Português: Assassinos da Lua das Flores
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domingo, 25 de fevereiro de 2024

Resumo da 10.ª parte - 2.ª crónica: Eliminando o impossível

    Os agentes secretos instalam-se no condado de Osage. Disfarçados de pecuaristas, dois deles travam conhecimento com Hale, enquanto outro se mascara de vendedor de seguros. Em simultâneo, Wren participa em reuniões tribais e o agente White constata, estupefacto, que faltam algumas evidências do inquérito de Anna e nota que nenhuma bala foi encontrada. O homem dedica-se a corroborar álibis, o que permite ilibar dos crimes várias das pessoas que faziam parte do rol de suspeitos, como, por exemplo, Oda Brown ou Rose Osage, mas conclui igualmente que os conspiradores estão ativamente a destruir e fabricar pistas e evidências. Posteriormente, White e Burger recrutam um contrabandista de nome Kelsie Morrison como eu informante, convictos de que o homem poderá constituir uma ótima fonte de informação.

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Análise das 8.ª e 9.ª partes da crónica 1 de Assassinos da Lua das Flores


    Tom White, a figura mais heroica do livro, é o protagonista da sua seção intermediária. O seu talento como detetive e o sentido de moral conduzem a investigação e permitem compreender como é que o Departamento de Justiça dos EUA ficou conhecido como o Departamento da Virtude Fácil. De acordo com White, uma cultura de corrupção compromete até os bons espíritos: qualidades pessoais admiráveis, levadas ao extremo, podem transformar-se em falhas, uma mutação que a corrupção acelera. Por outro lado, a escolha de William Burns, um detetive privado conhecido por ignorar a lei, para diretor do Bureau em 1921 levou a que o Departamento de Justiça ficasse intimamente conectado com a injustiça e um ethos que dava prioridade aos fins em detrimento dos meios.

    Tal como sucede no romance policial tradicional, os agentes da lei sabem que há um criminoso (ou criminosos), mas desconhecem a sua identidade e a sua tarefa consiste precisamente na descoberta da mesma, uma tarefa extremamente complexa, visto que que os crimes não seguem um padrão inequívoco, além de terem como alvos membros da tribo osage ou homens brancos que procuram ajudá-los. A preocupação de White passa por distinguir os factos das suposições, mesmo que o processo se revele demorado, em detrimento da obtenção de resultados rápidos. A finalidade primeira e última é chegar à verdade e fazer justiça. Nada mais importa. Mesmo que White esteja disposto a violar uma norma do Bureau – a proibição de os seus agentes portarem armas –, incute neles a noção de quão importante é manter os mais elevados padrões de investigação possíveis. Num contexto marcado pela ilegalidade e pelo crime, a hesitação de White em recorrer à violência, ainda que queira que os seus agentes sejam capazes de se proteger, é uma parte vital da sua estratégia de criar condições para resolver o caso.

    É curioso notar que a equipa reunida por White não corresponde àquilo que J. Edgar Hoover visionou como fundamental para a modernização do Bureau of Investigation e recuperação da sua reputação. De facto, o recém-nomeado diretor preferia ter a trabalhar para si investigadores profissionais com formação universitária, mas White opta por homens experientes nos assuntos da antiga fronteira e que, por isso mesmo, poderão operar disfarçados tanto junto das comunidades brancas como das nativas americanas, além de outros que o ajudarão publicamente. É uma espécie de conspiração para expor a conspiração criminosa. Sucede, porém, que este modo de agir não é isento de problemas. De facto, White corre o risco de levar os homens bons da sua equipa a deixar-se seduzir pela face do crime. De facto, é o que sucede com um dos informantes recrutados, que acaba por fornecer informações à conspiração criminosa. Não obstante, nenhum dos agentes incorporados por White se deixa corromper no condado, mas existe sempre a possibilidade de tal suceder a qualquer momento.

Resumo da 9.ª parte - 2.ª crónica: Os cowboys disfarçados

    White assume, pois, a direção do escritório do Bureau de Oklahoma City em julho de 1925 e começa por analisar todos os ficheiros e arquivos relativos aos assassinatos ocorridos em Osage. O seu choque é enorme quando descobre que os agentes que anteriormente investigaram o caso numa entrevistaram Mollie. Por outro lado, apercebe-se de que os assassínios não seguem um único padrão, o que o leva a pôr a hipótese de o cabecilha ter a trabalhar para si pessoas que executavam os crimes. O seu esforço princial centra-se, antes de mais, em separar os factos da boataria e das suposições. De seguida, organiza a sua equipa de agentes, selecionando, em exclusivo, homens com experiência nas questões do Oeste americano, incluindo um ex-xerife e guarda florestal, um agente secreto, John Burger, Frank Smith e John Wren. Dentre estes, alguns trabalham disfarçados, enquanto outros, como, por exemplo, Burger e Smith, fazem parte da equipa que trabalha diretamente consigo.

Resumo da 8.ª parte - 2.ª crónica: Departamento de virtude fácil


    A segunda crónica leva-nos até o verão de 1925, quando o agente especial Tom White é convocado por J. Edgar Hoover para ir ao seu encontro em Washington DC. O agente, antes de fazer parte dos quadros do Bureau of Investigation, tinha estado ao serviço dos caminhos de ferro como detetive e ranger do Texas, pelo que o seu comportamento e postura diferiam daquilo que Hoover desejava para os agentes sob o seu comando. Além disso, White desobedecia com alguma frequência a outra das regras a que os agentes do Bureau estavam sujeitos: a proibição de transportar armas de fogo consigo.

    Na época em que os acontecimentos descritos na obra tiveram lugar, a reputação do Bureau estava em cacos face às acusações de clientelismo e corrupção que recaíam sobre ele. O caos tinha-se acentuado após a designação de William Burns, em 1921, para seu diretor, cujas práticas tinham fomentado a corrupção no departamento. Um comité do Congresso norte-americano tinha exposto a podridão reinante no departamento de Justiça a partir de um inquérito ao escândalo conhecido do Teapot Dome. A história conta-se brevemente: no dia 14 de abril de 1922, o Wall Street Journal noticiara um acordo secreto sem precedentes em que o Secretário do Interior tinha arrendado, sem concurso, a reserva naval de petróleo dos EUA no Teapot Dome, no Wyoming, a uma empresa petrolífera privada. No dia seguinte à notícia, o senador democrata do Wyoming, John Kendrick, apresentou uma resolução que deu início a uma investigação do caso. Em simultâneo, o seu congénere republicano Robert La Follette providenciou no sentido de o Comité de Terras Públicas do Senado investigar igualmente o assunto. As suas suspeitas acentuaram-se a partir do momento em que alguém saqueou os seus aposentos privados no edifício do Senado. No final, a investigação revelou que o Secretário do Interior, Albert Fall, tinha enriquecido rapidamente de forma ilícita, graças às negociatas em que se tinha envolvido e que o levaram à prisão. Na sequência do escândalo, no verão de 1924, foi designado um novo Procurador-Geral, de seu nome Harlan Fiske Stone, que contratou J. Edgar Hoover para diretor interino. Hoover reformou o Bureau e, em dezembro desse mesmo ano, foi promovido a diretor. O seu mandato estender-se-ia por quase cinco décadas.

