu e se flexionou debaixo do seu amor durante a peça. A
personificação do bem e do mal na figura do frade está reunida num único ato:
suicídio. Julieta tenta matar-se com um beijo: um ato de amor como violência
pretendida. Quando isso falha, ela apunhala-se com uma "adaga feliz",
"feliz" porque a reúne com o seu amor. A violência torna-se uma
afirmação de autonomia sobre o eu e uma ação final de profundo amor.
Por outro lado, forças sociais e
privadas convergem nos suicídios de Romeu e Julieta. Páris, o suposto marido de
Julieta, desafia Romeu, seu verdadeiro marido, colocando as personificações da
falta de poder de Julieta na esfera pública contra a sua capacidade muito real
de dar o seu coração a quem ela deseja. Com a chegada do príncipe, a lei impõe-se,
procurando restaurar a paz em nome da ordem social e do governo. Montecchio e
Capuleto chegam, recuperando a tensão entre as famílias. Nenhuma dessas forças
é capaz de exercer influência sobre os jovens amantes. Vimos Romeu e Julieta
repetidamente tentando reconfigurar o mundo através da linguagem, para que o seu
amor possa ter um lugar para existir pacificamente. Essa linguagem, embora
poderosa no momento, nunca poderia contrariar as vastas forças do mundo social.
Através do suicídio, os amantes são capazes não apenas de escapar do mundo que
os oprime. Além disso, na glória ardente final das suas mortes, eles
transfiguram esse mundo. A luta entre as suas famílias termina. O príncipe Della-Scala
– a lei – reconhece a honra e o valor devidos aos amantes. Ao morrer, o amor
conquistou tudo, sua paixão mostrou-se a mais brilhante e mais poderosa.
Parece, finalmente, que as palavras de Frei Lourenço se concretizaram:
"Essas delícias violentas têm fins violentos / e em seu triunfo morrem. A
paixão extremamente intensa de Romeu e Julieta superou todas as outras paixões
e, ao chegar ao seu fim violento, forçou essas outras paixões também a cessar.
Traduzido de SparkNotes
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