Português

terça-feira, 1 de setembro de 2020

A Condição Humana, de André Malraux

     Xangai, anos 20 do século passado. Tchen assassina, durante uma noite, um traficante de armas, para conseguir as armas que ele transporta, pois aquele faz parte de um grupo de revolucionários chineses que está prestes a ir à luta. Metade, porém, não sabe servir-se das armas.
     Um dos temas abordados na obra é a dependência e a submissão da mulher ao homem e dos jovens aos pais, como o exemplifica o caso de uma jovem de 18 anos que se tenta suicidar no palanquim de noivado, por ser obrigada a casar com um "bruto respeitável", ou o comentário da mãe ao saber que a cria não morreria: "Pobre filha! Ia tendo quase a sorte de morrer".
     May é uma médica alemã, nascida em Xangai e doutora por Heidelberga e por Paris, que encanta Kyo. Ela é o oposto da mulher chinesa: escolhe o parceiro sexual, por exemplo; está do lado dos insurretos, etc. Por oposição, temos a visão machista do velho Gisons: "A mulher está submetida ao homem como o homem está submetido ao Estado...".
     A revolução começa com a tomada de postos da polícia, uma ação levada a cabo com relativa facilidade. Do outro lado, estão figuras como o francês Ferral, que vê naquele revolução o fim das suas ambições e da sua ação na China.
     Tchen e dois companheiros de armas executam um atentado contra Chiang Kai-Chek, mas não conseguem lançar as bombas sobre o automóvel deste último. Tchen toma então a decisão de se lançar com a bomba sob o veículo de Chiang, considerando ser essa a única solução a adotar.
     Tchen executa o seu plano, todavia Chiang Kai-Chek não viaja no automóvel e quem acaba por ir desaguar no país dos pés juntos é o próprio Tchen. Não obstante, o atentado desencadeia uma série de represálias: Kyo é preso e, juntamente com outros camaradas, suicida-se com um comprimido de cianeto.
     A revolução comunista chinesa dos anos 30 é, pois, detida, mas os sobreviventes / resistentes param apenas para se reorganizar, quer internamente quer no estrangeiro.
     No fundo, todo o ser humano aspira a superar a sua condição humana, a ser Deus, a dominar ou influenciar, a ter poder para modificar algo. Por vezes, a violência deixa de constituir apenas uma forma de vingança e torna-se um sentido definido da existência, uma forma de superar a condição humana. Por exemplo, quando a personagem Hemmelrich depara com a esposa e a filha mortas e esquartejadas, pensa em se vingar, no entanto o sentido que gera essa atitude é o amor: "podemos matar com amor". É a eterna confluência entre amor e ódio, amor e morte, o concreto e a intemporalidade; a fronteira ultrapassável entre o Homem e a divindade.

Retorno


O Vale do Medo, de Sir Arthur Conan Doyle

     Sherlock Holmes recebe uma mensagem encriptada de um elemento (Porlock) do grupo do professor Moriarty, anunciando-lhe a morte do Sr. Douglas. Quando o detetive e o Dr. Watson a conseguem decifrar, chega a notícia do assassinato de John Douglas, com um tiro, na sua residência senhorial de Birlstowe.
     Com os Srs. Douglas vive um amigo, Cecil Barker. John Douglas viveu muitos anos na Califórnia e, sentindo aí a sua vida em perigo, veio para Inglaterra onde casou pela segunda vez e se estabeleceu. No entanto, um dos velhos inimigos, Tel Baldwin, descobre-o em Birlstone e surpreende-o nos seus aposentos. Douglas luta com Baldwin e acaba por o matar com a caçadeira do inimigo. Seguidamente, com a ajuda de Barker e da Sr.ª Douglas, encena tudo de forma a parecer que a vítima foi ele próprio, John Douglas, para que assim possa escapar em definitivo à perseguição dos restantes inimigos que o considerarão morto.