    Anteriormente, Hoover já havia confiado a White uma missão importante, uma missão secreta numa penitenciária federal em Atlanta, pelo que não hesita em o destacar para Osage. Por outro lado, convém ter presente que esta não era a primeira vez que o Bureau estava envolvida nos crimes ocorridos no condado. De facto, em 1923, William Burns tinha enviado agentes para Oklahoma, uma investigação financiada parcialmente por Osage, mas a investigação redundou num rotundo fracasso que implicou inclusive a perda de um informante, Blackie Thompson, que tinha sido libertado da prisão especificamente para os auxiliar. Deste modo, Hoover deixa claro para White que é imperativo que a sua investigação tenha sucesso, caso contrário o departamento ficará definitivamente manchado pelo insucesso das duas passagens por Osage.

Análise das 6.ª e 7.ª partes da crónica 1 de Assassinos da Lua das Flores


    Este capítulo contrapõe a riqueza e o poder dos homens brancos ao terror instalado entre a tribo osage, tudo derivado da descoberta de petróleo na região, que se transformou numa autêntica certidão de morte para os seus membros. Os jornais da época retratam-nos como indivíduos perdulários e inconsciente que não merecem a riqueza que lhes caiu no colo, sendo evidente os traços de racismo e discriminação que pautam esses relatos, não obstante também estar em causa o valor que a sociedade americana atribuía ao trabalho e ao seu papel na obtenção de riqueza. Fica claro que o objetivo passa por pintar os Osage como uma tribo que teve apenas a sorte em se mudar para terras prenhes de petróleo, pelo que a riqueza não foi fruto do seu trabalho denodado, antes de um mero golpe de fortuna, logo a tribo não é digna dessa mesma riqueza. Os media pareceram esquecer, no entanto, o facto de os Osage terem chegado àquele território somente por terem sido expulsos pelos colonos brancos da vasta região onde viviam anteriormente. Assim sendo, estamos perante mais um caso em que os mitos culturais optam frequentemente por escolher o lado da ficção aos factos puros e duros (quem não se lembra, noutro contexto, de O Homem que Matou Liberty Valance?). Por outro lado, a correlação entre o mérito de obter algo e o trabalho e esforço necessários para atingir tal desiderato constituem uma trave-mestra do princípio do self-made man, representado por William Hale. Por contraste, os Osage eram retratados como selvagens preguiçosos e afortunados que não mereciam a riqueza de que dispunham, mas, em simultâneo, também como aristocratas perdulários que não pertenciam aos Estados Unidos. Deste modo, fosse qual fosse o ângulo de análise da situação, os nativos jamais poderiam triunfar.

    Ao socorrer-se da expressão Reinado do Terror para designar o período que é analisado na obra, David Graan baseia-se na Revolução Francesa, nomeadamente no período entre 1793 e 1794, em que mais de dezasseis mil pessoas foram executadas, sem julgamento ou prisão, ocorrendo cerca de duas mil seiscentas e trinta e nove apenas em Paris, embora os investigadores desta época admitam que o número de vítimas terá sido superior. Ora, essa fase ficou exatamente conhecida como Reinado de Terror, uma expressão que pretende traduzir a violência brutal e aparentemente arbitrária a que os Osage foram sujeitos.

    Com a morte do seu último irmão na explosão da casa, Mollie vê-se sozinha e, sabendo que também ela é um alvo a abater, questiona-se quanto tempo de vida lhe restará. A única relação de proximidade que lhe resta é a sua família nuclear, Ernest e os seus três filhos. Acossada pelo medo do que lhe possa suceder e aos familiares, envia a filha mais nova, Anna, embora, para a proteger do perigo e da dor que se instalou. Quando era mais nova, foi casada durante um breve período de tempo com Henry Roan e, presentemente, após a morte deste, receia que o atual marido fique a saber desse anterior relacionamento e matrimónio, que sempre escondeu dele. Por outro lado, o assassinato de Roan reveste-se de especial importância por trazer a figura de William Hale para a ribalta: os dois eram tão próximos que este último carrega o caixão daquele durante o funeral. Os crimes podem ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento, contudo os laços que unem os diversos protagonistas constituem uma teia tão intrincada que parece tê-las capturado por completo.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Resumo da 7.ª parte da 1.ª crónica: Esta coisa das trevas


    Fevereiro de 1923: o corpo de Henry Roan, um osage, é encontrado no interior do seu Buick baleado na cabeça. O falecido não era estranho a Hale. Pelo contrário, tinha-o contactado apenas umas semanas antes do seu passamento porque descobrira que a sua esposa o andava a trair. O rico proprietário emprestou-lhe dinheiro e, em troca, Roan nomeou-o beneficiário único de uma apólice de seguro de vida que tinha feito.

    Esta mais recente morte desperta o terror que jazia semiadormecido no seio da comunidade e leva muitos a adotarem novas medidas de segurança para se protegerem da onda de crime, nomeadamente instalando luzes nas suas casas ou comprando um cão de guarda. Por seu turno, a família de Anna continua a procurar o assassino da mulher. William Smith afirma que está a fazer progressos na sua investigação, mas ele e Rita decidem mudar-se para o centro da cidade e comprar um cão, tudo medidas visando a sua segurança. Contudo, no mês seguinte, março, os  cães dos vizinhos começam a morrer, suspeitando-se que vítimas de envenenamento. Bill confessa a um amigo que desconfia que será morto em breve e, de facto, na noite de 9 de março, pouco depois de se ter ido deitar, a sua casa é vítima de uma enorme explosão. Rita e Nettie Brookshire, a empregada, são encontradas mortas, ao contrário de Bill, que ainda é encontrado com vida, acabando, no entanto, por falecer passadas duas semanas.

    Confrontado com esta nova onda de mortes, o governador do estado de Oklahoma envia Herman Fox Davis, um investigador, para o condado de Osage em abril desse mesmo ano, porém, em junho, declara-se culpado do recebimento de subornos. A onda de corrupção e violência acentua-se quando W. W. Vaughan, um conhecido advogado caucasiano, é morto. De facto, Vaughan estava a auxiliar as investigações dos detetives privados; além disso, tinha sido convocado por um indivíduo moribundo, George Bigheart, ao seu leito de morte, onde compartilhara consigo informações cruciais acerca dos assassinatos. No entanto, antes que o advogasse tivesse tido oportunidade de as divulgar, desaparece e o seu corpo é encontrado pouco depois, porém os papéis que Bigheart lhe fornecera, bem como os fundos que deixara à sua esposa, haviam desaparecido.

    Por sua vez, os Osage instam o governo federal a agir de forma a pôr cobro ao Reinado de Terror, que já fizera pelo menos vinte e quatro vítimas entre os nativos. No final deste capítulo, o autor volta a focar a atenção da sua pena em Mollie, imaginando como todas as mortes ocorridas a terão feito sentir. Por outro lado, dá notícia de que a mulher, em 1925, confidenciará a um padre local que crê ter a sua vida em perigo.

Resumo da 6.ª parte da 1.ª crónica: One Million Dollar Elm

    Novo recuo no tempo: a partir de 1912, os barões do petróleo reuniram-se no condado de Osage para licitar arrendamentos petrolíferos. Por vezes, juntavam-se ao ar livre, nomeadamente sob os ramos de uma árvore conhecida por Million Dollar Elm em virtude das quantias de dinheiro envolvidas nas negociatas que decorriam nesse espaço. Esta febre foi objeto da cobertura da imprensa da época, que dava conta de todos os desenvolvimentos, expressando também uma crescente preocupação com a crescente riqueza dos indígenas, nomeadamente a partir das referências a gastos excessivos e a desperdícios de diversa ordem.

