Português: Amor de Perdição
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domingo, 22 de janeiro de 2023

Biografia de Camilo Castelo Branco


 
Camilo Castelo Branco foi um dos escritores mais prolíficos da segunda fase do Romantismo português e a sua obra é a mais vasta e diversificada de todo o século XIX. Ele foi poeta, panfletário, prefaciador, tradutor, crítico, polemista, romancistas, dramaturgo, bibliógrafo, historiador, cultor de todos os géneros. A sua intensa atividade literária justifica-se pelo facto de Camilo ser um escritor profissional, isto é, viver daquilo que publicava.
 
Camilo Castelo Branco foi uma figura ímpar do Romantismo em Portugal, nomeadamente da segunda geração romântica, cujas vida e obra se entrelaçaram de forma muito intensa.
 
A existência do escritor foi uma vida de amor e de perdição: uma vida repleta de amores vários, mas também de sofrimento, dor e morte. No fundo, estamos na presença de uma novela ou de um romance tipicamente românticos.
 
As principais circunstâncias biográficas que o caracterizam podem sintetizar-se da seguinte forma:

 

bastardia: Camilo é um filho bastardo – a sua mãe era criada do seu pai;

 

orfandade: a mãe morre antes de Camilo completar dois anos, e o pai quando ele tem dez, por isso vai viver para casa de uma tia paterna, em Vila Real;

 

educação religiosa: em determinado momento, Camilo passa a viver em Vilarinho de Samardã, em casa de uma irmã mais velha, onde recebe uma educação religiosa e literária, ensinado por um padre;

 

aventuras sentimentais:

em 1841, casa, pela primeira vez, com Joaquina Pereira de França, uma camponesa de quem tem uma filha, mas abandona-as pouco tempo depois;

em 1846, rapta Patrícia Emília e por essa razão é preso na Cadeia da Relação do Porto, mas acaba igualmente por abandonar essa mulher e a filha que dela tivera;

a permanência no Porto, a partir de 1848, acentua a sua inconstância amorosa: envolve-se com uma freira, mantém uma paixão simultânea por duas senhoras, vive em mancebia com uma costureira;

conhece Ana Plácido, casada com um rico comerciante brasileiro, Manuel Pinheiro Alves: a partir de 1850, a paixão por essa mulher domina a vida sentimental do escritor, levando-o a cometer vários atos desregrados por causa desse amor – entra no seminário do Porto, como forma de aniquilar a paixão, rapta Ana Plácido e foge, entra na Cadeia da Relação do Porto (Camilo e Ana Plácido são acusados de adultério). Absolvidos e libertos em 1861, não mais se separam e acabam mesmo por casar em 1888 (o marido de Ana Plácido falecera em 1863). Têm três filhos;

 

vida boémia e turbulenta: no Porto, o escritor leva uma vida agitada. Por causa de amores, por questões jornalísticas (Camilo colabora em vários jornais) ou por outros motivos, Camilo envolve-se em polémicas, em rixas e desacatos;

 

convívio com a paisagem física e humana das províncias do Norte: a vida do escritor decorre praticamente toda no Norte do país (à exceção de curtos períodos na capital) – primeiro, em Vila Real e em Samardã, depois em Friúme, sempre em casa de familiares; entre 1844-45, reside na cidade do Porto, onde frequenta, sem sucesso, o curso de Medicina; posteriormente, desloca-se para Coimbra para cursar Direito (o que acaba por não acontecer); a partir de 1864, Camilo e Ana Plácido vivem em São Miguel de Seide, uma existência marcada pelo isolamento, pela doença e por vários dramas (morte do primeiro filho, loucura do filho Jorge, comportamento desregrado do filho Nuno; Camilo arquiteta, inclusive, o rapto de uma jovem para casar com esta o seu último filho);

 

conhecimento íntimo do meio portuense: as largas temporadas que passa no Porto dão ao escritor uma visão profunda e realista da sociedade portuense e dos seus diferentes elementos;

 

pobreza e doença: os seus últimos anos de vida são marcados por dificuldades económicas (Camilo chega mesmo a vender parte da sua biblioteca em leilão) e pelo avanço da cegueira, doença que já lhe havia sido detetada anos antes;

 

profissionalismo: Camilo vive exclusivamente do que escreve, o que faz com que seja um verdadeiro profissional das Letras. Assim se explica o seu ritmo febril de produção, bem como a extensa obra literária que nos legou: 173 títulos, não contando traduções, prefácios e outros textos dessa natureza.

 
1825 (ou 1826) – Nasce em Lisboa, na Rua da Rosa, no seio de uma família da pequena burguesia de raízes transmontanas, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, a 16 de março, filho natural de Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco e de Jacinta Rosa, criada do próprio Manuel. A 14 de abril é batizado na Igreja dos Mártires. Não obstante, o escritor sempre se apresentou e contou os anos da sua vida e dos acontecimentos que nela o marcaram como tendo nascido em 1826, algo que era reconhecido pelos seus contemporâneos. De facto, na sua certidão de óbito, ocorrido a 1 de junho de 1890, regista-se a idade de 64 anos.
 
1827 (6 de fevereiro) – Morre a mãe.
 
1835 (22 de dezembro) – Morre o pai. Acompanhado pela irmã Carolina, mais velha, vai viver para Vila Real, para casa de uma tia paterna (Rita Emília). Nestes anos, frequenta, em Lisboa, a escola do mestre Minas Júnior, onde, entre outros, tem como colega o futuro Conde de Ouguela.
 
1839-1840 – Vai habitar em Vilarinho de Samardã com a irmã, que ali casa com um estudante de medicina, com cujo irmão, o Padre António José de Azevedo, convive e que o inicia na leitura dos clássicos e o ajuda a desenvolver o seu gosto pelas humanidades e pela escrita.
 