     A segunda parte do livro situa-se em 1875, no Vale Vermissa. Aí chega McMurdo, um jovem irlandês fugitivo à Justiça (acusado de fazer moeda falsa e ter assassinado um homem em Chicago), desafiador da Lei, com o sangue na guelra e membro da Ordem dos Homens Livres, que se instala numa pensão onde conhece a doce filha do dono do estabelecimento, por quem se enamora. No entanto, a jovem é cobiçada por outro jovem rude, membro da loja local da Ordem, chefiada por McGinty, o chefe de um bando de criminosos, que exerce chantagem sobre as companhias do carvão e o assassínio sobre aqueles que os desafiam ou se lhe opõem.
     Um outro episódio agudiza a relação entre McMurdo e Tel Daldwin. Este é encarregado de dar uma lição a um editor de um jornal, mas não de o matar. Contudo, Baldwin excede-se e só a intervenção de McMurdo impede o assassínio do editor.
     Os crimes sucedem-se durante largos meses, até que chega a notícia de que um agente da Pinkerton se encontra prestes a chegar, agente esse que está a investigar a associação criminosa de McGinty. McMurdo monta então uma armadilha em sua casa ao detetive e aí reúne o núcleo mais perigoso dentre os assassinos. Estes são surpreendidos quando McMurdo revela ser ele o agente da Pinkerton, prendendo-os e testemunhando no seu julgamento, findo o qual uns são presos e outros enforcados. McMurdo, aliás Birdy Edwards, casa com Ettie Edwards e vai para Chicago e, posteriormente, para a Califórnia, onde a esposa falece. Entrementes, 10 anos volvidos, são postos em liberdade os fascínoras condenados a prisão e começam imediatamente a persegui-lo. Birdy Edwards transforma-se em John Douglas, foge para Inglaterra e casa com a Sr.ª Douglas.

     Epílogo: aconselhado por Holmes, Douglas foge em direção à África do Sul, mas desaparece borda fora durante uma tempestade ao largo de Santa Helena. Sherlock Holmes reconhece aí o dedo do sinistro Professor Moriarty.

O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde

     Basil Hallward é um pintor que está a pintar o retrato do jovem e belo Dorian Gray. Determinado, este conhece Lord Henry Wotton, que o desperta para a brevidade da beleza física. Concluído o retrato, magnífico, Gray contempla-o extasiado e triste, recordando-se simultaneamente das palavras de Lord Henry, e exprime o desejo de que quem envelhecesse fosse o retrato e ele permanecesse belo e jovem e que, por isso, estava disposto a vender a alma.
     Entretanto, Dorian apaixona-se por uma jovem atriz, muito bela e de origem humilde (filha de mãe solteira, ex-atriz; o pai faleceu; o irmão partiu para a Austrália em busca de fortuna), Sibyl Vane. Certo dia, convida os dois amigos para apreciarem o talento de Subyl, mas ela representa pavorosamente, dado que está apaixonada por Gray e nada mais de importante há para si. No entanto, ele afirma-lhe que com essa atitude matou o seu amor por ela, visto que era o seu talento e a sua inteligência que o tinham cativado. Quando chega a casa, Dorian repara que o seu retrato, pintado por Basil, sofreu alterações e recorda-se, então, de que desejara que fosse o seu quadro a envelhecer e não ele.
     Na sequência destes acontecimentos, Sibyl suicida-se. Dorian vai à ópera e «encerra» o caso da ex-apaixonada de uma forma prática. Basil vem visitá-lo e estranha a mudança operada no amigo, considerando-o insensível e sem compaixão.
     Gray manda encerrar o quadro no quarto que pertencera ao avô, para que o seu segredo não seja descoberto. Fica fascinado, por outro lado, com um livro que Lorde Henry lhe enviou, que consistia num estudo psicológico de um jovem parisiense que procurava compreender as paixões e os métodos de pensamento de todos os séculos, com exceção do seu. Com o passar dos anos, Dorian sente-se cada vez mais apaixonados pela própria beleza e interessado na corrupção da alma.
     Anos volvidos, Basil procura-o, incomodado com o que se diz em Inglaterra sobre Dorian, que aproveita para o responsabilizar pela sua desgraça, mostrando-lhe o retrato (disforme). Basil diz-lhe que ainda é tempo de se arrepender e voltar ao caminho do Bem. Acometido por um súbito ódio pelo pintor, Dorian assassina-o à facada. De seguida, contacta Alan Campbell, um ex-amigo especialista em biologia e química, para que faça desaparecer o corpo, o que sucede, mas apenas sob chantagem. Quando contempla novamente o quadro, Grau verifica que numa das mãos há gotas de sangue.
     De regresso de um antro de ópio e álcool, Dorian é intercetado pelo irmão de Sibyl Vane, armado com uma arma, mas escapa ardilosamente à morte: pergunta a James Vane há quanto tempo se dera o episódio da irmã (18 anos) e questiona-o se a sua aparência física é a de alguém com uma idade compatível com esse espaço de tempo. James olha-o e constata que Dorian tem a aparência de um jovem de 20 anos, por isso deixa-o partir. No entanto, uma prostituta que os seguiu informa James de que Dorian faz um pacto com o Diabo para permanecer eternamente jovem e que é ele, efetivamente, o responsável pela desgraça de Sibyl.
     Dias depois, durante uma caçada, um homem é, acidentalmente, atingido mortalmente por um dos caçadores, o que Dorian interpreta como um presságio de desgraça; porém, afinal, o desgraçado é James Vane. Alan Campbell suicida-se.
     Perante estes acontecimentos, Dorian Gray propõe-se mudar radicalmente o rumo da sua vida. Depois vai contemplar o retrato para se certificar se a expressão já teria mudado, mas a resposta é negativa. Considerando o retrato a causa da sua vida desregrada e decadente, Dorian pega na faca com que assassinara Basil e esfaqueia o quadro, para dar início à nova existência.
     Quando os criados penetram no quarto, encontram o quadro retratando Dorian como era na época em que Basil o pintou, e no chão um velho enrugado e repugnante com uma faca cravada no coração, que só conseguem reconhecer pelos anéis.