    Embora a questão da tutoria, abordada nos capítulos anteriores, tivesse como justificação oficial a proteção de quem dela necessitava, na realidade a sua base era racial: os mestiços raramente tinham tutores, todavia os nativos americanos sem ancestrais ou cônjuges brancos regra geral possuíam um. Em 1921, o governo alterou novamente os pressupostos dos acordos feitos, insistindo que os membros osage que possuíssem um tutor fossem «restritos», o que, na prática, significava que «só» lhes era permitido gastar alguns milhares de dólares por ano, independentemente da riqueza que possuíssem. Na verdade, o sistema de tutoria caracterizava-se por abusos desenfreados, em paralelo com uma outra série de ataques dirigidos aos indígenas, vítimas de tudo e de todos. Por exemplo, os mercadores brancos inflacionavam constantemente os preços dos produtos que comercializavam, enquanto os caçadores de fortunas, quer do género masculino quer do feminino, procuravam atrair membros da tribo para o casamento.

Análise das 4.ª e 5.ª partes da crónica 1 de Assassinos da Lua das Flores


    A relação entre os Osage e os homens brancos é, como não poderia deixar de ser, complexa, oscilando entre a procura de acordo e amizade e a traição. Rapidamente, os indígenas, ao contrário de outras tribos nativas, aprendem que é crucial manter o máximo de poder possível para si durante as negociações com o governo central. É assim que decidem comprar o território para onde irão viver quando são forçados a mudar pela terceira vez, possivelmente porque compreenderam que a propriedade privada poderia trazer-lhes um nível de proteção, mesmo que insipiente ou modesta, contra a ambição da jovem nação por terra. Quando conseguem adiar a distribuição de terras como o governo pretendia inicialmente e, em vez disso, impõem cláusulas específicas aos acordos, a sua decisão anterior revela-se acertada e a tribo consegue ficar com todos os direitos sobre aquilo que existe debaixo do solo, que é o mesmo que dizer sobre as jazidas de petróleo que sob ele aguardam em silêncio quem as explore. Não obstante, a opinião sobre o crude entre a tribo não é consensual, visto que há quem o considere de forma negativa, embora ele traga riqueza e conforto para todos. Por outro lado, estamos na presença de um grande passo que a tribo dá em direção à cultura norte-americana, visto que até então a sua existência se organizava em torno da caça anual ao búfalo e não de grandes mansões e carros modernos e luxuosos.

    É neste contexto que indígenas e exploradores começam a construir uma nova relação, caracterizada pelo desejo mútuo de enriquecer, tendo-se espoletado uma situação análoga à que ocorreu com a Corrida do Ouro da Califórnia, que teve início em 24 de janeiro de 1848, quando foi descoberto ouro em Sutter’s Mill, e durou até 1855, levando mais de 300 000 pessoas, oriundas dos Estados Unidos e do exterior, a deslocarem-se para aquele estado. De facto, a descoberta de ouro negro atraiu uma grande variedade de pessoas para a região dos Osage, uma parte delas de má índole. Por seu turno, o governo dos EUA impôs algumas condições à tribo, supostamente destinadas a proteger os seus membros de atos fraudulentos por parte dos exploradores, que passavam por colocar um indivíduo branco a gerir as questões financeiras dos nativos. Como é evidente, este sistema de tutela implicava a existência de um grau elevado de confiança nas pessoas responsáveis pelos trusts, o qual foi claramente negado pelo chamado Reino do Terror, um período de cerca de uma década durante o qual diversos membros osage foram assassinados por indivíduos que ambicionavam o seu dinheiro. Este clima de terror e desconfiança generalizada foi exponenciado pelo facto de também pessoas brancas fazerem parte do rol de vítimas, de que é exemplo o assassinato de Barney McBride, um proeminente empresário branco que estava disposto a defender os nativos em Washington DC. Se um homem branco, poderoso e rico não estava a salvo, muito menos o estariam os indígenas.

    Os capítulos IV e V da primeira parte da obra destacam as extremas dificuldades de negociação existentes entre os Osage e o governo norte-americano, marcada por promessas quebradas, assimilação e submissão forçadas, mudanças de cláusulas e princípios contratualizados e pressão constante para proceder à renegociação de acordos que, entretanto, se tornavam menos favoráveis para o Estado. Assim sendo, os nativos viam-se constantemente forçados a acomodar a voracidade e a ambição desmedida dos colonos brancos.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Resumo da 5.ª parte da 1.ª crónica: Os discípulos do Diabo


    Finda a analepse operada no capítulo anterior, a narrativa regressa ao presente da ação e ao convívio com a família de Mollie, que oferece uma recompensa em trica de informações que possam ajudar a esclarecer as mortes de Anna e Lizzie. Seguindo o conselho de Hale, os Burkharts contratam um detetive particular chamado Pike, enquanto Mollie e Ernest incentivam os guardiões da propriedade de Anna a procederem de modo semelhante. Convém esclarecer que um dos princípios do acordo estabelecido entre o governo norte-americano e os Osage passava ser atribuído um tutor pelo Office de Assuntos Indígenas a todo aquele que fosse considerado incapaz ou incompetente para administrar os seus negócios. Esses tutores eram, regra geral, homens brancos que tinham o poder de controlar todas as questões relativas a finanças do tutoriado. O tutor de Anna e Lizzie eram um indivíduo chamado Scott Mathis e também este decidiu contratar detetives privados, que investigam os últimos dias de vida de Anna, nomeadamente entrevistando testemunhas e verificando os seus registos telefónicos. Deste modo, conseguem estabelecer que, na noite em que desapareceu, se encontrava em casa às 20 horas e 30 minutos, mas também chegam à conclusão que alguém pagou para o registo de chamadas da mulher ser alterado. No entanto, entre teorias e boatos que correm, os investigadores particulares nada mais descobrem de relevante e, assim, nove meses volvidos sobre os crimes, as investigações estão paradas e tudo aponta para que não sejam desvendados.

    Está a situação neste ponto quando chega o mês de fevereiro de 1922, que marca a ocorrência de nova morte, a de William Stepson, envenenado, seguida de duas outras de membros da tribo Osage. Em desespero, esta roga o auxílio de Barney McBride, um negociante de petróleo branco que havia casado com uma mulher Creek. O sujeito desloca-se a Washington DC no sentido de solicitar o auxílio das autoridades federais, porém o contacto com estas acaba por nunca se concretizar, visto que o seu corpo é encontrado em Maryland na manhã subsequente à sua chegada.

Resumo da 4.ª parte da 1.ª crónica: Reserva subterrânea


    Este capítulo assenta num recuo no tempo – analepse – para clarificar como os Osage se tornaram uma tribo rica e como vieram a habitar naquela zona do estado do Oklahoma. A narrativa recua até à época que assistiu à chegada dos colonos europeus à América do Norte, quando os Osage ocupavam um território que compreendia a área que se estendia entre o Missouri e o Kansas, incluindo as famosas Montanhas Rochosas. Quando os Estados Unidos adquiriram grande parte desse território aquando da compra do estado do Louisiana (31 de outubro de 1803) à França, os Osage foram forçados a renunciar às suas terras situadas entre os rios Arkansas e Missouri. Deste modo, quando Mollie nasceu, a tribo estava limitada a uma pequena parcela de terra localizada a sudeste do Kansas. Duas vezes por ano, os Osage mudavam de território para caçar búfalos, uma atividade que consideravam sagrada: cada parte do animal era reverenciada e cuidadosamente utilizada. Entretanto, o chamado homem branco norte-americano continuava a conquista do Oeste, invadindo terras de diversas tribos índias, incluindo a dos Osage. Alguns desses homens, mais cruéis e oportunistas, não se limitavam a invadir esses terrenos e a usurpá-los, pois também assassinavam as famílias que neles viviam, mesmo nos casos em que os nativos concordavam com a sua venda.