1841 – Em agosto, casa-se com Joaquina Pereira de França, de 14 anos, em Friúme, aldeia do concelho de Ribeira de Pena, onde passa a viver e trabalha como escrevente num tabelião. Com ela, tem uma filha, logo abandonando as duas. Entretanto, perde parte da herança paterna.
 
1843 – Regressa a Vilarinho da Samardã. Morrem a mulher e a filha de ambos pouco tempo depois. Em outubro, no Porto, faz exames em disciplinas de Humanidades e inscreve-se na Escola Médica, que frequenta até 1845, e na Academia Politécnica do Porto, mas não chega a concluir os estudos.
 
1844 – Começa a viver a vida literária e boémia (“do espírito”) portuenses e estreia-se como jornalista. Começa a publicar artigos em periódicos do Porto (“O Nacional”, “O Eco Popular”, “O Jornal do Porto”, “A Semana”, “O Portugal”, “O Portuense”, “O Mundo Elegante”, “O Porto e a Carta”, “O Clamor Público”, “Gazeta Literária do Porto”), atividade que continuará intensamente nos anos seguintes e que exercerá até ao final da vida. Escreve e publica poemas, assinando, a princípio, com as iniciais C. C. B. Além disso, usa diversos pseudónimos, entre eles os seguintes: Um Académico Conimbricense, Anastácio das Lombrigas, Anacleto dos Coentros, O Antigo Juiz das Almas de Campanhã, José Mendes Enxúndia, Rosário dos Cogumelos, A. E. Y. O. U. Y., Manuel Coco, João Júnior, Barão de Gregório.
 
1845 – Publica Os Pundonores Desagravados, poema heroico burlesco.

1846 – Rapta Patrícia Emília e por essa razão dá entrada na cadeia da Relação do Porto. Eventualmente, abandona-a também e a filha que dela tivera algum tempo depois. Na sequência da revolta da Maria da Fonte, terá combatido nas hostes de D. Miguel, o que lhe vale a nomeação para amanuense do Governo Civil em Vila Real, mas foge da cidade depois de ter publicado, no jornal “O Nacional”, duas cartas contra o governador civil. Vai viver sozinho para o Porto. Inscreve-se em Direito, em Coimbra, mas não conclui o curso.
 
1847 – Publica o drama histórico Agostinho de Ceuta.

1848 – Falece a filha que tivera com Joaquina Pereira e nasce-lhe outra, Bernardina Amélia, que tem com Patrícia Emília. Instala-se no Porto, onde vai viver permanentemente, até mudar, em 1864, para São Miguel de Seide, onde residirá até ao final da vida, na companhia de Ana Plácido. Neste e nos anos seguintes, publica, nos periódicos, no espaço do «folhetim», ou noutros, inúmeros artigos, crónicas e os primeiros embriões de narrativa ficcional. Publica, em folheto, sob anonimato (“Mandada Imprimir por Um Mendigo”), um relato onde está já presente a figura de narrador que dará o cunho camiliano dos seus romances e novelas posteriores, Maria! Não me Mates Que Sou Tua Mãe, a partir de um crime ocorrido em Lisboa.

1850 – Afirma ser, de profissão, “escritor público” e dedica-se totalmente ao ofício da escrita. Vive em Lisboa durante algum tempo e aí, na Imprensa Nacional, publica o seu primeiro romance, Anátema. Ser-lhe-á atribuído o folhetim “O Clero e o Sr. Alexandre Herculano”, publicado anonimamente, também na capital, em defesa do amigo. Conhece Ana Plácido, casada com Manuel Pinheiro Alves, cujo amor impossível quase o leva a abraçar o sacerdócio, que lhe é vedado por causa da vida aventurosa que levara até então.

1850-1851 – Matricula-se no curso de Ciências Teológicas, no Porto.

1852 – Submete-se a exame para obter ordens menores, que lhe são recusadas devido à sua vida aventurosa. Abando o Curso de Ciências Teológicas. É cofundador do jornal “O Cristianismo”. Colabora em publicações de poesia.

1853-1854 – Publica, primeiro em folhetim, no diário portuense “O Nacional”, depois em volume, Mistérios de Lisboa, novela de “terror grosso”, resposta, no panorama da literatura portuguesa, a Les Mystêres de Paris, de Eugène Sue (1842-1843). A maioria dos seus romances foi publicada inicialmente em folhetim, em periódicos, antes de sair em volume, como era costume na época.

1854 – Publica o livro de poemas Folhas Caídas Apanhadas na Lama, sob o pseudónimo Um Antigo Juiz das Almas de Campanha. Com Augusto Soromenho, é redator de A Cruz. Semanário Religioso.

1855 – Publica, no Porto, O Livro Negro do Padre Dinis.

1855-1856 – Publica os três volumes de «Cenas Contemporâneas», a que pertencem, entre outras pequenas novelas, os romances A Filha do Arcediago e A Neta do Arcediago.

1856 – Publica Onde Está a Felicidade?

1857 – Reside durante cerca de dois meses em Viana do Castelo, como redator do jornal “A Aurora do Lima”, e aí publica Cenas da Foz. Regressa ao Porto e publica, entre outras obras, Duas Horas de Leitura.

1858 – Publica, em Viana do Castelo, o «romance original» Carlota Ângela, que saíra em folhetins n’”A Aurora do Lima”. Publica também Vingança e O que fazem Mulheres. No final do ano, Camilo é aprovado para sócio correspondente da Academia de Ciências, por proposta de Alexandre Herculano.