"The Brave", Iggy Pop


     Este tema musical faz parte do filme «O Bravo» («The Brave», no original), escrito e protagonizado por Johnny Depp, em 1997.

     Aparentemente, a música terá sido escrita e composta por Iggy Pop. A gravação aqui apresentada foi construída por uma utilizadora do YouTube, a partir de uma recolha que fez a partir da própria película, daí os sons que se ouvem «por baixo» do instrumental.

Liga de Cavalheiros Extraordinários, de K. J. Anderson

     Londres, 1899. Um grupo, comandado pelo cérebro Fantasma, fazendo uso de uma máquina diabólica e revolucionário, uma espécie de tanque com lagartas muito sofisticado para a época, assalta o Banco de Inglaterra, roubando um conjunto de pergaminhos contendo os planos de construção de uma cidade subaquática. Dos guardas que acorrem ao Banco, o grupo brutal deixa vivo apenas Dunning, viúvo e pai de um menino de seis anos.
     Hamburgo, fábrica dos zepelins: o grupo do Fantasma, disfarçado de soldados ingleses, ataca a fábrica, rapta o cientista alemão Karl Draper e queima grande parte dos trabalhadores.
     Sanderson Reed desloca-se ao Quémia na tentativa de convencer Alão Quatermain a socorrer a rainha e o império britânico. Alão não está interessado na empreitada, até que quatro assassinos chegam também ao Clube Brittania, assassinam o amigo que se faz passar por Alão e fazem explodir o Clube. Alão extermina os quatro indivíduos.
     Em Londres, há uma reunião parcial da Liga de Cavalheiros Extraordinários, que será constituída na totalidade por Quatermain, capitão Nemo, Dr. Jekyll e Mr. Hyde, Rodney Skinner, o «novo» Homem Invisível, Dorian Gray e o seu imortal e diabólico retrato, Mina Harker, a vítima sobrevivente do falecido conde Drácula, e um agente dos Serviços Secretos Americanos chamado Tom Sawyer. É-lhes revelado, por M, que o «Fantasma» criou máquinas diabólicas, para o que raptou diversos génios de diferentes áreas, e que se vai realizar uma reunião dos líderes da Europa, em Veneza, para resolver a situação. É natural que o Fantasma, sabedor da reunião, procure aniquilá-la.
     O grupo dirige-se à residência de Dorian Gray para o convencer a integrá-lo, mas aquela é invadida pelas tropas do Fantasma. No entanto, graças ao agente Tom Sawyer, disfarçado entre os homens do Fantasma, o grupo liquida os seus inimigos; apenas aquele consegue fugir. Durante a batalha, revelam-se os especiais talentos de Gray, invulnerável à passagem do tempo e aos ferimentos, e de Mina Harker, afinal uma vampira. Recorde-se que quem envelhece por ele é o seu quadro.
     A caminho de Veneza, no submarino de Nemo, alguém procura fotografar os segredos do engenho naval e roubar a fórmula do Dr. Jekyll; depois de muito refletirem sobre os planos de construção de Veneza, da autoria de D Vinci, Quatermain, Sawyer e Nemo concluem que o Fantasma afinal quer afundar a cidade, fazendo explodir os pilares em que assenta e dar, assim, início a uma guerra mundial.
     Para impedir a continuação do desmoronamento dos edifícios em efeito dominó, Nemo lança um rocket sobre um teatro, enquanto os companheiros lutam na cidade contra os homens do Fantasma, que é perseguido nas ruas por Quatermain. A luta entre ambos ocorre num cemitério de Veneza: o Fantasma esfaqueia-o num ombro e consegue escapar, não sem que antes este lhe arranque a máscara da cara com um murro e revele a sua identidade - M.