    Os Osage decidiram, então, comprar terras aos Cherokees, concretamente uma área aparentemente imprópria para cultivo, pensado que, assim, demoveriam os colonos brancos de a ambicionarem e ocuparem. Foi nessa área que Lizzie e Ne-kah-e-se-y se estabeleceram em 1974, após se terem casado, juntamente com outros membros da tribo, que assistia a um decréscimo dos seus membros a cada ano que passava. As suas circunstâncias de vida eram cada vez mais precárias, por um lado, porque a população de búfalos eram cada vez menor e, por outro, porque o governo norte-americano lhes pagava em rações, em vez de em espécie, o que levava a que passassem fome e outras privações. Vendo-se cada vez mais em situação insustentável, decidiram enviar uma delegação ao governo, que lhes fez algumas concessões, as quais, porém, não melhorou grandemente o estado de coisas. Nesse tempo, os Osage foram forçados também a enviar os seus filhos para a escola, onde aprenderam a língua e a cultura inglesa e norte-americana. Foi o caso de Mollie. Além disso, a esperança que os Osage depositavam no desinteresse dos brancos por aquele pedaço de terra intratável caiu também. Nada parecia parar os colonos.

    E assim chegamos à década de 1890, quando o governo dos EUA pressionou a tribo no sentido de aceitar a divisão das suas terras até então partilhadas em parcelas de propriedade individual, que seriam concedidas a cada membro da tribo. Os Osage não se fizeram rogados e compraram-nas, o que permitiu ao chefe multilingue da tribo, James Bigheart, bem como ao advogado John Palmer, um homem de ascendência simultaneamente Sioux e caucasiana, casado com uma mulher osage, adiar a distribuição e, deste modo, negociar termos mais favoráveis para o seu povo. Com efeito, conseguiram chegar a um acordo que lhes proporcionava direitos duradouros sobre tudo o que existe debaixo da terra, o que constitui um golpe de génio, até porque os negociadores do governo desconheciam que nela tinha sido descoberto petróleo. O referido acordo estipulava, entre outras coisas, que cada membro da tribo teria direitos de cabeça que não poderiam ser vendidos. Os Osage, inteligentemente, passaram a arrendar lotes a uma enchente de exploradores selvagens que se deslocavam para a zona em busca de fortuna rápida e fácil. Alguns deles alcançaram, de facto, a riqueza, mas muitos outros fracassaram. Os únicos que lucraram no seu todo foram os Osage.

Análise da 3.ª parte da crónica 1 de Assassinos da Lua das Flores


    Este capítulo da obra centra-se na figura de William Hale, um self-made man que, na prática, governa o condado de Osage. Graças ao casamento de Mollie Burkhart com o seu sobrinho, Ernest, é familiar de Mollie e promete ajudá-la na demanda de justiça para a irmã. No entanto, parece haver algo sinistro ligado à sua pessoa, como o epíteto por que é conhecido entre a população deixa adivinhar. A sua aparência sugere estarmos na presença de um homem benevolente, preocupado e atencioso com a comunidade, como se pode depreender pela pressão que exerce sobre as autoridades locais e, mais tarde, quando contrata detetives privados para investigar os assassinatos ocorridos. A sua determinação e energia demonstradas na busca e obtenção de sucesso, superando dificuldades e obstáculos, granjeiam-lhe respeito de todos, porém o seu trajeto de vida também mostra que se trata de alguém que não observa e respeita limites, como fica bem patente através da referida pressão exercida sobre diversas pessoas. Embora tal suceda por um bom motivo, não deixa de ser uma postura reveladora de prepotência e abuso de poder.

    Por outro lado, a figura de Mollie continua a merecer grande centralidade na narrativa. Neste capítulo, o leitor pode observá-la pela primeira vez em discurso direto quando responde no contexto do inquérito sobre a morte de Anna. Grann reproduz as palavras da personagem, constituindo a transcrição do inquérito um documento inestimável, dado que permite que ela fale por si mesma e revele uma mulher determinada, decidida, de personalidade bem vincada, que se expressa num inglês claro, mesmo que não perfeito. De toda a sua intervenção, ressalta o desejo intenso de obter justiça para a irmã.

    A Décima Oitava Emenda da Constituição norte-americana estabeleceu a chamada Lei Seca, tendo sido ratificado em 16 de janeiro de 1919 e entrado em vigor um ano depois, até à sua revogação em 1933. Os seus efeitos práticos foram frequentemente contraproducentes, se tivermos em conta os objetivos que presidiram à sua publicação. De facto, os contrabandistas responderam à sua entrada em vigor abrindo lojas e comercializando produtos que continham substâncias altamente venenosas. O comércio ilegal de álcool transformou-se num negócio extremamente lucrativo e perigoso, ou até moral, em simultâneo. Ou seja, se quem esteve por trás da Lei Seca cria que a sua publicação iria reduzir a taxa de criminalidade, na realidade sucedeu o oposto. É neste contexto que as colinas que rodeavam Osage adquirem grande importância, visto que constituíam um esconderijo extraordinário para pessoas em fuga à lei.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Resumo da 3.ª parte da 1.ª crónica: Rei das colinas Osage


    Os corpos de Anna e Charlie, baleados com uma arma de calibre .32, são descobertos quase em simultâneo, o que gera um grande sururu e uma enorme especulação. Mollie assume, de novo, alguma preponderância na história, dado que, como sabe falar inglês e é casada com um homem de pele branca, é ela quem dialoga com as autoridades em nome da sua família, as quais se mostram particularmente renitentes em investigar as mortes. Esta ausência de ação leva a família Burkhart a solicitar a William Hale, tio de Ernest, que se envolva, no sentido de levar as autoridades a agir. De facto, Hale é uma figura com grande preponderância no condado de Osage, por se tratar de um homem abastado e com grande influência na região, bem como um defensor do Estado de Direito. Chegara àquela região dos EUA há bastantes anos, sem passado conhecido, e trabalhara como vaqueiro conduzindo gado destinado a abate através das planícies, conseguindo poupar dinheiro suficiente para comprar um rebanho de gado, para, no entanto, tudo perder pouco depois. No entanto, este fracasso, em vez de o desanimar e abater, tornou-se o combustível da sua grande ambição em busca de sucesso e riqueza. De facto, logo recomeça a sua demanda de riqueza e acaba por fazer fortuna dedicando-se à indústria pecuária. A conquista de riqueza faz com que ponha de lado a asua tradicional imagem de homem rude: muda a sua forma de vestir, começando a envergar roupa mais adequado ao seu novo estatuto socioeconómico, casa-se com uma professora e é pai de uma rapariga. A narrativa não deixa dúvidas: Hale mudou a sua vida graças ao facto de trabalhar mais e melhor do que os outros e sendo mais inteligente e astuto do que os rivais. Assim, acumula riqueza e, em simultâneo, poder e influência, não só apenas graças ao seu dinheiro, mas também a gestos em prol da comunidade, como por exemplo, a construção de um hospital e de escolas, que lhe granjeiam a imagem de um benfeitor excecional e amigo especial junto da tribo osage. Tudo isto faz com que seja reverenciado como um rei, homenageado com a nomeação honorária como vice-rei e assuma o título de reverendo. Deste modo, promete ajudar Mollie a obter justiça para a sua irmã, algo em que esta acredita piamente, graças à relação próxima com Ernest e a sua amizade com Anna.