1859 – Nos últimos anos, vê frustradas as diversas tentativas de ocupar cargos em instituições públicas, segundo alguns, devido à relação que mantém com Ana Plácido, uma mulher casada. Neste ano, vão viver ambos para Lisboa. O marido move-lhes “querela de adultério”. Antes do final do ano, regressam ao Porto. Camilo continua a publicar em jornais. De facto, a ligação adúltera entre Camilo e Ana Plácido é censurada pela sociedade portuense, por ela ser casada com um homem respeitado na cidade e ser cunhada de Bernardo Ferreira, filho da famosa Ferreirinha da Régua. Nessa sequência, os escritos do autor passam a ser recusados pelos jornais do Porto, o que o deixa sem meios de subsistência. Depois de Ana Plácido ter dado à luz um filho, presumivelmente de Camilo, Pinheiro Alves move aos dois amantes em processo de adultério.

1860 – Ana Plácido é presa (o adultério era crime na época), enquanto Camilo anda fugido à Justiça, que também o procura. Em outubro, entrega-se na Cadeia da Relação, no Porto, onde ambos recebem a visita do rei, D. Pedro V. Entrementes, continua a publicar em jornais e traduz romances franceses; em simultâneo, são feitas reedições de algumas das duas obras anteriores. A reedição de parte considerável dos seus romances torna-se, a partir de agora, regular. Estreia-se em Lisboa, no Teatro Nacional D. Maria II, a 10 de maio, o seu drama Abençoadas Lágrimas.

1861 – Publica Amor de Perdição (a data impressa no rosto é 1862), que diz ter escrito em quinze dias (“os mais atormentados da [sua] vida”, de acordo com a Introdução da novela), durante a sua prisão na Cadeia da Relação do Porto por adultério. Esta obra, de tipo passional, será considerada, por Miguel de Unamuno, como o maior romance da Península Ibérica no género. Publica ainda O Romance d’Um Homem Rico. É editada, no Porto, uma biografia de Camilo, da autoria de J. C. Vieira de Castro. Em outubro, Camilo e Ana Plácido são julgados, o tribunal absolve-os, saem em liberdade e vão viver para Lisboa.

1862 – Publica Memórias do Cárcere.

1863 – Nasce Jorge, seu filho com Ana Plácido, em Lisboa, que vem juntar-se a Manuel, que nascera quando Ana ainda vivia com o marido. Publica diversas obras (como O Bem e o Mal e Noites de Lamego, entre outras). Começa a sair em folhetins de periódico no Rio de Janeiro, um romance seu.

1864 – Instala-se em São Miguel de Seide, em Vila Nova de Famalicão, juntamente com Ana Plácido, Jorge e Manuel, na casa que ela herda do marido, entretanto falecido, que se tornará, a partir deste momento, a residência permanente do casal até ao final da vida do escritor. Nasce-lhes o terceiro filho, Nuno. Publica Amor de Salvação e Vinte Horas de Liteira, entre outros. Inicia colaboração no “Diário de Notícias”. Camilo vê-se obrigado a viver da sua pena e a escrever abundantemente para dar uma existência condigna à família.

1865 – Publica novas obras, como, por exemplo, A Sereia e O Morgado de Fafe.
 
1866 – Publicado A Que de Um Anjo, que virá a ser considerado um dos seus melhores romances de sátira da vida política, O Judeu, um dos seus mais apreciados romances históricos, A Enjeitada, Vaidades Irritadas e Irritantes, etc.

1867 – Publica O Senhor do Paço de Ninães, cuja ação se desenrola desde a partida de D. Sebastião para Alcácer Quibir até às conquistas na Índia, e A Bruxa do Monte Córdova.

1868 – Publica Mistérios de Fafe e Retrato de Ricardina, entre outras obras. Publica, ao longo de dez meses, uma série de artigos na “Gazeta Literária do Porto”, que reúne em Mosaico e Silva de Curiosidades Históricas, Literárias e Biográficas. O filho Jorge, a quem, mais tarde, dedica carinhosamente um livro, é dado como louco. De facto, os filhos são uma preocupação: Jorge pelos seus problemas mentais e os outros dois pela vida boémia e desorientada que levam.

1869 – Vive cerca de um ano em Lisboa. Publica Os Brilharetes do Brasileiro.

1870 – É-lhe recusado o título de Visconde que solicita, por viver «amancebado».

1871 – É representado no Teatro D. Maria II, em Lisboa, o seu drama O Condenado, em defesa do amigo Vieira de Castro, condenado por ter assassinado a mulher, supostamente adúltera. Publica Voltareis, ó Cristo?. Faz um primeiro leilão da sua biblioteca, por causa das difíceis condições de subsistência.

1872 – Publica-se em Madrid a tradução em castelhano de Amor de Perdição. D. Pedro II, Imperador do Brasil, concede-lhe a Ordem da Rosa. Publica, entre outros, o romance O Carrasco de Victor Hugo José Alves.

1873-1874 – Publica O Demónio do Ouro e O Regicida. Em janeiro de 1874, sai o n.º 1 de Noites de Insónia, oferecidas a quem não pode dormir, publicação mensal. Publica o volume Correspondência Epistolar entre José Cardoso Vieira de Castro e Camilo Castelo Branco. (O amigo tinha, entretanto, morrido no degredo, em Angola). Quase toda a sua restante correspondência e as polémicas serão publicadas postumamente, em grande parte por Alexandre Cabral.

1875 – Publica A Filha do Regicida, um romance histórico.