     O primeiro a regressar ao navio é Gray, que se identifica perante Ismael, o imediato, como o misterioso traidor e depois mata-o a tiro. Num derradeiro esforço, Ismael arrasta-se até junto da Liga, todos entretanto regressados, e revela o que sucedeu. Entrementes, Gray foge na cápsula de exploração do navio, apanhando também o Fantasma e Dante, o seu braço direito. Sanderson Reed, obviamente, é um dos lacaios de M.
     O Nautilus inicia a perseguição ao nautiloide. Pouco depois, é descoberta uma gravação em disco pertencente a M, na qual este anuncia que a sua verdadeira intenção foi juntá-los todos para, através de Gray, recolher os respetivos segredos e amostras do sangue e das células, para poder construir um exército de réplicas suas. Além disso, Gray deixou três bombas a bordo, ligadas a detetores cristalinos, acionados por um som não acessível ao ouvido humano proveniente no gramafone. Acionados os sensores, as bombas explodem a bordo do Nautilus. Só graças à transformação de Jekyll em Hyde é possível selar os compartimentos inundados, pôr as bombas que escoam a água a funcionar e trazer o Nautilus, muito danificado, à superfície. Tom Sawyer tem também um motivo pessoal para perseguir o Fantasma: este assassinou Huck Finn, outro agente dos Serviços Secretos americanos que o perseguiam.
     A Liga está desanimada, quando do nautiloide chega uma mensagem em morse, enviada por Skinner, o homem invisível, que se escondeu a bordo e lhes envia as coordenadas do local por onde se desloca M e o seu grupo.
     A fortaleza de M situa-se nas terras geladas da Mongólia, onde a Liga reencontra Skinner, que lhes conta que M já construiu oito navios semelhantes ao Nautilus e que colocou os cientistas raptados a criar réplicas dos elementos da Liga a partir das amostras recolhidas por Gray. Parte da Liga penetra na fortaleza e liberta os familiares aprisionados dos cientistas raptados, enquanto Skinner coloca três bombas em áreas sensíveis da fortaleza.
     Sawyer e Quatermain penetram no quarto de M que, afinal, é o professor James Moriarty, o arquirrival de Sherlock Holmes, e aprisionam-no, mas Eva Draper, a filha de um dos cientistas raptados, irrompe pelo quarto, tentando assassinar o malévolo Moriarty, que aproveita o incidente para se esgueirar.
     A batalha entre Mina Harker e Gray termina: ela empala-o com a espada contra uma parede e mostra-lhe o seu retrato, visão essa que constitui a única forma de liquidar o vaidoso Dorian. Ao contemplar o seu próprio retrato, Gray envelhece rapidamente e morre, enquanto o retrato representa o jovem Dorian que Minha tinha amado.
     Dante bebe um frasco da poção roubada ao Dr. Jekyll e transforma-se num monstro de três metros, Entretanto as bombas colocadas pelo homem invisível explodem e Dante é empalado por estilhaços incandescentes provenientes das explosões, acabando esmagado pelas pedras que lhe caíram em cima quando o efeito da poção se esgota.
     Moriarty obriga Quatermain a render-se por breves instantes quando Sanderson Reed, invisível, aprisiona Sawyer com uma faca encostada ao pescoço. Quatermain vira-se rapidamente e espeta a sua face na forma invisível de Reed, mas Moriarty aproveita esse momento em que o explorador está de costas e apunhala-o.
     Moriarty, ou M, ou o Fantasma, foge, mas Sawyer, incentivado pelo moribundo Quatermain, abate-o com um tiro solitário. Depois, o explorador expira pela derradeira vez.
     Terminada a batalha, chega um batalhão de soldados ingleses e americanos. Um elemento dos Serviços Secretos britânicos comunica-lhes a intenção da rainha constituir uma Liga real, mas os seis heróis recusam e partem, no Nautilus, para África, para aí sepultar Quatermain junto do filho. Ah, Skinner afinal é também um elemento dos Serviços Secretos ingleses.