    É aberto um inquérito formal sobre a sua morte, no qual a irmã Mollie testemunha, ansiosa por fornecer qualquer informação que possa contribuir para identificar o assassino da mana. Após a conclusão da inquirição e por ter sido a última pessoa a ver Anna viva, Bryan Burkhart é detido, juntamente com o seu irmão Ernest, todavia ambos são libertados pouco depois por inexistência de provas suficientes do seu envolvimento que permitissem a manutenção da sua detenção. Em Osage, muitos acreditam que os assassinos serão pessoas de fora, visto que a Lei Seca, que fora imposta no início de 1920, tinha criado um ambiente de desrespeito pela lei na região, enquanto outros apontam para o ex-marido de Anna, Oda Brown, que procura, sem sucesso, anular o testamento da defunta por esta não lhe ter deixado nada. Um falsificador do Kansas entra também em cena e entra em contacto com o xerife Freas para lhe comunicar que Brown lhe pagou para assassinar Anna, porém, como, mais uma vez, não existem quaisquer provas da sua narrativa, tanto ele como Brown são postos em liberdade.

    Perante este quadro, Hale pressiona as autoridades locais, que decidem desenterrar Anna para procurar e analisar a bala que a matou. Todos estes acontecimentos, nomeadamente toda a gama de sentimentos despertada pela morte da filha, levam à morte de Lizzie uns curtos dois meses após a daquela. Bill Smith desconfia, contudo, considera o passamento de Lizzie suspeito e começa a investigar por sua iniciativa, concluindo que foi envenenada. Perante isto, convence-se de que todas as mortes recentes – concretamente as de Anna, Lizzie e Charles Whitehorn – estão interligadas entre si e relacionadas com as vastas reservas de petróleo que a tribo osage controla.

Resumo da 2.ª parte da 1.ª crónica: Um ato de Deus ou do homem?


    A localização remota do condado de Osage significa que a aplicação da lei e as investigações criminais estão entregues a amadores locais, o que está longe de garantir qualquer espécie de fiabilidade ou eficácia. James e David Shoun, médicos brancos locais, realizam a autópsia de Anna. Os Shouns determinam que a mulher morreu entre cinco a sete dias e que a causa da morte é um ferimento de bala que ostenta na cabeça. Um agente da polícia procura a bala calibre 32 desaparecida e, embora não a encontre, descobre uma garrafa de aguardente e algumas marcas de pneus na área onde o corpo foi descoberto.

    Lizzie fica arrasada com a morte de Anna e sua saúde piora enquanto ela se pergunta se Wah'Kon-Tah (a força vital que cerca tudo e todos no sistema de crenças Osage) não tem mais o apoio da sua família. Mollie planeia o funeral da irmã, que combina tradições osage e católicas. As exéquias têm um preço exorbitante e claramente inflacionado, nomeadamente o caixão, o embalsamento e as flores. No momento do sepultamento, são entoados hinos e cânticos Osage, embora o estado do corpo de Anna não permita que que alguns rituais Osage possam ser realizados.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Análise da 1.ª e 2.ª partes da crónica 1 de Assassinos da Lua das Flores


    Grann dá início à sua obra com duas histórias de perda, uma de caráter pessoal e outra de natureza comunitária, o que signifique que a intenção do escritor passar por associar o desaparecimento de Anna Brown com a vida tensa do seu povo, os Osage, uma tribo nativa norte-americana, cujas terras tradicionais incluem as que, atualmente, formam os estados do Missouri, Oklahoma, Arkansas e Kansas. A sensação com que se fica desde o início é que nem Anna nem o seu povo estão onde pertencem. Ao detalhar o contexto da morte de Anna, o registo narrativo muda, indo dos acontecimentos de uma única família até aos julgamentos da nação Osage. Ambas as histórias precisam de ser contadas, sugere o livro, e só podem ser totalmente compreendidas quando narradas em conjunto.

    Convém nunca esquecer que o livro não é uma obra de ficção, mas a primeira secção por vezes lembra a estrutura romanesca. Grann relata eventos históricos e retrata atores, mas dá vida robusta às personagens, imaginando os seus sentimentos e reações, chegando até a recriar os seus supostos diálogos. Quer isto dizer que o autor pede emprestadas à ficção algumas das suas técnicas narrativas características, no sentido de preencher algumas lacunas que se verificam e que se relacionam com o facto de estarmos na presença de um registo histórico que, ocasionalmente, é parcial e com os imperativos típicos de uma narrativa longa. Caso contrário, estaríamos perante um texto árido, uma espécie de relatório descritivo de um acontecimento brutal e trágico.

    Nestas duas primeiras partes, o palco pertence quase por exclusivo a Mollie e são as suas experiências, emoções e ações que dominam o texto. Assim sendo, não é de estranhar que o leitor não veja Anna na vala onde foi entrada, pois tem apenas acesso ao conhecimento de Mollie dos acontecimentos: a organização da festa, o crescer da ansiedade decorrente do desaparecimento da irmã, etc.

    Mollie é uma mulher que vive entre culturas. Criada de acordo com as tradições dos Osage à medida que aumentava a pressão de relocalização e assimilação, Mollie casou-se, no entanto, com um homem branco e vive, graças à grande riqueza da tribo, ao estilo americano. Apesar de ter de suportar o preconceito e o racismo expelidos pela família e conhecidos do marido, a sua existência é, ainda assim, privilegiada, graças à riqueza obtida pela tribo a que pertence após a descoberta de petróleo. O abismo que existe entre os dois «povos» e respetivas culturas fica bem evidente aquando do funeral de Anna: os ritos católicos (a missa na igreja, presidida por um padre, e a lápide com uma frase cristã depositada no seu túmulo) coabitam com as tradições osage (entoar de orações osage dirigidas a Wah’Kon-Tah). O sepultamento ocorre ao meio-dia, para coincidir com o momento de ápice do Sol, no entanto, como referido anteriormente, o estado avançado de decomposição do corpo impediu a realização de todos os rituais osage.

Resumo da 1.ª parte da 1.ª crónica: A mulher desaparecida


    A ação tem início em 24 de maio de 1921, quando Mollie Burkhart, uma mulher da tribo osage, fica cada vez mais preocupada com a ausência prolongada de sua irmã mais velha. A preocupação acentua-se pelo facto de Minnie, a outra irmã, ter morrido quase três anos antes. O capítulo traça um quadro geral da história recente dos Osage. A tribo foi forçada a deixar suas terras tradicionais no Kansas na década de 1870 e reinstalou-se no nordeste do estado de Oklahoma. Este novo território parecia indesejável, mas, quando descobriram petróleo na zona, todos os membros da tribo enriqueceram. No início da década de 1920, os Osage eram as pessoas mais ricas do mundo per capita, o que causou a inveja dos homens brancos.