1875-1877 – Saem, em “publicação mensal”, a público, sucessivamente, as Novelas do Minho, que o integrarão na escola realista, anteriormente inaugurada programaticamente por Eça de Queirós. Em 1876, publica um Curso de Literatura Portuguesa. Os seus problemas de saúde, nomeadamente as dificuldades de visão, agravam-se.

1879 – Publica Eusébio Macário, apresentado, na edição d’O Primeiro de Janeiro de 27 de julho, como “primeiro romance da longa coleção faceta, sob o título geral de ‘Sentimentalismo e História’”.

1880 – A referida coleção consta de três obras: neste ano, publica a Corja e, em 1882, A Brasileira de Prazins. Apresenta-se com o objetivo de fazer «destroços», através da paródia de alguns recursos da «nova escola», mas o último é considerado como uma magistral adaptação da já antiga e consagrada escrita camiliana às características do novo programa realista.

1885 – Por lei de 20 de julho, o rei D. Luís concede-lhe o título de Visconde de Correia Botelho. É nomeado Académico Correspondente da Real Academia Sevilhana de Buenas Letras, a 1 de abril.

1885-1886 – Publica a «Crónica mensal de Literatura amena», Serões de São Miguel de Seide, «novelas, polémica mansa, crítica suave dos maus livros e dos maus costumes». Saem seis fascículos. Em 1886, publica Boémia do Espírito e Vulcões de Laura, o seu último romance.

1888 – Apesar da consulta cada vez mais assídua a médicos, no Porto e em Lisboa, o seu estado de saúde é cada vez mais débil. Casa, finalmente, com Ana Plácido, a 9 de março, a fim de garantir a segurança financeira aos filhos, num período em que a relação estava gasta pela erosão e por uma convivência tensa. Envia ao amigo Freitas Fortuna uma carta que ele próprio considera como uma “cláusula testamentária”, com disposições sobre o seu “cadáver” e o local onde quer ser sepultado. É feito Visconde de Correia Botelho.

1889 – Funda com Tomás Ribeiro Mensageiro, cujo n.º 1 é “consagrado a Sua Majestade Imperial o Sr. D. Pedro d’Alcântara”, e reúne um conjunto de textos memorialísticos em Delitos da Mocidade. Obtém uma pensão vitalícia para o filho Jorge, cuja loucura é irreversível.

1890 – A 1 de junho, suicida-se com um tiro na fronte, após a visita que lhe faz o oftalmologista Edmundo Machado, que lhe confirma a cegueira irremediável. De acordo com J. Viale Moutinho (2009), Camilo escrevera ao especialista a solicitar que o visitasse e examinasse, com estas palavras: “Sou o cadáver representativo de um nome que teve alguma reputação gloriosa neste país, durante 40 anos de trabalho. Chamo-me Camilo Castelo Branco e estou cego.” Na verdade, no final da vida, sente-se atormentado pela doença e pela ameaça da cegueira. É frequentemente assolado pela instabilidade psíquica e por período de grande desânimo. É sepultado no Porto, no cemitério da Lapa, no jazigo do velho amigo Freitas Fortuna. A certidão de óbito regista que morreu aos 64 anos. Nas Trevas – Sonetos Sentimentais e Humorísticos é a última obra do escritor publicada em vida.

Bibliografia:

. imprensanacional./pt/camilo-castelo-branco/;

. Jacinto do Prado Coelho, Introdução ao Estudo da Novela Camiliana, 2.ª ed., 2.º vol., 1983.

. José Viale Moutinho, Memórias Fotobiográficas (1825-1890), Lisboa, Ed. Caminho, outubro, 2009.

. Amor de Perdição, Coleção Resumos, Porto Editora;

. livro.dglab.gov.pt

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Análise do prefácio da segunda edição de Amor de Perdição (1863)


 
1. Fontes usadas para reconstituir a história de Simão Botelho, tio paterno de Camilo Castelo Branco: os relatos da tia Rita, irmã do protagonista, as informações inscritas nos livros de registo da cadeia, uns “maços de papéis antigos” guardados em casa da irmã do próprio Camilo e o testemunho de contemporâneos do seu tio.
 
2. Efeito obtido com a referência a diversas fontes: grande curiosidade e preocupação com a verdade por parte do autor; deste modo, confere veracidade ao retrato e desperta o interesse do leitor.
 
3. Elementos que permitem a identificação entre o narrador-autor e Simão: o parentesco (tio – sobrinho) e a prisão na mesma cadeia.
 
4. Características de Amor de Perdição (segundo o próprio autor): o caráter “triste”, “sombrio” e angustiante; “a rapidez das peripécias”; a derivação concisa do diálogo para os pontos essenciais do enredo; a ausência de divagações filosóficas; a linguagem simples e sem artifícios.
 
5. Relação entre a rapidez da escrita da obra (quinze dias) e o estado de espírito do narrador: uma grande ânsia em relatar a história de amor trágica de Simão Botelho.
 
6. Atitude crítica do autor acerca da obra: Camilo considera que Amor de Perdição contém “defeitos” e é um “tolhiço incorrigível”.
 
7. Significado da autocrítica: ao mostrar modéstia, apontando defeitos à obra, o autor pretende captar a simpatia e a adesão do leitor.
 
8. Receção pública: a novela alcançou uma popularidade / recetividade superior a qualquer outra obra do escritor.
 
9. Causas do sucesso: a rapidez das peripécias, a concisão do diálogo, a ausência de divagações. A lhaneza da linguagem, o facto de possuir uma linguagem são e ajeitada à expressão das ideias.
 
10. Referências ao título e subtítulo
 

Título

a caracterização da história de Simão: “triste história”, “trágicas e afrontosas dores”

 

Subtítulo

as referências à família do protagonista e do autor (“a triste história do meu tio paterno”, “Minha tia […] estava sempre pronta a repetir o facto”, etc.)