Cidade Escaldante, Chester Himes



     Ed "Caixão" e Jones "Coveiro", dois polícias negros duros do Harlem, são chamados a tratar do caso do disparo de um alarme de incêndio falso. O seu autor é Porquinho-da-Índia, que afirma tê-lo feito para chamar a polícia, pois o seu pai está a ser roubado e assassinado. Na sequência de acontecimentos, gera-se uma luta entre o gigante albino e os bombeiros, agastados por terem sido chamados em vão. Porquinho-da-Índia acaba por fugir, ao contrário de Jake, um traficante de droga, que é capturado pelo duo de polícias quando tenta engolir 5 ou 6 sacos contendo droga, que eles fazem vomitar esmurrando-o no estômago.

     Entretanto, entram em cena dois velhos criminosos: a irmã Celestial e Pai Santo, que procuram saber se a história de Porquinho-da-Índia, segundo a qual seu pai possui uma fortuna algures. Pai Santo tem um encontro violento com um pistoleiro, do qual resulta a morte deste.
     Em simultâneo, a dupla de detetives negros é suspensa das suas funções, em razão da morte de Jake, por causa de uma rotura do baço causada por fortes agressões no estômago.
     Irmã Celestial paga, periodicamente, ao polícia do seu bairro, ficando assim protegida e conhecedora do decurso das investigações policiais que são feitas. O duo policial, apesar de suspenso, prossegue as investigações para se ilibar e encontra um negro morto. Na casa deste, são pouco depois atacados por dois pistoleiros contratados por Ginny, mulher de Gus, e escapam com vida por um triz.
     Entretanto, na tentativa de arrombar o cofre da mãe Celestial, Pai Santo, utilizando uma carga excessiva de nitroglicerina, fá-la explodir acidentalmente, destruindo-se a si e à casa por completo. Irmã Celestial continua na pegada do tesouro de Gus e desconfia que a cadela deste terá algo a ver com o assunto, mas, quando se dirige ao canil, a polícia já a tem em sua posse.
     Com a notícia da morte do Coveiro, Ed Caixão parte numa missão sangrenta de vingança, que o leva a percorrer o Harlem marginal e da droga, até encontrar Ginny e a forçar a contar-lhe toda a verdade dos acontecimentos. Entrementes, a irmã Celestial consegue arrebatar a cadela a Ed e esventra-a, à procura do «tesouro», mas nada encontra dentro do animal.
     Ed Caixão monta um isco e apanha os dois pistoleiros que os atacaram, bem como um terceiro, que é abatido pela polícia, também ela já na pista dos criminosos. Utilizam então Ginny para capturar o responsável pela onda de crime, mas ela é assassinada pela irmã Celestial que, por sua vez, é baleada por Benny Mason, que lhe fica com o saco azul, o isco lançado pela polícia. Porém, é preso de imediato.
     Afinal, o Coveiro está vivo; a notícia da sua morte tinha sido posta a correr pela própria polícia, para levar à captura dos criminosos.
     Benny Mason é o chefe de uma rede de tráfico de droga que se servia ocasionalmente de Gus, para a transportar, tendo sido desta forma que arranjara o dinheiro com que comprara a plantação do Garra ao africano morto em sua casa pelos pistoleiros. Gus era quem estava encarregado de receber um carregamento de droga, proveniente de França, no valor de um milhão de dólares. Todavia, quando os homens de Benny foram buscar a mala com a droga, aquela estava vazia. Por isso, mataram Gus e atiraram o corpo ao rio. Benny oferece a Ginny dinheiro, para colaborar consigo e a mulher aceita.
     A polícia acaba por deter Porquinho-da-Índia com uma mala em cujo interior encontram o cadáver de Gus, seu pai, que o próprio filho assassinou. E descobrem, pelas palavras do Porquinho, que a droga chegou a Gus, pelo rio, envolvida em pele de enguia, e que ele foi assassinado por se recusar a levar o filho consigo para África.