    Mollie trabalho de essas diferenças culturais serem superadas, desde logo porque ela é um exemplo de uma certa miscigenação cultural, dado que se, por um lado, usa o cabelo tradicional da tribo e se enrola em um cobertor, por outro, é casada com um homem branco, Ernest Burkhart. Este veio do Texas para a região, para fazer fortuna. Quando Mollie se apaixonou por ele, o homem alcançou esse objetivo. Embora Mollie tenha sentido alguma pressão para se casar de acordo com a tradição Osage, seguiu a sua vontade e desposou Ernest em 1917. Desse matrimónio resultaram dois filhos. A mãe de Mollie, Lizzie, morava com os Burkharts. No dia em que Anna desaparece, Mollie prepara-se para dar uma festa. Quando chega a casa, depara com a irmã alcoolizada, o que a irrita, pois os convidados incluem alguns parentes racistas de Ernest que estão sempre à procura de formas de rebaixar Mollie. Mesmo assim, esta entende que Anna está aborrecida com o seu recente divórcio de Oda Brown e, talvez por isso, flerta com o irmão de Ernest, Bryan, tornando-se cada vez mais conflituosa à medida que bebe. Bryan oferece-se para levar Anna a casa e esta é a última vez que Mollie vê a irmã viva.

    Dias depois, Ernest desloca-se a casa de Anna para conferir o seu estado, porém não a encontra na habitação. Pela localidade circulam notícias de que outro osage, Charles Whitehorn, também está desaparecido desde 14 de maio. Cerca de uma semana após o desaparecimento de Anna, um trabalhador do petróleo encontra o corpo de Whitehorn tão decomposto que só alguns papéis que encontram nos seus bolsos permitem o seu reconhecimento. Na mesma época, noutro ponto do território, um homem e o seu filho encontram o corpo de uma mulher à beira de um riacho. Mollie e a sua irmã, Rita, identificam-no como sendo o de Anna, graças ao cobertor enrolado nele.

Análise sumária da ação de Assassinos da Lua das Flores


    Ao longo da década de 1920, membros da nação Osage morreram a uma taxa muito superior à média nacional. Alguns foram obviamente assassinados, enquanto outros morreram em circunstâncias suspeitas devido a doenças debilitantes cuja causa foi impossível de determinar. Na época, a história das mortes misteriosas foi notícia nacional nos Estados Unidos, porém, à medida que o tempo foi passando, o caso foi caindo no esquecimento geral.

    Na sua narrativa, o autor estabelece um contraste gritante entre a imagem idealizada que os norte-americanos construíram sobre si próprios – por exemplo, a mitologia em torno da fronteira, o sonho americano, o indivíduo que se faz a si próprio – e a realidade concerta que, muitas vezes, esses mitos encobrem ou diminuem.

    A obra está dividida em três partes que combinam a história dos nativos osage, a situação dos Estados Unidos no início da década de 20 do século XX, a história dos detetives privados e a formação do departamento federam de investigação norte-americano. O traçar deste panorama por parte de Grann possibilita ao leitor contemporâneo ficar a conhecer a justiça como ela se exercia no país no início do século passado. Por outro lado, os factos narrados estão escorados pela investigação do autor, que consultou arquivos vários, oc qeu lhe permitiu desenterrar factos desconhecidos, procurando construir uma imagem tanto quanto possível fidedigna do que se passou na época e retratar o que os Estados Unidos foram e são. Além disso, a narrativa permite também fazer algo que é caro a variadíssimos povos: celebrar heróis, como Mollie Burkhar ou Tom White, e denunciar vilões, como William Hale.

    A segunda parte da obra retrata o desenvolvimento da investigação do caso dos nativos osage e a formação do FBI a partir da já existente agência conhecida como Bureau of Investigation. Este segundo fio narrativo é importante a dois níveis. Em primeiro lugar, as discussões acerca da mudança dos métodos de investigação ou a forma como a aplicação da lei e da justiça mudou radicalmente fomentam a atração para a leitura do livro de leitores que, de outra forma, talvez não o fizessem, isto é, se se tratasse de uma «simples» história sobre a história de uma tribo de nativos norte-americanos. Por outro lado, Grann enquadra os assassinatos dos osage no contexto nacional, visto que são precisamente esses crimes que J. Edgar Hoover utiliza como pretexto para desenvolver um departamento de investigação nos moldes que desejava. Em segundo lugar, o autor estabelece um paralelo subtil, mas muito significativo, entre as figuras de Hoover e William Hale. A base para esse paralelo reside no facto de ambos se deixarem corromper pelo poder e de supervisionarem extensas redes de influência. Esse cotejo demonstra que a corrupção está presente em qualquer lugar, seja numa localidade pequena como Osage ou num grande centro urbano como Washington, a capital da nação. Neste sentido, podemos inferir que, não obstante a história em torno dos osage ser terrível, não pode ser compreendida como excecional no tempo e no lugar, visto que casos análogos surgem em diversos pontos, sempre que as pessoas exercem o poder sem controle.

    Ao longo do texto, o seu autor promove várias a intertextualidade, seja por meio de referências a romances ou obras históricas, seja pela inserção na narração de citações de manchetes de jornais ou revistas da época em que os acontecimentos tiveram lugar. Por outro lado, dado que estamos na presença de uma obra de não ficção literária, a mesma contém diferentes registos. Por exemplo, quando o assunto gira em torno da investigação feita por White (segunda parte do livro), Grann baseia a narrativa nos relatórios e transcrições de entrevistas que os agentes fizeram e registaram na época. Esta metodologia estabelece uma ponte entre a busca de precisão e rigor por parte do líder da investigação e a omnisciência do narrador nesta parte do texto. Por seu turno, na primeira secção, quando o autor descreve os sentimentos de Mollie, que em grande medida têm de ser deduzidos a partir da pouca informação conhecida, o estilo adotado na narração é o típico da não-ficção narrativa, o qual permite a pintura de um quadro vibrante da vida dos osage, nomeadamente do terror a que são sujeitos e do desamparo em que se veem imersos após o início dos assassinatos. Para conseguir esse desiderato, Grann segue o modelo das obras de mistério: estabelece o problema – os assassinatos – e atrasa a resolução dos mesmos até ao final da segunda parte do texto. Quando chega à parte final, a pessoa narrativa muda da terceira para a primeira pessoa, fazendo uso da sua própria investigação em busca de informação no sentido de conferir à narrativa entusiasmo e sentido de urgência. Nesta fase da obra, o leitor interioriza que algumas das questões ficam sem solução, o que permite concluir que a questão da aplicação da justiça se mantenha igualmente em aberto. Procurando unificar os acontecimentos narrados e os temas abordados, o autor designa cada parte do seu livro de «crónica», uma terminologia que enfatiza a importância narrativa da obra e dos factos ocorridos.

