. Cena I
Resumo
Na
manhã de quarta-feira, numa rua de Mântua, um alegre Romeu descreve um sonho
maravilhoso que teve na noite anterior: Julieta encontrou morto, mas beijou-o e
insuflou nova no em seu corpo. Nesse momento, Baltasar entra e Romeu cumprimenta-o
alegremente, dizendo que deve ter vindo de Verona com notícias da esposa e do
seu pai. Romeu comenta que nada pode estar doente no mundo se Julieta estiver
bem. Baltasar responde que nada pode estar doente, pois Julieta está bem: está
no céu, depois de ter sido encontrada morta naquela manhã, em sua casa.
Desesperado, Romeu grita: "Então eu vos desafio, estrelas".
Então
diz a Baltasar para lhe dar uma caneta e um papel (com os quais escreve uma carta
para Baltasar entregar a Montecchio) e contratar cavalos, e diz que retornará a
Verona naquela noite. O criado diz-lhe que parece tão perturbado que tem medo
de o deixar, mas Romeu insiste. De repente para e pergunta se Baltasar traz consigo
uma carta de Frei Lourenço. Ele responde que não, e Romeu envia-o de volta. Ido
o servo, Romeu declara que se deitará com Julieta nessa noite. De seguida, procura
um farmacêutico, um vendedor de drogas. Depois de dizer ao homem, na loja, que
parece pobre, oferece-se para lhe pagar bem por um frasco de veneno. O farmacêutico
responde-lhe que tem exatamente isso, mas que vender veneno em Mântua acarreta
a sentença de morte. Romeu responde que o farmacêutico é pobre demais para recusar
a venda. O farmacêutico finalmente cede e vende-lhe o veneno. Uma vez sozinho,
Romeu fala com o frasco, declarando que irá ao túmulo de Julieta e se matará.
. Cena II
Resumo
Na
sua cela, Frei Lourenço fala com Frei João, a quem havia enviado anteriormente
a Mântua com uma carta para Romeu. Ele pergunta-lhe como Romeu respondeu à sua
carta (que descrevia o plano que envolvia a falsa morte de Julieta). Frei João
responde que não conseguiu entregar a carta, porque foi trancado numa casa em
quarentena devido a um surto de peste. Frei Lourenço fica preocupado ao
perceber que, se Romeu não souber da falsa morte de Julieta, não haverá ninguém
para a recuperar da tumba quando ela acordar. (Ele não sabe que Romeu soube da
morte de Julieta e que acredita que a mesma é real.) Procurando um pé de cabra,
Frei Lourenço declara que terá de resgatar Julieta do túmulo por conta própria.
Então envia outra carta a Romeu para o avisar sobre o que aconteceu, e planeia
manter Julieta na sua cela até o marido chegar.
Análise
das cenas
A sequência
de equívocos e mal entendidos nesta seção revela o trabalho inevitável do destino.
Não há razão para o plano do frade não resultar. Mas um surto de peste força
Frei João a uma quarentena que o impede de entregar a carta de Frei Lourenço a
Romeu, enquanto Baltasar procura o jovem com notícias da morte de Julieta.
Assim como o público sente um destino inviolável a cair sobre Romeu, este também
se sente encurralado pelo destino. Mas o destino que o público reconhece e o
destino que Romeu vê em seu redor são muito diferentes. O público sabe que
Romeu e Julieta estão fadados a morrer; Romeu sabe apenas que o destino de
alguma forma tentou separá-lo da amada. Quando ele grita "Então eu vos desafio,
estrelas", está a gritar contra o destino que ele acredita estar a frustrar
os seus desejos. Por isso, tenta desafiá-lo, matando-se e passando a eternidade
com Julieta: "Bem, Julieta", diz ele, "eu dormirei contigo esta
noite". Tragicamente, é a própria decisão de Romeu de evitar o seu destino
que realmente o traz. Quando se mata por causa de Julieta adormecida, ele assegura
o último suicídio duplo.
Através
da ironia do desafio de Romeu recaindo sobre ele mesmo, Shakespeare demonstra o
extremo poder do destino: nada pode ficar no seu caminho. Todos os fatores se
conjugam a seu favor: o surto de peste, a transmissão da mensagem da morte de
Julieta por Baltasar e a decisão de Capuleto de mudar a data do casamento de
Julieta. Mas o destino também é algo ligado às instituições sociais do mundo em
que Romeu e Julieta vivem. Esse destino, causado pela interação de normas sociais
das quais Romeu e Julieta não podem escapar, parece igualmente poderoso, embora
menos divino. É um destino criado pelo homem, e a incapacidade humana de ver
através do absurdo do mundo que ele criou. Agora, nesta cena, vemos Romeu como
agente do seu próprio destino. A sorte que acontece com Romeu e Julieta é mais
interna do que externa. É determinada pelas naturezas e escolhas dos dois
protagonistas. Se Romeu não fosse tão imprudente e emocional, tão rápido em
cair na melancolia, o duplo suicídio não teria ocorrido. Se Julieta tivesse
achado possível explicar a verdade aos pais, o duplo suicídio talvez não
tivesse ocorrido. Mas desejar que alguém não seja como é é desejar o
impossível. O amor entre Romeu e Julieta existe precisamente porque eles são
quem são. A natureza destrutiva e suicida do seu amor é um aspeto da sua
natureza tanto enquanto indivíduos como enquanto casal.
Na
personagem do boticário, mais uma vez, Shakespeare fornece um exemplo secundário
das forças sociais paradoxais e prementes que atuam na peça. O farmacêutico não
deseja vender veneno porque é ilegal, proibido pela sociedade. Mas é a mesma
sociedade que o torna pobre e que insiste na validade das diferenças entre
ricos e pobres. O farmacêutico é pressionado a vender o veneno por forças
externas que ele, como Romeu, se sente completamente incapaz de controlar.
Traduzido de SparkNotes
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