Destino Desconhecido, de Agatha Christie

      Tom Betterton, um cientista canadiano, casado a primeira vez com a filha de um cientista alemão e, presentemente, com Olive, atualmente a viver na Alemanha, desaparece misteriosamente quando se desloca a Paris, para assistir a uma conferência. Dias antes de partir, recebera a visita de quatro pessoas vindos dos EUA, suas conhecidas desde a época em que lá vivera.
     Em Paris, para onde viajara à procura de pistas para ocaso, Yessop depara por acaso com Hilary Craven, uma inglesa recentemente abandonada pelo marido e cuja filha morreu vítima de meningite, que, por isso, está prestes a suicidar-se. Ele propõe-lhe então que, dadas as parecenças físicas com Mrs. Betterton, se faça passar por esta, que morreu, em resultado do despenhamento do avião em que viajava em direção a Casablanca, para tentarem solucionar o mistério do desaparecimento do sábio Thomas Betterton. Ele, Yessop, se encarregará de lhe fornecer os documentos que lhe permitirão apresentar-se como Mrs. Betterton e de simular que a vítima do acidente era uma certa Mrs. Craven. Como nada tem a perder, ela aceita. Antes de expirar no hospital, Mrs. Betterton pede que avisem o marido de que Boris é perigoso. Esta figura apresentara-se, por altura do desaparecimento de Tom Betterton, como primo da primeira mulher deste.
     A falsa Mrs. Betterton tem um encontro com o francês com quem se encontrara no comboio: Henri Laurier, que a instruiu para viajar até Marraquexe.
     Aí, envolvida e rodeada de malfeitores, continua a fazer-se passar por Mrs. Betterton e é levada à presença do «marido», que, no entanto, não coincide com a fotografia que ela tinha visto na polícia. Ele não a desmascara, visto que pensou que era alguém enviado para o libertar daquele lugar, e passam pelo casal Betterton. Entretanto a polícia descobre as pérolas que a falsa Mrs. Betterton espalhou como pistas para ser encontrada, até ao ponto em que ela embarcou no avião.
     «Olive», que ganha uma especial simpatia por Andy Peters, é levada à presença do patrão, Mr. Aristides, um indivíduo rico que tem por hobby fazer coleção de sábios. Por outro lado, faz experiências científicas com seres humanos, autênticas cobaias.
     Um avião de reconhecimento enviado pelas autoridades policiais deteta a colónia de leprosos e o centro de investigação e é-lhe passada, em Morse, uma mensagem. Yessop e Leblanc desconfiam que é ali o centro de atividades / malfeitorias e organizam uma visita àquele local, com comitiva ministerial, para tentarem descobrir os sábios desaparecidos.
     Na parte final da visita, quando os dois polícias acusam Mr. Aristides de manter ali atividades ilícitas e pessoas presas contra a sua vontade, surge em cena Andy Peters, que é, afinal, um agente do FBI e que confirma as acusações.
     Em suma, Andy Peters é Boris Glydr, primo de Elsa, primeira mulher de Tom Betterton, que ele prende por a assassinar. Tom casou-se com ela por mero interesse, e, quando ela fez uma importante descoberta científica, o esposo assassinou-a. Boris decide então perseguir e levar à justiça o criminoso Tom, que, para escapar, se juntara a Aristides e fizera plásticas ao rosto, mas acaba por ser apanhado.
     No fim, Boris e Hilary revelam o seu amor mútuo.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

As Misteriosas Cidades de Ouro - Episódio 24: "O Manuscrito"

 

O Avarento, de Molière

Ato I

     Valério e Elisa amam-se, a ponto de ele esconder a sua condição social e se sujeitar a ser secretário do pai da amada. Cleanto, irmão de Elisa, ama Mariana, uma doce e desvelada jovem que cuida da mãe doente. Os dois irmãos, órfãos de mãe, são vítimas da tirania e da avareza do pai, Harpagão, que os submete à sua vontade e à avareza. Assim, deseja casar com Mariana e tenciona obrigar o filho a desposar uma viúva rica e a filha com um homem de 50 anos, também rico, que a desposará sem dote. Porém, a filha recusa e, sem saber o que se passa entre os dois, o pai escolhe Valério para juiz daquele impasse.
     Valério usa a lisonja e finge estar de acordo com as ideias do velho, aconselhando a amada Elisa a fingir concordar com o pai e a fingir uma doença para adiar o casamento. Desconhecedor de tudo isto, Harpagão concede a Valério um poder absoluto sobre Elisa.