    Um dos temas mais significativos da obra é uma questão que atravessa os tempos e parece não ser solucionável. Referimo-nos ao problema do preconceito racial, concretamente o que vitima os nativos americanos às mãos dos colonos brancos, numa fase inicial, e, mais tarde, dos norte-americanos. Na segunda seção do texto, John Ramsey é citado como tendo dito que os duzentos anos que correspondem à independência dos EUA não alteraram o modo como os homens brancos olham para os seus congéneres indígenas. O cinema norte-americano não se cansou de retratar o problema, por exemplo, nos incontáveis westerns que foram produzidos nas décadas de 40, 50 ou 60 do século passado e que colocavam, a par, o lado heroico da colonização do Oeste e a trágica epopeia das tribos índias, assassinadas em verdadeiros massacres ou remetidas para reservas indignas que constituíam verdadeiras prisões do corpo e do espírito. De forma simples, a obra de Grann sugere que era tão fácil assassinar um nativo americano em 1920 como o fora duzentos anos antes, ou seja, o preconceito está tão profundamente enraizado na história do país que continua a fazer-se sentir no presente. Confirmando esta hipótese, se é verdade que a terceira parte do livro não contém qualquer assassinato, o autor informa que a comunidade osage apenas em 2011 obteve justiça por parte do governo norte-americano no que se refere aos abusos e crimes a que foi sujeita cerca de um século antes.

    Estes dados permitem concluir também que existe uma continuidade entre o passado narrador e o presente, tanto no que concerne à injustiça racial, ao preconceito e à forma como os traumas desse passado continuam a interferir e a moldar a vida da comunidade tribal na atualidade. Uma fotografia de William Hale foi recortada de outra da década de 1920, não porque os osage queiram esquecer o que se passou, mas porque o passado ainda é demasiado presente e se faz sentir de forma aguda e o ódio racial permanece como um fato que perturba a relação entre passado, presente e futuro de forma destrutiva. A mensagem final passa por procurar chamar a atenção para a necessidade de a sociedade norte-americana ser, de facto, inclusiva, aceitando e integrando os variadíssimos tipos de pessoas que a constituem.

domingo, 21 de janeiro de 2024

Resumo da ação de Assassinos da Lua das Flores

    Assassinos da Lua das Flores narra a história da tribo osage em três partes.

    Nos anos 1920, a população mais rica per capita não era a parisiense ou a nova-iorquina, mas a dos índios osage, no Oklahoma, EUA, graças à descoberta de uma imensa jazida de petróleo debaixo da terra que lhes fora designada quando deslocados do seu território original. Os cerca de 2000 osage recebiam uma percentagem dos lucros das companhias petrolíferas. A tribo, cuja riqueza foi largamente reportada em revistas e jornais, desafiava todos os estereótipos relacionados com os americanos nativos: andavam de Cadillac com motorista, construíam mansões e mandavam os seus filhos estudar na Europa.

    Então, misteriosamente, os osage começaram a ser assassinados: alguns, envenenados, outros, mortos a tiro ou espancados. De um momento para o outro, passaram a ser, em simultâneo, a comunidade mais rica e com o maior índice de assassínios do planeta. Muitos dos que tentaram investigar estes crimes encontraram um destino semelhante: foram mortos a tiro, estrangulados, tendo um advogado sido mesmo atirado de um comboio em andamento.

    Desesperados, os osage viraram-se então para o Bureau de Investigação (BI) que tinha sido acabado de criar, e o seu caso – um dos muitos, mas cheio de ramificações – tornou-se o primeiro grande caso de homicídios do FBI. Porém, o dinheiro do petróleo estava infiltrado no próprio FBI e até na Casa Branca.

    A primeira parte da obra detalha os acontecimentos à medida que se desenrolavam durante a década de 1920, localizando as mortes de mais de vinte e quatro membros da nação osage no contexto da época. A primeira seção centra-se numa mulher osage chamada Mollie Burkhart, que perde a maior parte da sua família durante o período que ficou conhecido como o Reinado do Terror. A segunda secção foca-se na investigação dos assassinatos por parte do governo dos EUA, a qual é liderada pelo agente Tom White, do emergente Bureau of Investigation. A equipa de agentes que ele dirige consegue solucionar alguns dos assassinatos, e a secção acompanha os seus esforços para apurar os factos e levar os perpetradores à justiça. Na sua secção final, o livro avança para o século XXI enquanto o autor investiga crimes que não foram resolvidos quase um século antes, trabalhando para esclarecer os crimes e trazer paz às famílias osage que ainda sofrem com as suas perdas.

    No meio das várias mortes ocorridas, os falecimentos da mãe, das irmãs e do cunhado de Mollie Burkhart constituem o objeto da primeira parte. Em 1921, Anna Brown, irmã mais velha de Mollie, é baleada dentro de um carro, após ter sido levada para casa depois de uma reunião na casa da mana. Pouco tempo depois, outros membros da família encontram igualmente a morte: Lizzie, a mãe de Mollie, definha repentinamente, enquanto Rita, outra irmã, e o seu marido Bill Smith são mortos quando a casa onde vivem explode. A terceira irmã de Mollie, Minnie, também faleceu abruptamente de uma doença desconhecida antes do início da ação relatada no livro. Apoiada pelo marido Ernest, Mollie promete descobrir o que está a acontecer à sua família. Esta passagem da obra torna clara a forma como a aplicação da Lei na área rural do estado de Oklahoma durante a década de 1920 é extremamente deficiente. Por exemplo, a investigação das mortes fica a cargo de amadores ou de detetives contratados. Por outro lado, a corrupção no condado e que se espraia pelo sistema de Justiça do estado impede a investigação.

    William Hale, tio de Ernest e um importante empresário local, oferece apoio à investigação. Deste modo, contrata detetives a expensas pessoais detetives com o único objetivo de descobrir a verdade e fazer justiça. A expansão da nação norte-americana para oeste despojara sistematicamente os osage e outros povos indígenas do seu território e das condições básicas necessárias para sustentar o seu modo de vida tradicional. Assim, os osage acabaram por comprar um pequeno lote de terras rochosas imprestáveis no Oklahoma. A sua sorte madrasta muda aparentemente quando é descoberto petróleo nas terras que tinham adquirido. Ao arrendar as suas terras aos pesquisadores de petróleo, os membros da tribo tornaram-se as pessoas mais ricas do mundo no início do século XX, considerando o seu rendimento per capita. Porém, em simultâneo, essa riqueza faz deles alvo perfeito para a ganância e o crime: vinte e quatro pessoas morrem num período de tempo que ficou conhecido como Reinado do Terror. Ninguém consegue explicar as mortes e muito menos descobrir o que se passou, pelo que representantes dos osage deslocam-se a Washington, com o intuito de dirigir uma petição ao governo federal.

    A segunda parte debruça-se sobre a atuação do Bureau of Investigation, de J. Edgar Hoover, seu diretor, e de Tom White, o agente que o primeiro incumbe de investigar e solucionar o crime, numa fase em que o Bureau se vê abalado por escândalos e por uma péssima reputação. Neste contexto, Hoover espera que a resolução dos assassinatos dos osage contribua fortemente para reparar a sua imagem. Embora White, um ex-ranger do Texas, não corresponda ao modelo de agente que Hoover pretende para o Bureau moderno que ambiciona construir, a sua integridade e o seu conhecimento daquela área do país tornam-no a pessoal adequada para liderar a investigação. Acresce o facto de White ser originário de uma família texana de homens da lei e se sentir confortável com uma arma na mão, apesar de preferir não a usar. Deste modo, o agente forma uma força-tarefa constituída por agentes secretos e dá o sinal de partida para a investigação.