 
            No entanto, em 1879, no prefácio da quinta edição, embora critique o Realismo, acusando-o de “devassar alcovas, usar calão, espremer opus das escrófulas”, considera Amor de Perdição ultrapassado em relação a uma estética atualizada, ainda que, interiormente, continue fiel ao Romantismo e, no fundo, use a ironia para o classificar. Assim, nesse texto classifica-o como:
. romântico;
. declamatório;
. com aleijões líricos;
. com desaforo de sentimentalismos;
. apresentando as lágrimas nos braços da retórica.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Resumo da Conclusão de Amor de Perdição


            No camarote, Simão lê a última carta que Teresa lhe escrevera, na qual esta se despede dele e lhe afirma que não é mais possível viver. Depois de ler a missiva, pede ao comandante da embarcação, que o acompanha juntamente com Mariana, que o deixe ir ao convés, onde se senta a contemplar o convento de Monchique.

            De madrugada, Simão adoece e arde em febre, tendo momentos de delírio. Após ser examinado a bordo, é-lhe diagnosticada febre maligna e aventada a possibilidade de morrer antes de chegar ao destino. Pede, então, a Mariana que, caso morra, todas as suas cartas sejam atiradas ao mar.

            A doença agrava-se: o fidalgo continua a delirar e cai numa letargia total, sinal de que o seu fim se aproxima. Efetivamente, nove dias depois, Simão morre. Mariana beija a sua face pela primeira vez.

            Quando os marinheiros se preparam para atirar o cadáver ao mar, Mariana prende as cartas de Simão à cintura. De seguida, quando o corpo é finalmente lançado à água, a filha de João da Cruz atira-se também, bracejando até abraçar o cadáver que a ondulação faz chegar até si. Morrem, assim, os dois juntos. A correspondência entre Simão e Teresa é recolhida pelos marujos que se lançaram à água, em vão, para tentar salvar Mariana.

            No último parágrafo da Conclusão, o narrador informa que Manuel Botelho, irmão de Simão, é opai do autor da obra.

Resumo do capítulo XX de Amor de Perdição


             No dia 17 de março de 1807, Simão sai da cadeia e embarca do Douro para a Índia, acompanhado por Mariana. O desembargador Mourão Mosqueira, que vai a bordo da nau, entrega um cartucho com moedas de ouro ao condenado, enviado por D. Rita Preciosa. Simão aceita, mas pede ao comandante que distribua o dinheiro pelos companheiros de degredo.

            O fidalgo pergunta a Mariana onde é o convento de Monchique e vai observá-lo. Avista o mirante onde está Teresa, cujo vulto vê.

            Na véspera, Teresa pedira os sacramentos e despedira-se das freiras, que tentaram dar-lhe alento. Ao início dessa manhã, a fidalga tinha lido todas as cartas que Simão lhe havia escrito, tinha-as atado com fitas de seda, envoltas em raminhos de flores e pedido depois à mendiga de Viseu que as fosse entregar ao seu amado. Pedira ainda à sua criada que a levasse ao mirante. Aí, quando vê Simão na nau, Teresa desfalece. Nesse momento, atraca na nau um bote com a mendiga, que lhe leva as cartas da sua amada.

            A nau parte e Simão contempla novamente o mirante, quando passa junto ao convento. Vê, então, Teresa, que lhe acena com um lenço, com os braços suspensos através das grades de ferro da janela. Simão responde ao aceno de Teresa, que é levada em braços e desaparece da sua vista. A nau é forçada a parar pouco depois, por isso a saída é adiada para o dia seguinte. Nessa noite, o comandante da nau dá ao condenado a notícia da morte de Teresa, que, antes de falecer, se despedira da vida da seguinte forma: “Adeus, Simão, até à eternidade!” O fidalgo afirma: “Eis-me livre… para a morte…”.

            O comandante promete proporcionar-lhe as melhores condições possíveis durante a sua estadia na Ásia. O condenado pede-lhe, então, que ampare Maria como sua irmã, caso ele morra. Na câmara do comandante, Simão e a filha do ferrador cismam na morte.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Resumo do capítulo XI de Amor de Perdição


             Domingos Botelho e D. Rita Preciosa tomam conhecimento do crime do filho e de que ele se encontra em casa do juiz de fora. O corregedor instrui o meirinho-geral a cumprir a lei e, perante o espanto da esposa, afirma que não irá proteger assassinos – o seu próprio filho – por causa de ciúmes da filha de um homem que odeia. Todas as tentativas de D. Rita de interceder por Simão caem em saco roto.

            O juiz informa Domingos de que, embora tivesse sugerido ao seu filho que alegasse legítima defesa no caso, ele continua a assumir o seu ato, sem receio da forca. No cárcere, Simão recebe uma carta da mãe, na qual esta maldiz o nascimento do filho e lamenta não o poder ajudar financeiramente. Desta forma, o jovem compreende que o dinheiro que recebera anteriormente era de João da Cruz e vira as costas à família.

            Mais tarde, Mariana visita-o e Simão abraça a jovem em lágrimas. O fidalgo pede à filha do ferrador que lhe leve uma banca, um tinteiro e papel para poder escrever a Teresa, por quem pergunta, sendo informado por Mariana de que tinha ido para o Porto. Ela promete não o desamparar e pede-lhe que a veja, a partir dali, como uma irmã.

domingo, 29 de maio de 2022

Resumo do capítulo X de Amor de Perdição


             Mariana chega ao mosteiro. O padre capelão tenta falar com ela, mas a filha do ferrador ignora-o. Posteriormente, encontra-se com Teresa e entrega-lhe a carta, mas a fidalga comunica-lhe que está impedida de escrever a Simão. Assim sendo, solicita-lhe que o informe de que irá para o convento de Monchique, no Porto, e que, durante a viagem, será acompanhada por seu pai, por Baltasar e pelas suas irmãs, além de alguns criados.