Ato II

     Cleanto, em virtude da avareza do pai, é forçado a pedir emprestados 15 000 francos, a juros de cerca de 25%. No momento em que se encontra com a pessoa que vai conceder o empréstimo, qual não é o espanto de ambos quando se encontram frente a frente pai e filho.
     Harpagão socorre-se de Eufrosina para conquistar Mariana e preparar o seu casamento. Eufrosina é aduladora, recorrendo frequentemente à mentira para agradar a Harpagão e responder satisfatoriamente a todos os seus intentos (por exemplo, quando ele vê, na grande diferença de idades, um possível obstáculo ao interesse de Mariana em si, Eufrosina responde que Mariana só gosta de velhos de 60 anos, que não pode ver jovens e até recusou um casamento há pouco por o noivo ter apenas 56 anos). O objetivo de Eufrosina é obter algum dinheiro, mas nem toda a lisonja do mundo lhe vale, pois, mal o velho ouve falar no vil metal, vai-se logo embora.


Ato III

     A preparação do "jantar de declaração" é outro momento de grande avareza de Harpagão e de lisonja de Valério. Mestre Tiago, cozinheiro e cocheiro de Harpagão, tenta chamá-lo à razão, explicando-lhe como é troçado por todos, mas o patrão paga-lhe com pauladas, bem como Valério, a quem o Mestre jura vingança.
     O diálogo da cena VII entre Cleanto e Mariana tem um duplo entendimento: o sentido correto só eles o entendem (lamentam o casamento iminente porque os dois se amam); o segundo sentido, errado, é entendido pelos restantes (os dois jovens lamentam o casamento: ele, por razões de herança; ela, por não gostar de jovens e da atitude aparentemente negativa dele). Por outro lado, dá nota da total submissão dos filhos às vontades dos pais: "... se eu não me visse forçada por um poder absoluto..." (Mariana).
     Através do equívoco diálogo, Cleanto faz com que Mariana fique com o anel de diamantes usado por Harpagão.


Ato IV

     Eufrosina lamenta não ter tido conhecimento do amor dos jovens previamente, pois teria conduzido as coisas de modo bem diferente. Para já, engendra o seguinte plano: descobrir uma velha mulher que esteja disposta a fingir-se em rica e nobre, bem como interessada em desposar Harpagão, ao qual entregaria toda a sua vasta fortuna. Dessa forma, este enriqueceria Mariana.
     Desconfiado, Harpagão usa de astúcia para levar o filho a confessar o seu amor por Mariana. Assim, finge que a diferença de idades o levou a reconsiderar e a "oferecer" Mariana ao filho, caso este não tivesse demonstrado tanta aversão pela jovem. Iludido pela artimanha do pai, Cleauto confessa o seu amor e a correspondência de Mariana e o pai, descoberto o segredo do filho, diz-lhe terá de casar com a noiva que lhe reservou, ao que Cleauto reage, afirmando que continuará a amar Mariana, pois "o amor é cego".
     Farpas, criado de Cleanto, espia Harpagão e vê onde ele esconde o tesouro, roubando-lho posteriormente. O desespero do segundo é enorme.


Ato V

     Harpagão chama o Comissário de polícia. Começam por ouvir Mestre Tiago, que, para vingar as pauladas que ele lhe deu, identifica Valério como o ladrão.
     Recorrendo novamente ao equívoco, na cena III, quando é interrogado, Valério "confessa" ter roubado a "caixinha" de Harpagão (referindo-se a Elisa) e este pensa que ele se refere à caixinha do dinheiro roubado.
     Valério revela, então, ser filho de um nobre napolitano. Ao ouvir a história, Mariana diz-se sua irmã. Anselmo apresenta-se, de seguida, como o pai de ambos.
     Entra, então, em cena Cleanto, que diz ao pai que, se o deixar casar com Mariana, o dinheiro lhe será restituído. Harpagão acaba por ceder à chantagem, comprometendo-se Anselmo, progenitor de Valério e Mariana, a pagar todas as despesas dos dois casamentos, a comprar o fato de Harpagão para a boda e a suportar também as despesas ao Comissário.

Onde e aonde

      O advérbio «aonde», que significa "a / para que lugar", deve ser usado com verbos que implicam movimento.
          Ex.: Aonde vais? (= Para que lugar vais?)

     Por sua vez, o advérbio «onde», que significa "em que lugar", deve ser usado com verbos que não implicam movimento.
          Ex.: Onde estás? (Em que lugar estás?)