    Deste modo, procura separar cuidadosamente os factos da ficção, construindo lentamente a perceção da existência de uma conspiração no seio do condado de Osage, no centro da qual moram William Hale e os seus sobrinhos, Ernest e Bryan, acolitados por vários outros cidadãos caucasianos importantes, incluindo médicos e comerciantes locais. Reunidas as provas, procura levar Hale a julgamento, mas há forças poderosas que se interpõem no seu caminho, como o racismo ou a influência do réu. A promotoria tenta, sem sucesso, levar o caso ao tribunal federal, quando o primeiro julgamento termina num empate do júri. No entanto, o governo insiste e, desta vez, Ernest Burkhart, provavelmente movido pela morte da sua filha mais nova, Anna, declara-se culpado da sua participação nos crimes e testemunha contra Hale e Ramsey, o braço direito deste, que são considerados culpados e condenados a prisão perpétua. A esposa de Burkhart, que o apoiara ao longo de todo o processo, após a condenação divorcia-se dele e conquista o direito a conduzir a sua própria existência. Com o caso aparentemente resolvido, White abandona o Bureau e torna-se diretor da prisão de Leavenworth, onde supervisiona o encarceramento de Hale e Ramsey durante algum tempo, até se ver forçado a mudar para outra penitenciária depois de ter sido ferido durante uma tentativa de fuga.

    Depois de colaborar com os descendentes das vítimas, David Grann apercebe-se de o número de mortos durante o Reinado do Terror é, com certeza, muito superior à contagem oficial e que os crimes começaram antes da década de 1920 e se prolongaram até à seguinte, portanto depois da prisão de William Hale em 1926. Depois de analisar os registos e os arquivos da investigação, Graan conclui que os padrões de moralidade em Osage na época em questão superam largamente a média nacional, o que significa que a conspiração extravasou a teia tecida por Hale. O escritor crê que poderá decifrar o que aconteceu a algumas vítimas, porém não consegue reunir provas que iluminem o que sucedeu a algumas delas. A obra termina com Grann a prometer a mais uma pessoa que irá tentar solucionar um mistério que moldou a sua vida, citando o Livro do Génesis.

Obras de David Grann

    A sua primeira obra, intitulada A Cidade Perdida de Z, foi publicada em fevereiro de 2009 e conta a aventura de Percy Fawcett, que, em 1925, se embrenhou na Amazónia em busca da antiga cidade perdida de Z. Durante séculos, os europeus acreditaram que a maior selva do mundo descondia um reino esplendoroso, o Eldorado. Milhares de pessoas, ao longo dos tempos, partiram à sua descoberta e pagaram com a vida a ousadia. Enquanto isso, vários cientistas começaram a questionar a sua existência e a olhar para a Amazónia como uma armadilha mortífera que jamais poderia esconder a existência de uma sociedade complexa. No entanto, Fawcett, cujas expedições aventurosas serviram de inspiração a Arthur Conan Doyle para escrever O Mundo Perdido, após anos de aturada investigação, partiu, juntamente com o seu filho de 21 anos, para a selva amazónica, determinado a provar que essa antiga civilização – que apelidou de «Z» Genéricos – existia. Nela mergulhou e desapareceu. Ao encontrar casualmente uma valiosa coleção de diários, David Graan foi tentado a desvendar «o maior mistério de investigação do século XX»: o que terá acontecido a Percy Fawcett e à sua demanda pela Cidade Perdida de Z.

    Em 2010, publicou The Devil and Sherlock Holmes: Tales of Murder, Madness, and Obsession, um conjunto de 12 artigos (ensaios), publicados anteriormente entre 2000 e 2009 no The New Yorker, na The New York Times Magazine, no The New Republic e no The Atlantic, após terem sido objeto de revisão e atualização, e que se debruçam sobre mistérios da vida real.

    Em 2014, publicou Assassinos da Lua das Flores, uma obra que se debruça sobre a trigo Osage e os misteriosos assassinatos que se abatem sobre ela. Para adensar o mistério, vários investigadores desses crimes foram igualmente assassinados. Em desespero, a tribo procura o FBI, mas o dinheiro do petróleo e as ligações à Casa Branca vão interferir no decurso dos acontecimentos.

    Em 2018, deu à estampa The Wager: A Tale of Shipwreck, Mutiny and Murder, o quinto livro de não ficção de David Grann, que se debruça sobre a história do HMS Wager Mutiny, um navio da Marinha Real de sexta categoria, de cordame quadrado, com 28 canhões, construído como um East Indiaman por volta de 1734 e que fez duas viagens à Índia para a Companhia das Índias Orientais antes que a Marinha Real o comprasse em 1739. A embarcação fazia parte de um esquadrão comandado pelo Comodoro George Anson e naufragou na costa sul do Chile em 14 de maio de 1741. O naufrágio do Wager tornou-se famoso pelas aventuras subsequentes dos sobreviventes que se encontraram abandonados na desolada Ilha Wager no meio de um inverno patagónico e, em particular, por causa do Motim Wager que se seguiu.

    Em 2023, publicou A Escuridão Branca, um livro sobre Henry Worsley (1960-2016), um homem que, durante toda a sua vida, idolatrou Ernest Shackleton, o explorador que tentou ser o primeiro a atingir sozinho o Polo Sul, mas que nunca completou a empreitada. Worsley vivia fascinado com essas expedições e acreditava que as poderia completar com bastante estudo e treino, de forma a evitar os erros cometidos anteriormente. Em 2008, fez a primeira viagem, acompanhado por um descendente de Shackleton e pelo bisneto do seu homem de confiança. Depois de regressar a casa, quis voltar à Antártida, agora para a cruzar em solitário.

Biografia de David Grann

    
David Grann nasceu a 18 de março de 1967. É filho de Phyllis E. Grann, ex-CEO da Putnam Penguin e a primeira CEO de uma grande editora, e Victor Grann, oncologista e diretor do Bennett Cancer Center em Stamford, Connecticut, que foram pais também de outros dois filhos: Edward e Alison.
    Obteve um bacharelato na área da política no Connecticut College em 1989. Posteriormente, ainda na faculdade, Grann recebeu uma bolsa Thomas J. Watson e dirigiu investigações no México, onde iniciou a sua carreira como jornalista independente. Mais tarde, em 1993, obteve o mestrado em Relações Internacionais na Fletcher School of Law and Diplomacy da Tufts University. Nessa época, já demonstrava grande interesse pela escrita ficcional e sonhava em prosseguir uma carreira como romancista.
    Em 1994, foi contratado como redator do The Hill, um jornal com sede em Washington, DC, que cobre o Congresso dos Estados Unidos. No mesmo ano, Grann obteve o título de mestre em escrita criativa pela Universidade de Boston, onde ministrou cursos de escrita criativa e ficção. Mais tarde, foi nomeado editor executivo do The Hill em 1995. Um ano depois, tornou-se editor sénior do The New Republic. Ingressou na revista The New Yorker em 2003 como redator da equipe e foi finalista do Prémio Michael Kelly em 2005.
    Em 2009, foi galardoado com o Prémio George Polk e o Prémio Sigma Delta Chi pelo seu artigo da New Yorker "Trial By Fire ", sobre Cameron Todd Willingham. Noutro artigo de caráter investigativo publicado na New Yorker, intitulado "The Mark of a Masterpiece", levantou questões sobre os métodos de Peter Paul Biro, que afirmava usar impressões digitais para ajudar a autenticar obras-primas perdidas. Biro processou-o e à revista por difamação, mas o caso foi arquivado sumariamente. O artigo acabou por ser finalista do Prémio Revista Nacional de 2010.
    Atualmente, é casado, tem dois filhos e mora em Nova Iorque.

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