            No caminho de regresso, Mariana repete o recado da fidalga e recorda como é bela, o que a deixa triste. É evidente que a filha de João da Cruz ama Simão e Teresa é uma «rival». Quando chega a casa, transmite a mensagem ao jovem, que se enfurece mal ouve o nome de Baltasar. O ferrador aconselha-o a deixar que Teresa vá para o Porto, mas o filho do corregedor está determinado a encontrar-se com a amada. Face a essa determinação, João da Cruz oferece-lhe os seus préstimos.

            Ao anoitecer, Simão escreve uma carta emocionada à fidalga, afirmando que, quando ela lesse aquela missiva, ele já estaria morto. Ao perceber que o jovem se prepara para tomar uma atitude arriscada, Mariana chora e pede-lhe que não saia nessa noite, contudo o filho do corregedor está decidido a ir. No entanto, a João da Cruz afirma que mudou de ideias e já não irá ao encontro de Teresa.

            Quando Simão se encontra à porta do convento, chegam as irmãs de Baltasar, dois criados, Tadeu e Baltasar, que conforta o tio, mas critica, ao mesmo tempo, a educação ministras a Teresa. Entretanto, Teresa e as irmãs de Baltasar saem do convento; a fidalga avista o primo, o que a deixa perturbada. Subitamente, Simão caminha na direção da jovem e dirige-lhe a palavra. Baltasar avança também e os dois trocam palavras violentas. O fidalgo de Castro Daire lança-se sobre o filho do corregedor, que saca de uma pistola e lhe coloca uma bala no crânio. De seguida, João da Cruz insta Simão a fugir, porém este recusa. Quando o meirinho-geral chega e se apercebe de que se trata do filho de Domingos Botelho, dá-lhe a oportunidade de fugir, mas Simão entrega-se. Teresa segue para o Porto na companhia dos criados.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Resumo do capítulo IX de Amor de Perdição


             João da Cruz regressa a casa e informa Simão de que tinha estado com a mãe, que lhe tinha enviado algum dinheiro. Grato pelos cuidados do ferrador e de Mariana, o jovem pede-lhe que aceite parte do dinheiro como pagamento da sua alimentação, mas aquele recusa a oferta.

            Teresa escreve novamente a Simão e aconselha-o a regressar a Coimbra, visto que Tadeu sabe onde o jovem se encontra. No entanto, noutra missiva, aconselha-o a não ir, pois receia que o seu pai a enclausure num convento mais rigoroso, e assegura-lhe que recusará sempre professar e que deseja fugir.

            Tadeu de Albuquerque avisa a filha de que a vai transferir para o convento do Porto no dia seguinte. A jovem escreve a Simão, relatando-lhe a decisão do pai, no entanto é denunciada pela escrivã. Assim, a mendiga é expulsa do convento e espancada pelo hortelão, que leva o bilhete de Teresa ao pai.

            A mendiga dirige-se a casa de João da Cruz e relata a Simão o que sucedeu, que fica determinado a ir a Viseu. Contudo, Mariana diz-lhe que tem uma amiga que poderá entregar uma carta a Teresa. Deste modo, inquieto, Simão escreve à fidalga, pedindo-lhe que fuja.

Resumo do capítulo VIII de Amor de Perdição

             Em sua casa, João da Cruz recomenda a Mariana que cuide de Simão e que o trate como «irmão ou marido», o que faz corar a filha. Quando o jovem sugere ao ferrador que case a filha, ele responde que Mariana tem muitos pretendentes, mas não aceita nenhum.

            Simão pede à filha de João da Cruz que lhe traga papel e lápis. Esta diz-lhe que tem conhecimento da sua relação com Teresa e do que sucedera aos criados de Baltasar. Além disso, afirma que conhece a família e que está muito grata a Domingos Botelho por ter livrado o pai da forca. Por último, revela-lhe que tinha estado presente na fonte aquando da cena de pancadaria e que tivera um sonho que indiciava que uma desgraça se iria abater sobre Simão.

            João da Cruz entrega a Simão uma missiva trazida por uma mendiga que o informa de que Teresa se encontra no convento, no Porto. Esta nova deixa Mariana um pouco feliz. O jovem responde à carta, pedindo à amada que fuja. Se esta fugisse, ele raptá-la-ia no trajeto. A finalizar a missiva, reafirma o seu amor pela fidalga e a sua decisão de se sacrificar por ela.

            O ferrador apercebe-se de que Simão está sem dinheiro e comunica-o à filha, que se prontifica a lhe entregar as suas economias e congemina um plano para fazer crer que seria D. Rita, a mãe, a enviar o dinheiro ao filho através de João da Cruz. Simão estranha o gesto da progenitora, mas aceita o dinheiro. No final do capítulo, o filho de Domingos Botelho fica consciente de que a Mariana o ama.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Resumo do capítulo VII de Amor de Perdição


            Apesar do ferimento no braço, Simão preocupa-se apenas com Teresa, da qual recebeu uma carta transportada por uma mendiga, na qual a fidalga afirma estranhar o comportamento condescendente do seu pai e de Baltasar e aconselha o amado a fugir para Coimbra. Rita, irmã de Simão, informa Teresa de que tinham sido encontrados mortos dois criados de Baltasar. A fidalga pressente algo e fica extremamente inquieta. De seguida, escreve novamente a Simão, manifestando-lhe toda a sua preocupação, no entanto este responde-lhe de forma a tranquiliza-la e promete-lhe acatar o seu conselho e ir para Coimbra assim que lhe for possível.