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Barra oblíqua

     A barra oblíqua usa-se para indicar:
 
1. Marcar uma relação entre elementos de uma mesma categoria.
Ex.: alto / baixo; masculino / feminino; singular / plural.
 
2. Dividir as sílabas métricas de um verso.
Ex.: Al / ma / mi / nha / gen / til /
 
3. Indicar o final de cada verso quando se transcreve um poema linearmente, isto é, sem respeitar a organização estrófica.
Ex.: O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.
Quando o final do verso coincide com o final da linha, coloca-se uma barra no final dessa linha e outra no início da seguinte.
Ex.: As armas e os barões assinalados, /
/ Que da ocidental…
 
4. Indicar um espaço de tempo que engloba (parte de) dois anos civis consecutivos.
Ex.: Ano letivo de 2020/2021.
Quando se refere um período de tempo mais alargado que abarca vários anos civis, usa-se o hífen.
Ex.: Miguel Torga (1907-1995) é um dos maiores escritores portugueses.
 

As Misteriosas Cidades de Ouro - Episódio 23: "A Máscara de Jade"

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Aspas

     As aspas podem ter dois formatos: baixas ou angulares (« ») ou altas (“ “).
     Elas constituem um sinal auxiliar de escrita que se usa para:
 
1. Assinalar o início e o fim de uma citação / transcrição textual.
Ex.: No poema “Autopsicografia”, a ideia essencial é expressa logo no primeiro verso:   “O poeta é um fingidor.”.
 
2. Destacar o significado ou sublinhar a expressividade de uma palavra ou expressão.
Ex.: Para Luís Filipe Vieira, a palavra “credibilidade” tem um significado muito próprio.
 
3. Indicar títulos de poemas, de artigos ou de contos pertencentes a uma obra.
Exs.:
▪ “Viagem” é o meu poema preferido de Miguel Torga.
▪ Já li “O mito em Miguel Torga”, um artigo sobre o poeta.
▪ O meu conto predileto de Miguel Torga é “O Tesouro”.
 
4. Citar o nome de artigos de jornais, de revistas, de congressos.
Ex.: O jornal “Record” afirma que Cavani já não vem.
 
5. Assinalar palavras ou expressões estrangeiras (empréstimos).
Ex.: O meu “drink” é muito fraco.
 
6. Destacar palavras ou expressões que fogem ao uso habitual (porque já não se usam, ou então são muito recentes, por pertencerem a um registo de língua diferente do que o emissor está a utilizar).
Ex.: Miquelina, “gramo-te” imenso!
 
7. Delimitar falas do discurso direto (processo equivalente ao do travessão como identificador dessa forma de discurso).
Ex.: “Que dia é hoje, Laura Palmer?”
 
8. Assinalar um monólogo interior.
Ex.: Fernão suspirou: “É este o preço de ser incompreendido”, pensou. “Ou nos chamam Diabo ou nos chamam Deus.”
 
 
NOTAS:
 
1.ª) Com alguma frequência, o que é colocado entre aspas pode ser substituído pelo uso do itálico.
Ex.: O meu drink é muito fraco.
 
2.ª) As aspas altas colocadas por baixo de uma palavra ou expressão evitam a sua repetição.
Ex.: A Miquelina já faleceu.
 “             “ era boa senhora.
 “             “ era minha vizinha.
 
3.ª) A pontuação coloca-se antes da aspa de fecho quando a frase delimitada é completa e fica inteiramente abrangida pelas aspas.
Ex.: O meu pai exclamou: “Amo-te, meu filho!”
Caso a frase não esteja completa, a pontuação é colocada a seguir à aspa de fecho.
Ex.: O Ernesto diz, sempre que bebe, que “o vinho é vida”, o que faz rir os amigos.
 
4.ª) Quando se faz a citação de versos e não é possível respeitar a sua disposição no poema, separam-se através de uma barra e mantém-se a maiúscula na palavra inicial).
Ex.: “O poeta é um fingidor. / Finge tão completamente / Que chega a fingir que é dor / A dor que deveras sente.” (“Autopsicografia”, Fernando Pessoa)
 

Sobrescrito

     O sobrescrito é um sinal (letra, algarismo, etc.) menor que os demais da sua fonte, que se escreve acima do alinhamento em curso, utilizado especialmente em abreviaturas ou como expoente matemático.
Ex.: Eng.ª / eng.ª

 Dr.ª / dr.ª

 Ex.ª / ex.ª

 Sr.ª / sr.ª

 x2

 10-9

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...