Julieta é a filha de Capuleto e de
Lady Capuleto. Estamos na presença de uma linda menina de 13 anos que começa a
peça como uma criança ingénua que pouco pensou em amor e casamento, mas cresce
rapidamente ao apaixonar-se por Romeu, filho do grande inimigo da sua família.
Por ser uma jovem nascido numa família aristocrática, não tem a liberdade que
Romeu possui de andar pela cidade, subir muros no meio da noite ou lutar com
espadas. No entanto, ela mostra uma incrível coragem ao confiar toda a sua vida
e futuro a Romeu, recusando-se até a acreditar nos piores relatos sobre ele
depois de se envolver numa zaragata com o seu primo. A amiga e confidente mais
íntima de Julieta é a sua enfermeira, embora esteja disposta a excluí-la da sua
vida no momento em que a enfermeira se volta contra Romeu.
Não tendo ainda completado 14
anos, Julieta tem uma idade que fica na fronteira entre a imaturidade e a
maturidade. No início da peça, porém, ela parece ser apenas uma criança
obediente, protegida e ingénua. Embora muitas meninas da sua idade – incluindo a
mãe – se casem, Julieta nunca pensou no assunto. Quando Lady Capuleto menciona
o interesse de Páris em a desposar, Juliet responde obedientemente que tentará
ver se pode amá-lo, uma resposta que parece infantil na sua obediência e na sua
conceção imatura de amor. Por outro lado, Julieta parece não ter amigos da sua
idade e não se sente à vontade para falar sobre sexo (como se vê no desconforto
quando a enfermeira disserta sobre uma piada sexual às custas da jovem
Capuleto, no Ato I, cena III).
Julieta mostra vislumbres da sua
determinação, força e espírito sóbrio, nas primeiras cenas, e oferece uma antevisão
da mulher em que se tornará durante os quatro dias de duração da peça. Enquanto
Lady Capuleto se mostra incapaz de acalmar a enfermeira, Julieta consegue-o com
uma única palavra (também no Ato I, cena III). Além disso, mesmo na obediência
de Julieta quando afirmar que irá tentar amar Páris, há algumas sementes de
determinação ferrenha. Ela promete considera-lo como um possível marido na
medida exata que sua mãe deseja. Embora seja uma demonstração externa de
obediência, essa afirmação também pode ser lida como uma recusa pela
passividade. Julieta atenderá aos desejos da mãe, mas não fará tudo para se
apaixonar por Páris.
O primeiro encontro de Julieta com
Romeu impulsiona-a para a vida adulta. Embora profundamente apaixonado por ele,
é capaz de ver e criticar as decisões precipitadas de Romeu e a sua tendência para
romantizar as coisas. Depois de Romeu matar Tebaldo e ser banido, Julieta não o
segue cegamente. Ela toma uma decisão lógica e sincera de que a sua lealdade e
amor por ele devem ser as suas prioridades norteadoras. Essencialmente, Julieta
solta-se das suas amarras sociais anteriores – a sua enfermeira, os seus pais e
a sua posição social em Verona – a fim de se tentar reunir com Romeu. Quando
ela acorda na tumba e o encontra morto, não se mata por fraqueza feminina, mas
pela intensidade do amor, assim como Romeu. O suicídio de Julieta realmente
requer mais coragem do que o do marido: enquanto este engole veneno, ela
apunhala-se no coração com uma adaga.
O desenvolvimento de Julieta de
uma menina de olhos arregalados para uma mulher confiante, leal e capaz é um
dos primeiros triunfos da caracterização de Shakespeare. Também marca um dos
seus tratamentos mais confiantes e completos da personagem feminina.
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