            Entretanto, Tadeu de Albuquerque decide enviar a filha para um convento no Porto, cuja madre prioresa é sua familiar. Teresa aceita a decisão paterna sem questionar, apesar da tristeza que a mesma acarreta para si. Antes de partir para o Porto, a fidalga fica num convento em Viseu. Ao entrar na clausura, Teresa afirma que se sente livre.

            A madre prioresa, então, descreve a vida conventual a Teresa como se se tratasse de um paraíso, onde as religiosas vivem em harmonia e comunhão. No entanto, rapidamente a jovem se apercebe de que tal não corresponde à verdade, visto que as monjas eram intriguistas e adotavam uma conduta pouco consonante com a vida conventual.

            Contrariando as instruções de Tadeu, a madre escrivã oferece à fidalga papel, tinteiro e o seu quarto para que ela possa escrever a Simão. Além disso, oferece-se para receber em seu nome as cartas do filho de Domingos Botelho.

            Teresa dorme na mesma cela da madre prioresa, mas, apesar disso, consegue escrever a Simão, mostrando-se firme nos seus sentimentos por ele e prometendo mantê-lo a par das resoluções de seu pai.

Resumo do capítulo VI de Amor de Perdição


             Baltasar e os seus criados esperam por Simão à porta da casa de Teresa, quando veem chegar João da Cruz, que tinha avisado o filho do corregedor da presença do primo de Teresa e dos seus criados. O ferrador recomenda-lhe prudência e sugere-lhe que siga os seus conselhos para evitar problemas.

            Simão chega à fala com Teresa no quintal de sua casa. João da Cruz suspeita que Baltasar esteja a armar uma cilada a Simão, por isso acompanha-o sem este saber, chegando primeiro ao local do encontro. Entretanto, apercebe-se de que os criados de Baltasar esperam o fidalgo no caminho e ouve o som de dois tiros. Na emboscada, o filho de Domingos Botelho é ferido no ombro.

            Os dois grupos veem-se frente a frente e o ferrador dispara mortalmente sobre um dos criados de Baltasar, enquanto o outro foge e se esconde no mato, porém é descoberto pelo arrieiro e por João da Cruz. Apesar dos pedidos de Simão para que o poupe e das súplicas do homem, o ferrador abate-o longe dos olhos dos companheiros, gesto que deixa o jovem horrorizado.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Resumo do capítulo V de Amor de Perdição


             Para Tadeu, a festa de aniversário tinha como propósito apresentar a sua filha a outros jovens e, deste modo, desviar a sua atenção de Simão. Teresa sente-se ansiosa e inquieta por causa do encontro com o seu amado. Quando se dirige ao local combinado, é seguida por Baltasar. Por esse motivo, assim que consegue, incita Simão a ir-se embora e a voltar no dia seguinte à mesma hora. No entanto, a jovem não consegue impedir o conflito que se adivinha, e Baltasar e Simão encontram-se nos arredores da casa e têm um breve diálogo frio e seco.

            De seguida, Simão regressa a casa de João da Cruz, que lhe revela ter recebido um pedido de Baltasar para que o matasse a troco de dinheiro, o que ele recusou. Oferece, então, os seus serviços ao fidalgo e disponibiliza-se para o acompanhar ao encontro com Teresa, no dia seguinte.

            Mariana, a filha do narrador, uma jovem de vinte e quatro anos, receia pelo destino de Simão e não esconde as lágrimas, quando sabe dos seus planos arriscados de se encontrar com Teresa.

Resumo do capítulo IV de Amor de Perdição


             Teresa é uma mulher forte, inteligente, astuta e «distintíssima», profundamente apaixonada por Simão. Apesar da distância física entre os dois, o amor é forte, sendo alimentado pelas cartas que trocavam semanalmente.

            Tadeu comunica à filha que a irá casar com Baltasar, mas Teresa recusa liminarmente, o que o leva a ameaçá-la de novo com o convento, contudo Baltasar aconselha o tio a não proceder assim e a aguardar o regresso de Simão a Viseu.

            Teresa escreve a Simão, contando-lhe o que sucedeu, o que o deixa furioso. Decidido a ver a amada, desloca-se a Viseu e hospeda-se em casa de João da Cruz, um ferrador, que sente gratidão por Domingos Botelho por causa de um favor judicial que o livrou da forca. Posteriormente, o para amoroso troca correspondência através de uma mendiga e, numa das missivas, Teresa combina um encontro secreto em sua casa, na noite do seu aniversário. Às vinte e três horas, Simão espera a amada à porta do quintal.

Resumo do capítulo III de Amor de Perdição


             Teresa conheceu Rita, a irmã mais nova e a predileta de Simão, e com ela comunicava através das janelas, o que proporcionou o surgimento de uma relação de amizade entre ambas, chegando mesmo Teresa a revelar-lhe o seu amor pelo irmão. Um dia, porém, Domingos Botelho descobriu a amizade entre as duas jovens e ordenou a Teresa que se afastasse de Simão. Além disso, injuriou Tadeu de Albuquerque, que não lhe respondeu, quando este surgiu no quarto da filha.
            Posteriormente, são-nos revelados os planos de Tadeu relativamente a Teresa, que passavam por a casar com Baltasar Coutinho, seu primo, um fidalgo de Castro Daire, entretanto chegado a Viseu. Numa conversa com a prima, Baltasar manifestou vontade de a desposar, porém a jovem rejeitou-o e confessou que amava outro homem. Despeitado pela rejeição, o fidalgo afirmou a vontade de conduzir os destinos de Teresa e revelou a Tadeu a conversa. O pai da rapariga, ferido na sua autoridade paterna, proibiu-a de se relacionar com Simão e ameaçou novamente que a encerraria num convento, ao que a filha anuiu, já que era essa era a vontade do progenitor.

domingo, 15 de maio de 2022

Resumo do capítulo II de Amor de Perdição


             Simão era um adepto dos ideais da Revolução Francesa, o que assumia com orgulho. Em consonância, defendia uma revolução pelas armas em Portugal, o que afastou alguns dos seus companheiros e o levou ao cárcere académico durante seis meses. Deste modo, reprovou o ano letivo, e o pai repeliu-o da sua presença.

            Porém, Simão mudou radicalmente quando conheceu Teresa Albuquerque, que viu pela primeira vez da janela do seu quarto. Tratava-se de uma «menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem-nascida», filha de Tadeu de Albuquerque, inimigo figadal de Domingos Botelho, devido a questões judiciais, e o seu ódio aumentou quando o filho do juiz feriu dois criados seus no incidente da fonte.

            Teresa e Simão apaixonaram-se e faziam planos de vida em comum. Todavia, um dia, Tadeu surpreendeu Teresa e Simão namorando à janela e arrancou-a violentamente daí. Ao ouvir os gemidos da sua amada, Simão ficou muito perturbado e passou a noite pensando em vingança. Quando amanheceu, decidiu voltar a Coimbra e lá esperar notícias de Teresa, que lhe escreveu, informando-o da ameaça de seu pai de a encerrar num convento. Apesar da ameaça, a jovem mantém-se firma no seu amor por Simão e disposta a tudo suportar em seu nome.

            Em Coimbra, Simão torna-se um estudante exemplar, movido pelo desejo de «sustentar dignamente a esposa». Esta mudança levou Manuel a viver de novo com o irmão.

Resumo do capítulo I de Amor de Perdição


             O capítulo abre com o retrato caricaturado de Domingos Botelho, um fidalgo de província, avô de Camilo Castelo Branco: em 1779, era juiz em Cascais; por ser pouco inteligente, deram-lhe a alcunha de «Brocas», a qual sugere a sua rudeza; apesar de ser feio, não possuir grandes virtudes e ter pouca fortuna, tinha a simpatia da rainha D. Maria, de quem recebia uma pensão; frequentava o paço, onde conheceu D. Rita Castelo Branco, uma bela com quem casou; pouco depois, foi transferido para Vila Real.

            Pelo contrário, D. Rita Preciosa era uma mulher bonita. Além disso, era altiva e desdenhava qualquer fidalgo da província, de onde era originário o seu marido, Domingos Botelho, que se esforçava para lhe agradar. Após a mudança para Vila Real, D. Rita tinha saudades da corte e mostrava frequentemente o seu desagradado com a vida de casada longe do Paço. Assim sendo, a senhora vivia infeliz, pois desagradava-lhe o ambiente e a vida na província e as condições que o marido lhe proporcionava. Este, por sua vez, vivia angustiado com a sua feiura, sentimento que se acentuava pelos ciúmes que tinha dela e da sua beleza. Quando foi transferido para Lamego, o facto desagradou de tal modo à esposa que esta ameaçou ir com os filhos [do matrimónio nasceram cinco, um dos quais era Simão, o segundo] para Lisboa.

            Em 1801, Domingos Botelho foi nomeado corregedor em Viseu, pelo que a família teve de se mudar para essa cidade. Nesta época, Simão tem 15 anos e estuda em Coimbra – de onde regressou com os exames feitos, o que deixou o pai satisfeito –, assim como Manuel, o irmão mais velho, que se queixa a Domingos de não poder coabitar com Simão, por causa do «génio sanguinário» deste e decide ir para Bragança para se alistar no exército como cadete.

            Simão é um jovem forte, fisicamente parecido com D. Rita, com propensão para distúrbios, o que desagradava naturalmente aos pais. Certo dia, de férias em Viseu, envolveu-se numa briga numa fonte, durante a qual espancou uns criados com tanta violência que causou pânico na população e levou a mãe a enviá-lo às escondidas de volta para Coimbra, onde ficou a aguardar o perdão do pai.


quinta-feira, 12 de maio de 2022

Resumo da Introdução de Amor de Perdição


             O narrador, na Introdução, num primeiro momento, apresenta os motivos que o levaram a escrever Amor de Perdição. Assim, refere que encontrou na Cadeia da Relação do Porto antigos registos de entrada dos prisioneiros, num dos quais havia uma nota sobre a prisão de Simão Botelho onde é possível encontrar algumas informações sobre esse prisioneiro, nomeadamente a filiação e a fisionomia. Atesta-se nesse documento que Simão Botelho partiu para o degredo na Índia em 17 de março de 1807.

            De seguida, o narrador comove-se com o sofrimento do condenado, jovem de apenas 18 anos, e com o motivo que o levou ao cárcere: o amor puro, inocente e jovem, que o levou à perdição. De facto, Simão é o protagonista de uma história de amor, que o narrador resume na seguinte frase: «Amou, perdeu-se e morreu amando». Em tom coloquial, dirige-se especialmente às leitoras [o narratário]. Porquê a elas? Porque, enquanto pertencentes ao género feminino, se comoverão, certamente, com a história do jovem e sentirão compaixão pelo seu caso, que, na sua visão, será injusto. Nesta sequência, dá a conhecer ao leitor o ódio e a indignação que sentiu quando tomou conhecimento da história de Simão, vítima da injustiça, dos ódios pessoais e da insensibilidade dos homens.

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